12 de nov. de 2010

LHC cria mini Big Bangs e não destrói a Terra

Redação do Site Inovação Tecnológica - 08/11/2010


Simulação do resultado de uma colisão de íons de chumbo. O experimento ALICE está registrando as colisões reais, provavelmente muito parecidas com esta. [Imagem: CERN]
O mundo não acabou, de novo

Eram 21h30 deste domingo, dia 07 de Novembro, e tudo aconteceu rápido demais. Tão rápido que não havia nem um só catastrofista de plantão.

Primeiro, os cientistas arrancaram os elétrons de átomos de chumbo, transformando-os em íons. A seguir, aceleraram esses íons a velocidades altíssimas, e os fizeram colidir uns contra os outros.

O resultado foi que o homem finalmente conseguiu criar mini Big Bangs, reproduções em escala reduzida daquilo que deve ter acontecido quando nosso Universo foi criado.

Mas, ao contrário do que alguns poucos esperavam, o mundo não acabou.

Buracos negros do LHC

Tudo aconteceu dentro do LHC, que já foi chamado de Máquina do Fim do Mundo e de Máquina do Começo do Mundo.

Alguns físicos ganharam notoriedade passageira ao apregoarem que tais choques de partículas poderiam criar buracos negros que destruiriam a Terra.

Com tamanha controvérsia, talvez o grande destaque do feito inédito do LHC, ao menos nesse primeiro momento, devesse então ir para o que não aconteceu: os "buracos negros do LHC" não destruíram a Terra.

Mas será que alguém esperava mesmo por isso - além dos proponentes da ideia, é claro?

Na verdade, os físicos gostariam muito que essas colisões pudessem criar buracos negros microscópicos. Embora isso seja improvável - e esses micro buracos negros seriam pequenos demais para fazer qualquer estrago - seria uma descoberta muito interessante - veja Colisão de partículas pode de fato criar buracos negros.

Mini Big Bangs

O fato mais importante, contudo, é que as colisões de chumbo estão se dando como esperado e os detectores estão registrando os dados.

Os cientistas levarão meses para analisar todos esses dados - e só então será possível conhecer a que conclusões eles levam - mas há motivos para muito entusiasmo.


Detlef Kuchler, físico do CERN, mostra um pedaço da fonte de chumbo usada para criar os íons pesados que se chocam dentro do LHC. [Imagem: M. Brice/CERN]

Ao serem acelerados ao longo dos 27 quilômetros do anel do LHC, os íons de chumbo alcançaram uma energia de 287 TeV (tera-elétron-Volts). Isto é muito mais alto do que a energia alcançada quando o LHC estava colidindo prótons porque os íons de chumbo contêm 82 prótons cada um.

Isto permitirá que os cientistas estudem o que existia quando o Universo tinha apenas alguns milionésimos de segundo de idade - veja LHC vai começar a estudar o Big Bang.

"Este processo ocorre em um ambiente seguro e controlado, gerando bolas de fogo incrivelmente quentes e densas, com temperaturas de mais de 10 trilhões de graus, um milhão de vezes mais quentes do que o centro do Sol," explica o Dr. David Evans, participante do experimento ALICE, especialmente projetado para estudar os mini Big Bangs.

O choque dos íons cria um estado da matéria chamado de plasma de quark-glúon, alcançando temperaturas de 10 trilhões de graus Celsius, quando os núcleos de chumbo derretem e esfacelam-se em seus elementos constituintes.

"Os físicos esperam aprender mais sobre a Força Forte, uma das quatro forças fundamentais da natureza. A Força Forte não apenas mantém coeso o núcleo dos átomos, mas é também responsável por 98% de sua massa," diz Evans.

Esse é, na verdade, um dos grandes problemas da física atual que a comunidade científica espera que o LHC ajude a resolver: de onde vem essa massa - veja mais em Em busca da "Partícula de Deus".

Para os que ficaram decepcionados com ao perder a oportunidade de encarar um buraco negro frente a frente, outros cientistas já propuseram uma receita para criar buracos negros em laboratório.

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