10 de set. de 2010

Norte virou sul em poucos anos, afirma nova pesquisa

Folha de São Paulo - 04/09/2010

Rochas dos EUA guardam registro de mudança radical no campo magnético da Terra há 16 milhões de anos

DE SÃO PAULO

Uma dupla de geólogos dos EUA diz ter identificado, em antigas rochas, indícios de uma transformação radical no campo magnético da Terra: o norte teria virado sul, e vice-versa, em questão de poucos anos, afirmam.

O estudo, assinado por Scott Bogue, do Occidental College de Los Angeles, e Jonathan Glen, do Serviço Geológico dos Estados Unidos, está na revista científica "Geophysical Research Letters". Para chegar à conclusão, eles analisaram rochas vulcânicas no Estado de Nevada (sudoeste dos EUA).

ÍMÃ E CLIPE

Rochas vulcânicas são importantes para estudar o passado do campo magnético da Terra porque o ferro na composição delas responde ao magnetismo terrestre, do mesmo modo que um clipe de papel é atraído por ímãs.

Quando as rochas vulcânicas ainda estão esfriando e se solidificando, o ferro nelas se dispõe seguindo a orientação do norte magnético da Terra (é esse norte que as bússolas apontam). Depois que o mineral esfriou, essa orientação não se altera mais.

Assim, basta analisar a composição das rochas para saber para que lado ficava o norte magnético quando elas foram formadas.

Examinando as rochas em Nevada, Bogue e Glen verificaram que, há cerca de 16 milhões de anos, o campo magnético da Terra teria sofrido uma virada de 53 graus ao longo de apenas um ano (para completar a troca de norte por sul, são necessários 180 graus). Segundo a revista "New Scientist", havia dúvidas se uma mudança tão rápida seria possível.

Isso porque a hipótese mais aceita para as trocas de sul por norte defende que mudanças no metal líquido do centro da Terra, onde é gerado o campo magnético, é que seriam responsáveis pelas alterações. O tempo de poucos anos seria curto demais para que reviravoltas significativas acontecessem.

Por isso, outros pesquisadores, como Peter Olson, da Universidade Johns Hopkins, contestam a nova pesquisa, dizendo que os efeitos podem ter sido locais.

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