Bolg Observatório
por Cássio Barbosa
A nossa galáxia, a Via Láctea, pertence a um grupo de galáxias próximas umas das outras. As duas principais galáxias deste grupo são a nossa e Ândromeda, que está a uns 2,5 milhões de anos luz de distância. Além das duas, temos as duas Nuvens de Magalhães (satélites da Via Láctea), M33 (satélite de Andrômeda) e mais algumas dezenas de outras galáxias menores.
Há mais de um século já se sabe que daqui a 4 bilhões de anos haverá uma colisão envolvendo a Via Láctea, Andrômeda e M33, mas os detalhes dessa colisão ainda não haviam sido estudados com muita precisão. Fazer um estudo desses envolve simulações numéricas muito trabalhosas e bastante “pesadas”, falando em termos de recursos computacionais. Além de um grande volume de dados bons, são necessários supercomputadores, ou como é a tendência moderna, “clusters” – termo em inglês para “grupo” ou “aglomerado” – de computadores para processamento. Mesmo assim, essas simulações duram vários dias ou semanas.
Será publicado na próxima edição do “Astrophysical Journal” um estudo desses, baseado em dados do Hubble, mostrando como deve ser essa colisão. Esses dados foram obtidos pela observação de regiões selecionadas de Andrômeda durante cinco e sete anos, segundo Jay Anderson do Instituto do Telescópio Espacial.
Alguns aspectos gerais já eram conhecidos. Por exemplo, não se espera que haja muitas colisões entre estrelas, já que elas estão muito distantes umas das outras. O Sol e o Sistema Solar devem sobreviver a esta colisão. As duas galáxias estão uma indo ao encontro uma da outra, mas Andrômeda está se aproximando 2 mil vezes mais rápido.
Os resultados dessas simulações mostram que, depois do choque em si, as duas galáxias ainda vão levar uns 2 bilhões de anos até que se aglutinem por completo, formando uma única galáxia. Enquanto isso não acontece, Andrômeda e a Via Láctea vão ficar uma passando pela outra, sempre se deformando mutuamente por causa da força gravitacional das duas. As duas deixarão de ser galáxias espirais e se tornarão uma galáxia gigante do tipo cD, que é o tipo morfológico típico de colisões assim. Além de um bojo central, um halo difuso composto principalmente de gás será formado.
Outro resultado interessante mostra que o Sol – assim como todo o Sistema Solar – mudará de posição. Todo o sistema deve ir para regiões mais periféricas da Via Láctea, ficando mais afastado do centro. Mas todo o processo deve levar uns 6 bilhões de anos, e o Sol só deve ter mais uns 5 bilhões de anos de vida. Antes de tudo isso terminar, haverá apenas uma anã branca no lugar. Muito antes disso, daqui a uns 400 milhões de anos, a vida da Terra provavelmente já terá se extinguido, por conta do aumento da temperatura solar. Esse aumento é natural no ciclo evolutivo de uma estrela.
Trânsito de Vênus
Bom, como eu havia prometido, aqui vão alguns links que devem fazer a cobertura do trânsito de Vênus na internet:
Este primeiro tem o charme de ser uma transmissão diretamente do observatório de Monte Wilson na Califórnia. Foi nesse observatório que Edwin Hubble começou a obter os dados que o levariam a propor a expansão do Universo.
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