1 de nov. de 2012

Grupo "caça" Plutão para proteger espaçonave

Folha de S.Paulo

Astrônomos precisaram posição do astro para evitar choque com sonda americana

SALVADOR NOGUEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Em julho de 2015, a sonda americana New Horizons passará zunindo pelas proximidades de Plutão e suas luas.

A trajetória coloca a espaçonave a grande proximidade do planeta anão, para maximizar a qualidade das observações científicas. Mas e se houver um erro de cálculo na posição exata do astro? Pode dar zebra?
Apesar de Plutão ter sido descoberto em 1930 e alvo de observações desde então, essa é uma possibilidade.

"Nas efemérides [plutonianas] há uma falta de confiabilidade muito grande", explica Roberto Vieira Martins, astrônomo do Observatório Nacional, no Rio de Janeiro. "Isso porque ninguém costuma corrigir os dados em função da refração [causada pela atmosfera]."

Para preencher essa lacuna, Martins e seus colegas fazem um esforço de tentar executar essa correção apropriada dos dados para dar mais confiança às estimativas de posição e distância do astro.

As medições são feitas quando Plutão passa à frente de outra estrela mais distante, ao acompanhar a variação de brilho e o sumiço temporário da estrela no céu.

Monitorando de forma sistemática possíveis interferências causadas pela atmosfera da Terra, os pesquisadores puderam "filtrar" os erros das observações, permitindo uma determinação mais precisa da posição do astro.

O trabalho, que até agora envolveu 151 noites de observação no Observatório Pico dos Dias, em Itajubá (MG), e mais 13 noites no telescópio do ESO (Observatório Europeu do Sul), compreendendo um período total de 17 anos foi apresentado por Gustavo Benedetti-Rossi, também do Observatório Nacional, na 37ª Reunião Anual da Sociedade Astronômica Brasileira, em Águas de Lindoia (SP).

É fato que a Nasa ligará os sensores da nave quando ela estiver se aproximando, para fazer correções de curso de última hora.

Contudo, melhorar os dados da órbita de Plutão ajuda a dar a certeza de que a ligação programada dos sistemas a bordo não aconteça num ponto do voo em que a correção já seria inviável.




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