“Cair da Noite” é um conto de ficção científica escrito por Isaac Asimov em 1965. Nele, vive-se num planeta (Lagash) que orbita seis sóis, de forma que a noite é um fato raro, ocorrendo uma vez a cada 2000 anos, aproximadamente.
Asimov retrata uma civilização que não conhece o céu noturno. Na Terra, confirmamos a validade da lei da gravitação universal, formulada por Newton, porque astrônomos, durante séculos, observam o movimento de planetas à noite, utilizando telescópios cada vez mais sofisticados.
O reconhecimento que não somos um ponto central e privilegiado do universo, deve-se também à constatação da existência de outros sóis.
Um importante momento em Lagash é a véspera de um eclipse. Astrônomos, ou mais especificamente, “heliólogos” (pois os únicos astros disponíveis eram os sóis e as luas) estão entusiasmados porque a lei de Newton tinha acabado de ser deduzida. Com base nela conseguiram prever o eclipse. Acreditavam que seriam capazes de observar algum astro distante na escuridão vindoura.
Porém, havia um problema. Para conhecê-lo vamos recomendar a leitura do conto.
Um sistema de seis sóis é uma improbabilidade da natureza. O conto foi escrito uma década antes da comprovação que um sistema com mais de dois corpos, cujas massas são comparáveis, é altamente instável.
Mesmo assim, é fascinante a descoberta de um grupo de centenas de estrelas capazes de possuir planetas, com observações realizadas pelo telescópio espacial Kepler, concebido especialmente para encontrar planetas extra-solares (ou exoplanetas). Destas foram confirmados cerca de 50, denominadas sistemas binários, isto é, formados por duas estrelas.
Neste caso a dificuldade é determinar a qual estrela os planetas pertencem. Foram encontrados sistemas binários com pelo menos um planeta. Mas as estrelas estão tão próximas que é difícil comprovar qual planeta orbita uma delas, ou ambas, de forma estável.
Talvez não seja tão exótico pensar numa civilização vivendo em planetas com órbitas estranhas, onde não exista noite, ou ela seja rara. Pensemos aqui na Terra. Se a Lua fosse um “outro Sol” então só haveria noite uma vez por mês. Um sistema em que o planeta tivesse uma órbita em forma de “8” faria da noite um fenômeno raro. Será que as pessoas se comportariam como Asimov descreve em seu conto? Exageros à parte, o que se imagina na ficção científica, eventualmente, com o passar do tempo, pode vir a ser uma realidade.
Futuro: uma comunicação com Lagash?
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