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Lançada nos EUA em 1980 e exibida pela Rede Globo em 1982, a série de TV “Cosmos” inspirou uma geração de jovens ao redor do mundo a se dedicar ao estudo de ciências. Criada pelo astrônomo americano Carl Sagan e sua esposa, Ann Druyan, e apresentada pelo próprio Sagan, ela convidou os espectadores a embarcar na “espaçonave da imaginação” em uma viagem de 13 episódios pelo Universo, a origem e evolução da vida na Terra, o alvorecer da Humanidade, sua cultura e conhecimento e a possibilidade de existência de inteligência extraterrestre, entre outros assuntos, tornando-se um marco da divulgação científica. Agora, quase 20 anos após a morte de Sagan, em 1996, “Cosmos” volta à tela em versão atualizada, com a “nave da imaginação” desta vez capitaneada pelo astrofísico Neil deGrasse Tyson, diretor do Planetário Hayden, em Nova York.
Como é comum na ciência, da série original de Sagan, que tinha como subtítulo “Uma viagem pessoal”, para a nova (com o subtítulo “Uma odisseia no espaço-tempo”, que estreou nos EUA no domingo e terá o primeiro dos seus também 13 episódios exibido no Brasil pelo canal de TV a cabo “National Geographic” amanhã à noite), muito do que se achava certo mudou. Então, por exemplo, acreditava-se que a força da gravidade eventualmente frearia o processo de expansão do Universo ou que os sistemas planetários como o nosso eram raros. Hoje, porém, sabe-se que a expansão do Universo não só não está diminuindo de ritmo como se acelerando, impulsionada pela misteriosa energia escura, enquanto observações cada vez mais minuciosas e sofisticadas indicam que os planetas extrassolares são mais uma regra do que uma exceção.
— Muitas coisas se juntaram para fazer desta a hora certa para isso (uma nova versão de “Cosmos”) — reconheceu Tyson em entrevista ao site da “National Geographic” antes da estreia do programa. — Avançamos muito nos últimos 34 anos, mais que uma geração. Desde então, descobrimos milhares de novos planetas e muita coisa mudou.
O programa promete surpreender visualmente, já que, atualmente, temos muito mais recursos tecnológicos. Além disso, “Cosmos” é uma superprodução, que conta, inclusive com o diretor de fotografia da trilogia “Matrix”, Bill Pope. No episódio de abertura, Tyson revisita o primeiro capítulo da série original ao indicar o endereço da Terra no Universo e condensar toda a sua História em um ano, da qual a Humanidade só faz parte nos últimos 14 segundos.
Emoção na lembrança de encontro com Sagan
A escolha de Tyson, de 55 anos, como apresentador da nova versão de “Cosmos” também pode ser vista como natural. Filho de uma gerontologista e um sociólogo, ele foi criado no bairro novaiorquino do Bronx, onde frequentou escolas públicas e desde cedo demonstrou grande interesse pela ciência. Tanto que em uma passagem emocionante perto do fim do primeiro episódio de “Uma odisseia no espaço-tempo” ele mostra um diário de Sagan com seu nome anotado no dia 20 de dezembro de 1975 e lembra seu primeiro encontro com o já famoso astrônomo.
Então com 17 anos, o jovem estudante Tyson foi convidado por Sagan para ir a Ithaca, cidade no centro do estado de Nova York e lar da Universidade de Cornell, onde lecionava. Nevava forte naquele dia, e depois de levá-lo para conhecer os laboratórios e instalações da universidade, Sagan foi deixá-lo na rodoviária local. Preocupado, o astrônomo anotou seu telefone pessoal em um pedaço de papel e deu-o a Tyson, dizendo que se houvesse algum problema com o ônibus ele poderia passar a noite em sua casa com sua família. “Eu já sabia que queria ser um cientista, mas naquele tarde eu aprendi com Carl a pessoa que eu queria ser”, conta Tyson.
Apesar de posteriormente ter sido convidado pelo próprio Sagan para estudar em Cornell, Tyson preferiu ir para a Universidade de Harvard, onde se formou em física, obtendo posteriormente os títulos de mestre e doutor em astrofísica na Universidade de Columbia em 1989 e 1991, respectivamente, tendo colaborado em estudos que ajudaram a estabelecer as supernovas do tipo Ia como “velas padrão” para medir as distâncias no Universo. Mas a lição daquele dia em Ithaca permaneceu, e logo Tyson, a exemplo de Sagan, tornou-se um ferrenho defensor da ciência e um entusiasmado divulgador de seus conhecimentos.
À frente do Planetário Hayden desde 1996, Tyson passou a dedicar boa parte de seu tempo à divulgação científica, escrevendo livros, colunas em jornais e participando de programas de rádio e TV. Sua fama, no entanto, só cresceu a partir de 2000, quando encabeçou movimento para tirar de Plutão o status de planeta, tendo inclusive o excluído de modelo do Sistema Solar construído durante reforma no Hayden no início da sua gestão. Assim, quando em 2006 a União Internacional de Astronomia (IAU, na sigla em inglês) decidiu que Plutão passaria a ser designado apenas como “planeta anão”, agrupado com outros objetos de tamanho similar no Sistema Solar, Tyson ganhou o apelido de “assassino de Plutão”.
Participações especiais
Matéria Original : O Globo
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