26 de abr. de 2011

Brasil quer enviar sua primeira sonda a asteroide em 2015

Folha de São Paulo - 18/04/2011


Projeto, ainda com financiamento incerto, envolve institutos e universidades de quatro Estados do país.

Ideia é pesquisar esse astro rochoso do Sistema Solar e também estudar os efeitos da radiação no espaço

SABINE RIGHETTI

DE SÃO PAULO



Cientistas de São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro e Brasília querem enviar ao espaço uma sonda para estudar um asteroide e fazer experimentos durante a viagem.

O asteroide _ chamado de 2001-SN263_ fica a 11 milhões de km na aproximação máxima da Terra e tem duas "luas" ao seu redor.

A sonda deve ser obtida por uma parceria com a Rússia. Mas o desenvolvimento dos seus instrumentos está a cargo da UFABC (Universidade Federal do ABC).

Lá, pesquisadores de engenharia espacial estão fazendo equipamentos capazes de analisar a composição química do asteroide.

Isso é importante porque esses astros podem guardar informações sobre a origem do Sistema Solar.

"Os equipamentos já estão desenhados", diz Annibal Hetem, da UFABC.

O projeto também envolve experimentos da USP.

"Queremos testar a resposta de moléculas biológicas ao ambiente espacial, especialmente à radiação", diz o astrobiólogo Douglas Galante, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências da USP.

A parte da análise dos dados ficaria com a Unesp (Universidade Estadual Paulista).

De acordo com o físico Othon Winter, a universidade já está investindo em infraestrutura e pessoal técnico para receber as informações que viriam do espaço direto para Guaratinguetá.



SEM RECURSOS

O problema é que a fonte de recursos para o projeto, orçado em US$ 40 milhões, ainda está incerta. E, para alcançar o asteroide, a sonda deve ser lançada em 2015.

"O Brasil já faz estudos teóricos sobre dinâmica orbital e processamento de dados de outras sondas", explica Marco Antonio Chamon, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

Os recursos poderiam vir de agências de fomento ou da AEB (Agência Espacial Brasileira)_ que não prevê voos para o "espaço profundo".

Hetem, da UFABC, é mais otimista. "Mesmo que a sonda não decole, já ganhamos formando pessoal na área."



colaborou DOUGLAS LAMBERT.

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