29 de mar. de 2011

Coordenação de Geofísica do Observatório Nacional realiza seminário

Observatório Nacional - 29/03/2011


Tema:

Arquitetura crustal da Bacia de Almada no contexto das bacias da margem leste da América do Sul.


Palestrante Andrés C. Gordon  (Geofísico Senior da El Paso)

Dia 30 de março de 2011 as 15h30 no auditório do Observatório Nacional - Rua General José Cristino, 77 - Bairro Imperial de São Cristóvão/RJ

Sobre o seminário:

A Bacia de Almada, localizada no estado da Bahia, compartilha características similares com as outras bacias da margem leste do Brasil, quando é analisada segundo aspectos como os processos sedimentares e o regime de esforço dominante durante a sua formação. Observa-se uma diferença marcante em relação as outras bacias quando é analisada sob a ótica da composição da crosta transicional, uma vez que não se registra atividade vulcânica durante a fase rifte.

A aquisição de um extenso levantamento sísmico 3D, com cabos de 6 km de comprimento e 9.2 segundos de tempo de registro (tempo sísmico duplo), resultaram em imagens sísmicas de boa qualidade das struturas
profundas do rifte. Adicionalmente, estudos de modelagem gravimétrica foram integrados com a análise sísmica para corroborar o modelo geológico.

A Bacia de Almada é parte dos sistemas de rifte continentais, desenvolvidos durante o Berriasiano até o Aptiano, que antecederam a quebra do continente do Gondwana, evoluindo posteriormente para uma margem passiva divergente. O processo do rifteamento desenvolveu cinco sub-bacias de orientação NNE-SSO, desde posições terrestres até marinhas profundas, produzindo um arcabouço estrutural complexo. Os
perfis da sísmica profunda mostram o afinamento progressivo da crosta continental até espessuras da ordem de 5 km, abaixo da sub-bacia mais oriental, com fatores de estiramento crustal próximo a 7 antes do desenvolvimento de crosta oceânica propriamente dita. As imagens sísmicas de boa qualidade permitem também o reconhecimento de sistemas de falhas lístricas que se iniciam na crosta superior, evoluem atravessando a crosta e conectando as sub-bacias para finalizar em um descolamento horizontal na crosta inferior estratificada. Adicionalmente, a bacia apresenta um perfil assimétrico, compatível com mecanismos de cisalhamento simples.

As margens vulcânicas (VM) e não vulcânicas (NVM), são os extremos da análise composicional das margens divergentes continentais. Na Bacia de Almada não se reconhecem os elementos arquiteturais típicos das VM, tais como são as grandes províncias ígneas, caracterizadas por cunhas de refletores que mergulham em direção ao mar e por intenso vulcanismo pré- e sin-rifte nas bacias. Embora a margem divergente do Atlântico Sul seja interpretada tradicionalmente como vulcânica, o segmento do rifte ao sul do Estado da Bahia apresenta características não-vulcânicas, devido à ausência destes elementos arquiteturais e aos resultados obtidos nas perfurações geológicas que eventualmente alcançam a seqüência rifte e embasamento.

Regionalmente a margem divergente sul-americana é majoritariamente vulcânica, embora a abundância e a influência do magmatísmo contemporâneo ao rifte seja muito variável. Ao longo da margem continental, desde a Bacia Austral no sul da Argentina, até a Bacia de Pernambuco no nordeste do Brasil, podem ser reconhecidos segmentos de caráter vulcânico forte, médio e não vulcânico.

Nos exemplos clássicos de margens não vulcânicas, como a margem da Ibéria, a crosta transicional é altamente afinada podendo apresentar evidências de exumação de manto. Na Bacia de Almada, a crosta transicional apresenta importante estiramento embora não haja evidências concretas de exumação de manto.

Os mecanismos responsáveis pela geração e intrusão dos grandes volumes de magma registrados nas margens divergentes são ainda sujeitos a intenso debate. Ao longo da margem divergente sul-americana há evidências da presença dos mecanismos genéticos de estiramento litosférico e impacto de plumas. Alternativamente estes dois mecanismos parecem ter tido um papel importante na evolução tectônica da margem sudeste e sul, diferenciando-as da margem continental onde foi implantada a Bacia de Almada.

25 de mar. de 2011

Informações importantes aos alunos do Curso de Evolução Estelar do Observatório Nacional

Observatório Nacional - 25/03/2011


Já está disponível o gabarito oficial da primeira prova do Curso EAD de Evolução Estelar do Observatório Nacional. Os alunos que realizaram a prova podem acessar o gabarito pelo site do curso ou clicando aqui!

O Segundo módulo - COMO MEDIMOS E CLASSIFICAMOS AS PROPRIEDADES DAS ESTRELAS - também já está disponível para que todos possam inciar seus estudos.

Temas abordados no segundo módulo:
  • Distâncias estelares
  • Paralaxe (Para saber mais) 
  • As estrelas: brilho, luminosidade, magnitude, temperatura, raio
  • Sobre Magnitudes e Distancias (Para saber mais)
  • Espectros estelares: classificação espectral
  • Uma história fascinante: os espectros e a espectroscopia
  • As leis da espectroscopia
  • Transferência radiativa (Para saber mais)
  • Os espectros estelares e a classificação espectral de Harvard
  • Sobre populações atômicas e... mais leis exponenciais (Para saber mais)
  • Por que o diagrama Hertzsprung-Russell

 Data da prova do segundo módulo: 29/04 a 02/05


 Atenção!

Os alunos que não fizeram a primeira prova ainda podem continuar no curso com chances de receber o certificado. Para isso é necessário garantir média final igual ou superior a 7,0 com a realização das próximas provas. 

Boa sorte a todos!

Divisão de Atividades Educacionais - ON/MCT


 
 

A Terra moldada pela gravidade

Resvista Pesquisa Fapesp
Edição Impressa 181 - Março 2011


Ciência | Geofísica

Medições apuradas deformam a esfera perfeita vista do espaço
Carlos Fioravanti


© Eduardo Cesar

A gravidade, como já fez com Newton, continua a excitar a imaginação, levando a conclusões desnorteantes. Uma delas: quem viajar de navio da Cidade do Cabo, na África do Sul, até Belém, no Pará, vai percorrer uma imperceptível descida. Por causa das diferenças de massa do planeta no trajeto entre esses dois lugares – e, portanto, das variações do campo de gravidade da Terra –, o nível do mar no porto do sul da África do Sul está a 70 metros acima da altura do mar no porto de Belém.

“Ninguém nota esse desnível porque a distância entre a África do Sul e o Brasil é muito grande, de quase 8 mil quilômetros”, assegura o geofísico Eder Cassola Molina, professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São Paulo (USP). “Além disso, a superfície do mar é curva, já que nosso planeta tem o formato aproximado de uma esfera.” Ele fez no ano passado o mapa do Atlântico Sul que oferece essas conclusões, para passar no concurso de professor livre-docente, e agora uma versão menor, em formato A4, está pregada na porta de um dos armários de seu amplo laboratório.

A força gravitacional expressa a atração física entre os corpos – e varia de acordo com a massa. Um exemplo cotidiano da ação dessa força é a maré oceânica, resultado da interação gravitacional entre a Terra, a Lua e o Sol, que faz a Terra se deformar diariamente. Capaz de atuar em qualquer ponto do Universo, a força da gravidade faz com que os corpos em queda livre nas proximidades da superfície terrestre sofram uma aceleração de aproximadamente 9,8 m/s2, ou seja, sua velocidade de queda aumenta 9,8 m/s a cada segundo.

A aceleração da gravidade varia sutilmente em cada ponto da Terra, de acordo com o relevo e a densidade das rochas do seu interior, já que a distribuição de massa na Terra é heterogênea. Vem daí um efeito interessante: “A distribuição de massa da Terra controla o nível em que a água do mar vai se encontrar em um dado instante, pois a superfície instantânea do mar se ajusta de acordo com o campo de gravidade. Assim, temos altos e baixos na superfície oceânica”, diz Molina. “O nível do mar não é constante e varia com o tempo e a localização geográfica. Na verdade, nem existe um nível do mar, mas um nível médio ou um nível instantâneo do mar.”

Em um dos computadores próximos às paredes, Molina mostra outro mapa, que detalha as variações de altura da água na costa brasileira. Nesse mapa, publicado em dezembro de 2010 na revista Journal of Geodynamics, uma mancha vermelha a nordeste da Região Nordeste do Brasil representa uma área em que a água do mar deve estar 10 metros acima do que as áreas que a cercam, marcada em verde e azul. “Com um mapa desses à mão”, diz Molina, “o piloto de um barco poderia desviar das áreas mais altas, mesmo que não as veja e economizar tempo e combustível”. Mesmo útil, essa imagem não deixa de ser um desafio à imaginação, principalmente dos mais céticos, que dirão que nunca viram uma ladeira com água escorrendo no meio do mar.
Representação da Terra expressa força da gravidade, mais intensa nas áreas em vermelho
[NASA]

No mar e na terra – Fernando Paolo, que agora faz doutorado no Instituto Scripps de Oceanografia, Estados Unidos, elaborou esse mapa em 2010, enquanto Molina, que o orientou, preparava o maior. As duas imagens resultam da soma de duas fontes de informações, uma local e outra global. A primeira são os aparelhos que medem a variação do campo de gravidade, os gravímetros, instalados em boias amarradas atrás de 300 navios que percorreram a costa da África e do Brasil nos últimos 30 anos. A outra são medidores da variação da altitude do mar instalados em dois satélites, o Geosat, que a Marinha dos Estados Unidos lançou em 1986, e o Satélite Europeu de Sensoriamento Remoto (ERS-1), em órbita desde 1995. “Usando as duas fontes de informação, desenvolvemos uma metodologia que nos permitiu enxergar, em algumas áreas, como a plataforma continental brasileira, mais do que os pesquisadores que estudam essa mesma região usando apenas dados de satélites”, comenta Molina.



A medição das variações do nível médio do mar por meio de satélites, mesmo que pareça estranha a marinheiros de primeira viagem, pode indicar vales ou morros da superfície oceânica não detectados por outros métodos, já que nem tudo o que o satélite examina foi avaliado por levantamentos batimétricos, bastante caros e trabalhosos. Em terra, esse tipo de nivelamento, feito por aparelhos GPS (sistema de posicionamento global), que exige um bom conhecimento do campo de gravidade, está substituindo as medições de relevo por nivelamento geométrico clássico, obtidas por meio de equipamentos chamados níveis: cada medição indicava as variações do relevo em distâncias de aproximadamente 100 metros, cobrindo poucos quilômetros por dia. “Toda obra de engenharia precisa de dados precisos sobre altitude”, diz Denizar Blitzkow, professor da Escola Politécnica da USP. Parte dos aparelhos com que ele começou a medir as variações de gravidade em São Paulo nos anos 70 estão hoje no futuro museu da Engenharia Civil, que deve ser aberto ainda este ano.



Essa forma de medir variações associadas ao campo de gravidade, somada a outras técnicas, indicou depósitos de petróleo em regiões do Nordeste, por exemplo. A medida da variação de massa – e da força e aceleração da gravidade, diretamente proporcionais a essa massa – está também sinalizando onde pode haver minérios ou cavernas inexploradas, elucidando detalhes antes inexplicáveis de mapas geológicos, revelando diferenças na espessura na litosfera (a camada superficial da Terra) e, por fim, mostrando como e onde a quantidade de água de depósitos subterrâneos nos grandes aquíferos pode oscilar ao longo do ano. “Até poucos anos atrás”, diz Molina, que começou a trabalhar com gravimetria no início dos anos 1980, “tudo isso era impossível”.





Variações de até 70 metros no nível médio do mar refletem as diferenças do campo de gravidade da Terra
[ Eder C.Molina / IAG-USP]


As informações de dois novos satélites europeus, o Grace e o Goce, estão detalhando as variações do campo gravitacional desde 2003 e permitindo a construção de uma imagem mais exata, embora um tanto desconfortável, das formas da Terra. Os gregos imaginavam a Terra como uma esfera perfeita, mas essa perfeição se desfez à medida que a possibilidade de o planeta girar continuamente se consolidava durante o Renascimento. Newton afirmava que, em consequência do movimento de rotação, a Terra deveria ser achatada.

Visto do espaço, o planeta continua parecendo uma esfera quase perfeita, embora os mapas feitos com base em medidas na da aceleração da gravidade representem uma Terra bem diferente: deformada, às vezes assumindo uma forma que lembra um coração. “Os satélites estão mostrando que estávamos errados. Por meio das medições mais recentes, verificamos que a Terra é muito pouco achatada”, afirma Blitzkow. Desde 1924, a medida do raio da Terra encolheu 250 metros – hoje é de 6.370.136,5 metros. Desde 1982 Blitzkow trabalha com equipes do IBGE em mapas da variação do campo de gravidade em todo o território nacional. A versão mais recente, que inclui outros países da América do Sul, saiu em 2010, mostrando mostra que as alturas geoidais variam de +40 metros nas regiões dos Andes (Bolívia e Peru) até -20 metros nas regiões norte e nordeste do Brasil.

Desde 1982 Blitzkow trabalha com equipes do IBGE em mapas da variação do campo de gravidade em todo o território nacional. A versão mais recente, que inclui outros países da América do Sul, saiu em 2010, mostrando que a força ou aceleração da gravidade é menor em uma área que compreende o Ceará, um pouco dos estados vizinhos e a região central do país, até o norte do estado de São Paulo.

Andes e Amazônia – Poucos dias antes do Natal de 2010, uma semana antes do prazo final, Gabriel do Nascimento Guimarães apresentou a Blitzkow a quarta versão de um mapa mais detalhado, com as variações do campo de gravidade do estado de São Paulo – resultado de 9 mil pontos de medição em terra, complementados por informações dos satélites Grace e do Goce. Esse estudo faz parte do doutorado de Guimarães e de um projeto maior, coordenado por João Francisco Galera Mônico, da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Presidente Prudente.

Os mapas das alturas geoidais, elaborados a partir dos dados do campo de gravidade, abafam as diferenças de relevo. No caso do Estado de São Paulo, as alturas geoidais apresentam variações de apenas seis metros de leste a oeste, sem qualquer sinal das montanhas de 1.200 metros de altitude próximas ao litoral. O conceito de que a aceleração da gravidade reflete a distribuição da massa ajuda a entender essas diferenças agora tão pequenas. “Os Andes, embora com 6.000 metros de altitude, não têm muito mais massa que a Amazônia”, diz Blitzkow. “Se pudéssemos pesar um cilindro da superfície de uma montanha dos Andes e outro da Amazônia, veríamos que a diferença de peso não é tão intensa quanto a variação de altitude.” Na mapa global das alturas geoidais calculado a partir dos satélites Grace e Goce, a Cordilheira do Himalaia não passa de um morrinho.

Construído por alemães e norte-americanos, o Grace, abreviação de Gravity Recovery and Climatic Experiment, é um conjunto de dois satélites gêmeos, separados 200 quilômetros entre si, que foram para o espaço em 2002. Por estarem em uma órbita baixa, a apenas 250 quilômetros de altitude (outros satélites com funções similares estavam a pelo menos mil quilômetros), eles medem as mais sutis interferências de montanhas e vales da Terra sobre a trajetória de cada um deles: os equipamentos de bordo registram variações de milésimos de milímetros na distância entre eles. O Goce, sigla de Gravity Field and Steady-state Ocean Circulation Explorer, foi construído pela Comunidade Europeia e lançado em 2009 para registrar algo complementar, a variação dos vários elementos do campo de gravidade em relação a três eixos preestabelecidos.

A aceleração da gravidade está constantemente ganhando novas aplicações. A origem da gravidade, porém, diferentemente da de outras forças, como a eletricidade e o magnetismo, ainda é um mistério. Ninguém sabe como o Sol atrai a Terra e, em proporção menor, a Terra atrai o Sol.

Artigo científico

PAOLO, F.S. & MOLINA, E.C. Integrated marine gravity field in the Brazilian coast from altimeter-derived sea surface gradient and shipborne gravity. Journal of Geodynamics. v. 50, p. 347-54. 2010.

O projeto

Gnss: Investigações e aplicações no posicionamento geodésico, em estudos relacionados com a atmosfera e na agricultura de precisão – nº 2006/04008-2

Modalidade
Projeto Temático

Coordenador
João Francisco Galera Mônico – Unesp

Investimento
R$ 1.279.880,42 (FAPESP)



Matéria escapa de buraco negro em túnel magnético

Site Inovação Tecnológica

Com informações da ESA - 25/03/2011

Matéria escapa de buraco negro em túnel magnético
O buraco negro suga a maior parte da matéria de sua vizinha, mas uma parte usa túneis magnéticos perpendiculares para escapar.[Imagem: ESA]


O observatório de raios gama Integral, da Agência Espacial Europeia, detectou matéria extremamente quente apenas um milésimo de segundo antes que ela mergulhasse para sempre dentro de um buraco negro.

Mas será que essa matéria está realmente condenada para sempre?

Fuga do buraco negro

As observações sugerem que a sentença definitiva parece não valer para toda a matéria, e que uma parte dela está empreendendo uma grande fuga do maior bicho-papão do Universo.

Ninguém gostaria de estar tão perto de um buraco negro. Apenas algumas centenas de quilômetros de sua superfície mortal, o espaço é um turbilhão de partículas e radiação.

Vastas tempestades de partículas estão entrando no seu próprio inferno, quase à velocidade da luz, elevando a temperatura a milhões de graus.

Normalmente, leva apenas um milésimo de segundo para que as partículas atravessem esse corredor final, mas parece restar um fio de esperança para uma pequena parte delas.

Tecido magnético

Graças às novas observações do Integral, os astrônomos agora sabem que esta região caótica é dominada por uma malha de campos magnéticos.

Esta é a primeira vez que campos magnéticos foram detectados tão perto de um buraco negro.

Mais importante ainda, o observatório Integral relevou que esses campos magnéticos são altamente estruturados e estão formando um túnel de fuga para algumas das partículas.

Os dados indicam que o campo magnético é forte o suficiente para arrancar algumas partículas das garras gravitacionais do buraco negro e afunilá-las rumo ao exterior, criando jatos de matéria que disparam para o espaço.

Radiação síncrotron

As partículas nesses jatos assumem trajetórias em espiral conforme ascendem pelo campo magnético rumo à liberdade, e isso está afetando a propriedade da sua radiação na faixa dos raios gama conhecida como polarização.

Um raio gama, como a luz comum, é um tipo de onda e a orientação da onda é conhecida como a sua polarização.

Quando uma partícula rápida espirala em um campo magnético, ela produz um tipo de luz, conhecida como radiação síncrotron, que apresenta um padrão característico de polarização.

Foi essa polarização que a equipe do Integral encontrou nos raios gama. E não foi fácil.

"Tivemos que usar quase todas as observações já feitas pelo Integral de Cignus X-1 para fazer essa detecção", disse Philippe Laurent, um dos membros da equipe.

Cignus X-1 é um buraco negro não muito distante de nós, que está destruindo uma estrela e se alimentando do gás que emana de seus destroços.

Jatos de matéria

Feitas ao longo de sete anos, as observações repetidas do buraco negro agora totalizam mais de cinco milhões de segundos - o equivalente a uma única imagem com um tempo de exposição de mais de dois meses.

"Nós ainda não sabemos exatamente como a matéria em queda se transforma em jatos. Há um grande debate entre os teóricos; essas observações irão ajudá-los a decidir," diz Laurent.

Jatos em torno de buracos negros já foram vistos antes por radiotelescópios, mas tais observações não conseguem ver o buraco negro com detalhes suficientes para saber exatamente o quão perto do buraco negro os jatos se originam. Isso dá a estas novas observações um valor inestimável.

Físicos criam antimatéria pesada e se aproximam da antimatéria sólida


Site Inovação Tecnológica

Com informações da New Scientist e RHIC - 24/03/2011

Antimatéria mais pesada já criada amplia anti-Tabela Periódica
Este é o detector do RHIC, onde as partículas de anti-hélio-4 foram observadas pela primeira vez.
[Imagem: Star Colaboration]

Anti-hélio

Um grupo internacional de cientistas, com participação de brasileiros, criou uma nova forma de antimatéria que é a maior e mais complexa anti-coisa já vista.

Até então, a antimatéria mais complexa e mais pesada já criada era um híbrido de hélio e hidrogênio, um anti-hélio-3, com dois antiprótons e um antinêutron.

Agora foram criados núcleos de anti-hélio verdadeiro, contendo dois antiprótons e dois antinêutrons, ou anti-hélio-4.

O anti-hélio foi detectado no Colisor Relativístico de Íons Pesados (RHIC: Relativistic Heavy Ion Collider), que fica localizado em Upton, no estado de Nova Iorque. O colisor é operado pela Colaboração STAR, que reúne 584 cientistas de 54 instituições de 12 países diferentes.



Criação da antimatéria

No ano passado, a equipe STAR anunciou a descoberta do anti-hipertríton, formado por um antipróton, um antinêutron e uma partícula instável chamada anti-lambda. O anti-hipertriton era então antipartícula mais pesada que se conhecia.

Mas os 18 núcleos de anti-hélio-4 observados agora bateram os recordes anteriores.

Anti-partículas têm carga elétrica oposta à das partículas de matéria ordinária - os antinêutrons, que são eletricamente neutros, são compostos de antiquarks que têm carga oposta à dos quarks normais.

As partículas de antimatéria aniquilam-se no contato com a matéria comum, emitindo um flash de raios gama, o que as torna notoriamente difíceis de encontrar e observar.

Mas isto vem mudando rapidamente. No ano passado cientistas conseguiram capturar a antimatéria pela primeira vez e, há poucas semanas, anunciaram o desenvolvimento de uma garrafa capaz de guardar antimatéria.
No RHIC, os cientistas colidem núcleos atômicos pesados, como chumbo e ouro, para formar bolas de fogo microscópicas, onde a energia é tão densa que podem ser criadas muitas novas partículas.


Antimatéria mais pesada já criada amplia anti-Tabela Periódica
A anti-tabela periódica é também conhecida como Quadro 3-D dos Nuclídeos. [Imagem: RHIC]






















Anti-Tabela Periódica



"Eles nos levaram para o próximo elemento da anti-tabela periódica," comentou Frank Close, da Universidade de Oxford, no Reino Unido.

A Tabela Periódica normal organiza os elementos de acordo com seu número atômico (Z), que determina as propriedades químicas de cada elemento. Os físicos também trabalham com o eixo N, que dá o número de nêutrons no núcleo de cada átomo.

O terceiro eixo representa a estranheza (S), que é zero para toda a matéria que ocorre naturalmente, mas pode ser não-zero no núcleo de estrelas colapsadas.

Os antinúcleos ficam na porção Z e N negativos, e o novo antinúcleo descoberto agora (mostrado em magenta na ilustração) estende a anti-tabela periódica para a região da antimatéria estranha.



Antimatéria sólida

O próximo anti-elemento dessa nascente anti-tabela periódica, o antilítio, poderia, em teoria, formar antimatéria sólida a temperatura ambiente - mas isso será algo muito mais difícil de fazer.

A equipe STAR calcula que o antilítio irá nascer de colisões com menos de um milionésimo da frequência de formação do anti-hélio-4 agora observado.

Na prática, isso o coloca fora do alcance dos colisores de hoje, incluindo o LHC.



Esconderijo da antimatéria

O cientista acrescenta que a obtenção do anti-hélio "não nos leva mais perto de responder a grande pergunta de por que é que o universo em geral não está repleto de antimatéria."

De fato, as teorias atuais afirmam que matéria e antimatéria foram criadas em quantidades iguais nos primeiros instantes do universo, mas, por razões desconhecidas, a matéria prevaleceu.

Um observatório espacial, chamado Espectrômetro Magnético Alfa, que será levado para a Estação Espacial Internacional em Abril pelo ônibus espacial Endeavour, vai tentar amainar esse problema.

Já se sabe que os antiprótons ocorrem naturalmente em pequenas quantidades entre as partículas de alta energia, os chamados raios cósmicos, que atingem a Terra.

O AMS irá procurar por antipartículas mais pesadas. Mas se o anti-hélio é produzido apenas raramente em colisões, como mostrado agora pelo RHIC, então o AMS não deverá detectar anti-hélios.

Se ele encontrar altos níveis de anti-hélio, isto poderia reforçar a teoria de que a antimatéria não foi destruída no início do universo, mas simplesmente separada em uma parte diferente do espaço, onde não entra em contato com a matéria.







Estrela mais fria já descoberta pode até ter nuvens

Site Redação Tecnológica
Com informações do ESO - 24/03/2011




Estrela mais fria já descoberta pode até ter nuvens
"Com tais temperaturas, acreditamos que a anã marrom tenha propriedades que são diferentes das anãs marrons conhecidas e mais próximas das de exoplanetas gigantes - ela poderia inclusive possuir nuvens de água na sua atmosfera."[Imagem: ESO/L. Calçada]
 


 Anãs marrons


Astrônomos encontraram uma nova candidata para a estrela mais fria que se conhece: uma anã marrom em um sistema duplo com aproximadamente a mesma temperatura que uma xícara de café quente.
O café pode ser quente em termos humanos, mas é extraordinariamente frio para a superfície de uma estrela.

Este objeto é suficientemente frio para começar a borrar a tênue linha que separa as estrelas frias pequenas dos grandes planetas quentes.

As anãs marrons são uma espécie de estrela que não deu partida: elas não possuem massa em quantidade suficiente para que a gravidade dê origem às reações de fusão nuclear que fazem as estrelas brilhar.
  
A anã marrom agora descoberta, identificada como CFBDSIR 1458+10B, é o membro menos brilhante de um sistema binário de anãs marrons situado a apenas 75 anos-luz da Terra.


Binário estelar

CFBDSIR 1458+10 é na verdade o nome do sistema binário. As duas componentes são conhecidas como CFBDSIR 1458+10A e CFBDSIR 1458+10B, sendo esta última a mais tênue e fria das duas.

Elas parecem orbitar uma em torno da outra a uma distância de cerca de três vezes a distância entre a Terra e o Sol, em um período de cerca de trinta anos.

O espectrógrafo X-shooter, montado no Telescópio VLT do ESO foi utilizado para mostrar que o objeto composto era muito frio quando comparado com anãs marrons típicas.

"Ficamos muito entusiasmados ao descobrir que este objeto tinha uma temperatura tão baixa, mas estávamos longe de imaginar que era um sistema duplo e que possuía uma componente ainda mais fria, tornando-o assim ainda mais interessante," diz Philippe Delorme, do Instituto de Planetologia e Astrofísica de Grenoble.


Estrela com nuvens

Os astrônomos verificaram que a mais tênue das duas anãs marrons tem uma temperatura de cerca de 100º Celsius - o ponto de ebulição da água, não muito diferente da temperatura dentro de uma sauna. Para comparação, a temperatura na superfície do Sol é de cerca de 5.500º Celsius.

"Com tais temperaturas, acreditamos que a anã marrom tenha propriedades que são diferentes das anãs marrons conhecidas e mais próximas das de exoplanetas gigantes - ela poderia inclusive possuir nuvens de água na sua atmosfera," diz o autor principal do artigo, Michael Liu do Instituto de Astronomia da Universidade do Hawaii.

"De fato, assim que começarmos a obter, num futuro próximo, imagens de planetas gasosos gigantes em torno de estrelas semelhantes ao Sol, acredito que muitos deles se parecerão com a CFBDSIR 1458+10B," diz Liu.


Estrela mais fria já descoberta pode até ter nuvens
Esta é a melhor imagem já obtida da dupla de estrelas frias.
[Imagem: Michael Liu/University of Hawaii]


Três telescópios


Para desvendar os segredos deste objeto tão atípico foi necessário combinar observações obtidas por três telescópios diferentes.

Primeiro descobriu-se que o CFBDSIR 1458+10 era um binário utilizando o sistema de Estrela Guia Laser de Óptica Adaptativa do Telescópio Keck II, situado no Havaí.

A óptica adaptativa cancela a maior parte da interferência atmosférica da Terra, melhorando a nitidez das imagens por um fator de dez, permitindo assim resolver a separação muito pequena do binário.

Liu e colegas utilizaram a seguir o Telescópio Canadá-França-Havaí, também situado no Havaí, para determinar a distância entre as duas anãs marrons, utilizando uma câmara infravermelha.

Os astrônomos mediram o movimento aparente das anãs marrons em relação ao campo de fundo de estrelas mais distantes, causado pela mudança de posição da Terra na sua órbita em torno do Sol. O efeito, conhecido por paralaxe, permitiu-lhes determinar a distância entre as anãs marrons.

Finalmente, o VLT do ESO foi utilizado para estudar o espectro infravermelho do objeto e medir a sua temperatura.


Estrelas mais frias

A busca de objetos frios é um tópico astronômico muito quente.



O Telescópio Espacial Spitzer identificou recentemente dois outros objetos muito tênues como possíveis candidatos às anãs marrons mais frias conhecidas, embora as suas temperaturas não tenham sido medidas com tanta precisão.

Observações futuras determinarão melhor como é que estes objetos se comparam à CFBDSIR 1458+10B.

Liu e colegas estão planejando novas observações do binário para determinar melhor as suas propriedades e começar a mapear sua órbita.

Depois de uma década de monitoramento, deverá ser possível determinar a massa do binário.






Galáxia abrigaria até 2 bilhões de "Terras", diz pesquisa

Folha de S. Paulo - 23/03/2011



Estudo feito por pesquisadores da Nasa indica que elas podem estar dentro da zona habitável das estrelas

Efe/ESO/L. Calñada
Ilustração de Corot-7b, o primeiro planeta rochoso encontrado fora do Sistema Solar, achado por sonda europeira

Concepção artística do Corot-7b, primeiro planeta rochoso encontrado fora do Sistema Solar,
achado por sonda europeia


DE SÃO PAULO

Apenas na nossa galáxia, a Via Láctea, podem existir até 2 bilhões de planetas de tamanho semelhante ao da Terra. E isso é apenas a ponta do iceberg estelar. Cientistas estimam que existam mais de 50 bilhões de outras galáxias no Universo.

Os primeiros dados do telescópio Kepler, divulgados em fevereiro, mas reunidos agora em um novo estudo de pesquisadores do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, na Califórnia, sugerem que entre 1,4% e 2,7% das estrelas parecidas com o Sol possam ter planetas com tamanho entre 0,8 e 2 vezes o da Terra.

A maioria deve estar na chamada zona habitável - a distância da estrela que permite a presença de água líquida, considerada condição essencial à vida. Um detalhe que animou os cientistas.

"Com um número assim tão grande [de planetas com tamanho parecido com o da Terra], há uma boa chance de existir vida, talvez até inteligente, em alguns deles", disse ao site Space.com o astrônomo da Nasa José Catanzarite, um dos responsáveis pela pesquisa.


DISTANTES

Ainda assim, nas cem estrelas semelhantes ao Sol mais próximas da Terra (a até umas poucas dezenas de anos-luz daqui), deve haver apenas duas com planetas do tamanho do nosso.

Mas, segundo os autores do trabalho publicado no "Astrophysical Journal", a quantidade de "gêmeas" nas redondezas pode aumentar. Catanzarite notou que outro tipo de estrela -as gigantes vermelhas- também pode abrigar planetas desse tipo.

Nesses astros, que são mais antigos e já esgotaram o suprimento de gás hélio, a detecção é mais complexa. Os cientistas pretendem localizar os planetas pela força gravitacional que eles exercem, e não por alterações no brilho da estrela, como no telescópio Kepler.

Como estrelas desse tipo são bem mais comuns do que as do tipo do Sol, é muito provável que possam existir ainda mais "Terras" por aí.

Conversa Sobre a Fé e a Ciência

Folha de São Paulo - 20/03/2011


MARCELO GLEISER


 
Os caminhos da razão e do espírito são um só: a busca por significado em um mundo cheio de mistérios




NA SEMANA QUE VEM sai meu novo livro, em parceria com Frei Betto e com intermediação de Waldemar Falcão, "Conversa Sobre a Fé e a Ciência", pela Nova Fronteira. Temos alguns eventos no Rio e em São Paulo, de que espero participar via teleconferência, aproveitando os benefícios de nossa era digital.

Conversas sobre ciência e religião, em geral, terminam em briga. Mas não deveriam. Talvez seja essa uma das lições mais importantes que Frei Betto e eu queremos passar.

Reconheço que somos dois exemplos um pouco alternativos. Eu, como cientista, mantenho uma posição de respeito pela religião. Frei Betto, como pensador político e teólogo cristão, mantém uma posição aberta em relação à ciência. Começamos a conversa sem nos conhecermos e terminamos amigos.

Frei Betto concorda comigo que é absurdo fechar os olhos para os avanços da ciência, negando suas descobertas. Concorda, também, que a religião não deve ser usada fora de seu contexto, especialmente como um substituto da ciência.

Usar a Bíblia como texto científico, tentar extrair de sua narrativa simbólica fatos sobre o surgimento do Universo e da vida, é retornar ao obscurantismo da Idade Média. Por outro lado, concordamos plenamente que a ciência não se propõe a atingir uma verdade "absoluta".

Verdades dependem de quando são formuladas, ou seja, do contexto histórico em que são buscadas. Por exemplo, para os gregos, era "verdade" que a Terra era o centro do Universo; até o fim do século 18, era "verdade" que o Sol era o centro do Universo; até 1924, era "verdade" que a Via Láctea era a única galáxia no Universo. Com o avanço da ciência, essas verdades foram substituídas por outras.

Apesar de não haver dúvida de que certos fatos científicos permanecem inalterados com o passar do tempo (por exemplo, as leis de Newton), chamá-los de "verdades" talvez seja imprudente.

A ciência é uma narrativa que se ocupa do mistério, do não saber. Ela não tem capítulo final. Seu foco não é a busca pela verdade, mas por uma descrição do mundo que esteja de acordo com nossas observações.

Por outro lado, as religiões organizadas, com seu dogmatismo intransigente, distorcem o real sentido da fé. Nisso, Frei Betto e eu também concordamos plenamente (para ver no que mais concordamos e no que discordamos, é preciso ler o livro).

No cerne da religião, no ato de devoção religiosa, encontramos a espiritualidade pura, individual, que tece uma relação profunda entre o homem e o Universo e entre o homem e a sua consciência.

Frei Betto menciona Santa Teresa D'Ávila como alguém que alcançou um nível exemplar de transcendência pessoal e de comunhão com o divino. Aprendi muito durante nossa "conversa" e saí admirando meu interlocutor ainda mais.

Vejo a ciência, no aspecto mais puro e humano, como uma busca por transcendência, em que o espírito humano se une ao mundo natural para criar novas formas de pensar a nossa existência e, por meio da tecnologia, para criar expressões materiais dessa comunhão. Sob esse prisma, os caminhos da razão e do espírito são um só, simbolizando a essência do ser humano, que é a busca por significado num mundo cheio de mistérios.


 
MARCELO GLEISER é professor de física teórica no Dartmouth College, em Hanover (EUA), e autor do livro "Criação Imperfeita"

Gigantes amazônicos

O Globo - 22/03/2011


Misteriosos redemoinhos oceânicos de 400 quilômetros de diâmetro influenciam clima


Renato Grandelle

Próximo à costa brasileira, e alimentado pelas águas lançadas no Atlântico pelo Rio Amazonas, surge um fenômeno que só agora começa a ser mais bem conhecido. O encontro de duas correntes oceânicas com as águas do rio forma redemoinhos que se elevam cerca de 40 cms acima da superfície do mar, giram como frisbees monumentais e chegam a 400 quilômetros de diâmetro. São os maiores turbilhões oceânicos do mundo, com influência sobre o clima global e a navegação.

A noroeste do país, uma das correntes oceânicas (a do Norte do Brasil), vira para a direita e segue para o leste, ao longo do Equador. Mas, de vez em quando, esta "curva" é especialmente fechada, levando consigo uma parcela de água aquecida.

- Esta porção gira no sentido horário, movendo-se no oceano como um frisbee que é jogado ao ar - compara o americano Bill Johns, oceanógrafo da Universidade de Miami e coautor de um estudo sobre o fenômeno. - A rotação ocorre a 1 metro por segundo, muito rápido para uma corrente oceânica.

Com o brasileiro Guilherme Castelão, também da Universidade de Miami, Johns estuda os redemoinhos desde 1998. Apesar disso, frisa que ainda há muito a descobrir. Sabe-se há mais de duas décadas que a "curva fechada" de uma corrente oceânica está envolvida na origem do fenômeno. No entanto, mesmo nos meses em que o movimento é quase inexistente, os imensos redemoinhos estão lá.

"Isso sugere que também há um tipo de mecanismo independente em sua formação", avalia o estudo, publicado na "Journal of Geophysical Research", da União Geofísica Americana. Segundo Johns, a geografia do litoral brasileiro explica por que o fenômeno adquire proporções tão gigantescas.

- O rio despeja água no Atlântico logo acima desse ponto em que a corrente faz uma "curva fechada", e, assim, as águas ficam presas na borda da corrente - explica. - Por causa dos anéis, as águas do Amazonas são levadas para muito longe da costa.

O impacto dos redemoinhos sobre o clima global ainda será estudado. Mas, segundo Johns, os anéis têm um impacto gigantesco na navegação.

- Se os navios soubessem dos redemoinhos, poderiam economizar combustível usando a seu favor este fluxo da corrente - avalia.

Filme recria visão de Yuri Gagarin no primeiro voo ao redor da Terra

Globo.com - 24/03/2011

Filme recria visão de Yuri Gagarin no primeiro voo ao redor da Terra

RIO - Um filme feito na Estação Espacial Internacional tenta recriar o que Yuri Gagarin pode ter visto no seu histórico voo ao redor da Terra em 1961. "First Orbit" estreará no Youtube em abril e depois ficará disponível para download gratuito, para comemorar o feito do cosmonauta russo há 50 anos. Este é o primeiro projeto que mostra o que Gagarin viu da sua cápsula Vostok. Há apenas uma gravação de áudio do momento da sua observação e o material agora foi sobreposto às imagens de alta definição feitas da estação.


Yuri Gagarin foi o primeiro homem a se aventurar acima da atmosfera da Terra, quando partiu da base de lançamento Tyuratam, agora o Cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão, em 12 de abril de 1961. Sua viagem ao redor do globo levou 108 minutos. A vista da Terra no mesmo percurso que ele fez foi filmada agora da ISS.

As imagens gravadas a partir da plataforma orbital não conseguiram recriar exatamente o que Gagarin viu. O cosmonauta voou mais próximo aos pólos do que a ISS é capaz. A formação das nuvens de 50 anos atrás também não podem ser recriadas. Mas a equipe responsável pelo filme espera que o projeto dê aos espectadores um pouco da sensação experimentada por Gagarin. O filme vai estrear no Youtube no aniversário de 50 anos do voo espacial e depois ficará disponível para livre download.

Terremoto em Mianmar deixa 74 mortos e 111 feridos, segundo os últimos dados

Da Agência Telam


Brasília – O Nordeste de Mianmar, antiga Birmânia, foi atingido ontem (24) por um terremoto de magnitude 6,8 graus na escala Richter. Pelos últimos dados, pelo menos 74 pessoas morreram e 111 ficaram feridas. A região mais afetada foi a das cidades de Tali e Tachilek perto da fronteira com a Tailândia. O tremor destruiu 244 casas, nove escritórios do governo e 14 mosteiros budistas de Mianmar.

Pelos dados do Serviço de Geologia dos Estados Unidos (cuja sigla em inglês é USGS), os tremores de terra atingiram, além de Mianmar e da Tailândia, o Laos. O epicentro foi localizado no Nordeste de Miammar, a 589 quilômetros de Yangun e 772 quilômetros ao Norte de Bangcoc.

O Nordeste de Mianmar é isolado, por ser uma área montanhosa e, segundo especialistas, os dados chegam de forma lenta. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha e o Crescente Vermelho – um braço da Cruz Vermelha - enviou mil kits de ajuda humanitária para a área. O acesso à região, entretanto, é difícil o que influencia na demora de até quatro dias para a chegada dos kits aos locais atingidos.

Em Chiang Rai, no Norte da Tailândia, na fronteira com Mianmar, uma mulher morreu após ser esmagada pela queda de uma parede. Muitos turistas saíram às ruas e não se atrevem a voltar para os hotéis, enquanto os serviços de emergência permanecem em alerta.

Na Tailândia, o terremoto foi sentido na capital Bangcoc e no Norte do país. Foram identificadas falhas de energia e problemas com redes de telefonia móvel.

18 de mar. de 2011

Observatório Nacional esclarece dúvidas sobre o fenômeno da Super Moon do dia 19 de março de 2011

Observatório Nacional - 18/03/2011


O que é Super Moon

ou

Super Lua




A Lua completa sua órbita em torno da Terra em cerca de 27,32 dias. A sua órbita não é circular. Então, em algum instante a Lua fica mais próxima da Terra (perigeu) e, em um outro momento, a Lua fica mais distante da Terra (apogeu).

O movimento relativo Lua-Terra-Sol dá origem as fases da Lua. É fato bem conhecido, desde a Antiguidade, que a Lua não tem luz própria. Da Terra vemos a face da Lua que é iluminada pelo Sol. A fase Lua Cheia ocorre quando o Sol e Lua estão em direções opostas: quando o Sol está se pondo a Lua está nascendo.

A Super Moon é definida como a Lua Nova ou Lua Cheia que ocorre junto ou até 90% próximo do perigeu. Ou seja, a Super Lua ocorre quando o Sol, a Terra e a Lua estão alinhados e, além disso, a Lua está em máxima aproximação da Terra. Então, o disco aparente da Lua Cheia fica maior.

Para ver o artigo completo clique aqui!

Ministro profere aula inaugural do Coppe/UFRJ e fala sobre a crise nuclear japonesa

Ministério da Ciência e Tecnologia
17/03/2011


 
O ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, visitou na manhã desta quinta-feira (17), o Centro de Ensino e Pesquisa em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ). Ele aproveitou para conhecer os laboratórios e o parque tecnológico da instituição. Ao fim do encontro, concedeu uma aula inaugural para estudantes da graduação.

Durante a apresentação, o ministro defendeu o aumento de investimentos brasileiros em fontes de energia limpas e renováveis e afirmou que o desastre nuclear que atinge o Japão vai suscitar um novo debate sobre a construção de novas usinas no país e no mundo. Aloizio Mercadantero acredita que a crise no Japão deve levar a novas discussões sobre protocolos internacionais de segurança de usinas nucleares. “Eu tenho convicção que após essa tragédia, serão estabelecidos novos debates sobre o futuro da energia nuclear. Novos protocolos de segurança vão aparecer e o Brasil acompanhará isso”, acrescentou.

De acordo com o ministro, não existe nenhum registro de problema nas duas usinas nucleares instaladas no Brasil. “Angra 1 e 2 podem aguentar terremotos de até 6,5 graus na escala Richter e ondas de até 7 metros. Para o cenário de riscos do Brasil, essas usinas foram bem construídas. Nossa engenharia é a mais segura”, afirmou. Ele acrescentou que os riscos de um acidente nuclear no Brasil são diferentes dos que preocupam outros países, como o Japão, onde terremotos e um tsunami danificaram reatores nucleares. “Nossos problemas não são tsunamis ou terremotos, nós estamos em cima de uma placa tectônica. Nossos problemas são inundações e desmoronamentos”, disse.

O programa nuclear brasileiro prevê a criação de quatro a oito novas usinas até 2030, incluindo Angra 3, no litoral sul do Estado do Rio de Janeiro, cujas obras já estão em andamento, e outras duas a serem construídas na região Nordeste. Mercadante afirmou que o Brasil não deve tomar “uma decisão precipitada” até que a dimensão do acidente nuclear seja esclarecida.

Embora tenha negado que o governo esteja reavaliando sua política nuclear, o ministro ressaltou que o Brasil tem uma matriz energética limpa e um grande potencial ainda não explorado em hidrelétricas e energia gerada a partir de biomassa, que podem até triplicar a produção energética do país.

Mercadante ressaltou que os próximos dois dias serão decisivos para avaliar a dimensão do desastre no Japão e que a probabilidade de o vazamento de radiação se agravar é grande e que, nesse caso, será uma “catástrofe de grandes proporções”. Mais uma vez, o ministro de Ciência e Tecnologia ressaltou que as usinasde Angra 1 e 2 possuem um sistema de reatores diferente do japonês, já que a refrigeração funciona de forma independente , com uma “blindagem robusta e engenharia com muito mais segurança”.

LHC pode se tornar a primeira máquina do tempo do mundo


Redação do Site Inovação Tecnológica - 16/03/2011

LHC do tempo

LHC pode se tornar a primeira máquina do tempo do mundo
O Grande Colisor de Hádrons (LHC) é o maior
experimento científico da história.[Imagem: CERN]


O LHC (Large Hadron Collider), além de ser o maior experimento científico do mundo, pode se tornar também a primeira máquina capaz de fazer a matéria viajar de volta no tempo.

Isto se Tom Weiler e Chui Man Ho estiverem corretos.

Os dois físicos da Universidade de Vanderbilt, nos Estados Unidos, acabam de propor a ideia em um artigo ainda não aceito para publicação, enviado para o repositório arXiv.

"Nossa teoria é um tiro de longa distância," admite Weiler. "Mas ela não viola nenhuma lei da física e nem qualquer restrição experimental.

Partículas de Higgs

Um dos maiores objetivos do LHC é encontrar o bóson de Higgs, uma partícula hipotética da qual os físicos lançam mão para explicar porque partículas como os prótons, nêutrons e elétrons possuem massa.

Se o Grande Colisor de Hádrons realmente conseguir produzir essa que é chamada a "partícula de Deus", alguns físicos acreditam que ele irá criar também uma segunda partícula, o singleto de Higgs.

Segundo a proposta de Weiler e Ho, esses singletos teriam a capacidade de saltar para uma quinta dimensão, onde eles poderiam se mover para frente e para trás no tempo, retornando depois para nossa dimensão, mas reaparecendo no futuro ou no passado.

Comunicação com o passado e com o futuro

"Uma das coisas mais atrativas dessa abordagem da viagem no tempo é que ela evita todos os grandes paradoxos," diz Weiler.

Na verdade, a abordagem evita os passageiros mais problemáticos na viagem. Como somente partículas com características tão especiais poderiam viajar no tempo, ninguém poderia retornar ao passado e matar algum antecessor, eliminando a possibilidade da própria existência.

"Entretanto, se os cientistas puderem controlar a produção dos singletos de Higgs, eles poderão enviar mensagens para o passado ou para o futuro," propõe Weiler.

LHC pode se tornar a primeira máquina do tempo do mundo
Ilustração da teoria dos singletos viajantes no tempo. Quando dois prótons colidem no LHC, a explosão pode criar um tipo especial de partícula, chamado singleto de Higgs, que seria capaz de viajar no tempo pegando atalhos em outras dimensões. [Imagem: Jenni Ohnstad / Vanderbilt]


Testar a teoria, segundo os físicos, será fácil: bastará observar se o LHC produz os singletos de Higgs e se os produtos do seu decaimento começam a surgir espontaneamente.

Neste caso, garantem eles, isso indicará que esses produtos estão sendo gerados por partículas que viajaram de volta no tempo para reaparecer antes da ocorrência das colisões que as originaram.


Teoria-M



A proposta é baseada na Teoria-M, que tem a pretensão de ser uma "teoria de tudo".

A Teoria-M requer a existência de 10 ou 11 dimensões, em vez das quatro que nos são familiares (as três espaciais mais o tempo). Isso levou à sugestão de que nosso Universo pode ser uma membrana - ou "brana" - quadridimensional flutuando em um espaço-tempo multidimensional, chamado de "O Todo" (Bulk).

Segundo essa "visão de mundo", os blocos fundamentais do nosso Universo estão permanentemente presos à sua brana, o que os impede de viajar para outras dimensões.

Mas pode haver exceções - a gravidade, por exemplo, seria uma força tão fraca porque ela se difunde por outras dimensões. Outra possível exceção seria o singleto de Higgs, que responde à gravidade, mas a nenhuma das outras forças básicas.


LHC pode se tornar a primeira máquina do tempo do mundo
Chui Man Ho e Thomas Weiler, os proponentes de uma forma de viagem no tempo que poderia ser detectada pelo LHC. [Imagem: John Russell / Vanderbilt]



Neutrinos estéreis


Uma terceira possibilidade seria um ainda mais elusivo neutrino estéril, um parente mais raro dos quase indetectáveis "neutrinos normais".

Um neutrino normal interage tão pouco com a matéria que pode atravessar um cubo de um ano-luz de lado feito de chumbo sem se chocar com nenhum átomo.

Os neutrinos estéreis não se chocariam nunca com nada - eles também reagiriam apenas com a gravidade, o que os torna passageiros viáveis para a máquina do tempo de Weiler e Ho.

Um experimento realizado no ano passado dá suporte à existência dos neutrinos estéreis.


Viajar mais rápido do que a luz



E a ideia vai além: se os neutrinos estéreis pegarem atalhos por outras dimensões, do ponto de vista da nossa dimensão eles poderiam viajar em velocidades mais altas do que a velocidade da luz.


De acordo com a Teoria da Relatividade Geral de Einstein, há certas condições nas quais viajar mais rápido do que a velocidade da luz é equivalente a viajar de volta no tempo - foi aí, segundo os dois físicos, que eles entraram no especulativo campo das viagens no tempo.

Especulações que, por enquanto, estão rendendo bem no mundo da ficção científica. Os recentes Teoria Final, de Mark Alpert, e A Máquina do Tempo Acidental, de Joe Haldeman, amparam-se na ideia dos neutrinos viajantes no tempo.



Bibliografia:

Causality-Violating Higgs Singlets at the LHC
Chiu Man Ho, Thomas J. Weiler
7 Mar 2011
http://arxiv.org/abs/1103.1373



Hubble descarta teoria alternativa à Energia Escura

Redação do Site Inovação Tecnológica - 15/03/2011


Usando observações feitas pelo telescópio espacial Hubble, astrônomos descartaram uma teoria alternativa sobre o Universo, que tenta descrever as observações sem precisar da energia escura.
A teoria foi descartada com base em novos cálculos que estimaram a taxa de expansão do Universo com uma precisão sem precedentes.

Teoria da Bolha Cósmica

O Universo parece estar se expandindo a uma velocidade crescente.
A hipótese mais aceita pela comunidade científica é a de que isto ocorre porque o Universo está repleto de uma energia escura que funciona no sentido oposto da gravidade.

Uma hipótese alternativa é a de que estaríamos no centro de uma enorme bolha de um espaço relativamente vazio. Essa bolha teria cerca de oito bilhões de anos-luz de circunferência, abarcando toda a nossa vizinhança galáctica.

Se vivêssemos realmente perto do centro desse vazio, as observações que mostram as galáxias sendo empurradas para longe umas das outras, com uma velocidade cada vez maior, seria meramente uma ilusão.


Estouro da bolha


Esta hipótese foi agora invalidada porque os astrônomos mediram a atual taxa de expansão do Universo com uma incerteza de apenas 3,3%, uma melhoria de 30% em relação à medição anterior, também feita pelo Hubble.

O valor da taxa de expansão do Universo é de 73,8 quilômetros por segundo por megaparsec.

Isso significa que, para cada milhão adicional de parsecs (3,26 milhões de anos-luz) que uma galáxia se encontra da Terra, a galáxia parece estar se afastando de nós 73,8 quilômetros por segundo mais rápido.

Na hipótese da bolha cósmica, a baixa densidade da bolha iria se expandir mais rápido do que o Universo mais maciço em torno dela. Para um observador dentro da bolha, pareceria que uma força no estilo da energia escura estaria espalhando todo o Universo.

Para que seja assim, a taxa de expansão do Universo deveria muito mais lenta do que os astrônomos calcularam agora - ele deveria ficar entre 60 e 65 quilômetros por segundo por megaparsec.

Ao reduzir a incerteza sobre o valor da constante de Hubble para 3,3%, os astrônomos acreditam ter eliminado qualquer possibilidade de um valor tão pequeno.

"A parte mais difícil de aceitar na teoria da bolha é que ela nos obriga a viver muito perto do centro de uma região tão vazia do espaço", explica Lucas Macri, da Universidade do Texas, coautor da pesquisa. "Isso tem uma chance de cerca de uma em um milhão de acontecer. Mas como sabemos que algo estranho está fazendo o Universo acelerar, é melhor deixar que os dados sejam o nosso guia".



Constante de Hubble

A energia escura é um dos maiores mistérios cosmológicos da física moderna. Até mesmo Albert Einstein concebeu uma força repulsiva, que ele chamou de constante cosmológica, que atuaria de forma contrária à gravidade para manter o Universo estável.

Ele abandonou a ideia quando o astrônomo Edwin Hubble descobriu, em 1929, que o Universo está se expandindo. Indícios observacionais da energia escura só começaram a surgir em 1998.




A princípio, a ideia da energia escura pareceu tão absurda que muitos cientistas passaram a buscar alternativas, incluindo a igualmente estranha teoria da bolha cósmica. Mas parece que agora eles terão que buscar outras alternativas.

"Estamos usando a nova câmera do Hubble como um radar de policial para flagrar a aceleração do Universo," disse, Adam Riess do Instituto de Ciências do Telescópio Espacial (STScI). "Parece que é mesmo a energia escura que está pisando no pedal do acelerador."

Os astrônomos acreditam que o Hubble vai continuar a ser utilizado desta forma para reduzir ainda mais a incerteza da constante de Hubble, refinando as informações que se tem sobre as propriedades da energia escura.

Macri sugere que a atual incerteza ainda pode ser reduzida pela metade, antes que o Telescópio Espacial James Webb entre em operação e dê uma espécie de palavra final sobre o assunto.



Teoria modificada da gravidade é confirmada por galáxias gasosas

Redação do Site Inovação Tecnológica - 14/03/2011


No escuro
  
Teoria modificada da gravidade é confirmada por galáxias gasosas
À esquerda, a UGC 2885, uma galáxia dominada por estrelas.
À direita, a F549-1, uma galáxia cuja massa é constituída
principalmente por gases.[Imagem: Zagursky/McGaugh]


 
Observações recentes de galáxias ricas em gases correspondem exatamente às previsões de uma teoria modificada da gravidade, conhecida como MOND.

A revelação foi feita pelo Dr. Stacy McGaugh, da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos.

A cosmologia moderna propõe que o Universo é dominado por dois componentes ainda não explicados, chamados matéria escura e energia escura - a matéria ordinária, de que são feitas todas as estrelas, planetas e demais corpos celestes conhecidos, responderia por apenas 4% da massa da Universo.


O problema é que ainda há poucos indícios da matéria escura e da energia escura.



Dinâmica newtoniana modificada


Uma explicação alternativa - bastante impopular entre os astrofísicos, diga-se de passagem - é que a atual teoria da gravidade não seria suficiente para descrever a dinâmica dos sistemas cósmicos.

Com isto, têm sido propostas várias teorias alternativas, tentando dar outras explicações para a gravidade.

Uma delas é conhecida como MOND - Modified Newtonian Dynamics, ou dinâmica newtoniana modificada - proposta por Moti Milgrom, em 1983.

Uma das previsões verificáveis da teoria MOND é que haveria uma conexão entre a massa de qualquer galáxia e sua velocidade rotacional.

Entretanto, as incertezas nas estimativas da massa das estrelas em galáxias espirais dominadas por estrelas (como a nossa Via Láctea), vinham impedindo um teste definitivo.

Para evitar esse problema, McGaugh examinou galáxias ricas em gases, que têm relativamente poucas estrelas, sendo sua massa constituída predominantemente por gás interestelar.



Previsões confirmadas

"Nós entendemos a física da absorção e liberação de energia pelos átomos do gás interestelar, de tal forma que contar os fótons pode ser interpretado como contar átomos. Isto nos dá uma estimativa exata da massa dessas galáxias," defende McGaugh.

O pesquisador então usou dados de 47 dessas galáxias gasosas e comparou sua massa e velocidade de rotação com as previsões feitas pela teoria MOND.

Todas as 47 galáxias ficaram dentro ou muito próximas das previsões da teoria. Nenhum modelo baseado na matéria escura saiu-se tão bem.

"Acho que é notável que a previsão feita por Milgrom há mais de um quarto de século tenha se saído tão bem com os dados dessas galáxias ricas em gases," disse McGaugh.


MOND versus Matéria Escura/Energia Escura

O estudo, contudo, está longe de descartar a teoria da energia escura.

O fato é que esta que é a teoria cosmológica dominante - e virtualmente uma unanimidade entre os astrofísicos - responde muito bem às observações de larga escala.

Ela se sai bem, por exemplo, em relação aos grandes aglomerados de galáxias.

Já a proposta teoria MOND lida bem com o que acontece nas dimensões das galáxias para baixo.

"A MOND é exatamente o oposto [da teoria da energia escura]," concorda McGauch. "Ela responde bem na 'pequena escala' das galáxias individuais, mas a MOND não lhe diz muito sobre o Universo em larga escala.

Mas ela tem o mérito de ter feito previsões à frente das observações - o que é diferente de ajustar uma teoria para que ela dê conta de novas observações.

"Se estamos certos sobre a matéria escura, por que a MOND funciona?" questiona McGaugh. "Em última análise, a teoria correta - seja ela a matéria escura ou a gravidade modificada - precisa explicar isso."