Jornal da Ciência
A cooperação científica e tecnológica entre Brasil e Argentina é estratégica e permitirá responder com eficiência aos crescentes desafios globais e ameaças que atentam contra a prosperidade de ambos os países. A opinião é da engenheira Agueda Menvielle, diretora nacional de Relações Internacionais do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação Produtiva da Argentina.
Menvielle foi uma das autoridades que abriram a 5ª Reunião Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS), realizada em novembro, em Buenos Aires, pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) em parceria com a Associação Argentina para o Progresso da Ciência (AAPC) e o órgão argentino Ciencia Hoy. Em um balanço do evento, ela destaca o espaço aberto para debater temas diferentes dos habitualmente discutidos nas Reuniões CTS. "Houve temas dentro das ciências sociais, mais próximos aos problemas que afetam os dois países", pontua a diretora.
"Foram debatidos, por exemplo, a produção e o meio ambiente; as consequências sociais da tecnologia; a economia das ciências e a tecnologia; e a insegurança e inclusão social desde o ponto de vista científico e tecnológico", exemplifica, acrescentando que estes temas representam uma grande contribuição para que a ciência possa conseguir o desenvolvimento social de forma equitativa e inclusiva.
De acordo com a diretora, para os ministérios de CT&I dos dois países, foi de enorme utilidade gerar um espaço para discussão como são as Reuniões CTS, onde docentes, pesquisadores, especialistas e divulgadores científicos, entre outros profissionais, se encontram e debatem temas comuns que nutrem o processo de formulação de estratégias, programas e políticas impulsionadas por Brasil e Argentina.
Intercâmbio de tecnologias - Em relação ao impacto social da inovação tecnológica, Menvielle classifica o Brasil como "líder em inovação tecnológica na América Latina", promovendo tecnologias e soluções em setores como biotecnologia e TI (tecnologia da informação), "áreas que para a Argentina são prioritárias".
"Ambos os países compartilham problemas comuns e tecnologias que, se forem adequadamente implementadas e responderem às necessidades das áreas estratégicas, poderão melhorar a vida dos dois", ressalta. "Nesse sentido, a formação e consolidação de redes de pesquisadores argentinos e brasileiros, com o fim de criar ambientes favoráveis para a colaboração e o intercâmbio de conhecimento, é algo que sem dúvida favorece aos dois países", completa.
Brasil e Argentina têm uma série de acordos e órgãos bilaterais, cujas atuações foram reforçadas na Reunião. Entre eles, Menvielle destaca o Centro Argentino-Brasileiro de Nanociências e Nanotecnologias (CABNN), criado em 2005, e o Centro Argentino-Brasileiro de Biotecnologia (CABBIO), que surgiu em 1987 e é "o exemplo mais contundente de colaboração exitosa entre Argentina e Brasil".
"Esse centro é o projeto de ação binacional em biotecnologia mais reconhecido da América Latina e em outras partes do mundo. Os cursos que o CABBIO impulsiona, por meio da Escola Argentino-Brasileira de Biotecnologia (EABBIO), atraem uma grande quantidade de alunos da América Latina, contribuindo para a integração de nossa região e para a formação de recursos humanos de alto nível", detalha.
Novas cooperações - Menvielle lembra que Argentina e Brasil trabalham juntos no meio científico desde 1980, quando assinaram o Acordo de Cooperação Científica e Tecnológica. E afirma que o Programa de Energias Novas e Renováveis e o Programa de Terapia Celular (Probitec) são os mais recentes no âmbito binacional.
"O Probitec, por exemplo, está destinado a apoiar atividades de pesquisa, desenvolvimento tecnológico e formação de pessoal qualificado no campo da terapia celular realizado nos dois países. No dia 1º de dezembro, foram aprovados nove projetos internacionais de pesquisa clínica, básica e translacional", conclui.
(Clarissa Vasconcellos - Jornal da Ciência)
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