22 de out. de 2010

Europeus flagram a galáxia mais distante

Folha de São Paulo - 21/10/2010


Objeto está a 13,1 bilhões de anos-luz da Terra e emitiu luz quando Universo era "bebê"


Registro de galáxias agora chega a 13,1 bilhões de anos.  [ESO/Reuters] 


SALVADOR NOGUEIRA

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Novo recorde na cosmologia: cientistas franceses e britânicos acabam de identificar a galáxia mais distante já vista até hoje. O resultado ajuda a esclarecer como era o Universo na época em que essas estruturas surgiram.

O primeiro avistamento do objeto, designado UDFy-38135539, foi feito pelo Telescópio Espacial Hubble.

Desde sua identificação inicial, a galáxia já parecia ser um objeto extremamente afastado, mas poderia ser um "falso positivo"; uma estrela anã marrom na verdade bem mais próxima, por exemplo.

Coube ao grupo encabeçado por Matt Lehnert, do Observatório de Paris, realizar análises mais detalhadas da luz emanada do astro para finalmente sanar essa dúvida.

Foram necessárias 16 horas de observação no VLT (Very Large Telescope), do ESO (Observatório Europeu do Sul) instalado no Chile, para analisar a "assinatura" de luz do objeto e concluir que se tratava de um astro extremamente afastado.

Estima-se que a luz emanada do objeto tenha partido dele quando o Universo tinha "só" 600 milhões de anos. Pode parecer bastante, mas é um número pequeno perto da idade atual do Cosmos: 13,7 bilhões de anos.

O resultado ajuda a determinar quando as primeiras galáxias começaram a se formar. Ou, pelo menos, coloca dados reais onde antes só existiam previsões teóricas.

"A verdade é que nós não sabemos ao certo quando as galáxias começaram a surgir", disse Lehnert à Folha. "Muitos teóricos dizem que as primeiras podem ter aparecido apenas 200 milhões de anos após o Big Bang."

"Com os telescópios que temos atualmente, já aprendemos tudo que podíamos dessa galáxia", avalia Michele Trenti, da Universidade do Colorado, convidado pelo periódico científico "Nature" para comentar os dados que estão em sua última edição.

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