13 de jan. de 2012

Super aglomerado El Gordo não desafia Big Bang, dizem astrônomos

Com informações do ESO - 11/01/2012

Embora o tamanho e distância do aglomerado El Gordo sejam bastante incomuns, os autores dizem que os novos resultados são, ainda assim, consistentes com a atual ideia de um Universo que começou com o Big Bang.[Imagem: ESO/SOAR/NASA]

Mar de estrelas

Astrônomos descobriram o maior aglomerado de galáxias já observado, situado a sete bilhões de anos-luz da Terra.
Um verdadeiro mar de estrelas, o aglomerado foi batizado de El Gordo.
O Gordo é na verdade composto por dois sub-aglomerados separados em processo de colisão - os dois viajam a uma velocidade de vários milhões de quilômetros por hora.

"Este aglomerado tem mais massa, é mais quente e emite mais raios-X do que qualquer outro aglomerado encontrado a esta distância ou a distâncias ainda maiores," disse Felipe Menanteau, da Universidade Rutgers (EUA) que liderou este estudo. "Dedicamos muito do nosso tempo de observação ao El Gordo e estou contente por termos conseguido descobrir este espantoso aglomerado em colisão."

Matéria e energia escuras

Os aglomerados de galáxias são os maiores objetos mantidos pela força da gravidade que existem no Universo.
O processo da sua formação, a partir de grupos de galáxias menores que se fundem, depende muito da quantidade de matéria escura e energia escura do Universo no momento.
Por isso mesmo, o estudo dos aglomerados ajuda a compreender melhor estas misteriosas componentes do cosmos.
"Aglomerados de galáxias gigantescos como este são exatamente o que estávamos à procura," disse o membro da equipe Jack Hughes, também da Universidade Rutgers. "Queremos ver se conseguimos compreender como se formam estes objetos tão extremos, utilizando os melhores modelos cosmológicos disponíveis hoje em dia."

Radiação cósmica de fundo de micro-ondas

A equipe, liderada por astrônomos chilenos e da Universidade Rutgers, descobriu o El Gordo ao detectar uma distorção da radiação cósmica de fundo de micro-ondas.
Este brilho tênue é o resto da primeira radiação vinda do Big Bang, a origem do Universo, muito densa e extremamente quente, há cerca de 13,7 bilhões de anos.
Esta radiação que resta do Big Bang interage com os elétrons do gás quente dos aglomerados de galáxias, distorcendo a aparência do brilho de fundo de micro-ondas visto a partir da Terra.
É o chamado efeito Sunyaev-Zel'dovich (SZ), nome que vem dos astrônomos russos Rashid Sunyaev e Yakov Zel'dovich, que o previram no final dos anos 1960. Quanto maior e mais denso for o aglomerado, maior será este efeito.

Compatível com o Big Bang

O Very Large Telescope do ESO foi utilizado pela equipe para medir as velocidades das galáxias nesta enorme colisão de aglomerados e também para medir a sua distância à Terra. Adicionalmente, o Observatório de raios-X Chandra, da NASA, foi utilizado para estudar o gás quente no aglomerado.
Embora o tamanho e distância do aglomerado El Gordo sejam bastante incomuns, os autores dizem que os novos resultados são, ainda assim, consistentes com a atual ideia de um Universo que começou com o Big Bang e que é essencialmente constituído por matéria escura e energia escura.
O El Gordo formou-se, muito provavelmente, de forma semelhante ao aglomerado Bala, o espetacular aglomerado de galáxias em interação que se encontra a quase quatro bilhões de anos-luz mais próximo da Terra.
Em ambos os aglomerados, há indícios de que a matéria normal, constituída principalmente por gás quente brilhando em raios-X, foi arrancada da matéria escura. O gás quente é desacelerado pela colisão, o mesmo não acontecendo à matéria escura.
"Esta é a primeira vez que encontramos um aglomerado como o aglomerado Bala a uma distância tão grande, " disse Cristóbal Sifón, estudante da Pontifícia Universidade Católica de Chile (PUC) em Santiago. "É como diz o velho provérbio: Se queres perceber para onde vais, tens primeiro de saber donde vieste."



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