15 de mai. de 2015

Fatos históricos astronômicos

16/04/1178


Segundo lendas gregas, em 16 de abril de 1178 a.C. um eclipse solar marcou o retorno de Odysseus, o lendário rei de Ithaca, ao seu reino após a guerra de Troia.




17/04/1970


No dia 17 de abril de 1970, retornam à Terra, após seis dias no espaço, sãos e salvos, os astronautas norte-americanos James A. Lovell, Jr, Fred W. Haise, Jr. e John L. Swigert, Jr., tripulantes da acidentada missão Apollo 13, a sétima missão tripulada do Projeto Apollo e a terceira com intenção de pousar na Lua, mas não cumpriu a missão devido a um acidente durante a viagem de ida, causado por uma explosão no módulo de serviço, que impediu a descida no satélite.




18/04/1906


Um grande terremoto, de magnitude 7,9, ocorreu na região da cidade de San Francisco em 18 de abril do ano de 1906, atingindo toda a costa norte da Califórnia, Estados Unidos. O terremoto, cujo choque principal durou cerca de 42 segundos, ocorreu ao longo do terço mais ao norte da falha de San Andreas, tanto na direção norte como na direção sul, afetando um total de 477 quilômetros. Certas partes da superfície foram levantadas até 8,5 metros. Oficialmente, na época do acidente, só foram registradas 375 mortes. Devido ao racismo existente não foram contabilizadas as vítimas, centenas delas, do bairro chinês. Este foi o primeiro terremoto documentado tanto por fotografias como filmes.




19/04/1971


Em 19 de abril de 1971, foi lançada pela União Soviética a Salyut-1, a primeira estação espacial construída pelo ser humano colocada em órbita em torno da Terra. Sua existência foi, entretanto, bastante conturbada e trágica. Já no primeiro deslocamento de cosmonautas para a estação espacial graves problemas surgiram. Devido a uma falha no mecanismo de acoplamento, os três primeiros cosmonautas que deveriam permanecer na Salyut 1, levados ao espaço pela cosmonave Soyuz 10, não conseguiram entrar na estação espacial. A segunda tripulação, três cosmonautas levados ao espaço pela cosmonave Soyuz 11, após uma estadia de 23 dias na estação espacial abortaram sua permanência nela devido a um incêndio a bordo. Após se refugiarem na cosmonave Soyuz 11, os três cosmonautas morreram durante seu retorno à Terra devido a um vazamento do ar de sua cabine. A estação espacial nunca mais foi utilizada.




20-04-1972


Em 20 de abril de 1972, pousaram na Lua na região conhecida como montanhas Descartes, os astronautas norte-americanos da missão Apollo 16. Os astronautas John W. Young e Charles Duke Jr. permaneceram 71 horas 2 minutos e 13 segundos em solo lunar. Eles realizaram testes com o “lunar rover” pilotando-o a uma velocidade de 18 km por hora. O astronauta Thomas Ken Mattingly Jr. permaneceu em órbita em torno da Lua.





21-04-1994 


O astrônomo polonês Alexander Wolszczan anunciou a descoberta dos primeiros planetas extra solares. Em 1990 ele descobriu a pulsar PSR B1257+12 e a análise dos dados mostrou que dois planetas estavam em órbita em torno dela. Esses planetas tinham massas 4,3 e 2,8 vezes a massa da Terra e suas órbitas estavam a 0,36 e 0,47 unidade astronômica respectivamente.




23-04-1992 


Um grupo de cientistas norte-americanos anunciou no dia 23 de abril de 1992, ter encontrado, nos dados obtidos pelo satélite COBE, anisotropia na radiação de fundo de micro-ondas cósmica, uma descoberta científica fundamental que passou a ser popularmente conhecida como “semente primordial”. Esta descoberta deu aos cientistas norte-americanos John C. Mather e George F. Smoot o Prêmio Nobel de física de 2006. Acredita-se que essas “sementes primordiais”, que são perturbações de densidade, tenham iniciado a formação das estruturas que conhecemos no universo de hoje, tais como os aglomerados de galáxias.




24-04-2007


Em 24 de abril de 2007 o astrônomo suíço Stéphane Udry anunciou a descoberta de um planeta rochoso, Gliese 581c, localizado na chamada “região habitável” da estrela anã vermelha Gliese 581. Este planeta está a cerca de 11 milhões de quilômetros da sua estrela. Mas, como ela é menor e mais fria que o Sol, o planeta, apesar de muito próximo a ela, está dentro da chamada “zona habitável” da estrela. Isso faz com que os astrônomos considerem a possibilidade da existência de água em estado líquido na superfície do planeta. Se Gliese 581c é rochoso e tem um grande núcleo de ferro seu raio deve ser cerca de 50% maior do que o da Terra. Sua temperatura na superfície deve ser de cerca de -17o C. Sendo confirmadas suas propriedades, o planeta Gliese 581c será o primeiro planeta extrasolar “terrestre” encontrado até hoje (2007). A estrela Gliese 581 está a cerca de 20,5 anos-luz de nós (194 trilhões de quilômetros) e é a 87a estrela mais próxima da Terra.




25-04-1990


Nesse mesmo dia no ano de 1990, os astronautas norte-americanos Loren J. Shriver (comandante), Charles F. Bolden, Jr. (piloto), e os especialistas da missão Steven A. Hawley, Bruce McCandless II e Kathryn D. Sullivan, a bordo do Space Shuttle Discovery (missão STS-31), liberaram em órbita em torno da Terra, a cerca de 600 quilômetros de altitude, o Hubble Space Telescope, um telescópio refletor com espelho de 2,4 metros de diâmetro, projeto conjunto da NASA (Estados Unidos) e ESA (Comunidade Europeia).




26-04-2007


Em 26 de abril de 2007, o físico teórico inglês Stephen Hawking fez um voo de gravidade zero a bordo de um avião da Zero Gravity Corporation. Este voo é assim chamado porque o avião mergulha quase verticalmente e os passageiros, nestes momentos, experimentam a sensação de gravidade zero. O voo de Hawking fez oito mergulhos durante os quais ele pode sentir a simulação de gravidade zero sendo assim a primeira pessoa tetraplégica que experimentou essa sensação. Hawking possui uma doença irreversível chamada esclerose lateral amiotrófica (ou doença de Lou Gehrig). Segundo Hawking ele fez este voo com o intuito de aumentar o interesse do público pelo espaço sideral pois, segundo ele, “a raça humana não tem futuro se não for para o espaço”.




28-04-2001


Nesse mesmo dia no ano de 2001, o multimilionário norte-americano Dennis Anthony Tito tornou-se o primeiro “turista espacial”. Ele pagou todas as despesas (20 milhões de dólares) para realizar um voo espacial a bordo da cosmonave russa Soyuz TM-3. Durante sua estadia de 7 dias, 22 horas e 4 minutos no espaço ele descreveu 128 órbitas em torno da Terra.




30-04-2003


A circular da União Astronômica Internacional IAUC 8125 anunciou, em 30 de abril do ano de 2003, que um grupo de astrônomos da University of Hawaii, Estados Unidos, liderados pelo astrônomo norte-americano Scott S. Sheppard, havia descoberto mais um satélite de Júpiter que hoje tem o nome de Carpo.




01-05-1996


Neste mesmo dia no ano de 1996, a União Astronômica Internacional (IAU) adotou oficialmente o nome Plutão para o planeta descoberto pelo astrônomo norte-americano Clyde Tombaugh. O nome Plutão foi sugerido por uma estudante inglesa, Venetia Burney, de apenas 11 anos. Em 24 de agosto de 2006, a União Astronômica Internacional (UAI) criou uma definição de planeta formal, que fez Plutão deixar de ser planeta e ganhar a nova classificação de planeta anão, juntamente com Éris e Ceres.11 Depois da reclassificação, Plutão foi adicionado à lista de corpos menores do Sistema Solar. Porém, há cientistas que afirmam que Plutão não deveria ser considerado planeta anão, mas voltar a ser classificado como planeta.




03-05-1916


Foi fundada no Rio de Janeiro, no dia 03 de maio de 1916, a Sociedade Brasileira de Ciências. Henrique Morize, então Diretor do Observatório Nacional, foi seu primeiro presidente permanecendo no cargo até 1926. Em 1921, a Sociedade Brasileira de Ciências passou a ser chamada de Academia Brasileira de Ciências.




04-05-1925


Em 4 de maio do ano de 1925, o físico alemão Albert Einstein chegou ao Rio de Janeiro iniciando sua visita que duraria até o dia 11 deste mesmo mês. Ele se hospedou no Hotel Glória, visitou institutos de pesquisa, inclusive o Observatório Nacional, e fez palestras públicas sobre suas recém-criadas teorias. Einstein voltou à Europa no dia 12 de maio de 1925.



14 de mai. de 2015

Registros do primeiro experimento de gravidade artificial

Ela nos arrasta para baixo, puxa nossos membros desgastados, deixa nossos pés cansados, faz algumas partes de nosso corpo caírem. Mas ela também é um fator crítico para nosso bem-estar de longo prazo. Astronautas e cosmonautas que orbitaram a Terra nos últimos 60 anos descobriram que a gravidade zero e a microgravidade não nos fazem muito bem.

O corpo humano evoluiu em uma região curvada do espaço-tempo onde objetos experimentam uma aceleração quase uniforme de 9,81 m/s². O sangue e fluídos ficam pressurizados de acordo com essa aceleração, e as veias e artérias são pressionadas por músculos, de modo a não ficarem inconvenientemente acumuladas em nossos pés. Globos oculares são tensionados para manter uma forma oticamente adequada. E nosso microbioma é adaptado a um ambiente com movimentos definidos de subir e descer – especialmente quando o assunto é digestão.

Se um de nós for colocado em gravidade zero ou em microgravidade, as coisas ficam difíceis. Nosso sistema cardiovascular fica rapidamente confuso, e assim os fluidos se acumulam em locais onde normalmente não se acumulariam – daí a aparência de rostos inchados que viajantes espaciais podem desenvolver. Os olhos têm que se acomodar a forças incomuns. E para piorar ainda mais as coisas todos nós somos diferentes, e por isso cada indivíduo pode sofrer mudanças fisiológicas de vários níveis.

A ausência de gravidade por longos períodos de tempo é ainda mais séria. O crescimento e manutenção do esqueleto ficam comprometidos, e os minerais que normalmente seriam usados em ossos acabam coagulando nosso plasma sanguíneo e aumentando o risco de desenvolvermos cálculos renais e outras “delícias”. A contagem de hemácias diminui e nosso sistema imunológico mostra sinais de estar comprometido.

Então não é surpreendente que estejamos há tanto tempo tentando mitigar esses efeitos. Uma maneira de fazer isso é tentar criar gravidade artificial sempre que estivermos longe de um belo planeta massivo.

Um exemplo bem antigo dessas ideias data de 1896, quando o extraordinário cientista russo, Konstantin Tsiolkovsky, descreveu o uso de estruturas em rotação no espaço para explorar ‘forças’ centrífugas para simular a aceleração gravitacional. É só girar as coisas e, assim como acontece no experimento da pré-escola onde balançamos um balde cheio até a água ficar presa no fundo, produzimos uma aceleração estável sobre os objetos.

O icônico filme 2001: Uma Odisseia no Espaço, lançado em 1968, apresentou uma das melhores visualizações de como um habitat espacial rotatório poderia funcionar de fato (problemas de direitos autorais complicam uma reprodução aqui, mas a imagem ao lado,
retirada dos arquivos da NASA, é uma boa aproximação).

O primeiro experimento real com gravidade artificial foi realizado em setembro de 1966, quando a missão Gemini 11, da NASA, tripulada por Pete Conrad e Richard Jordan, se encontrou na baixa órbita terrestre com o Agena Target Vehicle (um estágio de foguete pesando 3.175 kg).

Uma de suas atividades era a fixação de um cabo de náilon com 30 metros de comprimento entre a cápsula Gemini e o Agena. A ideia era que, primeiro, ao estacionar a Gemini ‘acima’ do Agena, o cabo permanecesse esticado pela diferença do arrasto gravitacional nessa distância – isso não funcionou muito bem – segundo, que as duas naves pudessem se movimentar como um par de boleadeiras, uma ao redor da outra – seguradas pelo cabo e gerando gravidade artificial na direção do ‘chão’ da cápsula Gemini. Você pode assistir aos resultados aqui começando por volta dos 10 minutos e 30 segundos. Apesar das oscilações no cabo e de outros problemas com os veículos, tudo ficou temporariamente calmo depois de aproximadamente 20 minutos e, durante alguns momentos, uma diminuta gravidade artificial foi observada na cápsula Gemini. Cerca de 0,0005 G com 0,15 revoluções por minuto. Algum tempo depois, o cabo foi liberado.

É um pouco angustiante de assistir. E ainda mais angustiante de ler os detalhes sobre o que estava acontecendo. 

A aceleração produzida em um habitat giratório também apresenta outros desafios, porque seus ocupantes não permanecem estacionários.

Quando você se posiciona de pé sobre o ‘piso’ de um ambiente giratório, sua cabeça está sempre mais perto do eixo de giro, o que significa que seu crânio se move mais lentamente que seus pés. O que acontece quando você se abaixa para pegar algo, ou para amarrar seus sapatos? Da mesma forma, o que acontece quando você tenta caminhar? Nesses momentos, seu corpo tem que superar esse diferencial de velocidade e seu ouvido interno – com seus pequenos detectores de movimento cheios de fluidos – sente coisas muito estranhas acontecendo.

A Terra tem um raio grande o bastante em relação à sua massa para que o gradiente no campo gravitacional seja pequeno, e a diferença na aceleração gravitacional entre nossos pés e cabeças seja de apenas 0,000006 metros por segundo por segundo, ou cerca de 0,00006% (ignorando complicações de rotação planetária). Nós estamos adaptados a essa pequena alteração e não a percebemos. O mesmo não é necessariamente verdade dentro de uma nave espacial em rotação.

E as coisas também não param por aí. E quanto aos movimentos laterais? O simples ato de virar a cabeça em um habitat giratório envolve mudar quais partes do seu corpo ficam tangenciais ou perpendiculares à direção do giro, com possibilidades semelhantemente desagradáveis para seu ouvido interno.

Muitas dessas perguntas já foram consideradas com o passar dos anos, ainda que a maior parte do trabalho tenha sido realizado nos anos 1960 e 1970. Uma investigação particularmente detalhada foi realizada por Theodore Hall para sua tese de doutorado nos anos 1990 e grande parte desse material está disponível online – incluindo uma útil calculadora de gravidade artificial chamada de SpinCalc!

A conclusão é que precisamos manter o ambiente giratório grande em relação ao tamanho de um corpo humano (100 metros de raio seria bom), para minimizar as diferenças absolutas de velocidade entre cabeça e pés, e para manter o número de revoluções por minuto relativamente baixo (provavelmente menor que 3 ou 4). Também é preciso configurar tudo de modo que a velocidade do movimento circular seja significativamente maior que as velocidades típicas a que humanos caminham ou correm. De outra forma, se correr na direção contrária ao giro, você arriscaria negar a própria aceleração que o mantém preso ao solo!

A conclusão é que, assim como os astronautas da Gemini 11 descobriram na prática, produzir um sistema de gravidade artificial não é apenas um desafio de engenharia, mas também um desafio para refinar as coisas de modo a acomodar adequadamente o que humanos – ou qualquer outro organismo – conseguem suportar. Não é só ativar suas “rodinhas espaciais”.

13 de mai. de 2015

Satélite da NASA capta bela imagem na costa da Antártica

Imagem da NASA mostra território antártico (Foto: Jeff Schmaltz, LANCE/EOSDIS Rapid Response/NASA)

A fotografia acima, feita pelo instrumento MODIS da agência espacial americana, mostra o gelo sobre o mar da Antártica ao longo da Costa Princesa Astrid, território que pertence à Noruega.

As áreas brancas próximas ao continente (parte de baixo da foto) são o gelo marinho, enquanto que as áreas brancas mais acima são imagens de nuvens. A imagem foi feita em 5 de abril.

O MODIS (Moderate-Resolution Imaging Spectroradiometer) a bordo do Aqua é um instrumento especial capaz de detectar nuvens focos de calor, cobertura de neve e gelo e muitos outros aspectos da atmosfera, em alta resolução.

12 de mai. de 2015

Cientistas descobrem como prever terremotos


Um grupo de cientistas conseguiu registrar a mudança de comportamento dos animais selvagens antes de um terremoto e descobriu a que fenômeno isto está relacionado. Trata-se de um aumento importante de íons no ar da região afetada, cujo monitoramento permitirá aperfeiçoar a previsão de um risco sísmico em curto prazo.

Analisando os registros de câmeras localizadas no Parque Nacional Yanachaga, no Peru, analistas observaram que, 23 dias antes do terremoto de 7.0 da escala Richter ocorrido em 2011, o número de animais vistos na região foi reduzido de forma gritante. E o fato se agravou a tal ponto que, cinco dias antes do abalo, não foi registrada nenhuma movimentação da fauna.

Embora a reação dos animais diante da iminência de uma catástrofe natural tenha sido mencionada muitas vezes, esta é a primeira vez que ela se relaciona a um fenômeno complementar preciso: duas semanas antes do terremoto, começaram as perturbações na ionosfera da área que rodeia o epicentro sísmico. Oito dias antes, foi registrada uma flutuação muito grande de íons, que coincidiu com a diminuição drástica do número de animais. A teoria é que ambas as anomalias se devem à mesma causa: a atividade sísmica que gera uma acumulação de tensão na crosta terrestre, o que acarreta na ionização massiva do ar. E isto produziria efeitos secundários desagradáveis em animais, como um aumento nos níveis de serotonina na corrente sanguínea, provocando sintomas como a inquietação, agitação, hiperatividade e confusão. Ou seja, a alteração do comportamento dos animais que precede as catástrofes é finalmente elucidada, e estas podem, agora, ser evitadas.


11 de mai. de 2015

Aceleração da expansão do Universo pode ser menor do que se imaginava

Imagem do telescópio espacial Swift mostra supernova do tipo Ia (no destaque) detectada na galáxia M82, a 12 milhões de anos-luz da Terra: cientistas achavam que todas estas explosões de estrelas tinham um brilho uniforme, o que fez com que fossem usadas como réguas-padrão para medir distâncias cósmicas, o que agora não parece ser o caso - NASA/Swift

Na primeira metade do século XX, o astrônomo americano Edwin Hubble revelou que algumas das estranhas “nuvens” vistas no espaço eram na verdade galáxias como a nossa Via Láctea, só que muito mais distantes, ampliando enormemente os limites conhecidos do Universo. Mas Hubble não parou por aí: ao estudar a luz destas galáxias, ele mostrou que a grande maioria delas se afastava a altas velocidades de nós, chegando à conclusão de que o Universo também estava se expandindo. Já no fim do século passado, dois grupos de astrônomos, trabalhando de forma independente, fizeram uma descoberta ainda mais surpreendente: não só o Universo estava se expandindo, como a velocidade desta expansão estava aumentando. Este achado, que rendeu o Prêmio Nobel de Física de 2011 ao trio Saul Perlmutter, Brian Schmidt e Adam Riess, líderes das duas equipes, obrigou os cosmólogos as reverem suas teorias sobre a origem, constituição e futuro de nosso Universo, levando à introdução de uma força misteriosa, e de natureza ainda desconhecida, chamada energia escura, que seria a responsável por esta aceleração.

Agora, porém, a descoberta de que o brilho das supernovas do tipo Ia, poderosas explosões de estrelas usadas como padrão para medir distâncias cósmicas, pode apresentar pequenas variações deverá levar a uma nova revisão destes cálculos ao indicar que a aceleração na expansão do Universo é menor do que se imaginava e, por consequência, também a “força” exercida pela energia escura. Durante décadas, os astrônomos consideraram que estas supernovas - provocadas pela explosão de uma moribunda estrela anã branca que rouba material de uma companheira em um sistema binário até atingir uma massa crítica - tinham um brilho uniforme, o que fez com que fossem usadas como “réguas-padrão” do Universo, tal qual é possível dizer a distância que uma lâmpada de potência conhecida está com base em seu brilho aparente. É algo como se algumas das lâmpadas de 100 watts compradas em uma loja brilhassem como se tivessem potência de 105 watts, enquanto outras brilhassem como se tivessem 95 watts.

- Descobrimos que estas diferenças não são aleatórias e levam à separação das supernovas Ia em dois grupos, em que o que é minoritário nas nossas proximidades é majoritário a grandes distâncias, ou seja, quando o Universo era mais jovem – diz Peter Milne, astrônomo da Universidade do Arizona, nos EUA, e líder da equipe de pesquisadores responsável pelo achado, publicado na última edição do periódico científico “Astrophysical Journal”. - Temos diferentes populações (de supernovas Ia) lá fora que não foram reconhecidas. Presumíamos que ao ir de perto para longe as supernovas do tipo Ia eram iguais, mas isso não parece ser o caso.

Segundo Milne, como as supernovas Ia mais distantes pareciam menos brilhantes do que o esperado, isso fez os cientistas calcularem que elas também estavam mais longe que o esperado, chegando então à conclusão de que o Universo estava se expandindo a um ritmo mais rápido do que no passado. Mas unindo observações destas supernovas feitas com os telescópios espaciais Hubble (luz visível) e Swift (ultravioleta), Milne e sua equipe notaram que a luz das explosões mais próximas tende para a faixa vermelha do espectro, enquanto o brilho faz mais distantes tende para o azul.

“À medida que vamos para trás no tempo, vemos uma mudança na população de supernovas” conta Milne. “As explosões têm algo de diferente nelas, algo que não é tão aparente quando visto em luz visível, mas que podemos observar no ultravioleta. Como ninguém tinha percebido isso antes, todas estas supernovas foram colocadas no mesmo saco, mas se formos ver dez delas nas nossas proximidades, todas as dez parecerão em média mais avermelhadas do que uma amostra de dez supernovas distantes”, completa.

Embora ressalte que esta diferença não seja suficiente para contrariar a conclusão de que a velocidade de expansão do Universo está sendo acelerada pela energia escura, Milne destaca que pelo menos parte desta aceleração pode ser atribuída a estas tendências na “cor” dos dois grupos de supernovas do tipo Ia. Assim, esta aceleração seria menor do que a que se imagina atualmente, o que, por sua vez, requereria menos energia escura no Universo do que as teorias cosmológicas contabilizam hoje.


“Para deixar bem claro, nossa pesquisa não sugere que não haja aceleração, apenas que talvez ela seja menor. Nossos dados sugerem que talvez haja menos energia escura do que as teorias dizem hoje, mas não podemos quantificar isso. Até nosso estudo, as duas populações de supernovas foram tratadas como se fossem um só e, para chegar à resposta final, precisaremos refazer todo este trabalho (de cálculo da aceleração da expansão do Universo) separadamente para a população avermelhada e para a população azulada”, conclui Milne.

8 de mai. de 2015

Como os astronautas escovam os dentes, lavam os cabelos e comem no espaço?


Você já sabe que astronautas enviam fotos, tweets e até gravam videoclipes enquanto estão no espaço, mas e quanto as atividades mais comuns do dia a dia, como se exercitar ou até escovar os dentes? Como eles correm se ficam flutuando em gravidades zero e como conseguem colocar o creme dental na escova se a pasta também flutua? Dá para fazer tudo isso e muito mais, até mesmo um burrito! Confira abaixo uma série de vídeos que Chris Hadfield, ex-comandante da Estação Espacial Internacional, fez durante sua estada no espaço.

Escovar os dentes



Para evitar que pasta e espuma entrem pelo nariz, o astronauta usa uma bolsa d’água com um canudo para molhar a ponta da escova de dentes e enxaguar a boca. Não é tão difícil, mas também não é tão simples assim, afinal, precisar fazer uma “bolha d’água” para escovar os dentes, algo tão fácil e comum no nosso dia a dia, não pode ser a coisa mais prática do mundo.

Arrumar os Cabelos


A astronauta Karen Nyberg mostra como ela lava os longos cabelos loiros na EEI — com uma bolsa com água quente e shampoo sem enxágue. Todos os produtos e utensílios usados no banho, como espelho, pente, pote de shampoo, ficam presos por velcro em uma parede da estação — o que não é uma má ideia para se fazer em casa, mas não torna menos desesperador ficar sem tomar banho direito.

Lavar as mãos


Novamente a bolsa d’água, dessa vez cheia de água com um pouco de sabão sem enxágue.


Dormir


Hadfield explica que existem estações de sono para cada astronauta dentro da EEI. E dentro delas, um saco de dormir, que fica em pé. Confortável, não? Não parece, mas graças à gravidade zero, o corpo fica completamente solto, o que é bem confortável. Pelo menos é o que diz Hadfield.

Fazer a barba


“Essa requer um pouquinho mais de cuidado”, explica Hadfield, já que os pelos podem sair flutuando pela aeronave. Se isso acontecer, eles podem ser aspirados pelos astronautas ou grudar nos computadores. Para evitar isso, eles usam o AstroEdge, um creme de barbear feito especialmente para os astronautas, e um barbeador comum. Como não há pias na estação, a lâmina precisa ser limpa em papel toalha. O bigode, entretanto, precisa de um pouco mais de cuidado: um pequeno aspirador é usado nele.

Ir ao banheiro


A ex capitã da EEI Sunita Williams explica como funciona o banheiro a partir dos cinco minutos do vídeo acima. A privada é como uma privada qualquer, exceto que o vaso é bem menor do que o das nossas casas, ele só funciona para o número dois e “é preciso ter uma mira boa”, diz a capitã.

Chorar


Hadfield não chorou no vídeo, mas simulou com uma bolsa d’água. A água, ou lágrimas, formam uma “bola” sob os olhos do astronauta e ali ficam, com algumas gotículas flutuando perdidas pela espaçonave.

Comer


Sempre achei que astronautas ficavam limitados às rações quando em missões espaciais. Ledo engano. Eles têm, sim, comidas enlatadas e preparadas, mas eles recebem carregamentos de alimentos e vegetais frescos a cada três meses — que pode incluir, inclusive, bolo de chocolate — e com eles podem preparar alimentos mais elaborados, como o burrito do vídeo acima. Hadfield também mostra como ele cozinha espinafre desidratado no espaço. 

Este vídeo gravado pelo antigo comandante Mike Fincke mostra as principais instalações da Estação Espacial Internacional.


Chris Hadfield foi substituído por Scott Kelly há pouco tempo e, apesar de ainda não ter tido tempo de fazer uma série tão divertida como a do comandante anterior, ele já se mostrou dedicado a registrar toda o período que ficará no espaço. Você pode acompanhar a viagem de Kelly pela páginado Twitter dele ou pela hashtagh #YearInSpace.