8 de ago. de 2011

Nasa encontra indícios de água líquida e salgada em Marte, afirma estudo

O Estado de S.Paulo


Resultado ainda não é conclusivo, mas líquido escorrendo pelas encostas permanece como principal explicação para marcas no solo durante estação quente do ano; comprovação da hipótese traria esperança de se encontrar microrganismos no planeta vermelho.

A Nasa anunciou ontem o descobrimento de manchas superficiais na borda de crateras de Marte que poderiam ser causadas por água líquida salgada, abrindo assim novamente a possibilidade de encontrar vida no planeta vermelho.

Efe
Possibilidade. Manchas em cratera seriam causadas por água

A descoberta foi feita graças à análise de uma série de imagens obtidas pelo Experimento Científico de Imagens de Alta Resolução (HiRise, na sigla em inglês) do Orbitador de Reconhecimento de Marte (MRO), que explora o planeta desde 2006.

"Estamos muito contentes com a descoberta, mas é o princípio de um processo que apenas começou", afirmou o diretor de pesquisa científica do programa de exploração de marte, Michael Meyer, durante uma entrevista coletiva.

Em 2008, já se havia comprovado a presença de água congelada em Marte logo abaixo da superfície do solo, nas regiões próximas aos polos (mais informações nesta página).

As linhas escuras observadas nas fotos do HiRise poderiam ter sido formadas por um fluxo de água salgada, algo que, por enquanto, permanece apenas como hipótese. O estudo divulgado na última edição da Science com os resultados da Nasa não constitui uma prova definitiva. Mas é o primeiro indício de água líquida em Marte.

"Se comprovado, seria a primeira vez que identificam água líquida fora da Terra", afirma Fernando Roig, do Observatório Nacional, no Rio. Ele acredita que a confirmação renovaria as esperanças de uma missão tripulada e até de uma futura colonização do planeta vermelho.

A bioquímica e geóloga da Universidade de Indiana Lisa Pratt afirmou que a hipótese ainda é fruto de "pura especulação", mas, se for confirmada, reabrirá a possibilidade de encontrar microrganismos em Marte.
As imagens estudadas foram obtidas em diversas latitudes do planeta e abarcam um período de aproximadamente três anos marcianos. Cada ano marciano equivale a 687 dias terrestres.

Para identificar as manchas misteriosas, os pesquisadores da Nasa precisaram de um algoritmo de detecção especial, capaz de distinguir alterações sutis nas imagens. Alguns sulcos observados cresceram mais de 200 metros em apenas dois meses terrestres.

Os cientistas acompanharam as mudanças das marcas nas diversas estações do ano. Eles observaram principalmente os declives íngremes do hemisfério sul do planeta. Perceberam que as manchas se alargam e escurecem, na direção do equador marciano, entre o fim da primavera e o início do outono.

Salobra. A equipe de cientistas sugere que o fenômeno poderia ser causado por água salgada, pois a salinidade diminui a temperatura em que o líquido congela. Dessa forma, durante a estação quente marciana, a água salgada da superfície do planeta alcançaria a temperatura ideal para descongelar e escorrer.

Mesmo assim, algumas questões permanecem em aberto. A origem da água, por exemplo. "A melhor explicação que temos para essas observações até agora é de que estamos diante de um fluxo de água salgada, embora este estudo não comprove", afirma Alfred McEwen, da Universidade do Arizona, colaborador do trabalho da Nasa e um dos principais responsáveis pelo HiRise.

"É difícil imaginar que (as manchas) sejam criadas por outra coisa que não o líquido que escorre pelos declives marcianos", aponta Richard Zurek, do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL, na sigla em inglês). / ALEXANDRE GONÇALVES, com EFE

PARA LEMBRAR

Lua e Marte abrigam gelo

Em junho de 2008, cientistas anunciaram que a sonda Phoenix, da Nasa, havia encontrado água congelada em Marte. Migalhas de um material brilhante, fotografadas no 20.º dia da missão, já não estavam mais lá em fotos feitas quatro dias depois.
O desaparecimento indicaria que os fragmentos seriam compostos de água congelada que se converteram em vapor sem passar pelo estado líquido nos dias seguintes. Até então, imaginava-se que o material poderia ser sal.
No ano passado, um radar da Nasa, instalado no satélite indiano Chandrayyan 1, detectou depósitos de gelo no polo norte da Lua. O equipamento identificou mais de 40 crateras nas quais se comprovou a existência de gelo. Segundo a Nasa, há pelo menos 600 milhões de toneladas de água congelada no local.






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