No jato emitido por uma estrela jovem, uma equipe internacional de astrônomos detectou moléculas simples, mas aparentemente especiais. Os átomos de carbono, nitrogênio e oxigênio estão ligados da mesma maneira encontrada nas proteínas — moléculas mais complexas, essenciais à vida. “Isso mostra que moléculas que estão nos seres vivos podem ser produzidas a partir de compostos mais simples presentes no meio interestelar, cujas condições físicas e químicas são drasticamente diferentes daquelas na Terra”, explica Edgar Mendoza, do Observatório do Valongo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), primeiro autor do estudo aceito mês passado para publicação na revista MNRAS. Mendoza e sua orientadora de doutorado, Heloisa Boechat-Roberty, colaboraram com mais quatro astrônomos para realizar um estudo observacional que revelou a presença de moléculas que podem ser precursoras de vida, ou prebióticas, dentro de um jato de gás e poeira impulsionado por uma protoestrela denominada L1157-mm, a aproximadamente 800 anos-luz de distância da Terra. Usando dados do telescópio internacional IRAM 30m, localizado na Espanha, a equipe identificou uma abundância relativamente alta de moléculas prebióticas, especialmente a formamida, numa região quimicamente complexa onde um jato de gás e poeira interage com o gás nativo, frio e denso que alberga o objeto protoestelar. Mendoza explica que ainda não se sabe exatamente como essas moléculas são produzidas de forma tão eficiente nessas zonas de choque. O grupo suspeita, entretanto, que resultam de reações químicas na superfície congelada de grãos de poeira, uma hipótese que esperam testar no Laboratório Nacional de Luz Síncrotron, em Campinas, no próximo ano.
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