6 de dez. de 2010

Número de estrelas no Universo pode ser três vezes maior

Redação do Site Inovação Tecnológica - 02/12/2010


Filtrando a luz de outras estrelas, astrônomos detectaram a fraca assinatura das pequenas anãs vermelhas nas galáxias elípticas vizinhas da Via Láctea.[Imagem: Yale University]
Se já era difícil imaginar os bilhões de estrelas de cada galáxia, e os bilhões de galáxias, agora talvez seja necessário multiplicar essa imensidão por três.

Astrônomos descobriram que existem muito mais estrelas pequenas e relativamente frias - chamadas anãs vermelhas - do que eles haviam calculado anteriormente.

A conta estava tão errada que o número total de estrelas no Universo pode ser três vezes maior.

Anãs vermelhas

Como as anãs vermelhas são relativamente pequenas e pouco brilhantes, quando comparadas a estrelas como o nosso Sol, os astrônomos não eram capazes de detectá-las fora da Via Láctea e das galáxias mais próximas de nós.

Desta forma, eles não sabiam qual era o percentual das anãs vermelhas em relação à população total de estrelas do Universo.

Na nova pesquisa, os astrônomos usaram os mais modernos instrumentos do Observatório Keck, no Havaí, para detectar os fracos sinais das anãs vermelhas em oito galáxias elípticas gigantes relativamente próximas da Via Láctea - localizados entre cerca de 50 milhões e 300 milhões de anos-luz de distância.

Eles descobriram que as anãs vermelhas - que têm uma massa equivalente a apenas 10 a 20 por cento da massa do Sol - são muito mais abundantes do que o esperado.

"Ninguém sabia quantas dessas estrelas havia," disse Pieter van Dokkum, da Universidade de Yale, nos Estados Unidos. "Diferentes modelos teóricos previam uma vasta gama de possibilidades, de modo que nossa pesquisa responde a uma pergunta que estava em suspenso há muito tempo."

Diferenças entre galáxias

A equipe descobriu que há cerca de 20 vezes mais anãs vermelhas nas galáxias elípticas do que na Via Láctea.

"Nós geralmente assumimos que as outras galáxias se parecem com a nossa. Mas nosso achado sugere que outras condições são possíveis em outras galáxias," afirmou Charlie Conroy, do Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica, que também participou da pesquisa. "Então, essa descoberta pode ter um impacto significativo em nossa compreensão da formação e da evolução das galáxias."

Por exemplo, explica Conroy, as galáxias podem conter menos matéria escura - uma substância misteriosa, que tem massa, mas não pode ser observada diretamente - do que as medidas anteriores de suas massas indicavam. Em vez disso, as abundantes anãs vermelhas podem representar uma parcela muito maior de sua massa do que os cientistas calculavam.

Trilhões de Terras

Outro efeito significativo da pesquisa, segundo Dokkum, é que a descoberta eleva igualmente o número de planetas que orbitam outras estrelas, o que por sua vez eleva o número de planetas que poderiam abrigar vida.

Na verdade, um exoplaneta descoberto recentemente, que os astrônomos acreditam que poderia suportar vida, orbita uma estrela anã vermelha, chamada Gliese 581 - veja Descoberto exoplaneta bem no centro da zona habitável.

"Há possivelmente trilhões de Terras orbitando essas estrelas," disse Dokkum, acrescentando que as anãs vermelhas que eles descobriram, que geralmente têm mais de 10 bilhões de anos de idade, estão por aí a tempo suficiente para que organismos complexos possam ter evoluído. "É uma das razões porque as pessoas estão tão interessadas neste tipo de estrela."

Bibliografia:

A substantial population of low-mass stars in luminous elliptical galaxies
Pieter G. van Dokkum, Charlie Conroy
Nature
1 December 2010
Vol.: Advance online publication
DOI: 10.1038/nature09578

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