As partículas fazem parte da carga de amostras recolhida pela sonda espacial Stardust que retornou à Terra em 2006 após sete anos de viagem e mais de 4.800 quilômetros percorridos. Desde então uma equipe de cientistas esteve analisando os fragmentos capturados em uma rede com forma de raquete fabricada com um aerogel de dióxido de silício, o material sólido mais leve conhecido capaz de deter o pó sem modificá-lo pelo impacto.
Os cientistas acreditam que as partículas provavelmente vieram de fora de nosso Sistema Solar, talvez por uma explosão de uma supernova há milhões de anos e alteradas pela exposição ao extremo ambiente espacial.
A descoberta rendeu outros 12 estudos sobre as partículas, que aparecerão na próxima semana na revista "Meteoritics & Planetary Science", antecipou a NASA.
"Estes são os objetos mais difíceis que jamais teremos no laboratório para seu estudo e é um triunfo que tenhamos progredido tanto em sua análise", disse Michael Zolensky, do laboratório Stardust no Centro Espacial Johnson da NASA em Houston e coautor do artigo da "Science".
Os cientistas advertem que precisam fazer testes adicionais antes de poder dizer, definitivamente, que se tratam de restos procedentes do espaço interestelar.
Mas, se for confirmado, asseguram que essas minúsculas partículas cósmicas de uma grossura inferior a de um pelo humano, poderiam ajudar a explicar a origem e a evolução do pó interestelar (situado entre as estrelas), assim como do Sistema Solar.
A estrutura e a composição química das partículas resultou ser muito mais diversa do que esperavam os cientistas, que apontaram que algumas têm uma estrutura esponjosa, similar a um floco de neve.
Uma equipe de "cientistas-cidadãos" participou da cooperação científica com a universidade de Berkeley para ajudar a detectar as partículas com dimensão de milésimos de milímetros.
Membros do Centro Espacial Johnson analisaram metade dos painéis em níveis distintos e transformaram o material escaneado em filmes, publicados na internet, para que os voluntários buscassem rastros de partículas, que posteriormente foram verificados por cientistas.
As supernovas, as gigantes vermelhas e outras estrelas produzem um pó interestelar e geram elementos pesados como o carbono, o nitrogênio e o oxigênio necessário a vida.
A NASA ressaltou que duas partículas, que foram apelidadas de Orion e Hylabrook, foram submetidas a testes exaustivos para determinar as quantidades de isótopos de oxigênio, o que poderia proporcionar evidências mais claras de sua origem extra-solar.
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