31 de ago. de 2011

Geofísico é uma das profissões do momento

O Fluminense
Por: Henrique Moraes 28/08/2011

Mercado de trabalho em alta valorização oferece salário inicial de R$ 6 mil

A crescente exploração do petróleo no Brasil, o aumento dos eventos climáticos e a maior consciente ambiental despertaram as autoridades do País a investirem mais nos estudos dos fenômenos naturais da estrutura terrestre e do aquecimento global. Para isso, a figura do geofísico se tornou mais relevante. Resultado: mercado de trabalho em alta e valorização profissional. Hoje, os salários para iniciantes variam entre R$ 4,5 mil e R$ 6 mil, mas podem passar dos R$ 30 mil dependendo da colocação do profissional.

Dados da Sociedade Brasileira de Geofísica (SBGF) mostram que o Brasil tem atualmente cerca de 2 mil geofísicos. Ana Cristina Chaves, presidente da SBGF, afirma que a inserção profissional do geofísico vem crescendo a cada ano. Ela destaca mais oportunidades no setor petrolífero, mas diz que há grande demanda também na área de mineração, meio ambiente e acadêmica.

“Há carência em todas as áreas, inclusive a acadêmica. Deles, o setor petrolífero é o que melhor paga. Os estudos ambientais também vêm tomando importância e volume aos poucos”, analisa.
“O campo de atuação do geofísico envolve ainda as investigações arqueológicas e de urbanismo, o auxílio em investigações policiais e na geotecnia (ou geofísica de engenharia)”, complementa a presidente da SBGF.

São apenas oito cursos de graduação no País na qual somente o da Universidade Federal Fluminense (UFF) está situado no Estado do Rio. Já o de pós-graduação são seis com um pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e outro pela UFF, sendo que em Geofísica Marinha.

Empregabilidade – A coordenadora do curso da UFF, Eliane da Costa Alves, reforça o que disse a presidente da SBGF sobre o mercado de trabalho aquecido. “É zero a taxa de desemprego na área. No curso da UFF, por exemplo, todos os alunos que se formaram estão empregados”, afirma a coordenadora.

Existente desde 2005 com duas turmas já formadas, o curso da UFF dobrou o número de vagas oferecidas este ano. Antes eram 20 e hoje são 40. Segundo Eliane da Costa, a UFF fez investimentos em infraestrutura, através do Programa do Governo Federal de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais do Brasil (Reuni), o que possibilitou o aumento de vagas.
“Foi construído um prédio para aumentar as dependências e o número de salas para o curso e a compra de mais equipamentos que são usados nas aulas. Aqui a taxa de evasão é zero”, comenta.

Destaque para o petróleo

Suzan Vasconcelos, de 28 anos, está no 3º ano de doutorado em Geofísica no IAG-USP. Ela conta que desde o ensino médio já pensava em entrar numa área que envolvesse exatas.

“A minha graduação foi em Matemática. Depois descobri a Geofísica, uma área que une matemática, computação e outros conhecimentos”, relata.

Suzan comenta a importância e a valorização do profissional dentro da área de petróleo e mineração.
“O geofísico é importante dentro dessas áreas, por exemplo, porque seu trabalho torna possível encontrar as reservas e prever o potencial exploratório em determinada região. Nossa função também é estudar a melhor maneira de extrair os recursos com menor prejuízo ao meio ambiente”, explica.
“A geofísica pode também servir de ferramenta para determinação de áreas de contaminação, bem como monitorar a evolução deste processo ”, complementa.

Igor Maurmann Guaragna, de 21, estudante do sexto período de Geofísica da UFF, diz que pretende seguir a área de petróleo ou de mineração.

“São áreas que estão em pleno vapor. As empresas estão contratando praticamente quase todos os que se formam por falta de pessoal. Na maioria das vezes as oportunidades aparecem bem cedo e as próprias empresas apostam em nossa qualificação fornecendo cursos e trabalhos de campo”, avalia Guaragna.

Estagiário de uma grande mineradora, ele afirma que no começo optou pela profissão por conta dos altos salários. “Vislumbrei a carreira inicialmente como uma oportunidade para ganhar dinheiro devido ao aquecimento nas áreas de petróleo e gás e da mineração. Contudo, me encontrei na profissão”, conclui.

Estudo de catástrofes

Eder Molina, coordenador do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São Paulo (USP), argumenta que a figura do geofísico é muito lembrada em caso de catástrofes naturais.

“Nós somos muito solicitados nessas horas. A Defesa Civil, por exemplo, muitas vezes aciona o IAG em casos de tremores de terra no Brasil. A imprensa assedia os nossos geofísicos em busca de informações precisas a cada grande terremoto ocorrido na Terra. Nossa função é essa, relatar os fatos e esclarecer as dúvidas para a população em geral”, esclarece Molina.

Renata Constantino, de 24, está cursando mestrado em geofísica na IAG-USP e pretende ser professora universitária.

“O mercado de trabalho está muito bom, mas pretendo permanecer na área acadêmica. Sempre me interessei na área de Exatas e no ambiente marinho. Por isso me graduei em Oceanografia”, diz a mestrando.

Na opinião do geofísico da USP, Emilio Eduardo Moreira Barbosa, uma das áreas mais carente está relacionada a métodos potenciais. “Pois a maioria vai trabalhar com sísmica na indústria petrolífera”, afirma Barbosa.



O FLUMINENSE


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