26 de abr. de 2011

Telescópio Hubble comemora 21 anos com galáxia em formato de rosa

Redação do Site Inovação Tecnológica - 20/04/2011



Telescópio Hubble comemora 21 anos com rosa galática.jpg


O telescópio Hubble foi lançado no dia 24 de abril de 1990, a bordo do ônibus espacial Discovery.[Imagem: NASA/ESA/Hubble Heritage Team (STScI/AURA)]


Velinha galáctica

Para comemorar o 21º aniversário do lançamento do Telescópio Espacial Hubble, os astrônomos doSpace Telescope Science Instituteapontaram o olho do Hubble para um par especialmente fotogênico de galáxias, chamado Arp 273.

"Ao longo desses 21 anos, o Hubble mudou profundamente a nossa visão do Universo, permitindo que olhássemos profundamente para o passado e abríssemos os olhos para a magnificência e as maravilhas que nos rodeiam," disse Charles Bolden, administrador da NASA.

"Eu tive o privilégio de pilotar o ônibus espacial Discovery quando ele levou o Hubble ao espaço. Depois de todo esse tempo, novas imagens do Hubble continuam a inspirar admiração e são uma prova do trabalho extraordinário de muitas pessoas por trás do observatório mais famoso do mundo," completou o executivo.

Revolução espacial

O telescópio Hubble foi lançado no dia 24 de abril de 1990, a bordo do ônibus espacial Discovery, na missão STS-31.

As descobertas do Hubble revolucionaram quase todas as áreas de pesquisa astronômicas, da ciência planetária à cosmologia.

A imagem que comemora os 21 anos do telescópio mostra uma grande galáxia espiral, chamada UGC 1810, com um disco que está distorcido, ganhando o formato de uma rosa.

A distorção se deve à atração gravitacional de maré da galáxia companheira abaixo dela, conhecida como UGC 1813.

Brasil quer enviar sua primeira sonda a asteroide em 2015

Folha de São Paulo - 18/04/2011


Projeto, ainda com financiamento incerto, envolve institutos e universidades de quatro Estados do país.

Ideia é pesquisar esse astro rochoso do Sistema Solar e também estudar os efeitos da radiação no espaço

SABINE RIGHETTI

DE SÃO PAULO



Cientistas de São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro e Brasília querem enviar ao espaço uma sonda para estudar um asteroide e fazer experimentos durante a viagem.

O asteroide _ chamado de 2001-SN263_ fica a 11 milhões de km na aproximação máxima da Terra e tem duas "luas" ao seu redor.

A sonda deve ser obtida por uma parceria com a Rússia. Mas o desenvolvimento dos seus instrumentos está a cargo da UFABC (Universidade Federal do ABC).

Lá, pesquisadores de engenharia espacial estão fazendo equipamentos capazes de analisar a composição química do asteroide.

Isso é importante porque esses astros podem guardar informações sobre a origem do Sistema Solar.

"Os equipamentos já estão desenhados", diz Annibal Hetem, da UFABC.

O projeto também envolve experimentos da USP.

"Queremos testar a resposta de moléculas biológicas ao ambiente espacial, especialmente à radiação", diz o astrobiólogo Douglas Galante, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências da USP.

A parte da análise dos dados ficaria com a Unesp (Universidade Estadual Paulista).

De acordo com o físico Othon Winter, a universidade já está investindo em infraestrutura e pessoal técnico para receber as informações que viriam do espaço direto para Guaratinguetá.



SEM RECURSOS

O problema é que a fonte de recursos para o projeto, orçado em US$ 40 milhões, ainda está incerta. E, para alcançar o asteroide, a sonda deve ser lançada em 2015.

"O Brasil já faz estudos teóricos sobre dinâmica orbital e processamento de dados de outras sondas", explica Marco Antonio Chamon, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

Os recursos poderiam vir de agências de fomento ou da AEB (Agência Espacial Brasileira)_ que não prevê voos para o "espaço profundo".

Hetem, da UFABC, é mais otimista. "Mesmo que a sonda não decole, já ganhamos formando pessoal na área."



colaborou DOUGLAS LAMBERT.

20 de abr. de 2011

Astrônomo do Observatório Nacional fala sobre o Sol.

Globo News - 18-04/2011

Descubra os mistérios e os segredos do sol
 A maior tempestade solar já registrada aconteceu em 1859. As mudanças repentinas no campo magnético do sol são responsáveis pelas erupções solares. As gigantescas explosões na superfície do sol liberam grande quantidade de energia e massa no espaço.

Clique aqui e assista ao vídeo onde o Astrônomo Victor D’Avila fala sobre o Sol, em entrevista para programa Espaço Aberto Ciência & Tecnologia, da Globo News.


19 de abr. de 2011

Exoplanetas habitáveis podem existir em torno de anãs brancas


Scientific American Brasil
edição 107 - Abril 2011

Astrônomos podem estar próximos da primeira descoberta de um novo planeta habitável
Por John Matson

A descoberta de planetas similares à Terra fora do Sistema Solar pode ser o primeiro passo para que seja encontrada vida extraterrestre. A Terra tem dado condições excepcionais aos seres vivos, dessa forma, um planeta similar, em princípio, também seria habitável.
A busca de um novo planeta habitável é uma atribuição específica do telescópio espacial Kepler, da agência espacial americana Nasa. Ele já detectou pistas de alguns planetas semelhantes à Terra. O telescópio espacial está observando mais de 150 mil estrelas para entender com que frequência planetas terrestres são formados ao redor de estrelas.
O fato de serem estrelas semelhantes ao Sol, no entanto, não é suficiente para abrigar planetas habitáveis. Em um estudo publicado recentemente no The Astrophysical Journal Letters, o astrônomo Eric Agol, da University of Washington, em Seattle, levanta a questão da habitabilidade em exoplanetas, sugerindo que esses corpos poderiam ser encontrados em torno de anãs brancas, abundantes no universo.

Foto de antigas anãs brancas no aglomerado globular M4:NASA e H.Richer
O telescópio Kepler que custou US$ 600 milhões procura pequenas e frequentes flutuações no brilho das estrelas que podem ser provocados pela passagem de um planeta com linha de visada a partir da Terra, num fenômeno chamado de eclipse de trânsito. Mas essas flutuações de brilho são extremamente sutis – o trânsito de um planeta similar à Terra diante de uma estrela similar ao Sol ofusca a estrela cerca de 0,01%. No caso de uma anã branca muito mais compacta, um planeta similar à Terra ocultaria muito mais de sua luz. Agol calcula que um planeta similar à Terra em uma órbita potencialmente habitável ocultaria cerca de 50% da luz emitida por uma anã branca durante o eclipse de trânsito. Uma mudança dessa magnitude seria detectável mesmo com um pequeno telescópio de superfície.

 
 

Descoberta nova forma de visualizar deformação do espaço-tempo

Site Inovação Tecnológica
Baseado em artigo de Marcos Woo - 14/04/2011

Quando dois buracos negros colidem, o espaço-tempo ao redor ondula como o mar durante uma tempestade.
Essa deformação do espaço e do tempo é tão complicada que os físicos não têm sido capazes de compreender em detalhes o que realmente acontece lá.

Pelo menos não até agora.
Descoberta nova forma de visualizar a deformação do espaço-tempo
Estes são vórtices em formato de anel ejetados por um buraco negro estelar, pulsante. No centro há duas linhas vortex vermelhas e duas azuis ligadas ao buraco, que serão ejetadas como um terceiro vórtex em formato de anel na próximo pulsação do buraco negro.[Imagem: The Caltech/Cornell SXS Collaboration]

Deformação do espaço-tempo

"Nós descobrimos uma forma de visualizar o espaço-tempo deformado como nunca antes tinha sido possível," conta Kip Thorne, físico do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), nos Estados Unidos.
Combinando teoria com simulações de computador, Thorne e seus colegas desenvolveram ferramentas conceituais que eles apelidaram de linhas tendex e linhas vortex.
As linhas tendex e vortex descrevem as forças gravitacionais geradas pelo espaço-tempo deformado - elas são análogas às linhas dos campos elétrico e magnético, que descrevem as forças elétricas e magnéticas.
Usando suas novas ferramentas, eles descobriram que as colisões de buracos negros podem produzir linhas de vórtices que formam um padrão em forma de anel, espalhando-se a partir do novo buraco negro formado pela fusão, parecidos como anéis de fumaça.
Os pesquisadores também descobriram que esses feixes de linhas vórtex podem espiralar do buraco negro como a água que sai de um aspersor rotativo usado na irrigação de jardins.

Linhas tendex e linhas vortex

As linhas tendex descrevem a força de estiramento que o espaço-tempo deformado exerce sobre tudo o que encontra em seu caminho.
"As linhas tendex que saem da Lua levantam as marés nos oceanos da Terra," explica David Nichols, coautor da pesquisa e quem cunhou o termo "tendex".
Uma linha tendex irá rasgar qualquer coisa que se aproxime de um buraco negro.
As linhas vortex, ou vórtex, por outro lado, descrevem a torção do espaço - imagine uma toalha caindo aberta em um buraco negro: as linhas vórtex a farão torcer, como quando alguém torce uma toalha para lhe retirar o excesso de água.
Quando se agrupam muitas linhas tendex, elas criam uma região de forte alongamento, chamado tendex. Da mesma forma, um feixe de linhas vortex cria uma região que gira no espaço, chamado vórtice.

Ferramentas para a relatividade

O conceito de linhas tendex e linhas vortex representa uma maneira nova e interessante para entender os buracos negros, a gravidade e a natureza do Universo.
"Usando essas ferramentas, nós podemos agora interpretar muito melhor a enorme quantidade de dados que são produzidos em nossas simulações de computador," diz o Dr. Mark Scheel, responsável pelas simulações.
Os novos conceitos podem explicar, por exemplo, as diferenças nas ondas gravitacionais geradas quando os buracos negros colidem sob diferentes ângulos.
Há vários experimentos em andamento e projetados que tentam detectar ondas gravitacionais, e o novo aparato teórico pode ser útil para que os cientistas entendam exatamente o que eles estão detectando.
Na verdade, segundo eles, o conceito de linhas tendex e vortex deverá se tornar uma ferramenta padrão em todos os estudos no campo da relatividade.


Bibliografia:

Frame-dragging vortexes and tidal tendexes attached to colliding black holes: Visualizing the curvature of spacetime.
Robert Owen, Jeandrew Brink, Yanbei Chen, Jeffrey D. Kaplan, Geoffrey Lovelace, Keith D. Matthews, David A. Nichols, Mark A. Scheel, Fan Zhang, Aaron Zimmerman, Kip S. Thorne
Physical Review Letters
April 11, 2011
Vol.: 106, 151101
DOI: 10.1103/PhysRevLett.106.151101



 

Duas anãs brancas se fundirão para formar uma nova estrela

Redação do Site Inovação Tecnológica - 09/04/2011

Duas anãs brancas se fundirão para formar uma nova estrela
O giro rápido das duas anãs brancas é uma espécie de dança nupcial, e o seu futuro será uma união definitiva, fazendo nascer uma nova estrela. [Imagem: David A. Aguilar (CfA)]

 Anãs brancas

Estrelas nascem e estrelas morrem. Mas agora astrônomos descobriram que estrelas também podem renascer. Tudo começou quando eles encontraram um par de anãs brancas, uma girando em torno da outra a uma velocidade estonteante - uma volta a cada 39 minutos. Este é o período orbital mais curto já descoberto até hoje.
As duas giram a uma velocidade de 430 quilômetros por segundo (1,6 milhão km/h) a uma distância de 220.000 quilômetros uma da outra - menos do que a distância da Terra à Lua.
Anãs brancas são estrelas mortas, que já consumiram todo o seu combustível, e estão esfriando. Essas estrelas normalmente têm uma massa equivalente à do Sol condensada em uma esfera do tamanho da Terra.

Renascimento de uma estrela

O que os astrônomos também descobriram é que o giro rápido das duas anãs brancas é uma espécie de dança nupcial, e o seu futuro será uma união definitiva, fazendo nascer uma nova estrela. "Estas duas estrelas já viveram uma vida completa. Quando elas se fundirem, elas vão essencialmente renascer e desfrutar uma segunda vida," disse o astrônomo Mukremin Kilic, do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian, primeiro autor do artigo científico que anunciou a descoberta.
O feliz casal, "prestes" a iniciar uma nova vida - o enlace está previsto para dentro de alguns milhões de anos -, está na Constelação de Cetus, a 7.800 anos-luz da Terra.

Continuum espaço-tempo

Uma das anãs brancas é visível, enquanto a presença da sua companheira invisível é detectada pelo movimento da estrela visível ao seu redor. A anã branca visível pesa cerca de 17 por cento da massa do Sol, enquanto a outra pesa 43 por cento da massa do Sol. Os astrônomos acreditam que ambas são compostas sobretudo de hélio.
E o destino das duas já está selado: como elas giram uma em torno da outra com tal proximidade, o par agita o continuum espaço-tempo, criando ondas de expansão conhecida como ondas gravitacionais.
Essas ondas transportam energia orbital para longe, fazendo com que as estrelas espiralem cada vez mais próximas. Em cerca de 37 milhões de anos, elas colidirão e se fundirão, marcando o nascimento de uma nova estrela brilhante.

Fusão de estrelas de nêutrons

Duas anãs brancas se fundirão para formar uma nova estrela
A simulação em computador fornece a visão mais detalhada já obtida das forças que alimentam algumas das mais energéticas explosões do Universo. [Imagem: NASA/AEI/ZIB/M. Koppitz and L. Rezzolla]

Uma outra pesquisa relacionada à fusão de estrelas, mas desta vez em relação às estrelas de nêutrons, mostrou que esses eventos colossais podem ser os responsáveis pela geração natural de grandes estruturas magnéticas.
Os cientistas acreditam que são essas estruturas magnéticas que alimentam os jatos de partículas de alta velocidade associados com as erupçõse de raios gama (GRBs - gamma-ray bursts).


A simulação em computador fornece a visão mais detalhada já obtida das forças que alimentam algumas das mais energéticas explosões do Universo.
A simulação consumiu sete semanas de processamento em um cluster de computadores no Instituto Albert Einstein Institute, em Potsdam, na Alemanha.
A união final das estrelas e a explosão colossal que lhe segue dura 35 milissegundos - cerca de três vezes mais rápido do que um piscar de olhos.



Bibliografia:

The Shortest Period Detached Binary White Dwarf System
Mukremin Kilic, Warren R. Brown, S. J. Kenyon, Carlos Allende Prieto, J. Andrews, S. J. Kleinman, K. I. Winget, D. E. Winget, J. J. Hermes
Monthly Notices of the Royal Astronomical Society
Mar 2011
Vol.: To be Published
http://arxiv.org/abs/1103.2354



Encontrados sinais de água líquida em cometas

Redação do Site Inovação Tecnológica - 08/04/2011


Cientistas encontraram indícios de água líquida no passado dos cometas, desbancando a ideia de que eles nunca experimentaram calor suficiente para derreter o gelo que forma a maior parte de sua massa.


Ao contrário do que se pensava, há um passado quente na história dos cometas, o que permitiu que eles contivessem água em estado líquido. [Imagem: NASA/JPL-Caltech]

Poeira de cometas

Os pesquisadores fizeram a descoberta analisando grãos de poeira do cometa Wild-2, trazidos de volta à Terra pela sonda Stardust.
Lançada em 1999, a sonda Stardust capturou minúsculas partículas lançadas da superfície do cometa em 2004, usando um material super leve, chamado aerogel, e as trouxe de volta à Terra em uma cápsula que aterrissou no estado de Utah, nos Estados Unidos, dois anos depois. Esta é a segunda vez que os resultados coletados pela Stardust alteram a teoria sobre a formação dos cometas:



Minerais dão sinais de água líquida

"Na nossa amostra, encontramos minerais que se formam na presença de água líquida," afirma Eva Berger, da Universidade do Arizona, que liderou o estudo. "Em algum ponto da sua história, o cometa conteve 'bolsas' de água."
Os cometas são frequentemente chamados de "bolas de neve sujas" porque são formados principalmente de água congelada, salpicada de fragmentos de rochas e gases congelados.
"Quando o gelo derreteu no Wild-2, a água quente resultante dissolveu minerais que estavam presentes naquele momento, precipitando os minerais na forma de sulfetos de ferro e cobre que observamos em nosso estudo", diz Dante Lauretta, coautor do estudo. "Os sulfetos se formaram entre 50 e 200 graus Celsius, muito mais quente do que as temperaturas abaixo de zero previstas para o interior de um cometa."
Ao contrário dos asteroides, pedaços extraterrestres formados por rochas e minerais, os cometas apresentam uma cauda formada por jatos de gás e vapor que o fluxo de partículas de alta energia vindas do Sol arranca de seus corpos congelados.
Mas os resultados da sonda Stardust também já haviam mostrado que há similaridades entre asteroides e cometas.

Temperatura máxima no cometa

A descoberta dos sulfetos minerais de baixa temperatura é importante para a compreensão de como cometas se formaram - o que, por sua vez, dá informações sobre a origem do Sistema Solar.
Além de fornecer evidências de água líquida, os ingredientes descobertos colocam um limite superior para as temperaturas que Wild-2 encontrou desde sua origem e ao longo de sua história.
"O mineral que encontramos - cubanita - é muito raro em amostras vindas do espaço", diz Berger. "Ele existe em duas formas, e a que encontramos só existe abaixo de 210 graus Celsius. Isto é emocionante porque nos diz que esses grãos não foram submetidos a temperaturas mais elevadas do que isso."
Cubanita é um sulfeto de ferro e cobre também é encontrado na Terra, em depósitos de minério expostos às águas subterrâneas aquecidas, e em um determinado tipo de meteorito.

Dois cometas

Depois de terminar sua visita ao cometa Wild 2, a sonda Stardust ainda tinha combustível nos tanques, o que fez a NASA redirecionar sua órbita para que ela pudesse observar um segundo cometa, o Tempel 1.


Esta visita permitiu que os cientistas tivessem uma imagem precisa da cratera feita nesse cometa por uma outra sonda espacial, chamada Impacto Profundo.

Bibliografia:

Evidence for aqueous activity on comet 81P/Wild 2 from sulfide mineral assemblages in Stardust samples and CI chondrites.
E. L. Berger, T. J. Zega, L.P. Keller, D. S Lauretta
Geochimica e Cosmochimica Acta
May 2011
Vol.: In Press




Buraco negro "mãe" do Universo teria a massa de 3.000 sóis

Folha de São Paulo - 11/04/2010


Conta feita por físico polonês é tentativa de refinar sua hipótese contrária ao Big Bang como o início de tudo.

Perturbações dentro de estrelas colapsadas gerariam um zoológico cósmico, com grande número de universos.

SABINE RIGHETTI
DE SÃO PAULO

O útero cósmico no qual o nosso Universo teria sido gestado era um buraco negro da categoria peso-pesado, cuja massa seria equivalente a 3.000 vezes a do nosso Sol.

É isso o que propõe o físico polonês Nikodem Poplawski, da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos.

Em artigo publicado no "ArXiv" (uma espécie de biblioteca eletrônica aberta, na qual os físicos costumam divulgar versões preliminares de suas pesquisas para apreciação da comunidade científica), ele apresentou o cálculo da massa necessária para que um buraco negro produza um Universo com as características do nosso.

 
NATIVIDADE

O polonês reacendeu a discussão sobre a possibilidade de o Cosmos ter "nascido" dentro um buraco negro ao longo do ano passado.

Ele publicou uma sequência de artigos sobre o tema no "ArXiv" e na revista "Physics Letters B", uma das mais importantes sobre física nuclear e de partículas.

Essas publicações confrontam a teoria do Big Bang, que define que o Universo teria surgido a partir da expansão de uma grande concentração de massa e energia, comparada a uma explosão.

A questão é que, quando se considera que o Big Bang é o início de tudo, é preciso postular que a expansão do Universo teria começado a partir de um ponto incrivelmente pequeno, de densidade e energia infinitas.

Para os físicos, esses infinitos são suspeitos, porque fica impossível investigar o que acontecia no momento inicial da expansão cósmica.

Uma das formas de resolver o problema é propor que o Big Bang não foi o começo de tudo o que existe, mas uma perturbação no interior de um buraco negro em outro universo, conforme defendido pelo cientista polonês.

Segundo Poplawski, todos os universos (já que haveria vários deles) estão dentro de buracos negros. E todos têm estrelas que, se altamente contraídas (quando seu combustível acaba), dariam origem a novos buracos negros -e a novos universos.

Os números da conta saíram de uma modificação da teoria da relatividade geral de Einstein (que Poplawski vem usando nos seus estudos com frequência).

"Outros trabalhos mostram que algo acontecia antes do Big Bang", disse Poplawski à Folha.

Ele, de fato, não está sozinho. "Poplawski não é o único a especular sobre o que poderia ter havido antes do Big Bang", afirma Roberto Belisário, físico formado pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

"Entre os cosmólogos, o Big Bang já não é mais considerado o início da criação de tudo. Deve ter havido um "antes", assim como está havendo um depois", completa.

A repercussão sobre a nova proposta do físico polonês ainda está engatinhando.

"A teoria ainda é muito qualitativa. Só o tempo dirá qual ideia vencerá essa corrida", conclui Belisário.

Contra as formas de dogmatismo

Marcelo Gleiser
Folha de São Paulo - 10/04/2011


 
Dentro da sua validade, teorias funcionam bem; mas dizer que a ciência detém a verdade é demais.


EM SEU ENSAIO "Absence of Mind", a romancista e ensaísta americana Marilynne Robinson, que venceu o prêmio Pulitzer por seu romance "Gilead", critica cientistas como Richard Dawkins e Steven Pinker por seus ataques à fé e à religião.

Robinson declara que a postura desses cientistas é essencialmente fundamentalista, baseada na doutrina do "cientismo", que prega que a ciência é o único modelo explicativo válido. "As certezas que, juntas, trivializam e menosprezam, precisam ser revisitadas", escreveu.

Eis, resumidamente, o argumento de Robinson: não há dúvida de que a ciência é uma belíssima construção intelectual, com inúmeros triunfos no decorrer dos últimos quatro séculos. Porém, sua visão de mundo é necessariamente incompleta.

Reduzir todo o conhecimento aos métodos da ciência acaba por empobrecer a humanidade. Precisamos de diversidade cultural, e essa diversidade inclui, entre outras, a cultura das religiões.

O que faz com que cientistas tenham tanta confiança no seu saber? Afinal, a prática da ciência apoia-se em incertezas; uma teoria funciona apenas dentro de seus limites de validade. Teorias são testadas constantemente e seus limites são expostos. É justamente dos limites de uma teoria que surgem outras..

Portanto, para que a ciência avance é necessário que ela falhe.

As verdades de hoje não serão as mesmas de amanhã. Veja, por exemplo, a noção de que a Terra é o centro do cosmo, plenamente aceita até o século 17. Claro, dentro de sua validade, teorias funcionam extremamente bem e, dessa forma mais restrita, podemos chamá-las de verdadeiras. Mas afirmar que a ciência detém a verdade é ir longe demais.

Escrevo não como uma crítica à ciência -isso seria contradizer a minha obra!-, mas como uma espécie de toque de despertar aos que pregam a ciência como dona da verdade. É necessário ter mais cuidado.

Robinson examina vários casos, expondo seus pontos fracos e os abusos da retórica científica. Porém, ela não é imune aos abusos de sua retórica. Por exemplo, ela critica a análise de Steven Pinker sobre o "Bom Selvagem": "Será que é razoável argumentar contra o mito do Bom Selvagem baseando-se na cultura do século 20? O que nos parece primitivismo pode ser algo bem diferente. Não posso deixar que uma análise tão falha seja difundida".

Em 2006, Robinson publicou uma resenha do livro de Dawkins, "Deus, um Delírio", na qual critica o biólogo duramente. Robinson acusa Dawkins de usar argumentos científicos onde eles não são pertinentes. Por exemplo, quando Dawkins critica a ideia de que Deus é o criador do Universo, afirmando que a ideia não faz sentido: como o Universo começou simples, Deus não poderia ser complexo para conseguir criá-lo.

Dawkins conclui que Deus contradiz a teoria da evolução, pois já surge complexo. Robinson contra-ataca dizendo que aplicar teorias científicas a Deus não faz sentido. Mesmo sendo agnóstico, tenho de concordar com ela.

Muito da ciência e da religião vem da necessidade que temos de encontrar sentido e significado em nossas vidas. Simpatizo com a necessidade de humildade e autocrítica nas ciências defendida por Robinson. Espero, porém, a mesma atitude de líderes religiosos e teólogos.

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MARCELO GLEISER é professor de física teórica no Dartmouth College, em Hanover (EUA), e autor do livro "Criação Imperfeita"

A GIGANTE E AS ANÃS

Folha de São Paulo - 08/04/2011



"Science"/AAAS


Estrela gigante vermelha e anãs vermelhas (12 vezes maior e um pouco menores que o Sol, respectivamente) formam sistema triplo, revelou telescópio.

14 de abr. de 2011

Existe água na Lua?

Observatório Nacional - 14/04/2011


Já está disponível a segunda parte da revista Formação da Lua, clique aqui e descubra se existe água na Lua.






12 de abr. de 2011

Coleção "Observatório Nacional apresenta..."

Observatório Nacional - 12/04/2011



Lembrando que hoje começa a série de públicações da coleção "Observatório Nacional apresenta...".


Para acompanhar o conteúdo basta acessar, no início da página, a guia referente ao nome da revista divulgada. Estamos iniciando hoje com a revista "Formação da Lua" e estaremos publicando todas as terças e quintas-feiras.  



Boa leitura a todos.

DAED/ON





50 Anos da 1ª Viagem do Homem ao Espaço

Observatório Nacional - 12/04/2011


Antes mesmo que o primeiro satélite artificial fosse lançado, o que só ocorreu em 4 de outubro de 1957, os soviéticos já haviam iniciado os estudos de como colocar um ser humano no espaço. Em junho de 1956, os projetistas soviéticos Sergei Korolev e Konstantin Feoktistov iniciaram o projeto de uma cosmonave que pudesse colocar uma pessoa no espaço e fazê-la retornar à Terra, em segurança. Em janeiro de 1958, começaram os trabalhos de planejamento desta cosmonave, chamada "Vostok" e do terceiro estágio de um foguete que pudesse transportá-la. Em novembro, deste ano, as autoridades soviéticas aceitaram oficialmente o projeto Vostok e, em março de 1960, começaram os treinos dos cosmonautas.

A cosmonave Vostok era formada por um módulo de serviço e por uma cabine tripulada que se separavam durante a reentrada na atmosfera da Terra. O módulo de serviço abrigava as baterias químicas, os foguetes de orientação, o sistema retroprincipal e os equipamentos de apoio. A cabine onde ficava o cosmonauta transportava os rádios, o equipamento de apoio à vida, a instrumentação e a cadeira de ejeção. A cabine possuía 3 pequenas escotilhas que permitiam ao cosmonauta ver o espaço. Transmissões de televisão e comunicação por rádio podiam ser mantidas durante todo o voo.

Uma das características das missões Vostok é que o cosmonauta não pousava com a cápsula. Após a reentrada na atmosfera, o cosmonauta ejetava o seu assento e pousava por meio de paraquedas.

Outro ponto interessante é que, somente no primeiro voo, a Vostok 1 com Yuri Gagarin, o cosmonauta não teve autorização para operar os controles da cosmonave. Todas as manobras foram feitas pelo controle em terra, embora Gagarin possuísse uma chave, em um envelope lacrado, que permitiria as manobras no caso de uma emergência. Em todas as outras missões Vostok o cosmonauta controlou manualmente a cápsula.


 “A Terra é Azul!”
Yuri Gagarin foi o primeiro ser humano no espaço.
(1934-1968)

O mundo continuava a ser surpreendido com os feitos espaciais da antiga União Soviética. No dia 12 de abril de 1961, a bordo da cápsula Vostok I, Yuri Gagarin tornou-se o primeiro cosmonauta, o primeiro ser humano, a entrar em órbita em torno da Terra, a bordo de um satélite artificial, lançado pela União Soviética. Durante 108 minutos o cosmonauta Gagarin orbitou em torno da Terra, a uma altitude de máxima de 327,7 quilômetros,um feito que surpreendeu toda a humanidade, pela sua ousadia.


Gagarin morreu em 1968, aos 34 anos, em um acidente de avião. A cidade em que ele nasceu, situada a 180 km de Moscou, hoje tem o seu nome.

Olhando a Terra a partir do espaço Gagarin disse uma frase que ficou célebre:
“A Terra é azul”


Você sabe o que significa cosmonauta?

Significando "navegante dos Cosmos", este é o nome usado pela atual República da Rússia, e anteriormente pela antiga União Soviética, para se referir aos seres humanos enviados em missões espaciais. Os Estados Unidos usam o nome astronauta.



Texto adaptado da Revista Café Orbital e Glossário – DAED/ON

Cursos Especiais de Redução e Tratamento de dados de Observatórios Espaciais

Observatório Nacional - 12/04/2011


O Observatório Nacional realiza, nesta semana (11 a 15 de abril de 2011) a primeira edição do evento CERTOES, Cursos Especiais de Redução e Tratamento de dados de Observatórios Espaciais.
O evento é fundamentalmente baseado em atividades práticas, tem como público alvo Pesquisadores/professores, Pós-doutorandos, Pós--graduandos e, como objetivo, disseminar na comunidade astronômica brasileira, os conhecimentos e habilidades necessários para o tratamento e análise de observações realizadas por telescópios espaciais.

A primeira edição do CERTOES é dedicada à Astrofísica Observacional de Raios X, e tem, como base, os dados obtidos pelos satélites XMM-Newton, Chandra e RXTE.

Esses satélites oferecem, em conjunto, observações com resoluções espectral, temporal e espacial, assim como campo de visão, no estado da arte da Astrofísica de Raios X. Seus bancos de dados são riquíssimos, e de acesso público.

Astrônomos descobrem asteroide que acompanha a Terra

Redação do Site Inovação Tecnológica - 07/04/2011

O asteroide SO16 tem um movimento orbital ao redor do Sol muito parecido com o da Terra - mas, quando visto da Terra, ele parece lentamente traçar um formato de ferradura no céu.[Imagem: RAS]

Astrônomos descobriram que um asteroide está seguindo a Terra em seu movimento ao redor do Sol, pelo menos durante os últimos 250 mil anos.
A descoberta, feita por cientistas do Observatório de Armagh, na Irlanda do Norte, indica que este asteroide pode estar intimamente relacionado com a origem do nosso planeta.




Ferradura espacial

O asteroide chamou a atenção dos astrônomos Apostolos Christou e David Asher logo depois que ele foi descoberto pelo observatório WISE, da NASA.
"Sua distância média do Sol é idêntica à da Terra", diz o Dr. Christou, "mas o que realmente me impressionou na época foi como a sua órbita se parece com a da Terra."
A maioria dos asteroides próximos da Terra têm órbitas muito excêntricas, em formato oval, o que os faz mergulhar rumo ao interior do Sistema Solar e depois se afastar - é isso o que os torna candidatos a uma colisão com os planetas.
Mas o novo asteroide, chamado 2010 SO16, é diferente. Sua órbita é quase circular. Assim, ele não pode chegar perto de qualquer outro planeta do Sistema Solar, à exceção da Terra.

O SO16 ocupa um estado de "ferradura" em relação à Terra.

Nesta configuração, um objeto tem um movimento orbital ao redor do Sol muito parecido com o da Terra - mas, quando visto da Terra, ele parece lentamente traçar um formato de ferradura no céu.



Terrafóbico

O asteroide SO16 leva 175 anos para fazer a viagem de uma ponta da ferradura até a outra.
Assim, embora por um lado a sua órbita seja muito semelhante à da Terra, na verdade "este asteroide é terrafóbico," explica Tolis.
"Ele se mantém bem longe da Terra. Tão longe, na verdade, que provavelmente ele está nesta órbita há centenas de milhares de anos, nunca tendo se aproximado do nosso planeta mais do que 50 vezes a distância até a Lua".
É neste ponto que ele está agora, perto do fim da ferradura.



Bibliografia:

A long lived horseshoe companion to the Earth
Apostolos A. Christou, David J. Asher
Monthly Notices of the Royal Astronomical Society
May 2011
Vol.: In Press

Ondas gravitacionais poderão comprovar desaparecimento de dimensões

Com informações da Physical Review Focus - 07/04/2011


Os três satélites da missão LISA vão procurar ondas gravitacionais vindas de grandes eventos cósmicos - o Big Bang, por exemplo. [Imagem: NASA]

 Dimensões que somem

Uma nova teoria soluciona alguns problemas da cosmologia e da física de partículas ao propor que o Universo primordial continha menos dimensões espaciais do que as três que nós experimentamos hoje.

E os físicos da Universidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos, propõem um teste para a sua teoria usando o observatório espacial LISA (Laser Interferometer Space Antenna), que está sendo projetado para detectar ondas gravitacionais.

Os teóricos afirmam que as ondas gravitacionais não podem existir em menos do que três dimensões. Assim, acima de uma determinada frequência - que identificaria as ondas mais antigas - o observatório LISA não deverá detectar nenhuma onda.

Embora a teoria seja especulativa, alguns cientistas acreditam que os dados dos raios cósmicos já forneceram indícios das dimensões faltantes sob altas energias. A equipe afirma que o novo teste poderá ser mais conclusivo do que os testes anteriores.

A hipótese das dimensões desaparecidas prevê que, sob energias e temperaturas extremamente altas, as três dimensões do espaço que nos são familiares irão se reduzir a duas ou mesmo a uma única dimensão.

Assim, no ambiente quente do início do Universo, haveria menos dimensões. Conforme o Universo foi esfriando, surgiram dimensões adicionais, uma a uma.



Universo com quatro dimensões

A teoria também propõe que nosso Universo atual tem quatro dimensões espaciais, mas nós detectamos apenas uma "fatia" de três dimensões desse espaço quadridimensional.

Essa quarta dimensão espacial do tempo, segundo a teoria, teria fornecido uma energia extra, que turbinou a expansão do Universo.

Esse impulso adicional poderia explicar a aceleração da expansão do Universo, que foi descoberta em 1998 e que é geralmente explicada como sendo uma resultante de uma misteriosa "energia escura" que permearia todo o Universo. Ou seja, se a teoria agora proposta estiver correta, a hipótese de energia escura também poderia desaparecer.

A teoria resolve igualmente alguns problemas na física das partículas, afirma Dejan Stojkovic, um dos autores da teoria e que também é coautor de uma outra proposta que envolve sumiços - uma teoria que afirma que os buracos negros podem não existir.



Sumiço das dimensões

Indícios do sumiço das dimensões já foram detectados nos chuveiros de raios cósmicos na atmosfera da Terra. Uma reanálise dos dados, feita em 2005, mostrou que os jatos de partículas produzidos pelos raios cósmicos mais energéticos estão fortemente alinhados com um plano, o que seria coerente como uma redução nas dimensões.

Outros pesquisadores estão planejando usar o Grande Colisor de Hádrons para examinar o desaparecimento das dimensões. Se as dimensões realmente desaparecem em altas energias, então as partículas produzidas nas colisões estariam confinadas em um plano bidimensional, em vez de estarem em um volume tridimensional.

Mas interpretar os dados do LHC pode não ser tão fácil porque diferentes modelos resultam em previsões diferentes, afirma Stojkovic. Então, ele e Jonas Mureika, da Universidade Loyola Marymount decidiram procurar um teste definitivo.

Eles optaram pelas ondas gravitacionais - ondulações no espaçotempo causadas por eventos cósmicos em larga escala - que não podem existir em menos do que três dimensões.



Ondas gravitacionais

A ideia é que as ondas gravitacionais primordiais, de mais alta frequência, correspondem às mais altas energias dos momentos iniciais do Universo.

Assim, deve haver uma frequência máxima das ondas observadas - frequências mais altas não deveriam existir porque elas estariam vindo de uma era com menos dimensões.

Stojkovic e Mureika calcularam essa frequência de corte em 10-4 Hz, dadas algumas suposições. Eles afirmam que isso está dentro da faixa detectável pelo LISA, um futuro detector de ondas gravitacionais que está sendo projetado em parceria pela NASA e pela ESA.

Os dois pesquisadores já estão trabalhando com vários experimentalistas de ondas gravitacionais, de várias universidades norte-americanas, para preparar um teste para a sua proposta usando simulações computadorizadas.

Os testes experimentais deverão esperar mais: o observatório LISA não deverá ir ao espaço antes de 2020.



Muitas dimensões

Só muito recentemente os cientistas descobriram a solução matemática para lidar com outras dimensões, uma complexidade de cálculo equivalente ao mapeamento do genoma humano.

Mas o desaparecimento das dimensões extras, para menos ou para mais, chama a atenção dos cientistas há mais tempo.
Gary Shiu e Bret Underwood, da Universidade de Wisconsin-Madison, acreditam ter descoberto um modo de "ver" as dimensões extras do espaço, o que seria a primeira proposta factível para que os físicos testem experimentalmente a Teoria das Cordas.
Já Steven Carlip, da Universidade da Califórnia, em Davis, acredita que o desaparecimento das dimensões é de fato uma questão de dimensão - para ele, em escalas minúsculas, o espaço 3D com o qual estamos acostumados pode simplesmente deixar de existir, e as dimensões evaporam-se na gravidade quântica.





Físicos podem ter achado nova "peça" básica da matéria

Folha de São Paulo - 07/04/2011

Acelerador nos EUA detectou padrões de energia que não batem com nenhuma partícula descoberta até hoje.

Dados, contudo, ainda são preliminares, alerta comunidade científica; novos experimentos deverão testar ideia.

REINALDO JOSÉ LOPES
EDITOR DE CIÊNCIA


Se um grupo de físicos americanos estiver certo, a humanidade acaba de topar com uma nova partícula fundamental -uma peça essencial do quebra-cabeças da matéria que, até agora, tinha passado despercebida.

A possibilidade vem de dados obtidos pelo Tevatron, acelerador de partículas que fica em Batavia, Illinois (Meio-Oeste dos EUA). Os físicos que avaliaram os dados trabalham no Fermilab, instituição onde o superacelerador está instalado.

O trabalho desse tipo de máquina é promover trombadas de partículas em níveis de energia altíssimos. No caso do Tevatron, as trombadas envolvem prótons (componentes do núcleo dos átomos com carga elétrica positiva) e antiprótons ("gêmeos" dos prótons com carga invertida, negativa).

Quando a pancada de partículas acontece, os prótons e antiprótons originais são aniquilados, e o que sobra são jatos altamente energéticos dos componentes menores dessas partículas.

É mais ou menos como jogar um computador no chão com força suficiente para que as peças se soltem. Depois, examinando as peças, tenta-se entender como ele estava montado e como funcionava.

Só que, no experimento coordenado pelo físico Giovanni Punzi, havia uma peça completamente inesperada. Os cientistas já conhecem um zoológico de partículas fundamentais, mas nenhuma bate com a energia dos jatos observados nos testes.

Então, que diabos seria aquilo? Um candidato é o misterioso bóson de Higgs, partícula prevista teoricamente mas nunca achada, que daria massa (o que chamamos popularmente de "peso") a outras partículas.

Punzi e companhia não apostam nessa hipótese. "Mas a massa do que eles viram até poderia ser compatível com o Higgs", avalia Ronald Shellard, do CBPF (Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas), no Rio de Janeiro.

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Com "New York Times"


Se partícula existir, LHC deverá detectá-la

DO EDITOR DE CIÊNCIA



Ironicamente, o responsável pela aposentadoria do acelerador americano Tevatron também deverá confirmar -ou refutar- sua possível grande descoberta.

Trata-se do LHC, superacelerador europeu que agora é o maior do mundo. Em parte por ter se tornado obsoleto diante do concorrente, o Tevatron deve ser desativado em setembro deste ano.

"Se os dados estiverem certos, em poucas semanas o LHC deverá ser capaz de confirmá-los", disse à Folha Ronald Cintra Shellard, físico de partículas do CBPF.


SIGMA

A grande dúvida, por enquanto, vem da proporção de ocorrências da aparente nova partícula nos dados.

Do ponto de vista estatístico, ela fica numa categoria conhecida como "três sigma" -frequente o suficiente para chamar a atenção, mas não para descartar a possibilidade de que se trate de uma flutuação casual.

"Com três sigma você tem uma evidência, mas ainda não tem uma descoberta", diz Shellard. A coisa ficaria mais quente, e mais difícil de descartar, no nível conhecido como cinco sigma.

O físico brasileiro ressalta que, por enquanto, a reação predominante da comunidade científica será a cautela.

"Se for um sinal de verdade, mesmo que não seja o [bóson de] Higgs [partícula que confere massa às demais], é algo muito interessante", diz ele. "Se for confirmado, dará trabalho a centenas de físicos teóricos." (RJL)

8 de abr. de 2011

Acompanhe semanalmente, em nosso blog, a Coleção “Observatório Nacional apresenta...”

Observatório Nacional - 08/04/2011


Com base na experiência adquirida ao longo de anos de intenso contato com o público, e de acordo com a política de inserção social priorizada pelo governo federal, o Observatório Nacional ampliou suas formas de interação com a sociedade lançando, em 2008 as primeiras edições de uma coleção de revisas em quadrinhos e livretos, dedicadas ao público a partir de 12 anos, como ferramenta de divulgação científica nas áreas de Astronomia e Geofísica.

O objetivo deste projeto se inserem num contexto amplo de divulgação visando à melhoria da cultura da sociedade como um todo, partindo das crianças em seus primeiros anos de estudo, passando pelos jovens e até chegar aos adultos. Além da divulgação científica para todas as faixas etárias, o projeto visa também alcançar todas as camadas econômicas da sociedade brasileira.

Agora todo este material será disponibilizado aqui, em nosso blog. O conteúdo será postado duas vezes por semana (3ª e 5ª) para acompanhamento dos leitores. Será abordado um tema por vez e uma enquete decidirá o tema da próxima revista a ser disponibilizada.

Abaixo temos a relação do material que será disponibilizado:


Revistas em Quadrinhos:

- Missão Espacial: Nuvem de Oort;
- Astronomia na Escola: Planetas;
- Astronomia na Escola: Estrelas;
- Astronomia na Escola: Galáxias;
- Astronomia na Escola: Sistema Solar;
- Astronomia na Escola: Grandes Descobertas.
- Astronomia na Escola: Buracos Negros;
- Astronomia na Escola: Nossa Galáxia e
- Astronomia na Escola: Universo


Livretos:

- Reações Nucleares: Estrelas;
- Terra;
- Calendário e suas curiosidades;
- Atmosfera;
- As cores do Céu;
- Asteroides;
- Gravidade;
- Astronomia e a Bandeira;
- Fases da Lua;
- Formação da Lua e
- Eclipses

O primeiro tema será “Formação da Lua” e seu conteúdo será disponibilizado a partir do dia 12 de abril de 2011.

Todas as revistas podem ser acessadas no site do instituto:

http://www.on.br/  em divulgação científica.





  






4 de abr. de 2011

Brilho tênue


Revista Pesquisa Fapesp - Edição Impressa 181 - Março 2011

Levantamento descobre 900 novas anãs brancas magnéticas, um tipo raro de estrela.

 Marcos Pivetta



    © SDO / AIA

Linhas do campo magnético do Sol

 O último estágio evolutivo da vida de aproximadamente 98% das estrelas da Via Láctea é como uma anã branca, um corpo celeste degenerado, de brilho tênue e porte encolhido, ainda que extremamente denso. Depois de perderem as camadas de sua atmosfera e consumirem todo o hidrogênio e o hélio em seu núcleo, essas estrelas velhas e decadentes comprimem sua massa em uma área 1 milhão de vezes menor do que a sua dimensão original. O Sol, por exemplo, deve virar um objeto moribundo com essas características daqui a 6 bilhões de anos. Ao menos 15 mil anãs brancas já foram descobertas em nossa galáxia. Não chega a ser uma grande novidade identificar no céu uma nova estrela na fase final de sua existência. Mas o astrofísico Kepler de Souza Oliveira Filho, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), conseguiu uma pequena proeza ao encontrar, num curto espaço de tempo, quase mil estrelas agonizantes de um tipo bastante raro, as chamadas anãs brancas magnéticas. “Descobrimos 900 dessas estrelas no ano passado”, diz o pesquisador gaúcho. “Até então conhecíamos 150 anãs brancas magnéticas.” O achado já foi divulgado num congresso científico, mas ainda não ganhou as páginas das revistas especializadas.

Como regra geral, as anãs brancas não exibem campo magnético. Por estarem próximas do fim, perderam quase todos os predicados da juventude, inclusive o magnetismo. No entanto, um pequeno número delas mantém, misteriosamente, essa característica. E não se trata de algo residual. A força do magnetismo numa anã branca desse tipo pode ser milhões ou até bilhões de vezes maior do que a do Sol. O campo magnético médio do Sol é da ordem de 1 Gauss, o dobro do da Terra, com picos de alguns milhares de Gauss nas áreas em que se formam manchas. Apenas as estrelas de nêutrons apresentam campo de maior magnitude do que essa variante de anã branca. “A gênese do campo é um mistério desde a descoberta da primeira anã branca magnética nos anos 1970”, diz o astrofísico Dayal Wickramasinghe, da Universidade Nacional da Austrália, um dos maiores especialistas nesse tipo de objeto celeste. “Ele pode ser um resquício fóssil das fases anteriores da estrela, pode ter sido gerado durante o processo de evolução estelar ou estar sendo produzido atualmente por um dínamo ativo.” Em astrofísica, a teoria do dínamo tenta explicar como a Terra e as estrelas são capazes de gerar e manter atividade magnética por longos períodos.

Desvio de rota – Kepler descobriu o inusitado grupo de estrelas ao deparar com um problema, que o desviou do objetivo original de seu estudo mas o conduziu às 900 anãs brancas magnéticas. Quando começou a estudar dados do levantamento internacional Sloan Digital Sky Survey (SDSS) referentes a 50 mil estrelas candidatas a serem classificadas como anãs brancas, percebeu algo de estranho. Feita automaticamente por um software muito empregado pelos astrofísicos, a análise das chamadas linhas do espectro de emissão dessas estrelas – ou seja, de gráficos que mostram os fótons liberados pelos elementos químicos presentes nesses objetos – gerou um resultado fora do esperado. O programa apontava erros de informação em 40% da amostra de estrelas do SDSS, um índice extremamente elevado. O pesquisador da UFRGS desconfiou do resultado e resolveu verificar, com o seu próprio olho, a qualidade dos dados. Encontrou um padrão de linhas de emissão completamente anômalo em algumas estrelas, um desvio que deveria ser causado por um tipo especial de anã branca, as magnéticas. “Se eu não tivesse feito essa checagem manual, o software nunca teria descoberto essas estrelas”, diz Kepler, que contou com a ajuda de uma aluna de iniciação científica da UFRGS, Ingrid Pelisoli, para dar cabo da tarefa.



© Observatório Gemini

Anã branca: estrela degenerada, densa e, em poucos casos, também magnética

As anãs brancas magnéticas despertaram o interesse do astrofísico brasileiro porque são estrelas cuja massa é difícil de dimensionar. “Seu campo magnético é tão forte que distorce os átomos e impede a realização desse tipo de medição com precisão”, afirma Kepler. Determinar com precisão a massa de anãs brancas era justamente o objetivo inicial do pesquisador quando teve acesso aos dados do SDSS. Desde 2007 Kepler tenta encontrar anãs brancas que estejam o mais próximo possível do chamado limite de Chandrasekhar, uma ideia proposta nos anos 1930. De acordo com essa lei, cuja formulação deu o Nobel de Física de 1983 ao famoso teórico indiano Subrahmanyan Chandrasekhar (1910-1995), uma anã branca só se mantém estável se sua massa for, no máximo, 40% maior do que a do Sol. Se tiver mais do que 1,4 massa solar, ela sofre um colapso gravitacional e se transforma numa estrela de nêutrons ou buraco negro.

Não faltam questões a serem elucidadas sobre esse tipo especial de anã branca. “Esses objetos nos dão uma oportunidade única de entender a vida das estrelas magnéticas”, diz o astrofísico Baybars Külebi, da Universidade de Heidelberg, Alemanha, que vai colaborar com Kepler nos estudos sobre esses misteriosos objetos celestes. “Isso é importante, visto que o magnetismo não é muito bem explicado pela teoria da evolução estelar.” Apesar dos empecilhos, o pesquisador brasileiro ainda não desistiu de tentar determinar a massa das anãs brancas magnéticas. “Vamos testar outro método que, em vez do espectro de emissão, usa a cor da estrela para medir esse parâmetro”, afirma Kepler.



Imagem da sonda Messenger, lançada pela Nasa...

Folha de S. Paulo - 31 de março de 2011

DE PERFIL

Nasa/AP


Imagem da sonda Messenger, lançada pela Nasa (agência espacial americana), é uma das primeiras feitas depois que a nave robótica chegou à órbita de Mercúrio, no dia 17 de março. Esta é a primeira vez que uma nave entra na órbita do planeta mais perto do Sol

 

Quem teme a Singularidade?

São Paulo, domingo, 27 de março de 2011


MARCELO GLEISER


A crença na imortalidade por meio das máquinas lembra outra muito antiga, no triunfo da alma humana




VOCÊ ESTÁ preparado para virar um deus? "A Singularidade Está Próxima" é um documentário dirigido por Anthony Waller e codirigido pelo famoso inventor e autor Ray Kurzweil. No Brasil, existe a tradução do seu "A Era das Máquinas Espirituais", pela editora Aleph. Eis a sinopse do filme:

"No século 21, nossa espécie vai se libertar do seu legado genético e atingirá um nível inimaginável de inteligência, progresso material e longevidade; consequentemente, a definição de "ser humano" será enriquecida e transformada. O celebrado futurista Ray Kurzweil apresenta uma visão que é a culminação dramática de séculos de desenvolvimento tecnológico e que transformará o nosso destino".

De acordo com Kurzweil, o avanço tecnológico e, em particular, o avanço na velocidade de processamento e de memória de dados, é tão rápido que em breve atingiremos um ponto no qual máquinas serão capazes de superar o cérebro humano. Ele prevê que a humanidade atingirá um ponto final, a "Singularidade". De lá em diante, algo novo e imprevisível, talvez um híbrido de máquina e humano, talvez apenas máquina, existirá, matéria inanimada imitando a vida em estado de animação virtual.

A esperança de Kurzweil e outros entusiastas da Singularidade é que velocidades altas de processamento, mais o acesso ilimitado a dados, podem simular o cérebro: máquinas com altíssima complexidade computacional podem criar uma ultrainteligência emergente. Humanos, preparem-se, pois o seu fim está próximo! E a data foi marcada para 2045.

Kurzweil não é nem bobo nem louco. Apesar de ter vários críticos, é um inventor reconhecido, vencedor de vários prêmios. Stevie Wonder foi o primeiro a comprar a sua máquina de leitura para cegos; seus sintetizadores são famosos.

Ele fundou a Universidade da Singularidade, hospedada no Centro de Pesquisa Ames, da Nasa, e parcialmente financiada pelo Google, na qual executivos fazem cursos para se preparar para a Singularidade. (Lembram os evangélicos se preparando para o Apocalipse.) Kurzweil quer mais do que máquinas ultrainteligentes; quer ser imortal também. Acredita que a morte é uma doença curável, e que os avanços da medicina e da genética permitirão estender a longevidade indefinidamente. Esses seres imortais não serão de carne e osso, mas máquinas espirituais dotadas de nossa consciência e memória. A felicidade, e outras qualidades e emoções, como a generosidade e o ódio, terão de ser repensadas.

Teremos de rever tudo, e o pior é que nem sabemos como começar.

"Singularidade" significa um ponto no qual nosso conhecimento deixa de funcionar, onde as leis deixam de ser leis. Será que devemos levar isso a sério? Sim, devemos.

Apesar de várias questões (a extrapolação de Kurzweil é baseada em dados passados; não há garantia que funcionará no futuro), nossa simbiose com as máquinas de silício é cada vez maior. Você vê isso na rua, com as pessoas e seus celulares e bluetooths como extensões de seus braços e ouvidos. Por outro lado, a crença na Singularidade me parece a versão moderna duma crença muito antiga, a do triunfo final da alma humana.

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MARCELO GLEISER é professor de física teórica no Dartmouth College, em Hanover (EUA), e autor do livro "Criação Imperfeita"

A nova ordem científica

O Globo - 30/03/2011


China ultrapassará EUA e será líder de pesquisa em 2013. Brasil é potência emergente

Renato Grandelle


Inventora da bússola, da pólvora e do papel, a China está decidida a reassumir a vanguarda do conhecimento. Um relatório global apresentado ontem pela Royal Society britânica revela o salto do país em 20 anos. A China pulou da sexta posição para a vice-liderança no ranking da produção científica global, desbancando o Japão. E a previsão é que passará os EUA em 2013, tornando-se a líder mundial da ciência. Brasil e Índia também mereceram destaque no relatório - a Royal Society estima que, até o início da próxima década, eles terão produção científica maior do que França e Japão. O crescimento das nações emergentes já é acompanhado pela queda da produção científica de EUA e Europa. Mas, diferentemente de outros países em desenvolvimento, que destinam mais recursos às engenharias, o Brasil prioriza investimentos em biociências e agropecuária.

- É, de certa forma, uma nova ordem mundial - explica Carlos Henrique de Brito, diretor científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). - Os países que se estabeleceram primeiro como centros científicos estão perdendo posição para outros que chegaram mais recentemente a esta atividade e buscam se desenvolver.

Os EUA ainda publicam quase o dobro de pesquisas da China (320 mil contra 163 mil). Ainda assim, Washington percebeu que está perdendo o fôlego. Em 2003, os americanos publicavam 26% de todos os trabalhos elaborados no mundo; cinco anos depois, este índice caiu para 21%. Recentemente, o Congresso daquele país pediu à Academia Nacional para investigar qual é a competitividade de suas unidades de pesquisa, em relação à de outras nações.

A preocupação também é visível do outro lado do Atlântico. No ano passado, a Royal Society alertou o governo britânico que "a liderança científica (do Reino Unido), que demorou décadas para ser construída, pode ser perdida rapidamente". O país hoje é o terceiro no ranking mundial.

Crise econômica ajudou emergentes

A classificação científica representa muito mais do que mero prestígio. Trata-se de um indicador sobre a capacidade que um país tem para competir na economia global, gerando tecnologia, produtos de alto valor e independência em áreas estratégicas.

- O relatório da Royal Society é interessante, mas sua análise vai até 2008. Depois, houve a crise econômica mundial, e a balança pode ter pendido ainda mais para as nações emergentes, que foram menos afetadas pela recessão - ressalta Brito.

O crescimento científico brasileiro foi tão intenso que, pela primeira vez, uma cidade sul-americana entrou no mapa das 20 mais produtivas cientificamente. São Paulo é citada como um centro de pesquisa de grandeza semelhante a Nova York, Paris, Londres, Pequim e Tóquio. Vem da capital paulista uma em cada cinco pesquisas científicas do país. A liderança é resultado de décadas de investimentos.

- O estado aplica praticamente 13% de sua receita em ensino superior e pesquisa. É apenas um ponto percentual a menos que a Califórnia - destaca Brito. - Só a USP forma 2.200 doutores por ano. O desafio é fazer com que a experiência bem-sucedida aqui seja aplicada em outras regiões brasileiras.

Há, porém, outras pedras no caminho. Uma é a que a produção científica nacional, embora continue crescendo, aos poucos tem pisado no freio. Entre 1994 e 1998, este índice cresceu a uma velocidade de 17% ao ano. De 2003 a 2008, a 5,3% anuais.

- Temos um potencial muito grande para tirar o atraso, desde que haja investimentos em educação, na formação adequada de técnicos e pesquisadores e mais recursos para a pós-graduação, que é um sucesso nacional - enumera Paulo Sérgio Beirão, diretor de Ciências Agrárias, Biológicas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). - A Unesco, em 2009, já nos colocava como o 13º do mundo em produção científica. Podemos ultrapassar outros países, como a França.

Segundo a Royal Society, o ranking das dez nações de maior produção científica têm, além de EUA, China e Reino Unido, Japão, Alemanha, França, Canadá, Itália, Espanha e Índia. Tuvalu está em último lugar: o país insular produziu apenas um dos 1,5 milhão de trabalhos científicos de 2008.