Folha de São Paulo - 03/05/2011
SABINE RIGHETTI
ENVIADA ESPECIAL AO RIO
O Brasil deve inaugurar em novembro seu primeiro centro de prevenção de desastres naturais, diz o climatologista Carlos Nobre, que coordena a iniciativa pelo Ministério da Ciência e Tecnologia.
O plano virou prioridade após o desastre na região serrana do Rio, neste ano, quando mais de 800 morreram. "A presidente Dilma quer o centro funcionando antes das chuvas de verão", disse ele.
De acordo com Nobre, mais de R$ 200 milhões devem ser injetados no projeto nos próximos quatro anos. Hoje, estima-se que menos de 10% das áreas de risco do país, que podem, por exemplo, sofrer deslizamentos com chuvas, estejam registradas.
A ideia é avançar nesse levantamento e cruzar tais dados com informações meteorológicas, obtidas por radares que já existem no país. Apesar de não ter desastres como terremotos e furacões, o Brasil está no alto da lista em mortes per capita por desastres naturais: ocupa a sexta posição no mundo. Mais de 2.000 pessoas morreram no país desde 2008 por causa de eventos como inundações e deslizamentos de terra.
"Nunca conseguiremos retirar todas as pessoas das áreas de risco. Mas precisamos de um sistema de alerta", defendeu Nobre durante sua palestra, que abriu a reunião anual da prestigiosa ABC (Academia Brasileira de Ciências).
"A sociedade acredita que o Brasil está livre de desastres naturais. Justamente por isso, o governo não investia muito em prevenção." De acordo com o climatologista, um sistema de alerta eficiente, somado à mobilização efetiva da população (o que deve ser feito pela Defesa Civil em caso de risco iminente) pode reduzir o número de mortos nos desastres em pelo menos 50%.
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