31 de mai. de 2012

Eclipse parcial da Lua acontece no dia 4 de junho

Observatório Nacional


No Brasil, o fenômeno será registrado ao amanhecer e não terá boa visibilidade

No próximo dia 4 de junho, ocorre um eclipse parcial da Lua. No Brasil, o fenômeno será registrado ao amanhecer, entre 5h48 e 6h59, quando a Lua estará se pondo, e por isso não terá boa visibilidade.

O eclipse é a ocultação temporária de um astro quando entra na sombra de outro. Assim, o eclipse lunar se dá quando a Terra fica entre o Sol e a Lua. Pode ser total, quando o astro fica totalmente escuro; parcial, quando apenas parte dele entra na área de sombra; ou penumbral, quando não chega a entrar no sombreamento.

De acordo com Josina Oliveira do Nascimento, pesquisadora da coordenação de Astronomia e Astrofísica do Observatório Nacional (ON), o fenômeno do próximo dia 4 não terá boa visibilidade porque será ao amanhecer, com o céu clareando. Além disso, no período em que o eclipse poderá ser visto do Brasil, a Lua estará com uma pequena parte na umbra e quase toda na penumbra, ou seja, o satélite não será totalmente encoberto pela sombra da Terra. O fenômeno terá uma aparência de uma “mordida” em um dos lados da Lua.

Inscrições abertas para Escola de Inverno em Astronomia 2012

 

O Observatório Nacional realizará uma Escola de Inverno em Astronomia, voltada prioritariamente para alunos de graduação nas áreas de Ciências Exatas (a partir do 3º ano), bem como aos diplomados nessas áreas. Outros níveis de escolaridade poderão ser aceitos se houver vagas.

Observações: 
* O curso é inteiramente gratuito;
* Somente as pessoas inscritas terão acesso aos mesmos.

Outras informações e inscrições no site www.on.br


Local: Auditório do Observatório Nacional 
_____________________________________ 
Observatório Nacional - MCT
R. Gal. José Cristino, 77
20921-400, Bairro Imperial de São Cristóvão
Rio de Janeiro, RJ - Brasil 



Telescópio vê além de camadas de poeira na galáxia Centaurus A

G1

Galáxia emite radiação em grandes comprimentos de onda.
Novo telescópio em construção no Chile fez a imagem.



Galáxia Centaurus A, vista pelo telescópio Alma com grandes comprimentos de onda (Foto: ALMA (ESO/NAOJ/NRAO); ESO/Y. Beletsky)

O Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês), projeto internacional que conta com participação brasileira, publicou nesta quinta-feira (31) uma foto com qualidade inédita da galáxia Centaurus A, que enxerga além de suas camadas de poeira.

A poeira cósmica presente na região obscurece o centro da galáxia nas imagens que estavam disponíveis até então. Contudo, essa galáxia emite grande quantidade de radiação. Em seu centro, que é bastante luminoso, fica um buraco negro que tem 100 milhões de vezes a massa do Sol.

saiba mais:

O Alma, que ainda está em construção no norte do Chile, conseguiu captar comprimentos de onda de cerca de 1,3 milímetros, bem maiores que os do espectro visível, para observar a região.

Os tons de verde, amarelo e laranja revelam a posição e o movimento das nuvens de gás na galáxia. As regiões mais verdes correspondem ao gás que vem em direção à Terra, enquanto as mais alaranjadas mostram o gás que se afasta.



Coordenação de Astronomia do Observatório Nacional convida para Seminário

Observatório Nacional



DESENVOLVIMENTO DE INSTRUMENTAÇÃO ASTRONÔMICA NO LNA

Data: 31/05/2012 (hoje)
Horário: 15h30
Local: Auditório do Observatório Nacional


Autor: Dr. Bruno Castilho
Instituição: LNA/MCTI

Resumo:


Com a criação do Observatório do Pico dos Dias em 1980 a instrumentação óptica começa a dar seus primeiros passos no desenvolvimento de instrumentos astronômicos ópticos, mas ainda a instrumentação no Brasil é incipiente. Com a entrada do Brasil no consórcio de fabricação do telescópio SOAR um novo desafio se apresenta: o contrato do SOAR inclui a instalação pelo Brasil de dois instrumentos de grande porte para este telescópio. O LNA junto com outros institutos inicia entao o desenvolvimento nas areas de fibras opticas, metrologia, controle e eletronica, que formam hoje a base de desenvolvimento de instrumentacao astronomica optica no Brasil. Apresento o desenvolvimento dos instrumentos e laboratorios de instrumentacao do LNA em conjunto com os outros insitutos e universidades da astronomia brasileira, os sucessos (e fracassos) e as perspectivas nesta area para os prósimos anos.


28 de mai. de 2012

Astrônomo brasileiro dá novo rumo à busca pelo Planeta X


Jornal do Brasil, 23 de maio de 2012

A busca por evidências da existência do Planeta X – o misterioso planeta hipotético no limite de nosso sistema solar - tomou um novo rumo graças aos cálculos de um astrônomo brasileiro. Rodney Gomes, astrônomo do Observatório Nacional do Brasil, no Rio de Janeiro, afirma que as órbitas irregulares de pequenos corpos gelados além de Netuno implicam que um planeta quatro vezes maior que a Terra está girando em volta do nosso sol nas bordas do sistema solar. As informações são do site do jornal britânico Daily Mail.

Gomes mediu as órbitas de 92 objetos do cinturão de Kuiper - pequenos corpos e planetas anões - e afirmou que seis desses objetos pareciam ser arrastados para fora de curso em comparação com suas órbitas esperadas.

Na terça-feira, Gomes contou aos pesquisadores da Sociedade Americana de Astronomia que, provavelmente, a razão para essas órbitas irregulares fosse um companheiro solar de massa-planetária - um corpo distante do tamanho de um planeta que é poderoso o bastante para mover os objetos do cinturão de Kuiper. Ele sugere que o planeta seria quatro vezes do tamanho da Terra - quase do tamanho de Netuno - e estaria 1,5 mil vezes mais longe do sol do que o nosso planeta.

Mesmo estando em cima do muro, outros astrônomos aplaudiram os métodos utilizados pelo brasileiro. Rory Barnes, da Universidade de Washington, falou à National Geographic que Gomes "traçou um caminho para determinar como um planeta seria capaz de 'esculpir' partes do nosso sistema solar". "Por enquanto, a evidência ainda não existe. Eu acho que o principal ponto que ele demonstrou é que há maneiras de encontrar essas evidências. Mas não acho que haja provas de que o planeta realmente está lá", afirmou Barnes.

"Para mim, é surpreendente que um companheiro solar tão pequeno quanto Netuno possa ter os efeitos que ele Rodney Gomes vê. Mas eu conheço Rodney e tenho certeza de que ele fez os cálculos corretos", disse Hal Levison, do Instituto de Pesquisa do Sudoeste em Boulder, Colorado.

Rodney Gomes é Pesquisador Titular do Observatório Nacional



Robô capta imagem espetacular da desolação de Marte

Redação do Site Inovação Tecnológica

Robô capta imagem espetacular da desolação de Marte
Além da paisagem, chama a atenção a poeira acumulada nos painéis solares do robô, depois de 2.880 dias marcianos em operação. [Imagem: NASA/JPL-Caltech/Cornell/Arizona State Univ.]


Beleza desolada

O robô marciano Opportunity da NASA capturou essa espetacular imagem da desolada paisagem de Marte.

Além de sua própria sombra, o robô, que está explorando Marte desde Janeiro de 2004, capturou uma longa porção da cratera Endeavour, que ele continuará a explorar quando o inverno marciano passar.

O Opportunity está estudando a borda ocidental da cratera Endeavour desde que chegou lá em agosto de 2011. Esta cratera se estende por 22 km de diâmetro.

Além da paisagem, chama a atenção a poeira acumulada nos painéis solares do robô marciano, que não conseguem gerar energia elétrica suficiente para uma operação de trabalho normal durante os meses de inverno, quando o Sol fica baixo demais no horizonte de Marte.

Mosaico de fotos

O robô usou sua câmera panorâmica entre as 4h30 e 5h00 da tarde para capturar imagens obtidas através de diferentes filtros, aqui combinadas para formar este mosaico.

A fim de dar ao mosaico um aspecto retangular, algumas pequenas porções das bordas do solo e do céu foram preenchidas com partes de uma imagem capturada anteriormente, como parte de uma visualização panorâmica de 360 graus do mesmo local.

O mosaico combina cerca de uma dúzia de imagens obtidas através de filtros com comprimentos de onda de 753 nanômetros (infravermelho próximo), 535 nanômetros (verde) e 432 nanômetros (violeta).

A vista é apresentada em cor falsa para permitir uma diferenciação entre os materiais mais fáceis de ver, como as ondulações na areia e dunas escuras no chão distante da cratera.



Brasileiro vê indícios de um novo planeta no Sistema Solar


Folha de S. Paulo

Órbitas de pequenos astros além de Netuno seriam pista de corpo ainda desconhecido

SALVADOR NOGUEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A análise das órbitas dos objetos que ficam além de Netuno parece sugerir a existência de outro planeta, ainda desconhecido, no Sistema Solar. A ideia audaciosa partiu de Rodney Gomes, astrônomo do ON (Observatório Nacional), no Rio de Janeiro.

Especialista em dinâmica orbital, Gomes atingiu alto grau de respeitabilidade por estudos anteriores, que sugeriam que Urano e Netuno podem ter trocado de posição nos primórdios da história solar. Ele apresentou seus mais recentes resultados na reunião da Sociedade Astronômica Americana.

Os astrônomos presentes julgaram que o trabalho é sólido, mas apontam, com razão, que ainda falta muito para que se possa dizer que o tal planeta existe de fato. O próprio Gomes concorda.

Um dos problemas é que há múltiplas possibilidades que explicam o padrão de órbitas visto nos objetos do cinturão de Kuiper (do qual Plutão, ex-planeta, faz parte), que Gomes investigou.

Um novo planeta explicaria, por exemplo, a estranha órbita de um objeto similar a Plutão, conhecido como Sedna, e de uma população de astros do tipo, com dimensões modestas para serem tidos como planetas, que seguem órbitas muito ovais.

Mas Gomes ainda não pode prever como seria esse planeta. Talvez ele seja tão grande quanto Netuno, numa órbita radicalmente distante (225 bilhões de km, quase 40 vezes mais longe que Plutão).

"Posso apenas dizer que planetas com certas relações entre massa e distância do Sol causariam uma 'superpopulação' de corpos de alto semieixo maior [ou seja, com órbitas bem ovais]", diz ele.

De toda forma, é uma análise interessante que deve reacender a busca pelo chamado Planeta X -expressão usada desde que o astrônomo Percival Lowell, no início do século 20, incentivou a busca por um outro mundo solar além de Netuno.

Até agora, houve dois alarmes falsos: Plutão (achado em 1930, acabou sendo inicialmente classificado como planeta para depois ser rebaixado) e Éris (cuja descoberta, em 2005, levou à reclassificação plutoniana). Será que a terceira tentativa é a boa?




O que dinossauros nos ensinam

MARCELO GLEISER 


A história das colisões na Terra mostra que, se a história tivesse sido outra, não estaríamos aqui 

Às vezes, a morte vem de lugares inesperados. Para um dinossauro que vivia há 65 milhões de anos, o maior perigo eram outros dinossauros, especialmente o "T. rex", que só temia outros como ele. 

Porém, mesmo que algumas populações de dinossauros estivessem em declínio já antes da extinção, o que deu cabo deles foi a colisão cataclísmica de um asteroide de 10 km de diâmetro. 

O impacto deixou uma cratera de 150 km na península de Yucatán, no México. É difícil imaginar que uma única colisão possa causar tamanho dano. Mas uma rocha que viaja a 30 km por segundo (150 vezes mais veloz do que um jato) deposita uma energia no seu impacto equivalente a 100 mil vezes a energia da detonação simultânea de todas as bombas termonucleares que existiam na Guerra Fria. O refluxo de matéria viajou até a metade da distância entre a Terra e a Lua. 

Nuvens de poeira bloquearam o sol durante meses e a temperatura caiu vertiginosamente. Após a poeira se assentar, um efeito estufa acelerado fez com que a temperatura subisse rapidamente; mais de 50% das espécies desapareceram. 

Esse não foi o único impacto na Terra ou o que mais destruiu a vida. Felizmente, esse tipo de colisão é raro, ocorrendo em média a cada 30 milhões de anos. Uma das mais recentes ocorreu em 1908 em Tunguska, na Sibéria, destruindo cerca de 30 km2 de floresta com a energia de 185 bombas de Hiroshima. Esse tipo de impacto, com frequência média de cem anos, pode causar sérios danos, mas não extinções globais. (No caso de Tunguska, o fragmento explodiu antes do impacto.) 

Será que isso pode acontecer de novo? A Nasa tem um programa dedicado à caça de asteroides e cometas, com eficiência de cerca de 75%. 

Asteroides ou cometas considerados ameaças globais podem ser detectados com dois anos de antecedência. Uma missão poderia ser enviada com o intuito de desviar a órbita do asteroide, evitando o impacto, como explico no livro "O Fim da Terra e do Céu". 

A história das colisões que ocorreram na Terra nos ensina algo crucial sobre a vida: se a história tivesse sido outra, a vida aqui teria evoluído de forma diferente e não estaríamos aqui. Nossa existência é produto de eventos cósmicos de dimensão apocalíptica, acidentes que causaram mudanças drásticas nas condições terrestres, afetando as espécies e destruindo muitas delas. 

Quando o balanço ecológico muda, mudam o equilíbrio dinâmico entre presa e predador e a distribuição de alimentos. A pressão ambiental leva a novas condições que vão beneficiar certas espécies em detrimento de outras. 

Como cada planeta tem a sua história e nenhuma é idêntica, mesmo supondo que outras "quase-Terras" existam pela galáxia afora e que a vida exista nesses planetas, ela terá características diferentes. Consequentemente, humanos só existem aqui, resultado dos detalhes da história única de nosso planeta. 

A história da vida num planeta reflete a história da vida do planeta. Como histórias planetárias não são duplicáveis num universo finito, somos únicos no Universo. Uma boa lição que os dinossauros nos ensinam, especialmente naqueles dias em que você não se sente lá muito importante. 

MARCELO GLEISER é professor de física teórica no Dartmouth College, em Hanover (EUA), e autor de "Criação Imperfeita". Facebook:goo.gl/93dHI



Asteroides atingiram a Terra e a Lua há 4 bilhões de anos


Veja
Astronomia


Análise de rochas lunares coletadas durante a missão Apollo 16 permitiu aos cientistas concluir que asteroides, e não cometas, foram os principais responsáveis pelo bombardeio que atingiu o centro do Sistema Solar

asteroides
Há cerca 4 bilhões de anos, a Lua, a Terra e outros planetas rochosos foram
bombardeados por uma chuva de asteroides (Dan Durda/FIAAA)

Um estudo publicado na última edição da revista Science indica que asteroides - e não cometas - foram os principais causadores da série de bombardeios que atingiu a Terra e a Lua há aproximadamente 4 bilhões de anos.

Entre 3,8 e 4 bilhões de anos, o centro do Sistema Solar sofreu uma série de bombardeios de corpos celestes que atingiu os planetas rochosos: Venus, Terra e Marte e também a Lua. "Foi esse fenômeno, que ficou conhecido como Bombardeio Pesado Tardio, o responsável pela formação das crateras lunares. Já na Terra, as marcas desse episódio não são tão facilmente percebidas, já que a superfície terrestre está em constante processo de erosão", explica Fernando Roig, pesquisador do Observatório Nacional, no Rio de Janeiro, que não participou do estudo.



Saiba mais

MODELO DE NICE
É a hipótese de que os planetas gasosos do Sistema Solar (Júpiter, Saturno, Urano e Netuno) migraram até suas atuais posições a partir de uma distribuição inicial mais compacta. O deslocamento desses planetas originou muitos asteroides, que, posteriormente, foram atraídos em direção ao interior do Sistema Solar. Alguns dos asteroides chocaram-se violentamente contra a Terra, a Lua e outros corpos. O modelo ganhou esse nome porque seus defensores estavam ligados ao Observatório de Côte d’Azur, na cidade de Nice, na França.




A equipe responsável pelo estudo, liderada por Katherine Joy, do Centro de Ciência e Exploração Lunar — órgão ligado à Nasa — analisou fragmentos de rochas lunares coletadas durante a missão Apollo 16, quinto pouso na Lua, realizado em 1972.

A análise mostrou que esses fragmentos são bastante homogêneos e semelhantes a um tipo de asteroide. A pouca diversidade do material analisado leva os cientistas a acreditarem que os bombardeios realizados há 4 bilhões de anos foram causados principalmente por asteroides.

Essa descoberta traz uma nova perspectiva para a discussão de quais corpos celestes teriam sido responsáveis pelo fenômeno: até então não se sabia se ele tinha sido causado por cometas, asteroides ou por uma combinação dos dois.

"Muito provavelmente, essa 'chuva' foi formada tanto por cometas quanto por asteroides, mas o estudo mostra que foi prioritariamente causada por asteroides", explica Roig.

O pesquisador indica que, ainda que o estudo não explique o que pode ter causado esse fenômeno, ele vai ao encontro do Modelo de Nice, que acredita que o movimento dos planetas rochosos no início do Sistema Solar foram os causadores da chuva de asteroides.

Próximas descobertas — Os pesquisadores vão continuar analisando pedras lunares para tentar entender a fundo o que aconteceu na nossa vizinhança cósmica há aproximadamente 4 bilhões de anos.

"Estudos adicionais de amostras lunares obtidas de outros locais e a identificação de outros tipos de projéteis vai nos possibilitar uma avaliação estatística da diversidade dos fenômenos causadores dos impactos", afirma Katherine.

Em estudo recentemente publicado na revista Nature, um grupo de pesquisadores defende que essa “chuva” de asteroides pode ter durado muito mais do que se pensava e pode ter promovido a vida na Terra.




A Terra é um 'planeta água'? Nem de longe!

Blog Só Ciência


A imagem que eu – e provavelmente muitos de vocês – tinha da Terra como um planeta de água abundante, com aquela imensa esfera azul com mais de dois terços cobertos por oceanos, acaba de literalmente ir por terra. No assustador gráfico acima, o USGS, serviço geológico dos EUA, pegou toda a água da Terra e calculou qual seria o tamanho de um planeta feito só com a água que temos aqui.

Pois bem, juntando tudo, deu uma esfera de 1385 quilômetros de diâmetro, pouco mais que a distância aérea do Rio a Salvador e bem menor que o raio da nossa Lua. Mas o cenário fica ainda pior. Se formos considerar apenas a água doce de aquíferos, pântanos, rios e lagos, nosso “planeta água” diminui para cerca de 273 quilômetros de diâmetro, ou pouco mais que a metade do asteroide Vesta, segundo maior corpo do cinturão entre Marte e Júpiter. Por fim, levando em consideração só a água doce facilmente disponível de rios e lagos de onde toda a vida do planeta tira a maior parte do que necessita, a esfera diminui para meros 56,2 quilômetros de diâmetro, mais ou menos o raio do asteroide 596 Scheila (é aquela minúscula bolinha um pouco acima da Flórida!).

Diante disso, agora eu entendi porque os bilionários que pretendem minerar asteroides veem na água um recurso em potencial tão importante para seu negócio...



21 de mai. de 2012

Com foco em áreas estratégicas, INCT de Astrofísica consegue salto de produtividade

21/05/2012
Por Fábio de Castro


Balanço dos três anos de atividade do instituto registra aumento contínuo
de publicações em revistas de alto impacto.
Em 2011, pesquisadores ultrapassaram marca de 200 artigos (foto:SOAR)


Agência FAPESP – Com investimentos focados em metas estratégicas, o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Astrofísica (INCT-A) conseguiu produzir um salto na produtividade de seus pesquisadores, com um grande avanço em publicações nas revistas científicas de mais alto impacto. Os resultados acabam de ser divulgados em um relatório de avaliação das atividades do INCT-A em seus três anos de existência.

De acordo com o balanço, os pesquisadores ligados ao instituto publicaram 202 artigos científicos em revistas indexadas em 2011. Desse total, 85% dos artigos foram publicados em revistas definidas como Qualis A pela Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (Capes). O relatório informa também que no INCT-A, desde o início do programa, a produtividade por pesquisador tem crescido a uma taxa média de 8% ao ano.

Financiado pela FAPESP e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o INCT-A conta com 173 cientistas doutores ativos em pesquisa, distribuídos em uma rede virtual de 31 instituições espalhadas pelo país.

As áreas de pesquisa com maior número de publicações são as de espectroscopia óptica e infravermelha de estrelas, sistemas estelares e galáxias, além da área de cosmologia teórica, com modelos envolvendo energia escura, de acordo com coordenador do INCT-A, João Steiner, professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP).

Segundo Steiner, uma das principais explicações para os bons resultados revelados pelo relatório é o forte sentido estratégico do instituto, que foca seus investimentos em objetivos de longo prazo.

“O principal diferencial do INCT-A é que nós definimos cinco objetivos estratégicos e restringimos a eles todos os investimentos. Optamos por investir no futuro da ciência, em vez de diluir os recursos em necessidades cotidianas dos pesquisadores, que podem ser supridas pelas agências de fomento”, disse Steiner à Agência FAPESP.

Os cinco objetivos estratégicos são: a maximização do retorno dos investimentos feitos nos telescópios Gemini e SOAR; preparar a astronomia brasileira para o advento do Large Synoptic Survey Telescope (LSST), que está sendo construído; a implantação de Observatórios Virtuais no Brasil; a estruturação de projetos de infraestrutura; e a implementação de um curso a distância para professores de ciências.

“A criação do INCT-A foi um dos fatores que contribuíram para o aumento da produtividade de seus pesquisadores. Nosso objetivo é que, em função do enfoque estratégico que adotamos, essa produtividade tenha sustentabilidade em longo prazo”, disse Steiner.

Para cumprir o objetivo de maximizar o retorno dos investimentos feitos nos telescópios Gemini e SOAR, uma das principais iniciativas tem sido o investimento na formação de grupos emergentes de pesquisa.

“O Brasil fez investimentos significativos nesses telescópios internacionais e por isso queremos aumentar o retorno científico – produzindo mais e melhores artigos – e aproveitar esses instrumentos para a formação de recursos humanos, com apoio a grupos emergentes. É uma forma de garantir, em longo prazo, o acesso desses grupos brasileiros aos telescópios”, afirmou Steiner.

Segundo ele, o projeto norte-americano LSST deverá ter um impacto profundo na astronomia brasileira e por isso a preparação do país para esse empreendimento foi considerado um objetivo estratégico do INCT-A.

“O LSST é um grande telescópio que fará o levantamento de todo o céu do hemisfério Sul a cada cinco dias, em cinco bandas diferentes do espectro. O instrumento será capaz de mostrar a variabilidade temporal na faixa óptica. O Brasil não está envolvido no projeto, mas a força da astronomia brasileira está justamente na faixa do óptico e estamos no hemisfério Sul. O projeto terá um impacto muito profundo na nossa astronomia, que será negativo, caso não estejamos preparados”, disse Steiner.

A importância da implantação de um observatório virtual, segundo Steiner, é dar vazão a incrível quantidade de dados acumulada pelos grandes telescópios espalhados pelo mundo.

“Temos uma grande reserva de dados disponíveis, muitos deles com uma riqueza incrível de informação que nunca foi analisada. A comunidade científica terá um benefício enorme se puder aproveitar esse banco de dados com o acesso virtual”, disse.

Telescópios e computação

Na estruturação de projetos de infraestrutura, o INCT-A tem apoiado a elaboração do Projeto Latin-American Millimetric Array (LLAMA).

“Em parceria com a Argentina, pretendemos instalar uma antena nos Andes argentinos para fazer interferometria com o Atacama Large Millimeter Array (Alma), que está sendo construído no Chile”, disse Steiner.

O curso de astronomia de ensino a distância estruturado pelo INCT-A já formou sua primeira turma, com 100 professores de ciência matriculados. A segunda turma, com 200 matrículas, já está em curso. “Os professores de ciência têm enorme interesse pela astronomia. A ideia é expandir o curso em função da experiência adquirida para outros estados”, declarou.

Segundo Steiner, a maior parte dos investimentos do instituto tem sido direcionada para a instrumentação do telescópio SOAR e para o apoio a grupos emergentes.

No SOAR já foram construídos três espectrógrafos de alto desempenho, cada um deles com características muito diferentes, mas complementares. “São instrumentos de classe mundial muito sofisticados, que irão ampliar muito os limites de pesquisa da nossa comunidade científica”, disse.

Outro foco importante de investimento tem sido a computação de alto desempenho, fundamental para o futuro tratamento de enormes quantidades de dados.


“Esse investimento está sendo feito no IAG-USP, mas os equipamentos serão usados por toda a comunidade externa”, disse Steiner. Os investimentos tiveram apoio do Programa Equipamentos Multiusuários da FAPESP. 


Mais informações: www.astro.iag.usp.br/~incta 




NASA faz censo de asteroides perigosos para a Terra

Redação do Site Inovação Tecnológica


Este diagrama mostra uma visualização lateral onde a órbita da Terra está em verde, a população de asteroides potencialmente perigosos está em laranja, e os asteroides não-perigosos estão em azul.
[Imagem: NASA/JPL-Caltech] 


Estimativa 

Cientistas da NASA fizeram uma amostragem dos asteroides que oferecem ameaça de choque com a Terra, os chamados Asteroides Potencialmente Perigosos (APPs) - eles formam um subgrupo dos Asteroides Próximos à Terra (APTs). 

A sonda espacial WISE (Wide Field Infrared Explorer) identificou 107 APPs. 

Partindo das informações sobre a área rastreada pela sonda, e do número de asteroides ameaçadores encontrados, os cientistas calculam que deve haver cerca de 4.700 APPs rodando nosso planeta - com uma larga margem de erro de 1.500 asteroides para mais ou para menos. 

A população de asteroides mais ameaçadores ocupa uma faixa orbital de 8 milhões de quilômetros em torno da órbita da Terra. 

Mas menos de 30% deles já foram localizados e estão sendo rastreados. 

Este diagrama ilustra a diferença entre as órbitas dos asteroides próximos à Terra
e dos asteroides que são perigosos. [Imagem: NASA/JPL-Caltech] 



Riscos e oportunidades 

São considerados asteroides ameaçadores aqueles que, além de potencialmente poderem entrar em rota de colisão com a Terra, têm mais de 100 metros de diâmetro, o suficiente para que eles sobrevivam à reentrada na atmosfera. 

O número total agora calculado não é muito diferente das previsões anteriores, mas os dados da sonda indicam que a órbita desses corpos celestes é muito mais alinhada com a órbita da Terra do que se calculava. 

De longa data, não é só nos riscos que representam que os cientistas estão interessados nos asteroides. 

"Como eles tendem a fazer aproximações muito próximas da Terra, eles podem se transformar em alvos preferenciais para a próxima geração de exploradores humanos e robóticos," relembrou Amy Mainzer, cientista do projeto WISE. 




Centauro A: a galáxia que não parece, mas é

Redação do Site Inovação Tecnológica


A peculiar galáxia Centauro A (NGC 5128) aparece nesta imagem,
feita com um tempo total de exposição de mais de 50 horas.[Imagem: ESO] 


Rádio galáxia 

Esta nova imagem feita pelo Observatório Europeu do Sul mostra a estranha galáxia Centauro A (ou Centaurus), com seu jeitão difícil de identificar como uma galáxia elíptica. 

Com um tempo total de exposição de mais de 50 horas, esta é provavelmente a imagem mais profunda já criada deste espetacular e incomum objeto celeste. 

A Centauro A, também conhecida como NGC 5128, é uma galáxia elíptica muito estranha, cheia de características incomuns. 

Ele é enorme, com grande massa e um buraco negro supermassivo no seu centro e distingue-se por ser a rádio galáxia mais forte do céu. 

Os astrônomos acreditam que o núcleo brilhante, a forte emissão de rádio e os jatos da Centauro A são produzidos por um buraco negro central com uma massa de cerca de 100 milhões de vezes a massa do Sol. 

A matéria situada na regiões centrais densas da galáxia liberta enormes quantidades de energia à medida que cai em direção ao buraco negro. 

Remendo 

O brilho que enche a maior parte da imagem vem de centenas de bilhões de estrelas velhas e frias. 

Contrariamente à maioria das galáxias elípticas, a forma homogênea da Centauro A é perturbada por uma faixa larga e "remendada" de material escuro, que obscurece o centro da galáxia. 

A faixa escura contém grandes quantidades de gás, poeira e estrelas jovens. 

Aglomerados de estrelas jovens brilhantes situados nas extremidades superior direita e inferior esquerda da faixa apresentam o brilho vermelho característico de nuvens de hidrogênio onde se formam estrelas, enquanto algumas nuvens de poeira isoladas podem ser vistas contrastando com o fundo de estrelas. 

Estas características, juntamente com a emissão rádio intensa, apontam para o fato provável da Centauro A ter resultado da fusão entre duas galáxias. A faixa de poeira é provavelmente resultado dos restos desfeitos de uma galáxia espiral destroçada pela atração gravitacional da galáxia elíptica gigante. 

Estrelas variáveis 

Centauro A foi já extensivamente estudada em comprimentos de onda que vão desde o rádio até os raios gama. 

Em particular, observações em rádio e raios X foram cruciais no estudo das interações entre a emissão altamente energética vinda do buraco negro de grande massa e os seus arredores. 

Muitas das observações de Centauro A utilizadas na criação desta imagem foram obtidas no intuito de ver se era possível usar rastreios terrestres para detectar e estudar estrelas variáveis em galáxias fora do nosso Grupo Local, tais como Centauro A. Foram descobertas mais de 200 novas estrelas variáveis em Centauro A. 

O telescópio móvel ALMA também já começou a estudar a estranha Centauro A.



Aumento do nível do mar

Scientific American Brasil 

Bombear água do solo em excesso cancela efeito de represas 

©Ramon grosso dolarea / Shutterstock  

Quando bombeamos água do subsolo para irrigação, consumo e usos industriais, ela não volta totalmente para o solo: evapora para a atmosfera ou corre para rios e canais que desaguam nos oceanos. De acordo com um novo estudo, de 2050 em diante o bombeamento da água do subsolo provocará um aumento global no nível do mar de aproximadamente 0,8 mm por ano. 

“Além do gelo terrestre, a extração excessiva de água do subsolo está rapidamente se tornando a contribuição mais importante para o aumento do nível do mar”, observa o principal autor do estudo, Yoshihide Wada, da Utrecht University, na Holanda. Nas décadas seguintes, espera-se que as contribuições da água do subsolo para o aumento se tornem tão significativas quanto as provenientes do derretimento de geleiras e calotas polares da Groenlândia e Antártica. 

“Entre 1970 e 1990, o aumento do nível do mar provocado pelo bombeamento de água do subsolo foi anulado pela construção de represas, que acumulam água em reservatórios para que ela não vá para o mar”, explica Wada. Sua pesquisa mostra que desde 1990, quando os países bombeiam mais água do subsolo que constroem represas, esse cenário mudou. 

Os pesquisadores não olharam apenas para a contribuição do bombeamento de água do solo, que já haviam investigado, mas também para outros fatores que influenciam a quantidade de água terrestre entrando nos oceanos, incluindo drenagem de pântanos, desmatamento e novos reservatórios. Wada e seus colegas calculam que na metade desse século o efeito de fatores adicionais somará mais 0,05mm por ano ao nível do mar atual – além da contribuição da água do subsolo.

Segundo Wada, o último relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas das Nações Unidas, em 2007, abordou o efeito do derretimento do gelo terrestre sobre o aumento do nível do mar, incluindo geleiras e calotas polares, mas não quantificou a contribuição futura de outras fontes de água terrestres como do subsolo, de reservatórios e áreas úmidas, porque os autores do relatório consideraram as estimativas para essas fontes como incertas. 

“Eles supuseram que as contribuições positivas e negativas da água do subsolo e dos reservatórios se cancelariam”, esclarece Wada. “Descobrimos que esse não é o caso. A contribuição da água do subsolo vai aumentar e superar a contribuição negativa dos reservatórios”. 

No estudo atual, os pesquisadores estimaram o impacto de depleção da água do subsolo desde 1900 usando dados de países individuais sobre bombeamento, modelos de simulação de recarga e reconstruções de como a demanda por água mudou ao longo dos anos. Eles também compararam e corrigiram essas estimativas com observações de fontes como o satélite Grace, que usa medições gravitacionais para determinar variações no armazenamento de água do subsolo. 

Com essas taxas de depleção, Wada e seus colegas estimam que no ano 2000 cerca de 204 km³ de água do subsolo foram bombeados – e a maior parte foi usada para irrigação. Essa maneira de utilizar água, por sua vez, evapora de plantas, entra na atmosfera e retorna em forma de chuva. Levando em consideração a infiltração da água do solo de volta para os aquíferos, bem como a evaporação e o escoamento, os pesquisadores estimaram que o bombeamento resultou em um aumento marítimo de aproximadamente 0,57mm em 2000 – muito maior que o de 1900, de 0,035mm. 

Os pesquisadores projetaram também depleção da água do subsolo, armazenagem em reservatórios e outros impactos para o resto do século usando modelos climáticos e crescimento estimado de população, além de mudanças no uso de terras. Eles descobriram que o aumento na depleção da água do subsolo entre 1900 e 2000 é devido, em sua maior parte, à demanda por água. Já o aumento projetado entre 2000 e 2050 estará relacionado, de forma geral, a fatores climáticos como diminuição da disponibilidade de água na superfície e campos agrícolas irrigados, que secam mais rápido em climas quentes.

Se tudo continuar como projetado, Wada estima que em 2050 o efeito cumulativo dessas fontes e reservatórios de água terrestre independentes de gelo – incluindo o bombeamento da água do subsolo, a drenagem de pântanos e represas – terá adicionado 31mm ao nível do mar (desde 1900). 

De acordo com Wada, o novo estudo supõe que as pessoas encontrarão uma forma de extrair água do subsolo, onde quer que ela esteja. Mas alguns de seus colegas estão pesquisando os limites de extração. Uma forma de reduzir a contribuição da água do subsolo ao aumento do nível do mar, aponta ele, é melhorar a eficiência da água na agricultura: plantar mais, com menos. 

O artigo da equipe de pesquisa foi publicado na Geophysical Research Letters, periódico da American Geophysical Union.



Astronomia maia

Scientific American Brasil

Pinturas semelhantes às encontradas no Codex de Dresden são descobertas na Guatemala 

por Helen Thompson da revista Nature.

Ilustração por William Saturno and David Stuart © 2012 National Geographic 

Tabela de números em quatro colunas representa intervalos específicos que são múltiplos do calendário maia e podem ter relação com os ciclos da Lua e dos planetas. 

Arqueólogos descobriram o que parece ser a mais antiga evidência até o momento da sofisticada astronomia e dos rituais de contagem do tempo dos antigos maias.

A descoberta – datas, tabelas e representações de divindades lunares pintadas e gravadas nas paredes de uma pequena câmara – foi feita no ano passado, na floresta tropical da Guatemala, durante escavações na cidade maia de Xultun. O local era uma próspera metrópole há cerca de 1200 anos, o que corresponde a várias das datas presentes no mural.

“Desconfiamos que fosse o local de trabalho de um sacerdote, escriba ou astrônomo”, suspeita David Stuart, antropólogo da University Texas, em Austin, e co-autor de um estudo sobre as pinturas, publicado naScience.

As tábuas se parecem com as encontradas no Codex de Dresden, um livreto feito de cascas de árvore que data do final do Período Pós-Clássico da civilização maia, começando por volta de 1300. As pinturas de Xultun são as únicas fontes encontradas que representam informações astronômicas do período Maia Clássico (por volta de 250-900).

As chances de as pinturas terem sido conservadas e descobertas eram poucas. Apesar de os arqueólogos mapearem Xultun nas décadas de 20 e 70, as escavações só começaram em 2010. “Durante esse intervalo o local foi muito pilhado, absolutamente destruído”, lamenta Bill Saturno, arqueólogo da Boston University, em Massachusetts, que está à frente da escavação de Xultun e é co-autor do artigo.

Em março de 2010, o estudante Max Chamberlain, aluno de Saturno, verificou uma das escavações que haviam sido pilhadas e encontrou uma parede exposta, com traços de tinta vermelha e branca. Saturno decidiu escavar mais 30 centímetros e descobriu a pintura de um dos governantes de Xultun sentado em seu trono, usando um brilhante cocar de penas azuis. 

foto por tyrone turner © 2012 national geographic 
A conservadora Angelyn Bass limpa e estabiliza parte de um mural com a figura 
de um homem que pode ter sido um escriba. 

“Não é comum encontrar pinturas. Elas não costumam ser bem preservadas, a menos que haja condições ambientais especiais”, observa Saturno. “O fato de essa ter sido tão bem preservada é muito peculiar”. Os maias reforçaram a sala cuidadosamente com uma mistura de pedra, terra e cerâmica antes de selar a porta, em vez de colapsar o teto e nivelá-lo por cima, como era comum ao se fazer novas construções.

Saturno continuou escavando e observou que todas as paredes apresentavam pinturas adornadas com hieróglifos maias. A equipe também encontrou um artefato: um dispositivo usado para cortar papel feito de casca de árvores. Hieróglifos cobriam a parede leste e, em alguns casos, as imagens haviam sido recobertas para abrir novo espaço para escrita. Dois conjuntos se destacaram: um arranjo de números maias, representados por barras e pontos, na parede norte, e uma tabela de números de 27 colunas, na parede leste.

Durante a noite, quando podiam maximizar o contraste e destacar os detalhes da pintura, os pesquisadores escanearam as imagens do mural. Alguns dos símbolos não estavam bem preservados e tiveram que ser reconstruídos posteriormente com base no conhecimento pré-existente sobre os cálculos dos calendários maias. 

Números harmoniosos

Uma análise feita por Stuart revelou que a tabela de 27 colunas representava datas, com 177 ou 178 dias entre si. No topo de cada coluna era representada uma divindade lunar diferente. Sabe-se que os maias registravam os movimentos da Lua em semestres de 177 e 178 dias – ou seis meses lunares. A tabela é semelhante a uma de multiplicação associada à tabela de eclipses lunares do Códice de Dresden e “pode ter sido usada para calcular qual deus seria o patrono da Lua em determinado dia”, supõe Stuart. 

A tabela na parede norte continha quatro números, cada um deles representando um intervalo de dias específicos que vai de 965 a 6703 anos. Segundo os pesquisadores, os quatro números são múltiplos de um calendário maia cíclico de 52 anos e poderiam representar eventos recorrentes relacionados aos ciclos da Lua, de Vênus, Marte e possivelmente Mercúrio.

“Os maias eram obstinados com a ideia de proporção e costumavam procurar números que fossem múltiplos de diferentes inteiros”, explica Anthony Aveni, um dos co-autores e arqueoastrônomo da Colgate University em Hamilton, Nova York. “Acho muito provável termos encontrado guardiões do calendário tentando juntar grandes números harmoniosos que fazem o Universo fluir”. 

Outros especialistas acreditam que a descoberta pode ser o tipo de trabalho matemático necessário para calcular as informações de calendário do Códice de Dresden e de outras fontes.

“Um local assim teria que existir, mas é a primeira vez que o encontramos”, comemora Harvey Bricker, arqueoastrônomo do Museu de História Natural da Flórida, em Gainesville e professor emérito da Tulane University, em Louisiana.

“É um vislumbre da relação entre essas pinturas e códices”, reforça John Carlson, diretor do Centro para Arqueoastronomia em College Park, no estado de Maryland. “Mas não podemos ter certeza sobre o porquê de essas inscrições terem sido feitas”.

Como o calendário maia é frequentemente mal representado na cultura popular como um mensageiro do apocalipse – opinião que a maior parte dos acadêmicos não compartilha –, as perguntas na coletiva de imprensa inevitavelmente se voltaram para esse assunto. Quando pressionados, os autores concordaram que alguns dos maiores números encontrados na câmara poderiam se referir a intervalos que se estendem além de b’ak’tun 13 – uma data maia popularizada como marcando o fim do mundo.

Os pesquisadores identificaram 12 outras inscrições gravadas ou pintadas além das que foram descritas no artigo da Science e a análise da escavação de Xultun continua. “Ainda temos 99,9% a explorar”, ressalta Saturno. “Continuaremos trabalhando nisso por muitas décadas”.




Ciência cara = bom investimento


Folha de S.Paulo
MARCELO GLEISER 

Um mundo sem ciência ambiciosa fica privado de conhecimento novo
 e das aplicações das descobertas 

Fazer pesquisa é caro, mas vale a pena. Vamos pensar apenas na ciência de base, ou seja, a ciência que não tem o objetivo imediato de ser "útil" via aplicações tecnológicas ou gerando riqueza, cuja meta é investigar a natureza. Quanto um país deve investir nesse tipo de pesquisa? 

Quando se discute como equilibrar o orçamento da União, é crucial questionar como os fundos vindos do contribuinte devem ser usados. Afinal, existem necessidades críticas em educação, infraestrutura de transporte, modernização de hospitais, atendimento médico para milhões de necessitados etc. 

Num ensaio recente na "New York Review of Books", uma prestigiosa publicação americana, o prêmio Nobel Steven Weinberg afirma que a solução nunca deve ser tirar dinheiro de áreas necessitadas para financiar pesquisa de base (ou qualquer outra). Por outro lado, o investimento na pesquisa de base deveria ser uma opção óbvia para qualquer país que pretende ter uma posição de liderança internacional. 

No início do século 20, físicos lidavam com um modo inteiramente novo de interpretar a natureza. Einstein forçou uma revisão dos conceitos de espaço, tempo e energia. Planck, Bohr, Schrödinger e Heisenberg nunca poderiam ter imaginado que suas ideias revolucionárias sobre a física do átomo efetivamente redefiniriam o mundo em que vivemos. Deles veio a revolução quântica, que gerou incontáveis aplicações tecnológicas, incluindo todos os equipamentos digitais, dos computadores aos raios laser, fibras ópticas e tecnologias nucleares. 

Em seu ensaio, Weinberg mostra sua preocupação com o futuro da ciência de grande porte, projetos que alcançam bilhões de dólares. Recentemente, o sucessor do Telescópio Espacial Hubble, o Telescópio Espacial James Webb, teve seu orçamento cortado. Após muito drama, o financiamento foi restituído, mas ficou a insegurança. No mundo das partículas, a bola está com a Europa e seu mega-acelerador, o LHC. Cientistas americanos se juntaram ao projeto depois de perceberem a possibilidade de seu acelerador nacional desaparecer. 

Na minha opinião, cortar o fomento à pesquisa de base, incluindo projetos bem definidos de alto custo, é inadmissível. Um mundo focado no imediato, no pragmático, pode ser eficiente, mas é extremamente monótono. Imagine um mundo sem as descobertas sensacionais que andam sendo feitas sobre o Cosmo e os mistérios da matéria; um sem estrelas explodindo, sem galáxias colidindo e buracos negros. 

Pior, imagine um mundo sem o que ainda não conhecemos e que nunca poderemos descobrir sem nossos instrumentos de exploração. Ademais, perderíamos todas as possíveis aplicações das descobertas. 

Uma possibilidade é a de incluir cada vez mais países com fortes economias emergentes, como a China, a Índia e o Brasil, no fomento aos grande projetos. Esse é um dos argumentos a favor da inclusão do Brasil como país-membro do ESO (Observatório Europeu do Sul), uma discussão que deixo para depois. 

Quando vejo as enormes quantias sendo gastas na defesa nacional, eu me pergunto se nossas prioridades no lado criativo ou destrutivo. Quando deixamos de investir no novo, ficamos condenamos a só olhar para o velho. 

MARCELO GLEISER é professor de física teórica no Dartmouth College, em Hanover (EUA), e autor de "Criação Imperfeita". Facebook:goo.gl/93dHI






17 de mai. de 2012

Sol se desloca mais lentamente

Scientific
American Brasil

Cientistas constatam inexistência de onda de choque 

por Charles Q. Choi e Space.com 

                                                            ©italianphoto/ Shutterstock  
 
Saindo de cena: A heliosfera é a região do espaço dominada pelo Sol que A
briga a Terra e os outros planetas. 


Pesquisadores suspeitam que o Sol está se deslocando pelo espaço interestelar mais lentamente do que pensávamos, o que sugere que a gigantesca onda de choque que há muito acreditávamos precedê-lo pode não estar lá.

Essas novas descobertas podem influenciar o que sabemos sobre raios cósmicos de alta energia prejudiciais aos astronautas.

O Sol e seus planetas estão abrigados no interior de uma bolha de partículas permeada por um campo magnético conhecida como heliosfera. O limite da heliosfera, onde ela colide com o gás e a poeira interestelares, é chamado de heliopausa e marca o limite externo do Sistema Solar.

Por cerca de 25 anos os pesquisadores pensaram que o Sol estivesse se deslocando com velocidade suficiente para que nossa heliosfera gerasse uma onda de choque conhecida como choque em arco (bow shock) enquanto vaga pelo meio da matéria interestelar.

“A explosão sônica produzida por um jato quebrando a barreira do som é um exemplo terrestre de choque em arco”, explica o autor do estudo Dave McComas, cientista espacial do Instituto de Pesquisa Southwest em San Antonio, no Texas. “Quando o jato atinge velocidades supersônicas, o ar à frente não consegue sair do caminho rápido o bastante e, uma vez que a aeronave atinge a velocidade do som, a interação muda instantaneamente, o que resulta em uma onda de choque”.

Astrônomos já viram esses choques de plasma no espaço, com contrapartes da heliosfera ao redor de estrelas distantes conhecidas como astrosferas. 

Nosso Sol mais lento

Como novas observações mostram que o Sol está se deslocando mais lentamente, essa energia seria insuficiente para gerar um choque em arco.

“Descobrir que o Sol não exibe choque em arco é surpreendente, levemente chocante, e muito de nosso trabalho deverá ser refeito”, desabafa McComas ao Space.com. “A comunidade astronômica passou as últimas duas ou três décadas estudando algo que não existe”.

Dados do Interstellar Boundary Explorer (“Explorador de Fronteiras Interestelares”, ou Ibex), da Nasa, um pequeno veículo espacial que faz imagens remotas da natureza das interações de partículas na fronteira do Sistema Solar revela que o Sol está atravessando uma nuvem interestelar local a cerca de 83.700 km/h. Isso corresponde a aproximadamente 11.250 km/h menos que se pensava – redução que diminuiria a pressão sobre a heliosfera em cerca de um quarto, o suficiente para impedir o desenvolvimento de um choque em arco.

Informações do Ibex e observações anteriores das sondas Voyager mostraram que o campo magnético do meio interestelar é mais intenso que se acreditava. 

A heliosfera desmascarada 

Uma melhor compreensão da heliosfera deve esclarecer como ela protege a Terra dos perigosos raios cósmicos de alta energia. “A heliosfera filtra cerca de 90% dos raios cósmicos”, avalia McComas. “É interessante considerar que talvez as astrosferas sejam pré-requisitos necessários para a vida ao redor de estrelas”.

O fato de o Sistema Solar não ter um choque em arco poderia significar, na verdade, que estamos levemente mais protegidos da radiação cósmica.

“A velocidade com que o Sol se desloca no meio interestelar local significa que no momento existe uma menor compressão da heliosfera, então há uma região maior para defletir raios cósmicos”, descreve McComas. “No passado distante, porém, enquanto o Sol se movia em sua órbita galáctica, certamente passava por nuvens densas, então talvez a heliosfera tenha sido comprimida nessa época e tenhamos sido mais afetados pela radiação. Isso provavelmente voltará a ocorrer no futuro”.

Os cientistas detalharam a descoberta em 10 de maio, na versão on-line da Science. 


Impulso para a realidade quânticaTeóricos dizem poder provar que funções de onda são estados reais

SCIENTIFIC
AMERICAN Brasil

por Eugenie Samuel Reich

ALAMY
Físicos teóricos propõem que funções de onda não são apenas ferramentas estatísticas.


O status filosófico da função de onda – quem determina a probabilidade de resultados diferentes em medidas de partículas quântico-mecânicas – pode parecer um assunto improvável para debates calorosos. Mesmo assim, discussões on-line sobre um artigo que afirma mostrar matematicamente que a função de onda é real causaram deslumbramento e também rejeições desde que foi liberado como preprint em novembro de 2011. 

O trabalho, que alguns acreditam ser um dos mais importantes para as fundações quânticas em décadas, foi finalmente publicado na semana passada na Nature Physics, permitindo que os autores, que estavam preocupados em não violar o embargo do periódico, falassem publicamente sobre ele pela primeira vez. Eles declaram que a matemática não deixa dúvidas a respeito de a função de onda não ser apenas uma ferramenta estatística, mas um estado real e objetivo de um sistema quântico. “As pessoas se vincularam emocionalmente a posições que defendem com argumentos vagos”, declara Jonathan Barrett, um dos autores do trabalho e físico do Colégio Royal Holloway da University of London. “É melhor ter um teorema”. 

Os autores têm alguns pesos-pesados a seu favor: a visão deles já foi compartilhada pelo físico austríaco e pioneiro da mecânica quântica Erwin Schrödinger, que propôs em seu famoso experimento mental que um gato quântico-mecânico poderia estar morto e vivo ao mesmo tempo. Já outros físicos preferiram uma visão oposta, sustentada por Albert Einstein: que a função de onda reflete o conhecimento parcial que um experimentador tem sobre um sistema. Nessa interpretação, o gato está vivo ou morto, mas o experimentador não sabe ao certo. Essa interpretação “epistêmica”, argumentam muitos físicos e filósofos, explica melhor o fenômeno do colapso da função de onda, no qual um estado quântico é fundamentalmente modificado ao ser medido. 

Barrett e seus colegas estão seguindo a abordagem do físico John Bell que, em 1964, provou que a mecânica quântica tem outra implicação contraintuitiva: realizar medidas em uma partícula pode influenciar o estado de outra, mais rápido do que permitiria a velocidade da luz. O teorema de Bell era de “impossibilidade”: sua estratégia era mostrar que teorias que não permitem influências mais rápidas que a luz não conseguem reproduzir as previsões da mecânica quântica. De maneira parecida, o teorema proposto por Barrett mostra que teorias que tratam a função de onda em termos de falta de conhecimento sobre o estado físico de um sistema também falharão em reproduzir essas previsões. Uma vez que a mecânica quântica já foi bem confirmada, o teorema sugere que as teorias epistêmicas estão erradas. “Espero que esse trabalho tome seu lugar ao lado do teorema de Bell”, declara Barrett. 

Com base na realidade

Se a função de onda simplesmente reflete a incerteza do experimentador, então diferentes funções de onda poderiam representar a mesma realidade subjacente, observa Terry Rudolph, um dos autores do artigo e físico do Imperial College London. Rudolph cita como exemplo um dado que pode ser preparado para mostrar números pares, com uma probabilidade de 1/3 de se obter 2, 4 ou 6; ou números primos, com uma probabilidade de 1/3 de se obter 2, 3 ou 5. O estado real “2” pode ser produzido por qualquer um dos métodos de preparação e, dessa forma, a mesma realidade se torna subjacente a dois modelos probabilísticos diferentes. Os autores mostram, porém, que a mesma realidade não pode reforçar diferentes estados quânticos. 

O teorema depende de uma suposição controversa: que os sistemas quânticos têm um estado físico objetivo subjacente. Christopher Fuchs, físico do Perimeter Institute em Waterloo, no Canadá, que trabalha com o desenvolvimento de uma interpretação epistêmica da mecânica quântica, diz ter evitado as interpretações que os autores excluem. “A função de onda pode representar a ignorância do experimentador em relação aos resultados das medidas, e não a realidade física subjacente”, argumenta ele. O novo teorema não exclui essa possibilidade. 

Ainda assim, Matt Leifer, físico do University College London, que trabalha com informação quântica, aponta que o teorema ataca uma questão profunda de forma simples e clara. Ele diz também que esse teorema poderia vir a ser tão útil quanto o teorema de Bell, que acabou tendo aplicações em teorias de informação quântica e em criptografia. “Ninguém pensou que o trabalho pudesse ter aplicações práticas, mas eu não ficaria surpreso se tivesse”, diz ele. 

Por ser incompatível com a mecânica quântica, o teorema levanta uma questão mais profunda: a mecânica quântica poderia estar errada? Todos supõem que ela reina suprema, mas há sempre a possibilidade de ser destronada. Assim, Barrett está trabalhando com experimentalistas para verificar as previsões que diferem entre teoria e dados com os quais ela entra em conflito. “Não esperamos que a mecânica quântica seja reprovada nesse teste, mas devemos realizá-lo de qualquer forma”.


Procurando Ligações de ETs

SCIENTIFIC
AMERICAN Brasil


Telescópio gigante começará busca por primeiras estrelas e galáxias

por Charles Q. Choi e Space.com

Cortesia da Top-foto, Assen (LOFAR); 
Estação do Lofar na Holanda. 

Em breve, mais de 44 mil antenas de rádio serão conectadas pela internet para criar um dos mais ambiciosos radiotelescópios já construídos. Seu trabalho será o de investigar frequências de rádio bastante inexploradas, caçando as primeiras estrelas e galáxias e, talvez, sinais de inteligência extraterrestre. O experimento foi projetado para monitorar ondas de rádio de baixa frequência. Uma das principais fontes desse tipo de emissão provém de sinais extraordinariamente fracos do frio gás hidrogênio que dominava o Cosmos durante a chamada “Idade das Trevas” do Universo. Conforme as estrelas começaram a nascer, foram deixando cicatrizes no hidrogênio. Por meio da análise de como os sinais de rádio desse gás se alteraram no decorrer do tempo, os cientistas podem aprender muito sobre como as primeiras galáxias se formaram. 

O Low Frequency Array (algo como Arranjo de Baixa Frequência, ou Lofar) será formado por grupos de antenas em 48 estações na Holanda, Alemanha, França, Suécia e no Reino Unido, conectadas por cabos de fibra óptica. Um supercomputador combinará os sinais dessas estações, transformando o arranjo naquilo que pode ser o mais complexo e versátil radiotelescópio já imaginado, considera Heino Falcke, presidente do conselho do Telescópio Internacional Lofar.

O projeto está previsto para ser concluído neste final de semestre e terá a capacidade de varrer o céu do hemisfério norte inteiro em 45 dias. Considerando-se tudo, o Lofar terá uma resolução máxima equivalente a um telescópio de 620 milhas (quase mil km) de diâmetro. Além disso, o projeto é expansível, o que significa que os pesquisadores poderão adicionar novas estações, explica Michael Wise, do Astron, o Instituto Holandês de Radioastronomia. O Lofar também é capaz de medir eventos com duração de cinco bilionésimos de segundo. Como se isso não fosse o bastante, o fato de o Lofar ser essencialmente um grupo de vários radiotelescópios funcionando em conjunto significa que ele pode executar, por exemplo, três projetos científicos ao mesmo tempo, calcula Wise.

Nos próximos anos, o arranjo também varrerá os céus procurando por emissões de rádio artificiais como parte da busca por inteligência extraterrestre (Seti, na sigla em inglês) em frequências mais baixas, que foram negligenciadas pelas missões Seti anteriores.





8 de mai. de 2012

Inscrições abertas para seleção dos cursos de Mestrado e Doutorado em Astronomia do Observatório Nacional

Os interessados em participar do processo seletivo para o Programa de Pós-Graduação em Astronomia do Observatório Nacional já podem fazer sua inscrição. Para concorrer a uma vaga no mestrado, o prazo vai até 1º de junho, e para o doutorado, até 29 de junho de 2012. As aulas começam em agosto deste ano.
Os candidatos ao mestrado devem ter graduação em Física, Matemática, Astronomia ou áreas afins (ciências exatas e engenharias). Para o doutorado, é preciso ainda ter título de mestre nessas áreas. Os documentos necessários à inscrição no processo seletivo estão disponíveis na página da PPG no site do ON (http://www.on.br/conteudo/dppg_e_iniciacao/dppg/neweb_astro/index.html).
Os aprovados poderão realizar pesquisas nas seguintes áreas da Astronomia: Astrofísica do Sistema Solar; Astrofísica Estelar; Astrofísica Extragaláctica; Astrofísica Galáctica e do Meio Interestelar; Astrofísica Relativística; Astronomia de Posição; Astronomia Dinâmica; e Cosmologia.
Os primeiros colocados na seleção tem a possibilidade de receber bolsa de estudo no valor de R$ 1.200 para mestrado e R$ 1.800 para doutorado. A previsão para o próximo semestre é de, no mínimo, três bolsas disponíveis em cada modalidade.
Para a turma de 2013, haverá um novo processo de seleção, com inscrição entre 2 de outubro de 1 de novembro de 2012, para mestrado, e entre 2 de outubro e 21 de dezembro de 2012, para doutorado em Astronomia.
Outras informações podem ser obtidas pelos telefones (21) 3504-9189 e (21) 2589-7463, e também pelo e-mail cpg@on.br.



4 de mai. de 2012

“Programa ON Imagens e Palavras” alcança 40 participações


Observatório Nacional 
03/05/2012


As inscrições terminaram no dia 30 de abril. A atividade é parte das comemorações do aniversário de 185 anos da instituição.

O “Programa ON Imagens e Palavras”, lançado pelo Observatório Nacional como parte das atividades alusivas ao aniversário da instituição, recebeu um total de 40 trabalhos. O programa foi dividido em duas categorias, subdivididas por faixa etária, e teve o objetivo de estimular o interesse pela história do Observatório Nacional, que completa 185 anos no dia 15 de outubro de 2012.

Na categoria “Imagem”, cujos trabalhos utilizam recursos visuais como fotos, desenhos, montagens, recortes e outros elementos, houve sete inscrições. Já a categoria “Palavras”, na qual os participantes desenvolveram um texto sobre o tema do programa, recebeu 33 participações. Todos os trabalhos apresentados em conformidade com o regulamento foram premiados com kits de produtos do ON.

Teve destaque no Programa a participação dos alunos da Escola Estadual de Ensino Médio Maria Menezes Cristino, localizada no distrito de Araquém, zona rural de Coreaú, no Ceará, município com pouco mais de 20 mil habitantes. A escola foi inaugurada este ano e tem oito salas de aula. Incentivados pelo professor de Física Paulo Souza da Costa, 25 alunos do ensino médio enviaram trabalhos para o ON.

O professor conta que soube da atividade porque sempre visita o site do Observatório Nacional para utilizar o material educacional em suas aulas. “A iniciativa do ON é muito proveitosa, especialmente para os alunos que gostam da área de Astronomia”.

Paulo Souza destaca ainda que nem sempre encontra material didático adequado para incentivar os alunos a estudar determinadas áreas da Física. “Eu e os alunos gostamos muito do kit que recebemos como prêmio pela participação no programa. Vai ser muito útil para as aulas.”

O material chegou em bom momento, afirma Paulo Souza, já que alguns estudantes estão se preparando para participar da edição 2012 da Olimpíada Brasileira de Astronomia, que acontece no próximo dia 11 de maio.






3 de mai. de 2012

Renascimento do petróleo promete mudar mapa geopolítico da energia

Com informações da BBC - 02/05/2012 


Pico do petróleo 

Novas tecnologias de exploração e novas formas de compreender os depósitos de petróleo e gás prometem revolucionar o mapa geopolítico da energia. 

Imagine um mundo em que os Estados Unidos não se importam tanto com o que acontece no Oriente Médio - porque abastecer sua crescente frota de automóveis não depende de um combustível vindo do Iraque ou da Arábia Saudita. O poder da influente Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) está esvaziado. A Europa não precisa do gás russo e a China não está tão preocupada em financiar regimes africanos para garantir sua fatia da produção local de combustíveis fósseis. 

Nesse mundo, os estudiosos não falam mais no "pico do petróleo", quando o nível de produção atingiria um máximo e começaria inexoravelmente a declinar, e muitos já cedem aos cada vez mais fortes indícios científicos de que talvez o petróleo nem mesmo seja fóssil. 


Pois não acredite que esse cenário esteja longe na realidade - na verdade, já estamos em uma transição para ele, garantem especialistas do setor. 

O Brasil adquiriu recentemente uma microssonda iônica, um dos mais modernos equipamentos para geologia do petróleo. [Imagem: Australian Scientific Instruments] 


De previsão a profecia 

E os elementos dessa transição podem ser vistos no próprio discurso desses estudiosos, que já passaram a chamar suas "previsões" de poucos anos atrás de "estudos proféticos", que devem obviamente ser esquecidos. 

Agora entusiasmados com novas tecnologias, que permitem a exploração de reservas de gás e petróleo de difícil acesso, ou cujo produto precisa passar por processos químicos específicos antes de ser utilizado, ele traçam outros cenários. 

Está começando a era dos combustíveis "não convencionais". 

Os estudiosos apontam que não só as fontes de petróleo e gás não devem se esgotar em um futuro próximo - como previam os tais estudos proféticos -, como a distribuição geográfica das novas reservas é muito mais democrática, o que favorece grandes consumidores. 

"Até pouco tempo, eram dominantes as previsões de que os países importadores aumentariam sua dependência do Oriente Médio e não haveria solução para altos preços do petróleo," diz o geólogo e economista Robin Mills, autor do livro O Mito da Crise do Petróleo (The Mith of the Oil Crisis) e consultor em Dubai. 

"Com os avanços tecnológicos dos últimos anos, ganham força expectativas de que, ao menos no médio prazo, os preços dos combustíveis fósseis voltem a cair, países que eram importadores de recursos energéticos se tornem autossuficientes ou até exportadores e a OPEP seja mais pressionada a revisar suas práticas", completou. 

Novas tecnologias de exploração e refino 

São muitas as tecnologias que estão ajudando a traçar um novo mapa da energia no mundo. 

A começar pelas que permitem a exploração de petróleo em águas profundas - caso do pré-sal brasileiro. 

Outro exemplo é o aproveitamento do petróleo arenoso - encontrado em Alberta, no Canadá - também só é possível graças ao aprimoramento de processos físicos e químicos que purificam esse petróleo de baixa qualidade. 

A técnica que mais desperta entusiasmo, porém, é de longe a relacionada à exploração do petróleo e, principalmente, do gás de xisto, obtidos a partir da rocha de mesmo nome. Segundo o especialista do mercado de petróleo Daniel Yergin, trata-se da maior invenção da área de energia da década. 

Em centros de estudos e consultorias especializadas, o termo "revolução do gás de xisto" já virou linguagem corrente, e a respeitada Agência Internacional de Energia (AIE) chegou a perguntar em um relatório no ano passado: "Estaríamos entrando na 'era dourada do gás'"? 



Revolução do gás de xisto 

A causa do entusiasmo está relacionada aos bons resultados obtidos na exploração desse recurso nos Estados Unidos. Até 2008, os americanos importavam cerca de 13% do gás consumido no país do Canadá, segundo um relatório da consultoria KPMG. 

Hoje, com a exploração das reservas de xisto, não só o país se tornou autossuficiente, como já pensa em exportar. Para completar, o preço do produto está caindo de forma acentuada, com os custos de extração cobertos pela venda de outros produtos químicos produzidos no processamento do gás. 

Reservas de gás de xisto são exploradas na Pensilvânia, na Louisiana e no Texas e já representam 30% do consumo de gás no país. Já o petróleo de xisto é produzido em Dakota do Norte e no Texas. 

"Nesse cenário, não é de se estranhar que hoje uma das grandes corridas tecnológicas nos Estados Unidos seja para desenvolver e aprimorar meios de transporte a gás, permitindo a redução do consumo de petróleo convencional", diz Frank Umbach, especialista em segurança energética do Centro para Estratégias Europeias de Segurança, com sede em Munique. 

As expectativas criadas por tais mudanças também ajudam a explicar por que a Argentina desapropriou neste mês a petrolífera YPF, controlada pela espanhola Repsol, que explorava as reservas de petróleo e gás de xisto nos campos de Vaca Muerta. 

"A percepção de que essa nova fonte de combustível fóssil pode mudar significativamente a posição dos países no mercado de energia cria um senso de urgência com relação à exploração desses campos", explica Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), em São Paulo. "A Argentina pedia mais investimentos para avançar nessa corrida, mas o governo continua limitando o preço cobrado pela energia internamente, o que reduz o interesse das empresas." 


Uma simulação da formação dos reservatórios de petróleo e gás natural e do fluxo de carbono na Terra reforçou a teoria abiogênica do petróleo. [Imagem: Eric Schwegler/LLNL] 

Tecnologias cruciais 

Duas tecnologias foram cruciais para viabilizar a exploração do gás de xisto. 

A primeira é a técnica de perfuração horizontal, que permite o aproveitamento de reservas espalhadas por grandes áreas geográficas, mas pouco profundas. 

A segunda é a de fraturamento hidráulico, que consiste no bombeamento de uma mistura de água, areia e produtos químicos para dentro dos poços de exploração. O impacto produzido por esse jorro de alta pressão produz pequenas fissuras nas rochas, liberando o gás que é canalizado para os dutos. 

Esta tecnologia ainda é um tanto controversa devido justamente às fraturas nas rochas, que poderiam ocasionar tremores de terra. 


A exploração de petróleo de xisto (na realidade, um óleo semelhante mas não idêntico ao petróleo convencional) é um pouco diferente. Às vezes esse combustível líquido é encontrado entre as rochas, mas em geral ele é produzido com o aquecimento do xisto. 

Para o especialista em petróleo e energia Jed Bailey, da Energy Narrative, nos EUA, o que faz do xisto um dos motores de uma revolução na geopolítica da energia é a forma democrática como essas rochas estão distribuídas geograficamente. 

Reservas desse material estão sendo encontradas de norte a sul do globo, em todos os continentes. Por enquanto, as maiores estão na China, Argentina, México, África do Sul, Estados Unidos, Canadá e Austrália, mas também há reservas na Colômbia, França, Polônia e Grã-Bretanha, entre outros países. No Brasil, a Petrobrás produz petróleo de xisto no Paraná. 

Pires chama a atenção para o fato de que Estados Unidos e China, países que lideram o ranking de consumo de energia no mundo, também concentram algumas das maiores reservas. "O gás de xisto e todas essas outras fontes não convencionais alimentam as esperanças de importadores de energia de reduzirem sua dependência de exportadores problemáticos ou instáveis", explica. 

Para Bailey, no caso dos EUA, uma diversificação para além do petróleo tradicional poderia fazer com que, no longo prazo, houvesse menos justificativa e apoio político para interferências no Oriente Médio, por exemplo. "No entanto, isso não quer dizer que a região sairia de vez do radar americano, por causa da sua influência na formação de preços no mercado global de energia", diz. 


O fraturamento hidráulico é uma técnica de indução de rachaduras nas rochas que pode ter fortes efeitos colaterais ambientais - como terremotos, por exemplo. [Imagem: Mikenorton/Wikipedia] 

Fraturamento hidráulico 

Há algumas ressalvas importantes no que diz respeito a exploração desses combustíveis fósseis não convencionais. A primeira é a questão dos altos custos, que fazem com que a utilização de muitas dessas tecnologias só se justifique se os preços de seus produtos se mantiverem em um patamar relativamente elevado. 

Um segundo porém é que o sucesso da exploração dessas novas fontes de petróleo e gás desanima a busca de fontes de energia renováveis e usos mais eficientes de energia. O petróleo não convencional é tão poluente quanto o convencional. 

"E mesmo que o gás de xisto substitua o carvão e o petróleo, fontes de energia mais sujas, não deixa de ser uma fonte suja também, porque sua queima emite poluentes", explica Bailey. "Além disso, com o preço do gás caindo, a energia eólica ou solar hoje parece cada vez menos vantajosa." 

No caso da exploração de gás de xisto, outro agravante é que ainda não há clareza sobre os riscos de contaminação do lençol freático pelos produtos químicos usados em sua exploração. 

Também acredita-se que o gás liberado no processo de extração possa causar pequenas explosões subterrâneas e tremores. 

Por causa dessas preocupações, a França foi o primeiro país a proibir as técnicas de fraturamento hidráulico, em julho de 2011, banindo até pesquisas nessa área. 

Na Grã-Bretanha, grupos ambientalistas têm-se oposto a exploração de uma reserva em Lancashire, embora uma comissão no Parlamento tenha avaliado a técnica como segura. "Existe uma corrida por essas novas tecnologias por questões de conveniência econômica e interesses geopolíticos, mas isso não quer dizer que elas sejam sustentáveis do ponto de vista ambiental", diz Pires.