25 de fev. de 2011

Exoplaneta habitável ainda é duvidoso

Scientific American Brasil - 23/02/2011


Uma nova análise não constatou a existência de Gliese 581g
por John Matson

Representação artística de Gliese 581do sistema planetário:
Lynette Cook
Ainda não arrume as malas para ir à Gliese 581g ─ o planeta extra-solar potencialmente habitável, anunciado em setembro.

Se existir, esse planeta é um mundo com cerca de três vezes a massa da Terra e orbita uma fraca estrela há 20 anos-luz do sol. Gliese 581g chamou atenção, pois a sua órbita o coloca em um estado habitável ─ onde pode existir água nos três estados, segundo os dados dos astrônomos americanos Paul Butler e Steven Vogt.



Uma equipe de europeus informou que os dados não oferecem qualquer comprovação de que Gliese 581g é habitável. Philip Gragory, da University of British Columbia, analisou os dados dos americanos Paul Butler e Steven Vogt, bem como dos europeus e chegou a uma conclusão ainda mais desiludia. Seu trabalho foi apresentado à Monthly Notices da Royal Astronomical Society.

Vogt e Butler encontraram evidências de seis planetas no sistema Gliese 581, incluindo o 581g. Mas Gregory, aplicando-se uma análise estatística para os mesmos dados de ambos, marcou uma detecção confiável de apenas dois planetas, ou quatro, com um pequeno ajuste. Ao isolar o conjunto de dados da equipe europeia, ele encontrou sinal de cinco planetas que orbitam a estrela Gliese. “A interpretação sistema de seis planetas de Vogt e Butler é certamente defeituosa”, explica Gregory.

Assim, a análise de Vogt e Butler sugere uma coisa, e análise de Gregório sugere outra, mas a verdade é que ambos os estudos foram realizados sobre os mesmos dados observacionais. A existência (ou não) de Gliese 581g provavelmente não será resolvida até que mais dados estejam disponíveis.



Detector prevê terremoto

Revista Pesquisa Fapesp
Edição Impressa - Fevereiro 2011


© VLADIMIR PLATONOW / WIKIMEDIA COMMONS
Antes do tremor rochas liberam gás radônio

Uma nova forma de prever terremotos foi desenvolvida na Universidade Nacional Autônoma do México, onde pesquisadores criaram um dispositivo de baixo custo capaz de detectar o gás liberado pelas rochas momentos antes da ocorrência do cataclismo. Presume-se que antes de um tremor as cavidades e fissuras das rochas do solo e das águas subterrâneas liberem gás radônio. Mas os detectores comerciais são muito caros para testes em ampla escala. O dispositivo criado pelos mexicanos tem o formato de um tubo de alumínio de 20 centímetros de comprimento e nove de largura. No interior possui cabos conectados em cada extremidade a eletrodos. Quando o radônio entra no tubo, ele expulsa as moléculas de ar, provocando uma corrente elétrica. A principal diferença do dispositivo para detectores existentes no mercado é o fato de ele trabalhar com o ar do ambiente. A tecnologia mostrou-se eficaz em testes laboratoriais e agora os pesquisadores buscam parceiros ao redor do mundo para fazer ensaios de campo e provar a viabilidade do aparelho, que deve custar entre U$ 66 e US$ 132.



Físicos criam garrafa para guardar antimatéria

Redação do Site Inovação Tecnológica - 24/02/2011



Antimatéria na prática


 

Físicos criam garrafa de antimatéria
As garrafas de antimatéria são formadas por múltiplos
compartimentos, chamados células, cujas paredes são
formadas não por matéria, mas por campos
magnéticos e elétricos.[Imagem: Clifford Surko]

A antimatéria ficou, durante muito tempo, restrita ao mundo da teoria e da ficção científica.
No campo da ciência, os teóricos continuam desbravando novos caminhos, e já propõem quematéria e antimatéria podem ser criadas do "nada".
Nos últimos anos, contudo, o desenvolvimento de tecnologias experimentais está permitindo manipular diretamente essa "contraparte negativa" da matéria em laboratório.
O ano passado, por exemplo, marcou a descoberta dapartícula de antimatéria mais estranha já vista, a demonstração de que pode ser possível construir umlaser de raios gama pela aniquilação de matéria e antimatéria e, finalmente, aantimatéria foi
 capturada pela primeira vez.

Tal sequência de feitos fez com que as pesquisas sobre antimatéria fossem eleitas as mais importantes de 2010.

Produção e armazenamento de antimatéria

Embora os físicos já produzam antimatéria em laboratório de forma rotineira, usando radioisótopos e aceleradores de partículas, resfriar essas antipartículas e armazená-las por qualquer período de tempo é outra história.

Tão logo a antimatéria entra em contato com a matéria ordinária ela é aniquilada, desaparecendo - juntamente com a matéria com a qual ela se chocou - em um clarão de radiação gama.

Agora, Clifford Surko e seus colegas da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, relataram seus últimos avanços na construção de uma "garrafa de antimatéria", o maior recipiente de antimatéria já construído.

Durante a reunião da Sociedade Americana para o Avanço da Ciência, Surko apresentou as novas técnicas capazes de criar estados especiais de antimatéria na forma de grandes nuvens de antipartículas, comprimir essas nuvens e gerar disparos de feixes de antimatéria - ideais para usos em experimentos de laboratório.

Garrafas de antimatéria

Nos últimos anos, os cientistas desenvolveram novas técnicas para armazenar bilhões de pósitrons - o equivalente de antimatéria do elétron - por várias horas e resfriá-los a baixas temperaturas, a fim de retardar seus movimentos para que eles possam ser estudados - criando moléculas de antimatéria, por exemplo.

Surko relatou que agora já é possível retardar os pósitrons gerados por fontes radioativas, levando-os a condições de baixa energia.

Isto permite que eles sejam guardados por dias em "garrafas de antimatéria" especialmente projetadas, cujas paredes são formadas não por matéria, mas por campos magnéticos e elétricos.

Eles também desenvolveram técnicas para resfriar a antimatéria a temperaturas tão baixas quanto as do hélio líquido e para comprimi-la em altas densidades.


Feixes de antimatéria

Físicos criam garrafa de antimatéria
Clifford Surko (centro) e seus colegas estão desenvolvendo o maior depósito de antimatéria já construído, que conterá um trilhão ou mais de antipartículas. [Imagem: Kim McDonald/UCSD]

"Pode-se, em seguida, empurrar a antimatéria para fora da garrafa em um fluxo fino, um feixe, de forma parecida com apertar um tubo de pasta de dente," disse Surko, acrescentando que há uma grande variedade de usos para esses feixes de pósitrons.

Atualmente, os pósitrons, ou anti-elétrons, são usados em exames de tomografia conhecidos como PET (Positron Emission Tomography: tomografia por emissão de pósitrons).

Na técnica da garrafa de antimatéria, os feixes de pósitrons serão usados de forma diferente.

"Estes raios oferecem novas formas de estudar como as antipartículas interagem ou reagem com a matéria comum," disse Surko. "Eles são muito úteis, por exemplo, na compreensão das propriedades superficiais dos materiais."

Depósito de antimatéria

Surko e seus colegas estão agora construindo o maior depósito de antimatéria do mundo, que irá armazenar pósitron de baixa energia - a armadilha será capaz de armazenar mais de um trilhão de partículas de antimatéria.

"Estamos trabalhando agora para acumular trilhões de pósitrons ou mais, em armadilhas formadas por múltiplas células, uma matriz de garrafas magnéticas semelhantes a um hotel com muitos quartos, com cada quarto contendo dezenas de bilhões de antipartículas," disse ele.

"Um entusiasmante objetivo de longo prazo do nosso trabalho é a criação de armadilhas portáteis de antimatéria," acrescentou Surko. "Isso aumentaria consideravelmente a capacidade de usar e explorar as antipartículas no nosso mundo de matéria, em situações onde é inconveniente usar os radioisótopos ou as fontes de pósitrons baseadas em aceleradores."

Qual é o futuro da Teoria das Supercordas?



Site Inovação tecnológica
Com informaçõse da Agência Fapesp - 24/02/2011



Qual é o futuro da Teoria das Supercordas?
.[Imagem: Cortesia Nature]



Revoluções teóricas

Desde sua origem no fim da década de 1960, a teoria das supercordas passou por inúmeras reviravoltas.

Em vários momentos ganhou novas interpretações, até se tornar a mais bem-sucedida resposta, até hoje, para um dos maiores desafios da física contemporânea: unificar a teoria da relatividade geral e a mecânica quântica.

Mas essa movimentada trajetória histórica está longe de chegar ao fim, segundo o físico norte-americano Edward Witten, do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de Princeton.

Witten recebeu, em São Paulo, o título de doutor honoris causa da Universidade Estadual Paulista (Unesp).


Para Witten, que é considerado um dos mais importantes físicos teóricos da atualidade, a teoria das supercordas deverá ganhar novas interpretações no futuro, adquirindo dimensões - e consequências teóricas - que ainda são completamente imprevisíveis.

"A teoria das supercordas alcançou um nível de desenvolvimento que, em cada um de seus estágios anteriores, ninguém jamais poderia conceber. Mas o processo de compreender o que realmente significa a teoria das supercordas ainda tem um longo caminho pela frente. Acredito que não estamos nada próximos de ver o fim desse caminho", disse.

Teoria das supercordas e Teoria-M

Desenvolvida a partir do fim da década de 1960, a teoria das supercordas é um modelo físico no qual os componentes fundamentais da matéria não são os pontos sem dimensão que caracterizam as partículas subatômicas na física tradicional, mas objetos extensos unidimensionais, semelhantes a uma corda.

Dependendo do "tom" da vibração dessas cordas, elas corresponderiam a cada partícula subatômica.

Witten é o criador da Teoria-M, que unifica as cinco diferentes teorias das supercordas existentes anteriormente.

O termo foi cunhado pelo cientista em 1995 e desencadeou a chamada "segunda revolução das supercordas".

A Teoria-M determina que a matéria é formada por membranas e que o universo flui através de 11 dimensões: o tempo, a altura, a largura, o comprimento e mais sete dimensões "recurvadas", com outras propriedades - veja Descoberta solução matemática para outras dimensões.


Interações subatômicas

De acordo com Witten, o processo de mudanças de interpretação que deu novos significados à teoria das supercordas, aumentando sua importância ao longo do tempo, está longe de terminar. "Ainda não podemos nem conceber o fim dessa jornada", disse.

Os físicos consideram que a origem da teoria das supercordas remonta à formulação da Amplitude de Veneziano. A descoberta, realizada em 1968 pelo italiano Gabriele Veneziano, sugeria que a amplitude de espalhamento explicava propriedades físicas, como a simetria e a dualidade, da interação forte entre as partículas subatômicas denominadas mésons.

"Só me envolvi com a teoria das supercordas no fim da década de 1970, por isso não sei o que teria pensado sobre essa descoberta na época. Mas, olhando retroativamente, acho surpreendente que essa pequena fórmula tenha-se tornado o ponto inicial de algo tão significativo", afirmou Witten.

Segundo ele, a proliferação de ressonâncias das partículas subatômicas, ou hádrons, levavam os físicos ao desespero quando tentavam descrever as interações fortes entre elas. "A descoberta de Veneziano sugeria que, se havia tantas ressonâncias de partículas, o espalhamento ressonante poderia ter um papel importante na interação dos hádrons", explicou.

A partir daí, segundo ele, desenvolveu-se a ideia de que um méson é uma pequena corda com cargas em suas extremidades. "As ressonâncias dos mésons, que correspondem aos pólos da amplitude de Veneziano, seriam estados vibratórios dessas cordas", disse Witten.





Gravitação quântica
Qual é o futuro da Teoria das Supercordas?
Diferentes níveis de visualização da matéria: 1)
cristal; 2) estrutura molecular (átomos); 3)
Átomo (prótons, nêutrons e elétrons);
 4) Elétron; 5) Quarks; 6) Cordas.
[Imagem: MissMJ/Wikimedia]





No entanto, a amplitude de Veneziano gerou descrições das interações fortes entre partículas que são

corretas apenas do ponto de vista quantitativo. Outras descrições melhores surgiram e, por alguns anos, a teoria das supercordas ficou no ostracismo.

"Desenvolvimentos posteriores mostraram que o aparente fracasso da teoria das supercordas para explicar as interações fortes não era definitivo. As outras descrições melhores aparentemente eram equivalentes a uma parte ainda não descoberta da teoria das supercordas", afirmou Witten.

O principal motivo para a sobrevivência da teoria, no entanto, é que, se ela era insuficiente para explicar as interações fortes, havia um outro problema da física para o qual ela estava correta: a gravitação quântica.

"A mecânica quântica e a gravidade existem no mundo real e, por isso, precisamos de uma teoria da gravitação quântica. Mas ela não pode ser compreendida com os algoritmos convencionais. A teoria das supercordas tinha as características para isso", disse.

Depois da formulação da Amplitude de Veneziano, segundo Witten, descobriu-se que a teoria era incompatível com a massa que se atribuía às partículas.


Alguns físicos, então, foram ousados o suficiente para propor que a teoria das supercordas havia sido mal interpretada: as cordas eram muito menores do que se havia imaginado e descreviam a gravitação quântica.

"Com isso, a teoria foi conduzida novamente para uma nova direção que não poderia ter sido prevista antes", disse.


Supersimetria e supergravidade e membranas

Esse processo de transformação continuou ao longo dos anos e uma das consequências desse desenvolvimento foi perturbadora: a teoria estabelecia que o Universo deveria ter dez dimensões espaciais, além do tempo.

"Isso deve ter parecido uma piada, na época. Mas, quando a teoria foi reinterpretada como uma candidata para unificar todas as teorias de partículas e forças elementares, as dimensões extras deram abertura para que se derivasse toda a complexidade do mundo real a partir de um ponto inicial", disse Witten.

Os físicos descobriram então a supersimetria, descoberta que o norte-americano considera como a principal contribuição que a teoria das supercordas trouxe para prever tudo de novo que pode ser descoberto na física de partículas.

"A supersimetria levou ao tema extraordinariamente rico da supergravidade - que é a consequência da supersimetria ao descrever a gravidade. A supersimetria e a supergravidade são na verdade o topo de um iceberg muito maior: a teoria das supercordas se baseia em um novo tipo de geometria que nós ainda não entendemos", afirmou.

De alguma maneira, segundo Witten, existe um novo tipo de geometria que não permite que se fale de "pontos" ou "linhas" no espaço-tempo, mas na qual se pode falar de superfícies mínimas quânticas.

"Depois disso, alguns físicos começaram a se perguntar: por que parar nas cordas? Por que não membranas? Havia uma boa resposta para isso: as cordas funcionam melhor que as membranas por causa das propriedades únicas dos números complexos. Mas, agora, sabemos que as membranas e os objetos de maior dimensão não são parte de uma teoria alternativa. São, de fato, parte da teoria das supercordas", afirmou.


Dualidade eletromagnética

Enquanto isso, outra ideia era desenvolvida para desafiar os paradigmas então estabelecidos pela teoria das supercordas: a dualidade eletromagnética. Em meados da década de 1990, várias pistas sugeriam que a simetria entre os campos elétricos e magnéticos tinha importância estrutural para a teoria das supercordas.

"A implicação mais direta era o fato de que a dualidade eletromagnética é importante na supergravidade. As várias vertentes - como as membranas e a dualidade eletromagnética - foram integradas na metade da década de 1990, gerando um novo paradigma", ressaltou.

A partir daí, a teoria só pode ser compreendida em termos de mecânica quântica. "Mas ela não podia ter apenas uma 'roupagem quântica'. Para entendê-la, seria preciso, de certa forma, que ela desse uma nova interpretação do que significa a mecânica quântica", disse.

Sendo assim, de acordo com Witten, chegou-se a um novo paradigma: só havia uma teoria das supercordas e ela se tornara a única candidata à superunificação das leis da natureza.

"Na década de 1990, a visão predominante sobre o que significa a teoria das supercordas e sobre como se pode tentar entendê-la foi, mais uma vez, imensamente amplificada. Podemos perguntar: o que vem agora? Qual a próxima grande mudança de perspectiva? Difícil saber. Talvez já tenha havido, na última década, mais uma mudança de interpretação na teoria, mas é difícil identificá-la sem o devido distanciamento", disse.

Discos protoplanetários são fotografados pela primeira vez

Thomas Henning Max Pla - 23/02/2011


Discos protoplanetários são fotografados pela primeira vez


Esta é a primeira vez que discos protoplanetários de tamanho comparável ao nosso próprio
Sistema Solar foram detectados tão claramente.
[Imagem: MPIA / Christian Thalmann]


 
Discos protoplanetários

Astrônomos obtiveram pela primeira vez imagens detalhadas de discos protoplanetários de duas estrelas.

Acredita-se que os planetas se formem a partir de discos de gás e poeira que circundam estrelas jovens. Assim, observar esses locais é como fazer uma viagem ao passado da Terra e de seus irmãos.

Esta é a primeira vez que discos protoplanetários de tamanho comparável ao nosso próprio Sistema Solar foram detectados tão claramente, revelando características como anéis e espaços vazios que estão associados com a formação de planetas gigantes.

Os dois discos protoplanetários agora detectados diretamente estão ao redor da jovem estrela LkCa 15, que fica a cerca de 450 anos-luz da Terra, na constelação de Touro, e da estrela AB Aur, na constelação de Auriga, a uma distância de 470 anos-luz da Terra. Esta última é ainda mais jovem, com idade de apenas um milhão de anos.


Discos protoplanetários são fotografados pela primeira vez
A imagem do disco protoplanetário foi feita pelo Telescópio
Subaru, no Havaí. [Imagem: Christian Thalmann) & NAOJ]


Formação dos planetas


A teoria atual sustenta que uma estrela recém-nascida deixa ao seu redor um disco de matéria, uma espécie de gigantesco anel.

Por processos ainda não bem compreendidos, aglomerados dessa matéria vão se juntando, até que sua própria gravidade torna-se suficientemente forte para comprimi-los em corpos densos, que chamamos planetas.

As observações são parte de um levantamento sistemático em busca de planetas e discos ao redor de estrelas jovens, usando uma câmera estado-da-arte, de alto contraste, concebida especificamente para este fim e instalada no telescópio Subaru, no Havaí.



O instrumento HiCIAO conseguiu o feito inédito usando duas técnicas: uma compensação da distorção gerada pela atmosfera da Terra e o bloqueio físico da própria luz da estrela cujos arredores se quer observar.

Bibliografia:

Imaging of a Transitional Disk Gap in Reflected Light: Indications of Planet Formation Around the Young Solar Analog LkCa 15
Thalmann, C. et al.
Astrophysical Journal Letters
Vol.: 718, p. L87-L91

Redação do Site Inovação Tecnológica - 22/02/2011



Planeta X pode ter sido detectado
Concepção artística de um planeta muito distante do Sol,
cuja existência poderá ser confirmada pela análise dos
dados do Telescópio WISE, da NASA.
[Imagem: NASA/JPL-Caltech]


FAQ do Planeta X

O observatório espacial WISE, da NASA, pode ter encontrado um quase mitológico Planeta X, um filho rebelde do Sol que prefere viver bem longe de casa.

Embora tenha sido lançado com a expectativa de encontrar umaEstrela X, parece que o Planeta X parece ser um achado mais provável da sonda.

O observatório WISE já terminou sua coleta de dados e atualmente está em hibernação no espaço, à espera de um possível uso futuro, enquanto os cientistas trabalham sobre os dados.

Uma divulgação preliminar das primeiras 14 semanas de dados está prevista para Abril de 2011, e a versão final da pesquisa completa está prevista para março de 2012.

Contudo, nesta semana, a NASA divulgou uma sugestiva coleção de perguntas e respostas sobre a teoria do Planeta X.

A reportagem se refere a um artigo de John Matese e Daniel Whitmire, onde os cientistas defendem que os dados coletados pelo WISE podem ter registrado o Planeta X, que eles chamam de Tique (Tyche), a irmã boazinha da deusa Nêmesis.

Telescópio WISE

WISE é um telescópio que enxerga o universo em infravermelho. Seu nome é uma sigla para Wide-field Infrared Survey Explorer - pesquisa exploratória em infravermelho com visão de campo largo, em tradução livre.

Lançado em dezembro de 2009, ele escaneou uma vez e meia o céu inteiro em quatro comprimentos de onda do infravermelho, capturando mais de 2,7 milhões de objetos no espaço, de galáxias distantes até asteroides e cometas relativamente próximos à Terra.

Como continuava em boa saúde ao final dessa que era sua missão primária, o WISE completou uma missão estendida, na qual foi feita uma varredura completa do cinturão de asteroides, e duas varreduras completas do universo mais distante, em duas faixas de infravermelho.

Até agora, contam entre as descobertas da missão vários corpos celestesanteriormente desconhecidos, incluindo uma estrela uma anã marrom ultrafria, 20 cometas, 134 objetos próximos da Terra (NEOs), mais de 33.000 asteroides no cinturão principal entre Marte e Júpiter e até um belíssimo pássaro celeste.

• Galáxias e cometas marcam estreia do telescópio Wise

Planeta X pode ter sido detectado
Escondido nos dados captados pelo telescópio WISE, os astrofísicos acreditam estar um planeta joviano desconhecido, em uma longa órbita ao redor do Sol. Aqui, a Via Láctea observada em infravermelho. [Imagem: NASA]



Planeta X

Alguns astrônomos afirmam que pode existir um enorme planeta, maior do que Júpiter, orbitando o Sol, mas com uma órbita tão distante que o colocaria dentro de uma estrutura chamada Nuvem de Oort.

A Nuvem de Oort é ela própria uma estrutura hipotética, uma espécie de depósito que os astrônomos acreditam ser a fonte de todos os cometas que atravessam o Sistema Solar.

Veja abaixo os esclarecimentos divulgados pela NASA, na forma de um FAQ do Planeta X.

Quando os dados do WISE poderão confirmar ou descartar a existência do hipotético planeta Tique?

É muito cedo para saber se os dados do WISE confirmam ou descartam um objeto grande na Nuvem de Oort. Serão necessárias análises ao longo dos próximos dois anos para determinar se realmente o WISE detectou esse mundo ou não.

As primeiras 14 semanas de dados, que serão divulgadas em Abril de 2011, provavelmente não serão suficientes. O levantamento completo, com divulgação prevista para Março de 2012, deverá proporcionar mais informações.

Depois que os dados do WISE forem totalmente processados, liberados e analisados, a hipótese da existência de Tique, feita por Matese e Whitmire, poderá então ser testada.

É certeza que o WISE teria observado tal planeta, se ele existir?

É provável, mas não uma conclusão definitiva, que o WISE poderia confirmar ou não se Tique existe.

Como o WISE examinou o céu inteiro uma vez, e depois cobriu o céu inteiro novamente em duas de suas bandas infravermelhas seis meses depois, ele poderia ver uma mudança na posição aparente de um grande planeta na nuvem de Oort, nesse período de seis meses.

As duas bandas utilizadas na segunda varredura do céu foram escolhidas para identificar estrelas frias muito pequenas - as anãs marrons - que são muito parecidas com planetas maiores do que Júpiter, como se supõe que Tique seria.

Se Tique existe de fato, por que teria levado tanto tempo para encontrarmos um outro planeta do nosso Sistema Solar?

Tique seria muito frio e com um brilho tênue demais para que um telescópio de luz visível pudesse captá-lo.

Telescópios sensíveis na faixa do infravermelho podem captar o brilho de um objeto assim, se estiver olhando na direção certa.

O WISE é um telescópio sensível de infravermelho que olha em todas as direções.

Por que o planeta hipotético é chamado de Tique, e por que escolher um nome grego quando os nomes de todos os outros planetas derivam da mitologia romana?

Na década de 1980 foi sugerida a existência de um companheiro diferente do Sol.

Propôs-se que esse objeto, batizado com o nome da deusa grega Nêmesis, explicaria as extinções em massa periódicas na Terra.

Nêmesis teria uma órbita altamente elíptica, perturbando os cometas na Nuvem de Oort aproximadamente a cada 26 milhões de anos, enviando uma chuva de cometas em direção ao interior do Sistema Solar.

Alguns desses cometas teriam se chocado com a Terra, causando resultados catastróficos para a vida.

Análises científicas mais recentes já não dão apoio à ideia de que as extinções na Terra acontecem em intervalos regulares. Assim, a hipótese de Nêmesis não é mais necessária.

No entanto, é possível que o Sol tenha um companheiro distante, nunca visto, em uma órbita mais circular, com um período de alguns milhões de anos - que não causaria efeitos devastadores para a vida na Terra.

Para distinguir esse objeto da malévola Nêmesis, os astrônomos escolheram o nome de sua benevolente irmã na mitologia grega, Tique.

• Existirá de fato um Planeta X?

• Telescópio Wise vai procurar Estrela X, asteroides ameaçadores e muito mais

• Existirão vidas em outros universos?

Bibliografia:

Persistent evidence of a jovian mass solar companion in the Oort cloud
John Matese, Daniel Whitmire
Icarus - International Journal of Solar System Studies
February 2011
Vol.: 211, Issue 2, Pages 926-938
DOI: 10.1016/j.icarus.2010.11.009

Máquinas do tempo do futuro podem ser detectadas hoje

David Lindley - Physical Review Focus - 21/02/2011




Uma partícula quântica pode viajar ao longo de um loop
no tempo e continuamente voltar ao mesmo momento
no tempo de sua interação com outra partícula, sem criar
qualquer paradoxo - mas ela deve seguir algumas regras
bem restritivas.[Imagem: iStockphoto/head-off/PRF]
 Paradoxo do avô

As viagens no tempo não são descartadas pela relatividade geral, embora possam criar problemas para as leis do senso comum.

Agora, uma equipe de físicos está propondo um novo modo de verificar a possibilidade ou a impossibilidade de estados quânticos que viajam para a frente e para trás no tempo.

O novo critério automaticamente desautoriza versões quânticas do "paradoxo do avô", segundo o qual uma pessoa viaja de volta no tempo e mata seu antecessor, garantindo assim a sua própria morte.

A equipe também realizou um experimento que ilustra o mecanismo de anulamento desse paradoxo.



Loops temporais

A relatividade geral, a teoria de Einstein do espaço e do tempo, permite a existência de loops temporais, as chamadas curvas temporais fechadas (CTCs na sigla em inglês: closed timelike curve) - rotas que avançam no tempo e, em seguida, voltam novamente para reconectar-se e formar circuitos fechados, também conhecidas como linhas lorentzianas do tempo.

Embora ainda não esteja claro se as CTCs podem ser criadas, os físicos têm explorado suas possíveis consequências, incluindo a sua influência na mecânica quântica.

Um evento quântico comum pode envolver duas partículas que se movem para frente no tempo, alterando-se mutuamente ao interagir em algum momento e, então, seguem caminhos separados rumo ao futuro.

No entanto, se uma das partículas, seguindo seu próprio futuro, entrar em uma CTC, ela pode voltar e reassumir sua posição como uma das partículas anteriores à interação - influenciando assim a sua própria transformação.

Estados quânticos

Em 1991, o físico David Deutsch, da Universidade de Oxford, propôs uma condição de consistência para evitar paradoxos nas viagens no tempo: uma partícula que volta no tempo desta forma, ao reaparecer no passado imediato à interação, deverá estar no mesmo estado quântico que estava quando partiu da interação para o futuro.

Para ver como essa condição funciona, imagine uma partícula quântica tendo estados chamados 0 e 1. Ela viaja em uma CTC e, em seu retorno, interage com uma partícula "externa" de tal forma que o 0 se torna 1 e o 1 se torna 0.

Tal partícula apresenta o paradoxo quântico do avô: quando ela volta pelo circuito, ela altera seu antigo "self" para o estado oposto.

No entanto, Deutsch mostrou que é possível alcançar a consistência se a partícula estiver em uma superposição- um estado que tem simultaneamente os dois valores, 0 e 1.

A interação altera o 0 em 1, mas o estado geral mantém-se inalterado. Para que isso funcione, a partícula externa também deve estar em uma superposição.

Universos paralelos

O paradoxo é evitado, mas o problema reaparece se a partícula externa for medida.

Nesse momento ela não poderá continuar em seu estado de superposição, devendo tornar-se definitivamente 0 ou 1 - o que significa que a partícula na CTC também não poderá permanecer em uma superposição.

Para preservar a coerência, Deutsch argumentou que a partícula CTC deve existir em dois universos paralelos - um "universo 0" e um "universo 1" - e continuamente alternar entre esses dois universos, de modo que nenhuma contradição ocorra em qualquer um deles.

Lorenzo Maccone e seus colegas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos EUA, e da Universidade de Pavia, na Itália, propõem uma condição mais rigorosa que evita essas dificuldades.


Máquinas do tempo do futuro podem ser detectadas hoje
A equipe descobriu que somente os fótons que não geram os paradoxos passaram incólumes pelo experimento. [Imagem: RLE/MIT]
















 
Impossibilidade de alterar o passado

Eles exigem que qualquer medição da partícula que está indo para o futuro produza o mesmo resultado gerado em sua medição quando ela retornar do passado.

Assim, não se permite qualquer estado que possa alterar o passado quando ela voltar no tempo, impedindo o surgimento do paradoxo do avô.

Talvez de forma surpreendentemente, Maccone afirma que "nós ainda podemos ter CTCs mesmo com essa condição forte."

De antemão, somente podem existir estados que evitem os paradoxos após a interação - por isso a equipe chama sua condição de "pós-seleção."

Simulação da viagem no tempo

Para demonstrar essas ideias, a equipe realizou um experimento com fótons, mostrando que a condição de consistência de fato escolhe estados específicos e destrói todos os demais.

Por falta de uma CTC real para realizar a pós-seleção, a equipe criou fótons em um estado quântico específico para a entrada, um estado onde a polarização não era conhecida e nem medida, mas tinha uma correlação com outra propriedade, associada com a trajetória do fóton.

Conforme o fóton atravessava o experimento, ele passou por mudanças que imitam a alternância de 0 para 1 que ocorre no imaginado arranjo da viagem no tempo.

A equipe descobriu que somente os fótons que não geram os paradoxos passaram incólumes pelo experimento.

Embora o resultado esteja de acordo com o esperado, ninguém havia simulado a viagem no tempo desta forma antes.

Detecção de futuras máquinas do tempo

Uma consequência estranha da pós-seleção é que, como a presença de um CTC anula completamente os estados paradoxais, ela pode impedir alguns estados que hoje parecem inócuos, mas que podem ter consequências inaceitáveis no futuro.

"Em princípio, pode-se detectar a existência futura de máquinas do tempo procurando-se por desvios atuais nas previsões da mecânica quântica," afirma Todd Brun, da Universidade da Califórnia do Sul, em Los Angeles.

Embora, segundo ele, seja difícil saber de antemão o que exatamente se deve medir em busca de tais desvios.

• Viagem no tempo derrota a Mecânica Quântica

Bibliografia:

Closed Timelike Curves via Postselection: Theory and Experimental Test of Consistency

Seth Lloyd, Lorenzo Maccone, Raul Garcia-Patron, Vittorio Giovannetti, Yutaka Shikano, Stefano Pirandola, Lee A. Rozema, Ardavan Darabi, Yasaman Soudagar, Lynden K. Shalm, Aephraim M. Steinberg

Physical Review Letters
28 January 2011
Vol.: 106, 040403
DOI: 10.1103/PhysRevLett.106.040403

Quantum mechanics near closed timelike lines
David Deutsch
Physical Review D
15 November 1991
Vol.: 44, 3197-3217 (1991)
DOI: 10.1103/PhysRevD.44.3197

Descoberta forma de detectar buracos negros diretamente

Redação do Site Inovação Tecnológica - 18/02/2011



Técnica poderá detectar buracos negros diretamente
A seção retangular dessa imagem mostra a variação de fase
da luz gerada na vizinhança de um buraco negro rotativo,
também conhecido como quasar. O formato em parafuso 
 uma representação da luz com momento angular orbital.
[Imagem: Nature Physics]



Faz muito pouco tempo que os cientistas descobriram que a luz pode ser torcida até produzir uma onda em formato de parafuso.

Isso, contudo, parece ser algo natural para a luz que passa nas proximidades de um buraco negro.

Esta é a conclusão de simulações feitas por uma equipe de físicos da Itália e da Suécia.

Momento angular orbital

Tudo acontece nas vizinhanças de buracos negros que giram em alta velocidade - aparentemente o tipo mais comum de buraco negro no Universo.


 
Ao redor desses corpos ultradensos, o espaço-tempo se contorce, segundo a Teoria da Relatividade.

Quando a luz entra nessa região, concluem os cientistas, suas ondas normalmente planas também se torcem, assumindo um formato de parafuso, com uma alteração em uma propriedade chamada momento angular orbital.

E essa propriedade pode ser medida com os equipamentos adequados - sua medição se tornaria então a primeira técnica capaz de detectar diretamente um buraco negro.

• Brasileiros criam técnica para medir rotação da luz

O estudo tem um impacto direto sobre duas áreas que desafiam os cientistas e que cativam o imaginário popular: os próprios buracos negros e a Teoria da Relatividade.

Detectando buracos negros

Ainda que sua existência seja largamente aceita pela comunidade científica, um buraco negro nunca foi observado diretamente. Os astrofísicos os estudam observando a rotação de discos de matéria ao seu redor.

Embora absorvam qualquer coisa que cruze seu horizonte de eventos, inclusive a luz, acredita-se que os buracos negros emitam um tênue jato de fótons, conhecido como radiação de Hawking. Mas essa radiação é tão fraca que é mascarada pelaradiação cósmica de fundo do Universo, não podendo ser detectada com os meios conhecidos até agora.


Técnica poderá detectar buracos negros diretamente
Esta região do céu mostra o que seria observado com um telescópio se o eixo de rotação do buraco negro estiver inclinado em um ângulo de 45 graus em relação ao observador. [Imagem: Nature Physics]

Mas a variação no momento angular orbital pode se tornar uma ferramenta precisa o suficiente para filtrar a radiação de Hawking e detectar diretamente um buraco negro.

Isto poderia ser feito por futuros telescópios, equipados com sensores capazes de detectar a variação nessa propriedade da luz, medindo sua fase - o quanto ela está torcida.

Testando a Teoria da Relatividade

A proposta fornece também um método para testar diretamente a Teoria da Relatividade.

Se a variação no momento angular orbital da luz for de fato detectado, isso significará que a teoria de Einstein está prevendo corretamente o que acontece ao redor de um corpo super maciço como um buraco negro.

Se os dados não concordarem com isto, pode ser que a Teoria da Relatividade não seja assim tão ampla e não esteja contando a história toda sobre o espaço-tempo.

E não será preciso esperar tanto para checar essa possibilidade. Os cientistas propõem que isto poderá ser feito com radiotelescópios, incluindo o Very Long Baseline Array (VLBA), um sistema de dez radiotelescópios distribuídos do Havaí ao Caribe.

Bibliografia:

Twisting of light around rotating black holes
Fabrizio Tamburini, Bo Thidé, Gabriel Molina-Terriza, Gabriele Anzolin
Nature Physics
13 February 2011
Vol.: Published online
DOI: 10.1038/nphys1907

Núcleo da Terra gira mais devagar do que se pensava

Portal Geofísica Brasil

Um grupo de geofísicos descobriu que o núcleo da Terra roda muito mais devagar do que se pensava afetando o nosso campo magnético, segundo um artigo publicado hoje na revista Nature Geoscience.

Desenvolvido pelo Departamento de Ciências da Terra da Universidade de Cambridge, o estudo refere que o núcleo da Terra gira muito mais lentamente do que se pensava e que na realidade a velocidade de rotação diminui um grau a cada milhão de anos.

"Descobrimos que a velocidade de rotação provém da evolução da estrutura hemisférica e assim demonstramos que os hemisférios e a rotação são compatíveis", explicou Lauren Waszek, autor do estudo.

Até agora, assinalou o geofísico da Universidade de Cambridge, este era um importante problema da geofísica "já que as rápidas velocidades de rotação eram incompatíveis com os hemisférios observados no núcleo interno".

Para obter estes resultados, os cientistas utilizaram ondas sísmicas que atravessaram o núcleo interno do planeta, 5200 quilómetros abaixo da superfície da Terra, e compararam-nas com o tempo de viagem das ondas refletidas na superfície do núcleo.

Depois observaram as diferenças na rotação dos hemisférios este e oeste e comprovaram que giram de maneira consistente em direção de este para o interior, pelo que a estrutura mais profunda é a mais velha.

Estas descobertas são importantes porque o calor produzido durante a solidificação e o crescimento do núcleo interno dirige a convecção do fluido nas camadas externas do núcleo. Estes fluxos de calor dão origem aos campos magnéticos que protegem a superfície terrestre da radiação solar e sem os quais não haveria vida na Terra.

Lauren Waszek disse que os resultados trazem uma perspetiva adicional para compreender a evolução do nosso campo magnético.

Lusa - 20/02/2011

LHC dará força a teoria unificadora da física

Folha de São Paulo - 23/02/2011

ENTREVISTA EDWARD WITTEN 

Edward Witten no Instituto de Física Teórica da Unesp, em São Paulo, defende teoria das supercordas
Edward Witten durante o curso que deu no Brasil
Daniel Marenco/Folhapress 


FÍSICO AMERICANO DIZ QUE ACELERADOR DE PARTÍCULAS TRARÁ EVIDÊNCIAS EM FAVOR DE EXPLICAÇÃO DEFINITIVA DO UNIVERSO.

SABINE RIGHETTI
DE SÃO PAULO



O físico e matemático americano Edward Witten é hoje um dos principais nomes da teoria das cordas: uma ideia antiga da física que afirma que as menores unidades formadoras da matéria e da energia (incluindo a luz) são cordas vibratórias.

Apesar de ainda não ser comprovada, já que as cordas nunca foram "vistas", Witten aposta que a teoria terá avanços significativos nos próximos anos.

O cientista ficou conhecido internacionalmente ao encabeçar uma revolução recente na física teórica. Ele e seus colegas uniformizaram cinco variantes das cordas, em 1995, ao criar a "teoria M", hoje considerada a versão mais robusta da ideia.

Em entrevista à Folha, enquanto esteve no Brasil para um curso no Instituto de Física Teórica da Unesp (Universidade Estadual Paulista), ele disse que os aceleradores de partículas, como o LHC, poderão validar a teoria em breve -um grande passo para uma visão definitiva das leis que regem o Universo.


Folha - O sr. é hoje um dos principais nomes da teoria das cordas. Como explica as cordas e o fato de não haver ainda comprovação para ela?

Edward Witten - Na física moderna, há duas teorias importantes: a mecânica quântica, que trata dos átomos e das partículas subatômicas, e a teoria da relatividade, de Albert Einstein, que trabalha as grandes escalas do Universo. As cordas são uma tentativa de unir essas duas teorias a partir de um modelo único que descreva, com eficiência, as diferentes forças da natureza [a teoria das cordas descreve a formação da matéria ao afirmar que a menor unidade da matéria são "cordas" em movimento].



Mas há quem diga que as cordas são quase uma "profecia", já que não há dados experimentais sobre elas.

A teoria não tem nada de profética. Alguns cientistas não a entendem direito e não compreendem porque ela ainda não foi comprovada. Outras teorias da física, como a mecânica quântica, estão mais desenvolvidas. Só isso.



Essa comprovação virá pelos experimentos com os aceleradores de partículas?

A teoria das cordas tem mais de 40 anos, mas ainda faltam algumas explicações.

Os aceleradores de partículas como o LHC [o acelerador de partículas mais potente do mundo, que fica em Genebra, na Suíça] podem explicar a natureza e revelar indícios de outras dimensões. Por isso, poderão contribuir para explicar as cordas.

As cordas [conforme postulado pela teoria] vibram em 11 dimensões, sendo três dimensões espaciais, a dimensão do tempo e outras tantas que não conseguimos perceber. Os aceleradores podem mostrar isso. Eu conheço alguns cientistas que trabalham no LHC, e temos mantido contato. Não acho que a comprovação da teoria venha em dez anos, como dizem por aí. Nem sei de onde veio a ideia de "dez anos". A comprovação pode vir antes.



A teoria também trata da origem da matéria. Por que existe uma obsessão para explicar o começo de tudo?

Porque isso é realmente fascinante. Há muitas perguntas sem resposta. É normal que a gente queira achar respostas, e existem muitas possibilidades sendo levantadas. Há físicos que dizem que o Universo está dentro de um buraco negro. Não há evidências suficientes para isso, mas a ideia faz sentido. Se o Universo estiver num buraco negro, ele será o máximo que você conseguirá enxergar. E, como os buracos negros são realmente muito grandes, sim, nós podemos estar dentro de um deles.



Como começou o seu interesse pela ideia das cordas?

Eu tinha colegas trabalhando com as cordas na década de 1980, e eles tiveram progressos significativos em 1984. Acabei entrando cada vez mais nessa área até chegar, em 1995, à teoria M [que une variações da teoria].



O que significa a letra M no nome dessa teoria? Há quem diga que a letra simboliza as palavras "mãe" ou "mistério" ou especulações de que o M seria o prenúncio de uma futura teoria.

Nunca quis criar polêmica com o nome da teoria M. Alguns dos meus colegas acharam que eu havia descoberto a teoria da membrana [de que as cordas teriam um aspecto em duas dimensões, em formato de membrana ou folha de papel].

Por isso, resolvi usar a primeira letra da palavra "membrana", e ficou "teoria M". Vamos deixar que o tempo nos diga se o "M" representa uma membrana ou não, no fim das contas.



Essa é a sua segunda vez no Brasil. Qual é a sua impressão sobre a ciência brasileira?

Eu estive no Brasil há alguns anos, no Rio de Janeiro, mas é a primeira vez que venho a São Paulo. Estou gostando muito da minha experiência na Unesp. Tenho trabalhado com o físico Nathan Jacob Berkovits [coordenador do curso da Unesp]. Agora está sendo ótimo conhecer os estudantes brasileiros e ter uma experiência internacional nessa área.

Além das cordas, o senhor tem algo que goste de fazer fora dos laboratórios?

Gosto de ficar com minha família, meus três filhos e minha neta. Também gosto de jogar tênis algumas vezes por semana. Mas acredito que sou melhor na ciência do que nas quadras de tênis.



RAIO X EDWARD WITTEN


NASCIMENTO

26 de agosto de 1951 em Baltimore (Estado americano de Maryland)

FAMÍLIA

Casado com Chiara Nappi, física da Universidade de Princeton, tem duas filhas, um filho e uma neta. Seu irmão Matt é roteirista dos seriados "House" e "Law and Order"

CARGO ATUAL

Professor de física matemática do Instituto de Estudos Avançados de Princeton

PRÊMIOS

Vencedor do Prêmio Albert Einstein e da Medalha Fields, o "Nobel" da matemática

Críticos atacam teoria por ser muito abstrata


REINALDO JOSÉ LOPES

EDITOR DE CIÊNCIA



A dificuldade de achar evidências experimentais sobre a teoria das cordas é tão proverbial que foi parar até no seriado cômico "The Big Bang Theory".

"Não dá para provar a teoria das cordas. O máximo que dá para dizer é "Ei, minha ideia tem consistência lógica interna'", zomba um dos protagonistas da série, o físico Leonard (seu colega de república, Sheldon, é defensor ferrenho da ideia).

Na verdade, é natural que a abstração esteja nas raízes da teoria. Ela nasceu como tentativa de unificar dois reinos da física que não conversam: o do muito grande, basicamente governado pela gravidade, e o do muito pequeno, onde se aplicam as leis da mecânica quântica.

No contexto da teoria, tanto as partículas conhecidas, como os elétrons, quanto os hipotéticos grávitons, supostas partículas da gravidade, são fruto de um único fenômeno: a vibração das cordas.

O que muda é o tipo de vibração -mais ou menos como as cordas de um instrumento musical podem produzir notas diferentes dependendo da maneira como são tocadas.

Até aí tudo bem. O problema é que a validade da ideia depende da crença de que o Universo tem mesmo regras unificadas. E sempre há a chance de elas não existirem, afinal.

Ciência, fé e as três origens

Folha de São Paulo - 20/02/2011


MARCELO GLEISER

A compreensão científica dos vários
fenômenos da natureza deveria fortalecer
a nossa espiritualidade


UMA EXCELENTE ILUSTRAÇÃO da intersecção entre a ciência e a religião ocorre quando refletimos sobre o que chamo de "as três origens": a do Universo, a da vida e a da mente.

Por milênios, mitos de criação de todas as partes do mundo vêm tecendo explicações para esses três grandes mistérios. No meu livro "A dança do Universo" (Ed. Companhia das Letras, 2006), explorei alguns dos temas míticos que reaparecem na ciência, em particular na cosmologia, no estudo do Universo.

Precisamos conhecer nossas origens. E, desde os primórdios, olhamos para os céus em busca de respostas. Hoje, sabemos que somos aglomerados de poeira estelar dotados de consciência. Para desvendar nossa misteriosa origem, precisamos saber de onde vieram as estrelas, como a matéria não viva se transformou em matéria viva e como essa virou matéria pensante.

Mitos de criação atribuem as três origens a forças sobrenaturais, capazes de realizar feitos que nos parecem impossíveis. Grande parte do conflito entre a religião e a ciência se deve à tensão entre esses dois modos antagônicos de explicação.

Qualquer entidade que, por definição, existe além das leis naturais está além da esfera da ciência.

Será que as três origens podem ser explicadas pela ciência, sem a interferência de entidades sobrenaturais? Em caso afirmativo, religiões baseadas em entidades que existem além das leis naturais teriam que sofrer revisões profundas.

Isso não significa que, caso a ciência venha a entender as três origens, não teremos mais uma conexão espiritual com a natureza. Pelo contrário, a compreensão dos fenômenos naturais, dos mais simples aos mais profundos, deveria apenas fortalecer nossa espiritualidade. A racionalidade e a espiritualidade são aspectos complementares.

Religiosos ou não, poucos resistem ao fascínio da criação. As perguntas que fazemos hoje foram já feitas há milênios de anos na savana africana, nas pirâmides do Egito, nas colinas do monte Olimpo e na selva amazônica. O que mudou foi a natureza da explicação.

A cosmologia nos mostra que o Universo surgiu há 13,7 bilhões de anos. Podemos reconstruir sua história a partir de um segundo após a criação -um grande feito do intelecto humano. Mas ainda não podemos ir até a origem. Podemos afirmar que todos os seres vivos na Terra, presentes e extintos, dividem um ancestral em comum, um ser unicelular que viveu em torno de 3,5 bilhões de anos atrás. Mas não entendemos a origem da vida em si e nem sabemos se a questão pode ser respondida de forma definitiva: talvez existam várias origens da vida.

Entendemos menos ainda o cérebro, esse fantástico aglomerado de cerca de 100 bilhões de neurônios que define quem somos. Porém, através da ressonância magnética, detectamos as atividades de grupos de neurônios que trabalham como numa orquestra sem maestro.

Se podemos ou não entender as três origens através da ciência é matéria para futuros ensaios. Precisamos destrinchar as questões relacionadas com a natureza e com os limites do conhecimento.

São as questões não respondidas que servem de motivação para os cientistas. O destino final importa menos do que o que aprendemos no meio do caminho.


MARCELO GLEISER é professor de física teórica no Dartmouth College, em Hanover (EUA), e autor do livro "Criação Imperfeita"

24 de fev. de 2011

Aprovado manual de uso da marca do governo

23/02/2011 12:40 - Portal Brasil



O slogan “Governo Federal, Brasil - País Rico é País sem Pobreza” passa agora a nortear todas as peças publicitárias do governo federal. Uma portaria da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República, publicada no Diário Oficial da União desta quarta-feira (23), aprova o Manual de Uso da Marca do Governo Federal. A logomarca foi desenvolvida pelos publicitários João Santana e Marcelo Kertész, que a doaram ao governo.

Blog do Planalto Ampliar Novo slogan passa a nortear todas as peças publicitárias do governo federal O texto da portaria informa ainda que a peça e material publicitário produzidos com a marca até aqui vigente poderão continuar a ser divulgados até o término da campanha, ação ou material, em atenção ao princípio da economicidade, a ser ponderado pelo órgão ou entidade responsável.

O parágrafo único do art. 1º diz que “a edição do Manual prevista no caput deste artigo decorre da criação da logomarca que, doravante, identificará as ações de publicidade do Poder Executivo Federal”.

Em discurso pronunciado nesta semana, por ocasião da reunião com governadores do Nordeste, a presidenta Dilma Rousseff afirmou que considera que a síntese colocada no dístico tem um motivo:

“Por muitos e muitos anos, no Brasil, se acreditou que o brasil podia ser rico com milhões de pobres, cidadãos e cidadãs brasileiras pobres. País rico é um país sem pobreza significa a profunda consciência que tem de ter o País, o seu governo e a sociedade de que não haverá nenhum país rico, efetivamente rico, se ele conviver com a situação de pobreza que nós ainda convivemos”, afirmou aos governadores.

Fonte:
Blog do Planalto

 







Foto na web mostra momento após terremoto destruidor na Nova Zelândia

G1 - 24/02/2011 09h53


Foto de origem desconhecida registra os momentos seguintes ao terremoto que atingiu a cidade de Christchurch, na Nova Zelândia (Foto: Reprodução/Telegraph)
Foto de origem desconhecida registra os momentos seguintes ao terremoto que atingiu a cidade de Christchurch, na Nova Zelândia (Foto: Reprodução/The Telegraph)


Imagem mostra intensa nuvem de poeira envolvendo prédios e casas.

Abalo de magnitude 6,3 deixou pelo menos 92 mortos em Christchurch.


Do G1, em São Paulo


Uma foto divulgada nesta quinta-feira (24) pela imprensa internacional mostra o momento em que a cidade de Christchurch, na Nova Zelândia, é atingida pelo terremoto de magnitude 6,3 da terça-feira (22). A imagem panorâmica mostra uma intensa nuvem de poeira envolvendo casas e prédios. Segundo a imprensa, a origem da foto é desconhecida.
O primeiro-ministro da Nova Zelândia, John Key, informou nesta quinta que chegou a 92 o número de mortos por causa do tremor. Key disse ainda que o número de fatalidades pode subir, pois há 238 pessoas desaparecidas nos escombros de edifícios e casas.
O balanço oficial do governo é diferente do divulgado pela polícia local. Segundo o chefe da polícia de Christchurch, Dave Cliff, o número de mortos é de 98, e o de desaparecidos, 226.

Na quarta (23), o primeiro-ministro declarou estado de emergência nacional devido ao tremor. Na terça (22), o prefeito de Christchurch, Bob Parker, já havia declarado estado de emergência. Para evitar saques, foi declarado toque de recolher na cidade.
O premiê avaliou que a reconstrução de Christchurch custará entre US$ 6 bilhões e US$ 8 bilhões, embora alguns analistas calculem que os danos podem superar os US$ 16 bilhões.

Leia mais em:

Terremoto de magnitude 6,3 atinge cidade ao sul da Nova Zelândia

Chega a 92 o número de mortos na Nova Zelândia após terremoto


Veja abaixo como ocorrem os terremotos.
Fonte: Portal G1