12 de jan. de 2012

Nasa descobre novos planetas orbitando em redor de dois sóis

Diário Digital - 12/01/12


Uma equipa de astrónomos encontrou dois novos planetas que orbitam em redor de dois sóis, um fenómeno que foi observado pela primeira vez na história em setembro do ano passado e que consolida a suspeita de que existem milhões destes na galáxia.

A Universidade da Flórida anunciou quarta-feira a descoberta, na qual participaram alguns dos seus astrónomos e que foi possível graças à análise dos dados obtidos pela missão Kepler, da Nasa.

Os cientistas batizaram os planetas de Kepler-34b e Kepler-35b, e ambos orbitam em redor de uma «estrela binária», um sistema estelar composto de duas estrelas que orbitam mutuamente em redor de um centro de massas comum.

«Embora a existência destes corpos, denominados de planetas circumbinários, tenha sido prevista há muito tempo, era só uma teoria, até que a equipa descobriu o Kepler-16b em setembro de 2011», explicou a instituição em comunicado.

O Kepler-16b foi batizado então como «Tatooine», em referência ao desértico planeta dos filmes «Guerra das Estrelas», que tinha a peculiaridade de contar com dois sóis.

«Durante muito tempo pensamos que esta classe de planetas era possível, mas foi muito difícil de detectar por diversas razões técnicas», explicou o professor associado de Astronomia da Universidade da Flórida, Eric Ford.

Ford acrescentou que a descoberta de Kepler-34b e Kepler-35b, que é publicada hoje na edição digital da revista Nature, somada à de Kepler-16b em setembro, «demonstra que na galáxia há milhões de planetas orbitando duas estrelas».

Acredita-se que os dois planetas recém-descobertos são formados fundamentalmente por hidrogénio e que são quentes demais para abrigar vida. São dois gigantes de gás de muito pouca densidade, comparáveis em tamanho a Júpiter, mas com muito menos massa.

Kepler-34b é 24% mais pequeno que Júpiter, mas tem 78% de menos massa, e pode completar uma órbita em 288 dias terrestres. Já Kepler-35b é 26% menor, tem uma massa 88% inferior e demora apenas 131 dias para dar uma volta completa aos seus dois sóis.

«Os planetas circumbinários podem ter climas muito complexos durante cada ano alienígena, já que a distância entre o planeta e cada estrela muda significativamente durante cada período orbital», explicou Ford.

A missão Kepler, que começou em março de 2009, utiliza um telescópio para observar uma pequena porção da Via Láctea. Os astrónomos analisam os dados procedentes do telescópio e procuram aqueles que mostram um escurecimento periódico que indique que um planeta cruza a frente da sua estrela anfitriã.

O objetivo da missão é encontrar planetas do tamanho da Terra na zona habitável das órbitas das estrelas (onde um planeta pode ter água líquida na superfície).

«A maioria das estrelas semelhantes ao Sol na galáxia não está sozinha, como o sol da Terra, mas tem um ´parceiro de dança` e forma um sistema binário», explicou a Universidade da Flórida.

De fato, a missão Kepler já identificou 2.165 estrelas binárias eclipsantes (que se tapam uma à outra desde a perspectiva do telescópio) entre as mais de 160 mil estrelas observadas até ao momento.






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