29 de jun. de 2011

Aquecimento global ou mini-era-do-gelo?

G1 - 19/06/11
por Cássio Barbosa

Eis a questão!

Quase todo os dias vemos na imprensa matérias e reportagens mostrando que a Terra está em processo de aquecimento. Tudo, ou quase tudo, por causa da ação do ser humano. Seja por queima de combustíveis fósseis, seja por queimadas de florestas, seja pela criação de gado. Sim, a flatulência dos rebanhos tem sido apontada como uma fonte crítica de gás metano, que é um excelente gás para reter calor. Duvido muito dessa nossa culpa toda (#prontofalei), mas esse não é o assunto hoje.

Quem acha que a Terra caminha para temperaturas elevadas em breve pode ter de repensar suas ideias.

Saíram nessa semana os resultados de três trabalhos independentes que apontam que o Sol está se comportando de maneira anômala. Assim: o Sol tem seu ciclo de manchas solares com periodicidade de 11 anos. Nesse tempo ele experimenta um pico de atividade solar, evidenciado pelo alto número de manchas e tempestades solares frequentes, mas também períodos de baixa atividade. Saímos (oficialmente) de um mínimo solar em abril-maio de 2009 (as datas variam um pouco) e a partir de então o Sol entrou no chamado Ciclo 24 e temos observado um aumento na atividade solar. Prova disso foi a ejeção de massa coronal ocorrida na semana passada que acabou não atingindo a Terra. Previsões apontam que o máximo deste ciclo deve ser muito mais baixo que o do Ciclo 23.
Mas, encerrado o Ciclo 24, o Sol deve entrar no Ciclo 25 e partir daí começam as grandes surpresas…
Os resultados dos três trabalhos mencionados acima mostram que a atividade solar está, de maneira global, diminuindo. Em cada máximo solar, registra-se um número cada vez menor de manchas, por exemplo. Com efeito, o máximo do Ciclo 25 seria o menor já registrado, isso se ele acontecer!

A análise independente do número de manchas solares, da coroa solar e das oscilações no diâmetro do Sol (sim, o Sol vibra como um sino!) aponta para uma drástica redução da atividade solar. No caso das oscilações, que servem para analisar o fluxo de plasma no interior do Sol, os resultados apontam para nenhuma atividade durante o máximo. Um máximo de zero mancha!

E na prática, o que isso vai acarretar para nós? Bom, ao que parece, o Sol já passou por um evento desses. Isso foi entre 1645 e 1715, aproximadamente, e ficou conhecido como “mínimo de Maunder”. Registros da época mostram que neste período as manchas solares eram extremamente raras, mostrando pouca ou nenhuma atividade solar por anos a fio. Coincidência (ou não!), a Europa enfrentou o que se chama hoje de “pequena era do gelo”. O mínimo de Maunder ocorreu justamente no meio desta mini era do gelo, coincidindo com o período mais frio dela. Não existem provas contundentes de que o mínimo de Maunder e as baixas temperaturas estejam correlacionados, mas não parece uma simples coincidência. O hemisfério sul não parece ter sido afetado tão drasticamente, como mostram os poucos registros da época. Isso porque a massa de água dos oceanos (que é um ótimo regulador da temperatura) é bem maior no Sul do que no Norte.

Bom, estamos falando de previsões, mas quando três delas, todas independentes, convergem para os mesmos resultados, é bom levá-las em consideração. Meus amigos aqui, especialistas em estudos do Sol estão todos empolgados com a possibilidade de termos outro mínimo de Maunder durante nossas vidas. Será?

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