11 de mar. de 2013

Astrônomos podem ter flagrado nascimento de planeta

Redação do Site Inovação Tecnológica - 02/03/2013


Esta descoberta ajudará a compreender melhor como se formam os planetas, uma vez que será possível testar as teorias atuais em um alvo observável.[Imagem: ESO/L. Calçada]










Planeta em formação 


Astrônomos obtiveram aquilo que acreditam ser a primeira observação direta de um planeta em formação, ainda envolto por um espesso disco de gás e poeira.

Se for confirmada, esta descoberta ajudará a compreender melhor como se formam os planetas, uma vez que será possível testar as teorias atuais em um alvo observável.

Uma equipe internacional liderada por Sascha Quanz (ETH Zurique, Suíça) estudou o disco de gás e poeira em torno da estrela jovem HD100546, uma estrela relativamente próxima, situada a 335 anos-luz de distância da Terra.

A equipe surpreendeu-se ao descobrir o que parece ser um planeta em formação, ainda envolto no disco de material que rodeia a estrela. O candidato a planeta será um gigante gasoso semelhante a Júpiter.

"Até agora, a formação de planetas tem sido um tópico desenvolvido essencialmente por simulações de computador", diz Sascha Quanz. "Se a nossa descoberta for confirmada como realmente um planeta em formação, então pela primeira vez os cientistas poderão estudar de forma empírica o processo de formação planetária e a interação entre um planeta em formação e o seu meio circundante, desde a fase primordial."

Planeta migrante

A estrela HD100546 tem sido muito estudada e foi já sugerida a existência de um planeta gigante situado cerca de sete vezes mais longe da estrela do que a Terra se encontra do Sol. O candidato a planeta agora descoberto situa-se na região exterior do sistema, cerca de dez vezes mais longe.

O candidato a protoplaneta orbita a sua estrela 70 vezes mais afastado do que a Terra se encontra do Sol. Esta distância é comparável ao tamanho das órbitas dos planetas anões do Sistema Solar exterior, como Éris e Makemake.

Esta localização é controversa, já que não se enquadra bem nas atuais teorias de formação planetária. Atualmente, não é ainda claro se o candidato a planeta que foi encontrado está nesta posição desde o início de sua formação, ou se migrou das regiões mais internas.

O possível protoplaneta foi detectado como uma tênue mancha situada no disco circunstelar, revelada graças ao instrumento de óptica adaptativa NACO, montado no VLT, no Chile. A técnica inovadora suprime a intensa radiação emitida pela estrela na região onde se encontra o candidato a protoplaneta.


Esta é a imagem obtida daquilo pode ser o primeiro planeta em formação já encontrado. O equipamento que cobre o brilho do estrela pode ser visto na parte inferior, na forma de um disco. [Imagem: ESO]


Como os planetas se formam

De acordo com as atuais teorias, os planetas gigantes crescem ao capturar parte do gás e poeira que restam após a formação da estrela.

Os astrônomos descobriram várias características na nova imagem do disco em torno de HD100546, que apoiam esta hipótese de formação de protoplaneta. Estruturas existentes no disco circunstelar de poeira, que poderiam ser causadas por interações entre o planeta e o disco, apareceram próximo do protoplaneta detectado.

Existem também indícios de que as regiões em volta do protoplaneta estejam sendo aquecidas pelo processo de formação.

O Sistema Solar não é um bom lugar para estudar a formação de planetas porque que todos os planetas perto de nós formaram-se há mais de quatro bilhões de anos.

Durante muitos anos, as teorias sobre formação planetária eram fortemente influenciadas pelo que os astrônomos observavam na nossa vizinhança, já que não se conheciam mais planetas.

Desde 1995, quando foi descoberto o primeiro exoplaneta, várias centenas de sistemas planetários foram observados, abrindo assim novas oportunidades para o estudo da formação dos planetas.

No entanto, e até agora, nenhum planeta tinha sido ainda "apanhado em flagrante", em pleno processo de formação, ainda envolto no disco de material que circunda a jovem estrela progenitora.

Laboratório planetário

Embora a explicação mais provável para as observações obtidas seja a existência de um protoplaneta, os resultados deste estudo requerem observações suplementares para se confirmar a existência do planeta e invalidar outros cenários menos prováveis mas também plausíveis.

Entre outras explicações possíveis, o sinal detectado pode estar a ser emitido por uma fonte de fundo.

É igualmente possível que o objeto detectado não seja um protoplaneta, mas sim um planeta completamente formado, que tenha sido ejetado da sua órbita original, próxima da estrela.

Se se confirmar que o novo objeto em torno de HD100546 é, de fato, um planeta em formação, envolvido ainda pelo disco de gás e poeira progenitor, então ele se tornará um laboratório único para estudos sobre o processo de formação de um novo sistema planetário.


Bibliografia:

A Young Protoplanet Candidate Embedded in the Circumstellar disc of HD100546
Sascha P. Quanz, Adam Amara, Michael R. Meyer, Matthew A. Kenworthy, Markus Kasper, Julien H. Girard
Astrophysical Journal Letters
http://arxiv.org/abs/1302.7122

Um comentário:

  1. A palavra chave aqui é "jovem" estrela. Isto significa que o processo de formação de seus planetas é diferente do processo de formação dos primeiros planetas, das velhas estrelas. Por isso também a teoria acadêmica esta ainda confusa, pois esta misturando dados de velhos e novos planetas, assim como se a biologia estivesse tentando entender a formação de todas as células baseada num único processo, e sabemos que não foi assim. A Teoria Astronômica da Matrix/DNA é a única que sugere dois processos diferentes (primeiro, o ciclo vital de um astro e simbiose das formas resultantes organizando um sistema galáctico e depois, a mera reprodução dos sistemas originais, como ocorreu com átomos e células).

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