28 de out. de 2010

Hubble prevê o futuro de aglomerado de estrelas

Redação do Site Inovação Tecnológica - 28/10/2010


Ômega Centauro foi identificada como um aglomerado globular apenas em 1867, sendo um dos cerca de 150 aglomerados identificados na Via Láctea.[Imagem: NASA, ESA, J. Anderson and R. van der Marel (STScI)]

Enxergando o futuro

Astrônomos costumam olhar para o passado, quando capturam a luz emitida por estrelas há milhões de anos.

Mas agora eles usaram imagens feitas pelo telescópio espacial Hubble para olhar para o futuro - 10.000 anos à frente, para ser exato.

O telescópio fez imagens do aglomerado globular Ômega Centauro no período de 2002 a 2006, detectando o movimento das estrelas nesse período.

A seguir, eles usaram esse movimento para projetar a trajetória de cada estrela para os próximos 10.000 anos.

Ômega Centauro

O aglomerado globular Ômega Centauro foi descoberto por Ptolomeu há mais de 2.000 anos. Ptolomeu pensou que Ômega Centauro fosse uma estrela única - na verdade trata-se um enxame de cerca de 10 milhões de estrelas, todas orbitando um centro comum de gravidade.

A "estrela" de Ptolomeu só foi identificada como um aglomerado globular em 1867, sendo um dos cerca de 150 aglomerados identificados na Via Láctea.

As estrelas estão tão amontoadas no aglomerado que os astrônomos tiveram que esperar dois milênios até que o Telescópio Espacial Hubble permitisse olhar com mais profundidade o núcleo dessa "colmeia estelar" e mapear as estrelas individualmente.

Buraco negro

A medição precisa do movimento das estrelas em aglomerados gigantes pode renderinsights interessantes sobre como esses agrupamentos se formaram no Universo primitivo, e se um buraco negro de massa intermediária - cerca de 10.000 vezes a massa do nosso Sol - poderia estar à espreita entre as estrelas.

"São necessários programas de computador sofisticados para medir as mudanças sutis nas posições das estrelas que ocorrem durante um período de apenas quatro anos," diz o astrônomo Jay Anderson, que conduziu o estudo com seu colega Roeland van der Marel. "Em última instância, é a visão afiada do Hubble que é a chave para a nossa capacidade de medir o movimento das estrelas no aglomerado."

"Com o Hubble, você pode esperar três ou quatro anos e detectar os movimentos das estrelas com mais precisão do que observar durante 50 anos usando um telescópio terrestre," acrescentou Van der Marel.

Estrela de nêutrons é mais densa do que se acreditava possível

Redação do Site Inovação Tecnológica - 28/10/2010



Os pulsos de rádio da estrela de nêutrons são ligeiramente retardados conforme eles passam nas proximidades da anã branca. O efeito, previsto por Einstein, permitiu que os astrônomos medissem a massa dos dois astros.[Imagem: Bill Saxton, NRAO/AUI/NSF]

Estrela de nêutrons


Astrônomos descobriram a estrela de nêutrons mais maciça já encontrada, uma descoberta com um grande impacto em vários campos da física e da astrofísica.

A razão para tanta surpresa é que a estrela de nêutrons tem uma massa muito superior ao que as atuais teorias previam - se as teorias atuais estivessem corretas, tal estrela não deveria existir.

"Esta estrela de nêutrons tem duas vezes mais massa do que o nosso Sol. Isto é surpreendente, e tanta massa significa que vários modelos teóricos para a composição interna das estrelas de nêutrons agora terão que ser descartados," disse Paul Demorest, do Observatório Nacional de Radioastronomia dos Estados Unidos (NRAO ).

Pulsar

Os cientistas usaram um efeito da Teoria da Relatividade Geral, de Albert Einstein, para medir a massa da estrela de nêutrons e de sua companheira, uma estrela anã branca.

A estrela de nêutrons é um pulsar, que emite feixes de ondas de rádio como um farol, lançados através do espaço conforme ele gira - e como gira: cerca de 317 vezes por segundo.

A dupla, conhecida pelos cientistas como PSR J1614-2230, localizada a cerca de 3.000 anos-luz de distância, está em uma órbita quase exatamente alinhada com a Terra. Essa orientação foi essencial para permitir a medição da massa.

Conforme a anã branca fica diretamente na frente do pulsar, em relação à Terra, as ondas de rádio do pulsar que chegam até nós devem passar muito perto da anã branca.

Essa proximidade atrasa a chegada dessas ondas de rádio à Terra devido à distorção do espaço-tempo produzida pela gravidade da anã branca. Este efeito, chamado de Retardo de Shapiro (ou Atraso de Shapiro) permitiu que os cientistas medissem com precisão a massa dos dois astros.

Matéria exótica

"Esta medição de massa também tem implicações para nossa compreensão da matéria em densidades extremamente altas e para muitos detalhes da física nuclear," acrescenta Demorest.

Estrelas de nêutrons são "cadáveres" super densos de estrelas muito pesadas que explodiram como supernovas. Com toda a sua massa aglutinada em uma esfera do tamanho de uma pequena cidade, seus prótons e elétrons são esmagados juntos para formar nêutrons.

Uma estrela de nêutrons pode ser várias vezes mais densa do que o núcleo de um átomo - uma colher de chá do material de uma estrela de nêutrons pesaria mais de 500 milhões de toneladas.

Essa tremenda densidade torna as estrelas de nêutrons um "laboratório" ideal para o estudo dos estados mais densos e mais exóticos da matéria conhecida pela física.

Tanta massa, afirmam os cientistas, muda a compreensão da composição de uma estrela de nêutrons.

Alguns modelos teóricos postulam que, além de nêutrons, essas estrelas também deveriam conter algumas outras partículas subatômicas exóticas, chamadashiperons ou condensados de kaons.

"Nossos resultados descartam essas ideias", afirma Scott Ransom, também do NRAO.

Bibliografia:
A two-solar-mass neutron star measured using Shapiro delay
P. B. Demorest, T. Pennucci, S. M. Ransom, M. S. E. Roberts, J. W. T. Hessels
Nature
27 October 2010
Vol.: 467, 1081-1083
DOI: 10.1038/nature09466

Telescópio infravermelho desnuda galáxias espirais

Com informações do ESO - 28/10/2010


Ao observar um grupo de seis galáxias na faixa do infravermelho, o telescópio VLT viu através da poeira e dos gases que as encobrem, revelando seus braços em detalhes nunca vistos. [Imagem: ESO/P. Grosbøl]


Espirais perfeitas

Seis magníficas galáxias espirais foram observadas sob uma nova luz pelo Very Large Telescope do ESO (VLT), localizado no Observatório do Paranal, no Chile.

As seis galáxias fazem parte de um estudo sobre a estrutura espiral, liderado por Preben Grosbøl, do ESO. Os dados foram adquiridos no intuito de tentar compreender as maneiras complexas e sutis pelas quais as estrelas nestes sistemas formam estruturas espirais tão perfeitas.

A primeira imagem mostra a NGC 5247, uma galáxia espiral dominada por dois enormes braços, situada a a cerca de 60 milhões de anos-luz de distância, na constelação zodiacal da Virgem. Essa galáxia tem a "face" voltada para a Terra, o que dá uma excelente visão da sua estrutura em espiral.

A galáxia na segunda imagem é a Messier 100, também conhecida como NGC 4321, descoberta no séc. XVIII. É um bom exemplo de uma galáxia espiral grande - uma classe de galáxias com braços espirais muito proeminentes e bem definidos.

A cerca de 55 milhões de anos-luz de distância, a Messier 100 faz parte do enxame de galáxias da Virgem e situa-se na constelação da Cabeleira de Berenice (assim chamada devido à rainha do antigo Egipto Berenice II).

A terceira imagem é da NGC 1300, uma galáxia espiral com braços que se estendem a partir das pontas de uma barra central muito proeminente. Esta galáxia é considerada um protótipo das galáxias espirais barradas e situa-se a uma distância de cerca de 65 milhões de anos-luz, na constelação de Erídano.

A galáxia espiral na quarta imagem, NGC 4030, situa-se a cerca de 75 milhões de anos-luz de distância, na constelação da Virgem. Em 2007 Takao Doi, um astronauta japonês e também astrônomo amador, descobriu nesta galáxia umasupernova - uma explosão estelar que, por um breve período, torna-se quase tão brilhante quanto sua galáxia inteira.

A quinta imagem, da NGC 2997, é uma galáxia espiral a cerca de 30 milhões de anos-luz de distância, na constelação da Máquina Pneumática. A NGC 2997 é o membro mais brilhante de um grupo de galáxias com o mesmo nome, no Super Enxame Local de galáxias. O nosso próprio Grupo Local, do qual faz parte a Via Láctea, é igualmente um membro do Super Enxame Local.

Por último, mas não menos importante, a NGC 1232 é uma bonita galáxia situada a cerca de 65 milhões de anos-luz de distância na constelação de Erídano.

É uma galáxia classificada como uma espiral intermediária - algo entre uma espiral barrada e uma espiral sem barra. Uma das primeiras imagens que o VLT obteve foi precisamente uma imagem no óptico desta galáxia e da sua pequena companheira NGC 1232A.

Câmera de infravermelho

As imagens foram obtidas no infravermelho com a câmara HAWK-I e ajudarão os astrônomos a compreender como se formam e evoluem as extraordinárias formas espirais das galáxias.

A HAWK-I (High-Acuity Wide-field K-band Imager) é uma das mais recentes e potentes câmeras montadas no Very Large Telescope do ESO (VLT). Ela trabalha no infravermelho, o que significa que grande parte da poeira que obscurece os braços em espiral das galáxias se torna transparente para seus sensores.

Comparada com a câmara infravermelha anterior do VLT, que se chamava ISAAC, a HAWK-I tem dezesseis vezes mais pixels e cobre uma área do céu muito maior de uma só vez. Ela utiliza uma tecnologia mais recente e tem maior sensibilidade à radiação infravermelha fraca.

A HAWK-I é ideal para estudar a enorme quantidade de estrelas velhas que compõem os braços em espiral, por conseguir remover os efeitos da poeira e do gás brilhante.

Como nos mostra esta galeria galáctica, a HAWK-I permite observar a estrutura em espiral destas seis galáxias com extremo detalhe e com uma claridade apenas possível quando observada no infravermelho.

Sonda da NASA foi atingida por objeto no espaço

Redação do Site Inovação Tecnológica - 27/10/2010


O objeto, provavelmente um meteorito, parece ter atingido a ponta cônica (embaixo à direita) de uma das "antenas" da sonda espacial.[Imagem: NASA]
Trombada espacial


Dados transmitidos pela Themis-B, uma das duas espaçonaves da missão ARTEMIS, indicam que a sonda espacial pode ter sido atingida por um objeto, provavelmente um pequeno meteoro.

O choque, que aconteceu no último dia 14 de Outubro, e só agora revelado pela NASA, parece ter atingido a ponta esférica na extremidade de um dos instrumentos EFI (Electric Field Instrument: instrumento de campo elétrico).

Apesar do choque, todos os demais instrumentos científicos continuam a recolher dados e transmiti-los de volta à Terra: "a sonda e os instrumentos científicos a bordo da nave continuam a operar nominalmente" afirmou a NASA em comunicado.

Com isto, a inserção da sonda na órbita de Lissajous não será interrompida, devendo ocorrer conforme previsto.

Além dos controladores de voo, os cientistas da missão continuam analisando os dados para verificar algum dano eventual ainda não detectado.

Partículas energéticas

ARTEMIS é um acrônimo para "Aceleração, Reconexão, Turbulência e Eletrodinâmica da Interação da Lua com o Sol" (Acceleration, Reconnection, Turbulence and Electrodynamics of the Moon's Interaction with the Sun).

A missão ARTEMIS usa duas das cinco sondas espaciais da missão THEMIS, que foram lançadas em 2007 e concluíram com êxito sua missão inicial no início de 2010.

As duas sondas farão medições simultâneas de partículas e de campos elétricos e magnéticos de dois locais diferentes para fornecer a primeira perspectiva tridimensional de como a aceleração das partículas energéticas ocorre perto da órbita da Lua, na magnetosfera distante e no vento solar.

Veja mais sobre a missão ARTEMIS na reportagem NASA coloca sondas espaciais orbitando "lugar nenhum".

A missão THEMIS original ajudou a descobrir a origem das auroras boreal e austral.

Em 2009, dois satélites de comunicação chocaram-se na órbita da Terra, o que causou a destruição dos dois.

Cientistas propõem viagem sem volta a Marte

Redação do Site Inovação Tecnológica - 25/10/2010

Uma estratégia seria enviar inicialmente quatro astronautas, dois em cada uma de duas espaçonaves, ambas com módulo de pouso e com suprimentos suficientes. [Imagem: NASA/JPL]

Voos tripulados

Quando Barack Obama tomou posse, ele afirmou que era preciso rever os projetos de voos tripulados da NASA.

Embora tenha dito que poderia ser possível enviar o homem a Marte até 2030, o efeito mais imediato da nova política espacial da NASA foi ocancelamento do projeto de retorno à Lua.

Com um mero passeio lunar cada vez mais distante, e com as decepcionantes dificuldades que a própria NASA demonstrou na execução doprojeto Constelação, que nada mais era do que um upgrade da histórica Apolo, ir a Marte ou a qualquer outro planeta parece um sonho cada vez mais distante.

Viagem sem volta a Marte

Mas talvez haja uma alternativa, uma missão que seja mais simples e mais barata e que viabilize a chegada do homem a Marte.

Para isso, basta que seja uma viagem sem volta, ou seja, uma viagem para astronautas que aceitem o desafio de ir para Marte sem qualquer plano de voltar à Terra.

Esta é a proposta de Dirk Schulze-Makuch, da Universidade do Estado de Washington, e do renomado Paul Davies, da Universidade do Estado da Flórida, ambas nos Estados Unidos.

Eles acabam de delinear como seria uma missão sem volta a Marte em um artigo publicado na revista científica Journal of Cosmology, chamado To Boldly Go: A One-Way Human Mission to Mars - Para Audaciosamente ir: Uma Missão Humana sem Retorno a Marte, em tradução livre. O "audaciosamente indo aonde nenhum homem jamais foi antes" é a marca registrada do seriado Jornada nas Estrelas.

Os dois físicos consideram que, embora tecnicamente factível, uma missão tripulada de ida e volta a Marte é improvável num horizonte de tempo razoável - principalmente, segundo eles, porque seria um projeto incrivelmente caro, tanto em termos financeiros quanto em sustentação política.

E, como a maior parte do gasto está ligado à necessidade de trazer os astronautas de volta em segurança, uma missão só de ida poderia não apenas reduzir os custos a uma fração do projeto inicial, como também marcar o início da colonização humana de longo prazo do planeta.



Uma missão só de ida a Marte seria o primeiro passo para o estabelecimento de uma presença humana permanente no planeta. [Imagem: NASA/JPL]

Colonização de Marte

Marte é o alvo mais promissor para uma colonização humana porque ele é muito similar à Terra: possui uma gravidade moderada, uma atmosfera, "água abundante", dióxido de carbono e uma infinidade de outros minerais essenciais.

É o segundo planeta mais próximo da Terra, depois de Vênus, e uma viagem a Marte levaria apenas seis meses, usando a opção de lançamento mais favorável e a atual tecnologia dos foguetes químicos.

"Uma estratégia seria enviar inicialmente quatro astronautas, dois em cada uma de duas espaçonaves, ambas com módulo de pouso e com suprimentos suficientes, para estabelecer um único posto avançado em Marte. Uma missão só de ida a Marte seria o primeiro passo para o estabelecimento de uma presença humana permanente no planeta," explicou Schulze-Makuch.

Embora afirmem que seria essencial que os astronautas fossem voluntários, Schulze-Makuch e Davies ressaltam que não estão propondo que os pioneiros espaciais sejam simplesmente abandonados à própria sorte em Marte - eles propõem uma série contínua de missões, suficientes para dar suporte à colonização de longo prazo.


Rocha com um desenho que lembra um crânio humano, encontrada em Marte. [Imagem: NASA/J.P.Skipper/Eduardo Lucena]

Terráqueos marcianos

"Teria de fato muito pouca diferença dos primeiros pioneiros brancos que foram para o continente norte-americano, que deixaram a Europa com poucas expectativas de retorno," diz Davies. 

"Exploradores como Colombo, Frobisher, Scott e Amundsen, embora não embarcassem em suas viagens com a intenção de se fixar em seus destinos, de qualquer forma assumiam riscos pessoais gigantescos para explorar novas terras, sabendo que havia uma probabilidade significativa de que poderiam morrer na tentativa."

Embora proponham que os colonos espaciais comecem logo a cultivar e explorar os recursos do próprio planeta, os cientistas afirmam que eles poderiam receber periodicamente suprimentos enviados da Terra.

E eles vão audaciosamente ainda mais longe: o posto avançado poderia se tornar autossuficiente e se tornar uma base para um programa de colonização espacial ainda maior, de onde os "terráqueos marcianos", ou mesmo terráqueos de nascença, poderiam partir para ir mais longe.



Áreas apontadas pelos pesquisadores como promissoras para a primeira colônia humana em Marte, por conterem cavernas e relevo capaz de funcionar como proteção para os colonos e
spaciais. [Imagem: Schulze-Makuch/Davies/NASA


Seguro contra catástrofes



Os cientistas afirmam que o primeiro passo para a missão sem volta seria a seleção de um local adequado para a colônia, que preferencialmente tenha uma caverna ou outro relevo que sirva de abrigo, assim como recursos nas proximidades, como água, minerais e nutrientes para agricultura.

Marte não tem uma camada de ozônio e nem uma magnetosfera que proteja contra a ionização e os raios ultravioleta. Por isso, uma caverna seria muito importante. As cavernas marcianas também poderiam conter depósitos de gelo em seu interior, embora isso ainda não tenha sido comprovado.

O artigo sugere que, além de oferecer um "bote salva-vidas" no caso de uma mega-catástrofe na Terra, uma colônia em Marte seria uma plataforma inigualável para pesquisas científicas. Os astrobiólogos acreditam que é grande a probabilidade de que Marte tem ou já teve vida microbiana, e que seria uma oportunidade imperdível estudar uma forma de vida alienígena e um segundo registro evolucionário.

Espírito explorador


A colonização de Marte exigirá o retorno o espírito explorador e do ethos de assumir riscos do período das grandes explorações na Terra. [Imagem: NASA/JPL/John Olson]

Embora acreditem que a estratégia para colonizar Marte com missões sem retorno coloque o projeto, financeira e tecnologicamente, ao alcance das possibilidades atuais, Schulze-Makuch e Davies afirmam que a ideia precisará não apenas de um grande esforço de cooperação internacional, mas também exigirá o retorno o espírito explorador e doethos de assumir riscos do período das grandes explorações na Terra.

Segundo eles, ao levantar a ideia entre seus colegas cientistas, vários deles manifestaram a intenção de se inscreverem como voluntários para tal missão.

O próprio Schulze-Makuch afirma que seria o primeiro voluntário a se inscrever no projeto - mesmo reconhecendo o fato de que, quando tal missão estivesse pronta para partir, ele certamente não teria mais idade para embarcar.

"Pesquisas informais feitas após palestras e conferências sobre a nossa proposta mostraram repetidamente que muitas pessoas gostariam de se voluntariar para uma missão sem retorno, tanto por razões de curiosidade científica, quanto por um espírito de aventura e de cumprir o destino da humanidade," afirmam eles.

Bibliografia:

To Boldly Go: A One-Way Human Mission to Mars
Dirk Schulze-Makuch, Paul Davies
Journal of Cosmology
October-November, 2010
Vol.: 12, 3619-3626

Lua tem água, sal e até prata, dizem cientistas

Agência Fapesp - 22/10/2010


O impacto frustrou os cientistas e o público. A equipe da missão LCROSS havia calculado que a poeira levantada pelo impacto poderia ser vista da Terra. [Imagem: Schultz et al./Science]
Mais segredos da Lua acabam de ser revelados graças não a astronautas ou veículos robotizados em contato com a superfície do satélite.


Desta vez, a novidade vem mais de baixo, cortesia de um foguete lançado pela Nasa, a agência espacial norte-americana, que sechocou contra uma cratera no pólo sul da Lua.

Impacto lunar

A missão Lunar CRater Observing and Sensing Satellite (LCROSS) teve duas partes. Inicialmente, o estágio superior e vazio de um foguete atingiu a cratera Cabeus, próximo ao polo sul lunar, em outubro de 2009. Foi seguido por um segundo veículo que analisou os fragmentos ejetados pelo impacto.

A proposta era procurar por água e verificar do que mais é composto o subsolo naquele ponto supergelado, algo nunca antes tentado. Resultados da missão, que se mostrou bem-sucedida, acabam de ser publicados em cinco artigos na edição desta sexta-feira (22/10) da revista Science.

Em um dos artigos, Peter Schultz, da Universidade Brown, e colegas descrevem que a nuvem levantada pelo choque mostrou que o solo e o subsolo lunar são mais complexos do que se estimava.

Minerais na Lua

A superfície lunar contém não apenas água, mas diversos outros compostos, como monóxido de carbono, dióxido de carbono, hidroxila, amônia, sódio e até mesmo prata.

Os elementos químicos presentes nos grãos do regolito lunar - o manto de detritos que cobre a superfície - fornecem pistas sobre sua origem e como foram parar nas crateras polares, muitas das quais não veem a luz do Sol há bilhões de anos, estando entre os pontos mais frios do Sistema Solar.

Segundo o artigo, os compostos voláteis podem ter-se originado dos impactos de cometas, asteroides e meteoroides que castigaram o satélite terrestre durante bilhões de anos.

Os compostos depositados no regolito podem ter sido liberados pelos impactos ou serem resultantes do aquecimento pela luz solar, que forneceu a energia suficiente para que se deslocassem até os polos, onde permaneceram presos em frígidas crateras.

O impacto do foguete produziu um buraco com cerca de 25 metros de diâmetro e lançou material que está a até 1,80 metro de profundidade.

Pistas históricas

A nuvem de detritos gerada pela colisão chegou a cerca de 800 metros acima da superfície da cratera, o suficiente para atingir a luz solar.

O resultado foi que a composição da emissão pôde ser medida por quatro minutos por diversos instrumentos de espectroscopia. O material ejetado chegou a quase duas toneladas.

Apesar do sucesso, Schultz ressalta que a missão trouxe respostas, mas também levantou novas questões. "Trata-se de um arquivo de bilhões de anos, preso em crateras em sombras permanentes. Pode haver ali pistas para a história da Lua, da Terra, do Sistema Solar e de nossa galáxia. E está tudo ali, implorando para que voltemos", disse.

Desde 1972, com a última missão Apolo, o homem não pisou mais na Lua. Apesar de projetos de retorno das missões tripuladas para além dos ônibus espaciais, não se sabe ao certo quando esse retorno poderá ocorrer.

Para ver um ponto de vista diferente sobre as pesquisas de água na Lua, veja a reportagem A Lua não tem água, rebatem cientistas.

Bibliografia:

The LCROSS Cratering Experiment
Peter H. Schultz, Brendan Hermalyn, Anthony Colaprete, Kimberly Ennico, Mark Shirley, William S. Marshall
Science
22 October 2010
Vol.: 330. no. 6003, pp. 468 - 472
DOI: 10.1126/science.1187454

O fim do otimismo verde

O Globo - 27/10/2010

Ricos e pobres não se entendem mais uma vez. Agora, sobre a biodiversidade

Nagoia nunca foi tão parecida com Copenhague. A exemplo da Conferência sobre o Clima realizada na capital dinamarquesa em dezembro passado, a Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica segue paralisada pelo impasse entre países ricos e em desenvolvimento. O segundo grupo, que reúne o Brasil e outros detentores dos ecossistemas de maior biodiversidade, quer auxílio financeiro para a preservação. Outra demanda é o repasse de verbas de empresas que exploram recursos genéticos tropicais, como os grandes laboratórios farmacêuticos. As nações ricas, no entanto, consideram o pedido o mesmo que assinar um cheque branco, e resistem a pagamentos.

Analistas internacionais acreditam que mais um fracasso nas negociações diplomáticas ligadas ao meio ambiente encerrará a era de otimismo verde inaugurada na Rio 92, quando o clima e a biodiversidade entraram na agenda mundial.

Os países em desenvolvimento iniciaram a semana recusando-se a assumir compromissos com as metas delineadas para 2020 que cobrem, entre outros itens, a proteção de florestas, recifes de corais e espécies de água doce. As nações ricas propuseram ontem o repasse de US$ 4 bilhões para as florestas tropicais.

A iniciativa, no entanto, ainda será avaliada.

As florestas tropicais são o centro das atenções. São elas as responsáveis por sugar da atmosfera uma parte significativa do gás carbônico, o principal responsável pelo efeito estufa. Além de frearem as mudanças climáticas, estes ecossistemas são, também, o lar de numerosas espécies.

Somente na Amazônia, 1.222 novas espécies foram catalogadas nos últimos 12 anos registrou-se, portanto, uma descoberta a cada três dias, segundo relatório recémdivulgado pelo WWF.

Nossas florestas precisam de uma ação imediata pediu a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, que chefia a delegação brasileira em Nagoia.

Os ministros das nações participantes da cúpula concentram seus esforços na criação de uma parceria voluntária envolvendo 70 países.

Aqueles que preservarem suas florestas e revitalizarem áreas devastadas seriam recompensados.

De acordo com um estudo publicado esta semana pela Science, quase um quinto de todas as espécies conhecidas de vertebrados são hoje classificadas como ameaçadas pela União Mundial para a Conservação da Natureza. No entanto, as perdas seriam 20% maiores se não houvesse iniciativas para proteger determinadas espécies.

Olhando para o início do tempo

Folha de S. Paulo - 24/10/2010

MARCELO GLEISER

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Nada do que vemos no céu existe no presente.
Objetos podem não existir mais ou terem mudado por completo.
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Na semana passada, astrônomos declararam ter encontrado o objeto mais distante visto até hoje: uma galáxia a 13,1 bilhões de anos-luz da Terra. Como comparação, a idade da Terra é de 4,6 bilhões de anos, e a do Universo, de 13,7 bilhões de anos. Ou seja, a luz capturada pelos telescópios terrestres deixou essa galáxia 600 milhões de anos após o início do tempo. Isso pode parecer muita coisa, mas para a cosmologia, que estuda tempos de bilhões de anos, não é praticamente nada.

Olhar para o céu é olhar para o passado. Isso porque a luz tem uma velocidade finita, sempre demora um pouco para ir de um ponto a outro. Por exemplo, o Sol fica a oito minutos-luz da Terra: a luz demora oito minutos para viajar do Sol até nós. Nada do que vemos no céu existe no presente. Objetos distantes podem até mesmo não existir mais, ou ter mudado completamente.

Com certeza, a galáxia de 13,1 bilhões de anos é hoje muito diferente do que era quando a luz saiu dela há 13,1 bilhões de anos. Ela pode ter crescido, engolindo outras galáxias menores, ou pode ter sido engolida.

Naquela época, perto da infância do Cosmo, as estrelas eram todas jovens, muito luminosas, feitas principalmente de hidrogênio e de hélio, os dois elementos químicos mais leves. Com o passar do tempo (centenas de milhões a bilhões de anos), as estrelas foram "envelhecendo" e produziram elementos mais pesados, como o carbono.

Na sua infância, o Cosmo tinha uma tabela periódica bem simples, só com uma meia dúzia de elementos! Portanto, os astrônomos sabem que objetos constituídos apenas de elementos químicos leves são bastante jovens.

Como os cientistas podem determinar a idade de um objeto que existiu antes mesmo da formação do Sol e da Terra? Toda informação da astronomia vem de alguma forma de luz recolhida por telescópios. A história dos céus está registrada na luz que viaja pelo espaço nos seus diversos comprimentos de onda- das ondas de rádio (as mais longas) aos raios X e gama (as radiações mais energéticas).

No caso de objetos muito antigos, sua constituição química é simples. Fora isso, sua luz é muito fraca, diluída tanto pela distância quanto pela expansão do Universo. Por isso, são necessários telescópios enormes, com espelhos de mais de dez metros de diâmetro, para captá-la. Auxiliados, claro, pelo fantástico Telescópio Espacial Hubble.

A composição química dos objetos astronômicos é estudada analisando os detalhes da luz que emitem. Cada elemento químico emite luz em cores (frequências) específicas. Dizemos que cada um tem sua impressão digital, registrada em seus espectros luminosos.

Ao colher a luz de uma estrela ou galáxia, astrônomos a comparam com catálogos existentes para determinar os elementos químicos presentes. Tudo isso só é possível porque as leis da física e da química são as mesmas em todos os cantos do Cosmo e em todas as épocas.

Caso isso não fosse verdade, seria impossível estudar os céus. A ciência ficaria relegada ao que ocorre somente no nosso mundo, e jamais descobriríamos que somos descendentes das estrelas, e que cada átomo de nosso corpo pertenceu, um dia, a uma estrela que já não existe mais.



MARCELO GLEISER é professor de física teórica no Dartmouth College, em Hanover (EUA), e autor do livro "Criação Imperfeita"

Falando de Ciência Ed. 07 - Horário de Verão - Observatório Nacional

MCT
O Programa Falando de Ciência desta edição aborda o trabalho desenvolvido pelo Observatório Nacional, no Rio de Janeiro, e explica como é estabelecida a coordenação do tempo no mundo. Fala também do horário de verão que está em vigor até fevereiro de 2011.

Aceesso a página do MCT e ouça a entrevista:

http://www.mct.gov.br/index.php/content/view/324005.html




Número de mortos em tsunami na Indonésia sobe para 311

BBC Brasil
28/10/2010





Equipes de resgate na Indonésia estão enfrentando o mau tempo para tentar chegar a 11 vilarejos que teriam sido devastados pelo tsunami que atingiu o remoto arquipélago de Mentawai, próximo à costa da Ilha de Sumatra (oeste do país).
Outras 13 vilas foram completamente destruídas pelas ondas de 3 metros de altura causadas por um terremoto de magnitude 7,7, ocorrido na segunda-feira.
O total de mortos já chega a 311 e pelo menos 400 pessoas ainda estão desaparecidas. Segundo funcionários da agência para gerenciamento de desastres, cerca de 16 mil moradores das ilhas foram levados para regiões de maior altitude, longe do litoral.
O primeiro avião levando tendas, remédios, alimentos e roupas para os desabrigados pousou na região na quarta-feira.

Devastação

As primeiras imagens da destruição causada pelo tsunami, filmadas com telefones celulares, mostram corpos sendo retirados de áreas vazias onde antes havia casas e escolas.
Helicópteros levando altos funcionários do governo indonésio às ilhas também registraram imagens aéreas de prédios completamente destruídos.
A centenas de quilômetros de distância, na Ilha de Java, um enterro coletivo foi realizado para cerca de vinte vítimas da erupção vulcânica no Monte Merapi, que começou pouco após o tsunami.
A série de tragédias forçou o presidente indonésio Susilo Bambang Yudhoyono a antecipar a volta de uma viagem ao exterior.
Yudhoyono visitou a região afetada pelo tsunami nesta quarta-feira para observar os trabalhos de resgate.

Sistema de alerta

Os moradores das Ilhas Mentawai não receberam nenhum alerta sobre a chegada das ondas gigantes porque o sistema criado após o violento tsunami de 2004 não estava funcionando.
Fauzi, o chefe da Agência de Meteorologia e Geofísica da Indonésia, disse à agência de notícias Associated Press que o sistema de alerta começou a apresentar problemas em 2009 e estava completamente inoperante no mês passado.
"Nós não temos o conhecimento necessário para monitorar as boias de forma que o sistema funcione como planejado", disse Fauzi.

Vulcão

Erupção do Merapi forçou o deslocamento de 14 mil pessoas.
Enquanto isso, ao menos 14 mil pessoas na região central da Ilha de Java (a leste da região atingida pelo tsunami) foram levadas a abrigos para escapar do vulcão Merapi, cuja erupção, ocorrida poucas horas depois do tsunami, causou mais de 20 mortes e cobriu vilas inteiras de cinzas.
Um integrante das equipes de resgate, Christian Awuy, havia dito à BBC que temia que até 50 pessoas estivessem mortas. Dezenas de outros moradores teriam sofrido queimaduras.
O especialista em vulcões do governo indonésio Subandrio explicou que a atividade vulcânica parece ter diminuído no Merapi, mas adverte que pode haver mais erupções em breve. O problema, segundo ele, é que não é possível prever quando isso deve acontecer e qual será a intensidade das novas erupções.
A Indonésia fica no Círculo de Fogo do Pacífico, uma área onde há um grande número de terremotos e uma forte atividade vulcânica.
Os desastres naturais desta semana acontecem seis anos depois do violento tsunami de 2004, considerado uma das piores catástrofes dos tempos modernos, que deixou mais de 250 mil mortos em 13 países, incluindo Indonésia, Tailândia, Sri Lanka e Índia.
Em setembro de 2009, mais de mil pessoas foram mortas depois de um terremoto próximo a Sumatra.
Em 1930, uma erupção vulcânica no Monte Merapi destruiu 13 vilarejos, matando mais de mil pessoas.

Matéria:


 

25 de out. de 2010

Plataforma Nacional de Dados Geofísicos - Observatório Nacional

A Plataforma Nacional de Dados Geofísicos é um projeto estruturante sob a responsabilidade do Grupo de Geofísica dos Processos Geodinâmicos, Recursos Naturais e Meio-ambiente da Coordenação de Geofísica do Observatório Nacional. O objetivo é agregar iniciativas que compreendam aquisição de dados geofísicos de caráter regional, seu processamento e armazenamento adequado, para uso de seus pesquisadores, comunidade científica e setor produtivo.

Presentemente integram a Plataforma os seguintes projetos:

- Banco de Dados Ambientais para a Indústria do Petróleo - BAMPETRO
- Pool de equipamentos geofísicos do Brasil – PEGBr
- Rede Brasileira de Observatórios Magnéticos - REBOM
- Rede Sismográfica do Sul e do Sudeste do Brasil – RSIS

leia mais...

Pós-graduação no ON tem inscrição até 30/11

Geofisica Brasil

De 1º de outubro a 30 de novembro de 2010 estão abertas as inscrições para Mestrado e Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Geofísica do Observatório Nacional.
O processo de seleção será realizado nas duas primeiras semanas de dezembro. O Programa aceita alunos formados em Geofísica, Física, Geologia, Engenharias e outras áreas afins. Maiores informações clique aqui ou escreva para o e-mail: cpgg@on.br. Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo.

22 de out. de 2010

Participação ativa do ON na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia 2010







O Observatório Nacional, mais uma vez, está presente na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia e, como em outros eventos de C&T, oferece ao público em geral, atividades voltadas às suas áreas de pesquisa (Astronomia, Geofísica e Tempo e Frequência).

No dia 19 de Outubro o ON, representado pela Divisão de Atividades Educacionais (DAED), participou do evento realizado em Xerém, no campus do INMETRO, na Baixada Fluminense/RJ. O evento contou com a participação da população local e, em especial, os estudantes do Ensino Médio localizados em Xerém.


 Prof. João Jornada, Presidente do INMETRO, no estande do ON

O Presidente do INMETRO, Prof. João Jornada, esteve presente no estande, obteve informações sobre as aitividades oferecidas no evento e recebeu um kit com o material de divulgação científica do Observatório Nacional. 


Sucesso na distribuição de revistas da "Coleção Observatório Nacional apresenta..."

O sucesso nas atividades desenvolvidas pela DAED atraiu o público que procurava os exemplares das revistas da Coleção “Observatório Nacional apresenta...”, os jogos de Quebra-Cabeça e Corrida Espacial e o CD-Rom com jogos interativos. Os professores puderam levar para suas escolas o “Kit Escola” contendo o material desenvolvido pela divisão.

Mas não para por aí...

O Observatório Nacional ainda está com suas atividades em pleno vapor.
A DAED está recebendo o público  no Aterro do Flamengo/RJ,  no espaço Ciência para Crianças.


Oficina de pintura com premiação para os desenhos selecionados

O público vai encontrar, além das informações sobre o instituto, uma grande distribuição de meterial de divulgação científica e um concurso de pintura para as crianças. Os melhores desenhos serão selecionados, premiados e publicados na página do Observatório Nacional.  O evento é gratuito e vai até domingo dia 24/10 de 9h as 17h.

Criador dos fractais buscou a teoria da verdade

Scientific American Brasil


Mandelbrot admitiu que nenhum sistema computacional ou matemático pode modelar toda a realidade


 
por John Horgan



Wikicommons

Mandelbrot morreu aos 85 anos


Objetos matemáticos fragmentados e irregulares, com estrutura que se repete em escalas distintas, foram descritos em 1975 como fractais por Benoit Mandelbrot, matemático franco-americano morto na semana passada, aos 85 anos. Sua morte, anunciada pela família no domingo, foi causada por câncer no pâncreas. Nascido na Polônia, judeu, e emigrado aos 11 anos para Paris, França, em 1936, o matemático estava radicado nos Estados Unidos desde 1958. Fez pesquisa científica na IBM durante 30 anos. Depois, foi professor na Universidade de Yale até 2005.
A morte de Mandelbrot provocou em certos círculos uma onda de nostalgia dos anos 80, quando ele e outros pesquisadores pareciam estar criando uma revolução científica. Esperavam que novas e sofisticadas de técnicas matemáticas, além de computadores cada vez mais poderosos, poderiam ajudá-los a compreender uma vasta gama de complexos não-lineares, fenômenos dos cérebros e do sistema imunológico.

O jornalista James Gleick brilhantemente descreveu essa pesquisa em seu best seller em 1987 “Caos: fazendo uma nova ciência”. Mandelbrot, matemático aplicado, que se envolveu em grande variedade de campos, era o herói do livro de Gleick. Começando em 1960, Mandelbrot percebeu que muitos dos fenômenos do mundo real – nuvens, flocos de neve, flutuações do mercado de ações e o tecido cerebral – têm propriedades semelhantes. Eles exibem a "autossimilaridade", padrões que se repetem em escalas cada vez menores e com limites difusos.

Outros matemáticos tinham explorado fenômenos semelhantes, pelo menos desde o início do século 20. Além disso, em 1990, alguns matemáticos afirmavam ter explorado o famoso conjunto de Mandelbrot mesmo antes dele.

A teoria do caos seguiu o mesmo ciclo de expansão e recessão como dois movimentos anteriores científicos: a cibernética e a teoria da catástrofe. Cibernética (um neologismo criado a partir do termo grego kubernetés) foi concebida pelo matemático Norbert Wiener. Em 1948, seu livro “Cibernética: controle e comunicação no animal e na máquina” proclamou que a cibernética poderia ser o modelo de funcionamento não apenas das máquinas, mas também todos os fenômenos biológicos, de organismos unicelulares e até das economias dos Estados.

A cibernética se tornou extremamente popular, especialmente na Rússia, mas na década de 1960 começou a perder seu brilho. A próxima grande ideia foi a teoria da catástrofe, um conjunto de equações que o matemático francês René Thom usou para modelar fenômenos catastróficos. Thom e seus seguidores sugeriram que a teoria da catástrofe poderia ajudar a explicar não apenas os eventos, tais como terremotos, mas também fenômenos biológicos e sociais, como o surgimento da vida, a metamorfose de uma lagarta em borboleta e o colapso de civilizações.

No final de 1970, os críticos reclamaram que o trabalho de Thom "não forneceu novas informações sobre qualquer coisa" e era "exagerado e falso".

A teoria do caos seguiu o mesmo padrão. Em 1991, apenas quatro anos depois de “Caos” ser publicado, David Ruelle, foi um dos pioneiros em modelagem matemática de sistemas caóticos, constatou uma queda na produção de descobertas interessantes.

De vez em quando, alguma alma ambiciosa proclama novamente que criou uma teoria matemática todo-poderosa. Um exemplo de destaque foi o magnata físico e matemático Stephen Wolfram, que declarou em seu “A new kind of science” que iria gerar um novo tipo de ciência. Mas sua "nova" abordagem para resolver todos os enigmas científicos era apenas os celulares, o sistema de modelagem computacional inventado por John Von Neumann na década de 1950.

Talvez seja hora de reconhecer que nenhum sistema computacional ou matemático pode modelar toda a realidade. Mandelbrot, que não foi conhecido pela modéstia, sugeriu isso. "Eu não considero o ponto de vista fractal como uma panacéia", ele escreveu em seu estranho e maravilhoso livro "A geometria fractal da Natureza”. A semelhança de um fractal de um fenômeno natural, observou, não produzirá necessariamente profundos insights sobre seus mecanismos subjacentes física.

Galáxia encontrada pelo Hubble é o mais distante objeto já visto

Site Inovação Tecnológica

Com informações do ESO - 21/10/2010


Estudar estas galáxias primordiais é extremamente difícil. Embora originalmente brilhante, a sua luz já está muito tênue quando chega à Terra. [Imagem: NASA, ESA, G. Illingworth/HUDF09 Team]


Nevoeiro primordial

Uma equipe de astrônomos europeus utilizou o Very Large Telescope (VLT), do Observatório Europeu do Sul (ESO) para medir a distância da galáxia mais distante conhecida até hoje.

Somente ao analisar cuidadosamente a fraca luminosidade da galáxia a equipe descobriu que estava na realidade vendo uma imagem da galáxia quando o Universo tinha apenas 600 milhões de anos, o que corresponde a um desvio para o vermelho de 8,6.

Estas são as primeiras observações confirmadas de uma galáxia cuja radiação está dissipando o denso nevoeiro de hidrogênio que enchia o Universo primordial.

"Confirmamos que uma galáxia descoberta anteriormente com o Hubble é o objeto mais distante identificado até agora no Universo," afirma Matt Lehnert, do Observatório de Paris, autor principal do artigo que apresenta os resultados. "O poder do VLT e do espectrógrafo SINFONI permitiu-nos medir efetivamente a distância desta galáxia muito tênue, e descobrimos que, na realidade, estamos vendo-a como quando o Universo tinha menos de 600 milhões de anos."

Era da Reionização

Estudar estas galáxias primordiais é extremamente difícil. Embora originalmente brilhante, a sua luz já está muito tênue quando chega à Terra. Além disso, esta radiação fraca chega até nós na região infravermelha do espectro eletromagnético porque o seu comprimento de onda foi esticado devido à expansão do Universo - um efeito conhecido como desvio para o vermelho.

Para tornar as coisas ainda difíceis, nos primeiros tempos do Universo, menos de um bilhão de anos depois do Big Bang, o Universo não era completamente transparente, encontrando-se preenchido com um nevoeiro de hidrogênio, que absorvia a intensa radiação ultravioleta emitida pelas galáxias jovens.

Esse período em que o nevoeiro ainda estava sendo dissipado pela radiação ultravioleta é conhecido como a Era da Reionização.

Quando o Universo esfriou depois do Big Bang, há cerca de 13,7 bilhões de anos, os elétrons e os prótons combinaram-se para formar hidrogênio gasoso. Este gás escuro e frio era o constituinte principal do Universo durante a chamada Idade das Trevas, quando não existiam ainda objetos luminosos.

Esta fase terminou quando as primeiras estrelas se formaram e a sua intensa radiação ultravioleta foi lentamente tornando transparente este nevoeiro de hidrogênio, ao separar outra vez os átomos de hidrogênio em elétrons e prótons, um processo conhecido por reionização. Esta época do Universo primordial durou desde os 150 até os 800 milhões de anos depois do Big Bang.

Compreender como é que se processou a reionização e como se formaram e evoluíram as primeiras galáxias é um dos maiores desafios da cosmologia moderna.

Desvio para o vermelho

Estas são as primeiras observações confirmadas de uma galáxia cuja radiação está dissipando o denso nevoeiro de hidrogênio que enchia o Universo primordial. [Imagem: M. Alvarez/R. Kaehler/T. Abel]

Apesar destes desafios, a nova Câmara 3 de Grande Campo do Telescópio Espacial Hubble descobriu, em 2009, vários objetos candidatos a galáxias brilhando na Era da Reionização.

Confirmar as distâncias de objetos tão distantes e tênues é um enorme desafio e apenas pode ser conseguido com o uso de espectroscopia feita por telescópios terrestres muito grandes, que medem o desvio para o vermelho da radiação da galáxia.

"Depois do anúncio do Hubble sobre as galáxias candidatas, fizemos um pequeno cálculo e ficamos entusiasmados ao descobrir que o imenso poder do VLT, quando combinado com a sensitividade do espectrógrafo infravermelho SINFONI, e um tempo de exposição muito longo, poderia permitir-nos detectar o brilho tênue de uma destas galáxias distantes e assim medir a sua distância," conta Lehnert.

A equipe observou a galáxia candidata UDFy-38135539 durante 16 horas. Depois de dois meses de análise detalhada dos dados e testes dos resultados, a equipe descobriu que tinha efetivamente detectado o brilho muito fraco emitido pelo hidrogênio com um desvio para o vermelho de 8,6, o que torna esta galáxia o objeto mais distante já confirmado por espectroscopia.

Um desvio para o vermelho de 8,6 corresponde a uma galáxia vista apenas 600 milhões de anos depois do Big Bang. Há alguns anos, astrônomos anunciaram ter descoberto um objeto com um desvio para o vermelho de 10, mas o achado não foi confirmado por observações posteriores e hoje não é mais aceito pela comunidade científica.

Enigmas

A coautora da pesquisa, Nicole Nesvadba, comenta: "Medir o desvio para o vermelho da galáxia mais distante é bastante importante por si só, mas as implicações astrofísicas desta detecção são ainda mais importantes. Esta é a primeira vez que sabemos com toda a certeza que estamos observando uma das galáxias que dissiparam o nevoeiro que enchia o Universo primordial."

Um dos fatos surpreendentes com relação a esta descoberta é que o brilho da UDFy-38135539 parece não ser suficientemente forte por si só para dissipar o nevoeiro de hidrogênio.

"Devem existir outras galáxias, provavelmente menos brilhantes e de menor massa, companheiras da UDFy-38135539, que também ajudam a tornar o espaço entre as galáxias transparente. Sem esta ajuda adicional, a radiação da galáxia, por mais brilhante que fosse, ficaria presa no nevoeiro de hidrogênio circundante e não a teríamos observado", explica Mark Swinbank, outro membro da equipe.

"Estudar a Era da Reionização e da formação de galáxias é levar ao extremo as capacidades dos atuais telescópios e instrumentos, mas será apenas ciência de rotina quando o European Extremely Large Telescope do ESO - que será o maior telescópio do mundo a trabalhar nas faixas do visível e do infravermelho próximo - estiver operacional," lembra Jean-Gabriel Cuby.

Bibliografia:

Spectroscopic confirmation of a galaxy at redshift z = 8.6
M. D. Lehnert, N. P. H. Nesvadba, J.-G. Cuby, A. M. Swinbank, S. Morris, B. Clément, C. J. Evans, M. N. Bremer & S. Basa
Nature
21 October 2010
Vol.: 467, 940-942
DOI: 10.1038/nature09462

Foto de átomo neutro realiza sonho de cientistas

Redação do Site Inovação Tecnológica - 20/10/2010


Ao contrário dos íons, que são átomos eletricamente carregados, os átomos neutros são notoriamente difíceis de capturar porque eles não podem ser detidos por campos elétricos. [Imagem: UOtago]

Você provavelmente não achará a imagem acima assim tão impressionante - pelo menos não à primeira vista.
Mas os físicos do mundo todo estão fascinados com ela.
E não é para menos: esta é uma fotografia de um átomo neutro, visto diretamente através de um microscópio - um verdadeiro sonho dos cientistas.

Foto de um átomo

"O que nós fizemos avança a fronteira daquilo que os cientistas podem fazer, e nos dá o controle preciso dos menores blocos de construção do nosso mundo," comemora o Dr. Mikkel F. Andersen, da Universidade de Otago, na Nova Zelândia.

Visualizar diretamente o mundo atômico tem sido não apenas o sonho dos cientistas, mas também uma necessidade, que eles têm buscado com avidez desde o advento da mecânica quântica, no início do século passado.

"Eu aprendi na escola que é impossível ver um único átomo através de um microscópio. Bem, a minha professora primária estava errada", brinca Andersen.

Um átomo é tão pequeno que 10 bilhões deles, colocados em fila, teriam um metro de comprimento. Os átomos movem-se geralmente em velocidades próximas às do som, o que torna muito difícil manipulá-los, ainda mais individualmente.

Ao contrário dos íons, que são átomos eletricamente carregados, os átomos neutros são notoriamente difíceis de capturar porque eles não podem ser detidos por campos elétricos. Daí a grande dificuldade em isolar um átomo neutro para que ele possa ser visualizado.

Um terço do caminho



Como não é possível usar eletricidade, os cientistas resolveram o problema com técnicas ópticas. Usando uma técnica de resfriamento a laser, eles resfriaram o átomo até diminuir drasticamente sua agitação natural.

Como não é possível usar eletricidade, os cientistas resolveram o problema com técnicas ópticas. [Imagem: Grünzweig et al./Nature Physics]



A seguir, um sistema de pinças ópticas - formada por outros feixes de laser - foi usado para capturar e isolar o átomo, de tal forma que ele pudesse ser fotografado através de um microscópio.

O galã da foto é um átomo de rubídio 85.

Repetindo o experimento, os pesquisadores provaram que podem capturar átomos individuais de forma confiável e consistente - um passo importante rumo à utilização de átomos como blocos básicos de umcomputador quântico.

"Nosso método representa uma maneira de fornecer os átomos necessários para construir esse tipo de computador, e agora já é possível obter um conjunto de dez átomos presos ao mesmo tempo.

"Você precisa de um conjunto de 30 átomos para construir um computador quântico capaz de executar tarefas melhor do que os computadores atuais, de modo que este é um grande passo para fazer isso," explica Andersen.

Romance atômico

Segundo o pesquisador, o próximo passo é tentar gerar um estado deentrelaçamento entre os átomos, uma espécie de romance atômico que resiste à distância.

"Precisamos gerar comunicação entre os átomos, para que eles possam sentir um ao outro. Assim, quando eles são separados, eles permanecem entrelaçados e não se esquecem um do outro mesmo à distância. Esta é a propriedade que um computador quântico usa para executar tarefas simultaneamente," diz o Dr. Andersen.

Bibliografia:

Near-deterministic preparation of a single atom in an optical microtrap
Tzahi Grünzweig, Andrew Hilliard, Matt McGovern, Mikkel F. Andersen
Nature Physics
Vol.: Published online in advance of print
DOI: 10.1038/nphys1778

Lado escuro do Universo é posto em dúvida por astrônomos

Redação do Site Inovação Tecnológica - 18/10/2010

As fontes de rádio usadas para medir o efeito de suavização dos dados do telescópio WMAP estão assinalados no mapa da radiação cósmica de fundo (círculos abertos). [Imagem: NASA/WMAP/Durham University]

Astrônomos da Universidade de Durham, no Reino Unido, afirmaram que todo o conhecimento atual sobre a composição do Universo pode estar errado.


Utane Sawangwit e Tom Shanks estudaram os resultados das observações do telescópio espacial WMAP e afirmam que os erros em seus dados parecem ser muito maiores do que se acreditava anteriormente.

Lado escuro do Universo

A sonda WMAP (Wilkinson Microwave Anisotropy Probe) foi lançada em 2001 para medir a radiação cósmica de fundo (CMB: Cosmic Microwave Background), o calor residual do Big Bang que preenche o Universo e aparece ao longo de todo o céu.

Há poucas semanas a sonda terminou o mapeamento do Universo primitivo, embora ainda sejam necessários meses para que esses dados sejam totalmente processados.

Acredita-se que a dimensão angular das ondulações verificadas na CMB esteja ligada à composição do Universo. As observações do WMAP mostram que as ondulações têm aproximadamente duas vezes o tamanho da Lua cheia, ou cerca de um grau de diâmetro.

Com estes resultados, os cientistas concluíram que o cosmos é composto de 4% de matéria "normal", 22% de matéria escura ou matéria invisível e 74% de energia escura.

O debate sobre a exata natureza desse "lado negro" do Universo - a matéria escura e a energia escura - continua intenso até hoje.

Radiação cósmica de fundo

Sawangwit e Shanks usaram objetos astronômicos que aparecem como pontos não identificados nos radiotelescópios para testar a forma como o telescópio WMAP "suaviza" os dados para formar seus mapas.

Eles descobriram que essa "suavização" é muito maior do que se acreditava anteriormente, sugerindo que a medição do tamanho das ondulações da radiação de fundo residual não é tão rigorosa como se pensava.

Se for verdade, isso significaria que as ondulações são na verdade muito menores, o que poderia implicar que a matéria escura e a energia escura podem nem mesmo existir.

"As observações da CMB representam uma ferramenta poderosa para a cosmologia, e é vital checar [os dados]. Se nossos resultados se confirmarem, então será menos provável que partículas exóticas de energia escura e de matéria escura dominem o Universo. Assim, os indícios de que o Universo possui um 'lado negro' se enfraquecerão," diz o professor Shanks.

Expansão do Universo


Este é o efeito dos superaglomerados de galáxias sobre os fótons da radiação cósmica de fundo (CMB). [Imagem: IOP/Physicsworld]
Se a energia escura de fato existir, então, em última instância, ela faz com que a expansão do Universo se acelere.

Em sua jornada a partir da CMB até os sensores dos telescópios como o WMAP, os fótons - as partículas básicas da radiação eletromagnética, incluindo a luz e as ondas de rádio - viajam através de gigantescos superaglomerados de galáxias.

Normalmente, um fóton CMB sofre um decaimento para o azul - seus picos caminham em direção à extremidade azul do espectro - quando ele entra no superaglomerado de galáxias. E, quando ele sai do superaglomerado, ele tende novamente para o vermelho. Desta forma, os dois efeitos se anulam durante a travessia completa.

No entanto, se os superaglomerados de galáxias estiverem se acelerando uns em relação aos outros - por efeito da matéria escura - esse cancelamento não é exato, e os fótons ficam ligeiramente deslocados para o azul.

Com isto, a radiação de fundo deve mostrar temperaturas ligeiramente mais altas onde os fótons atravessaram superaglomerados de galáxias.

Entretanto, novos resultados obtidos com o Sloan Digital Sky Survey, que já pesquisou mais de um milhão de galáxias vermelhas, sugerem que esse efeito não existe, mais uma vez ameaçando o modelo padrão do Universo e ameaçando dispensar a matéria e a energia escuras - esses dados do Sloan recentementevalidaram a teoria da relatividade em escala cósmica.


Partículas exóticas

O modelo cosmológico padrão prevê que o Universo é dominado por 74% de energia escura e 22% de matéria escura. Os restantes 4% são os átomos da matéria ordinária de que tudo o que conhecemos é feito. Assim, nesse modelo, 96% do Universo é escuro e seria mais razoável falar de um "lado claro do Universo". [Imagem: NASA/WMAP]
  
Se o Universo realmente não tiver um "lado negro", na verdade isso poderá representar um alívio para muito físicos teóricos, que se sentem desconfortáveis com o fato de não se haver sido ainda detectado qualquer sinal das partículas exóticas que comporiam a matéria escura e a energia escura.

Mas, conforme os próprios autores declaram, mais medições precisam ser feitas antes de qualquer declaração categórica a favor ou contra o modelo do Universo mais aceito atualmente.

"Se nossos resultados se repetirem em novos levantamentos de galáxias no hemisfério Sul, então isso vai significar problemas reais para a existência da energia escura," diz Sawangwit.

O telescópio espacial Planck, da Agência Espacial Europeia, está coletando mais dados sobre a radiação cósmica de fundo e poderá ajudar a indicar se há ou não um lado escuro no Universo.

Em 2005, um grupo de físicos propôs um novo modelo do Universo, que explicaria a expansão da aceleração do Universo pela própria gravidade - veja Alterações na Lei da Gravidade, e não a energia escura, causam a aceleração do universo.

Em apoio à teoria atual, outra equipe afirmou já ter encontrado indícios independentes da existência da energia escura - veja Descoberta primeira evidência da existência da Energia Escura.

Bibliografia:

Beam profile sensitivity of the WMAP CMB power spectrum
U. Sawangwit, T. Shanks
Monthly Notices of the Royal Astronomical Society
September 2010
Vol.: 407, Issue 1, pages L16-L20
DOI: 10.1111/j.1745-3933.2010.00894.x

Europeus flagram a galáxia mais distante

Folha de São Paulo - 21/10/2010


Objeto está a 13,1 bilhões de anos-luz da Terra e emitiu luz quando Universo era "bebê"


Registro de galáxias agora chega a 13,1 bilhões de anos.  [ESO/Reuters] 


SALVADOR NOGUEIRA

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Novo recorde na cosmologia: cientistas franceses e britânicos acabam de identificar a galáxia mais distante já vista até hoje. O resultado ajuda a esclarecer como era o Universo na época em que essas estruturas surgiram.

O primeiro avistamento do objeto, designado UDFy-38135539, foi feito pelo Telescópio Espacial Hubble.

Desde sua identificação inicial, a galáxia já parecia ser um objeto extremamente afastado, mas poderia ser um "falso positivo"; uma estrela anã marrom na verdade bem mais próxima, por exemplo.

Coube ao grupo encabeçado por Matt Lehnert, do Observatório de Paris, realizar análises mais detalhadas da luz emanada do astro para finalmente sanar essa dúvida.

Foram necessárias 16 horas de observação no VLT (Very Large Telescope), do ESO (Observatório Europeu do Sul) instalado no Chile, para analisar a "assinatura" de luz do objeto e concluir que se tratava de um astro extremamente afastado.

Estima-se que a luz emanada do objeto tenha partido dele quando o Universo tinha "só" 600 milhões de anos. Pode parecer bastante, mas é um número pequeno perto da idade atual do Cosmos: 13,7 bilhões de anos.

O resultado ajuda a determinar quando as primeiras galáxias começaram a se formar. Ou, pelo menos, coloca dados reais onde antes só existiam previsões teóricas.

"A verdade é que nós não sabemos ao certo quando as galáxias começaram a surgir", disse Lehnert à Folha. "Muitos teóricos dizem que as primeiras podem ter aparecido apenas 200 milhões de anos após o Big Bang."

"Com os telescópios que temos atualmente, já aprendemos tudo que podíamos dessa galáxia", avalia Michele Trenti, da Universidade do Colorado, convidado pelo periódico científico "Nature" para comentar os dados que estão em sua última edição.