Redação do Site Inovação Tecnológica - 27/06/2011
O disco negro corresponde à parte extremamente brilhante da imagem que teve que ser tapada para que a nebulosa mais tênue pudesse ser observada.[Imagem: ESO/P. Kervella]
Super estrela
Utilizando o instrumento VISIR montado no Very Large Telescopedo ESO (VLT), astrônomos obtiveram imagens, com o maior detalhe até agora conseguido, de uma nebulosa complexa e brilhante em torno da estrela supergigante Betelgeuse.
Esta estrutura, que se assemelha a chamas emitidas pela estrela, forma-se à medida que o objeto libera material para o espaço.
Betelgeuse, uma supergigante vermelha da constelação de Órion, é uma das estrelas mais brilhantes do céu noturno.
É também uma das maiores, sendo quase do tamanho da órbita de Júpiter - cerca de quatro vezes e meia o diâmetro da órbita da Terra.
A imagem do VLT mostra a nebulosa em torno da estrela, a qual é muito maior que a própria estrela, estendendo-se além de 60 bilhões de quilômetros desde a superfície estelar - cerca de 400 vezes a distância da Terra ao Sol.
Gigantes vermelhas
Estrelas supergigantes vermelhas como a Betelgeuse representam uma das últimas fases da vida de uma estrela de grande massa.
Durante esta fase, de curta duração, a estrela aumenta de tamanho e expele as suas camadas exteriores para o espaço a uma taxa prodigiosa - expele enormes quantidades de material (correspondentes aproximadamente à massa do Sol) em apenas 10.000 anos.
O processo pelo qual o material é ejetado por uma estrela como a Betelgeuse envolve dois fenômenos distintos.
O primeiro corresponde à formação de enormes plumas de gás (embora muito menores do que a nebulosa que se vê nesta imagem) que se estendem no espaço a partir da superfície da estrela. Estas plumas foram previamente detectadas pelo instrumento NACO montado no VLT.
O outro, que é o motor da ejeção das plumas, é o movimento vigoroso, para cima e para baixo, de bolhas gigantes presentes na atmosfera de Betelgeuse - tal qual água fervente que circula numa panela .
Nebulosa estelar
O novo resultado mostra que as plumas observadas próximas à estrela estão provavelmente ligadas a estruturas na nebulosa exterior, nebulosa essa que se vê na imagem infravermelha do VISIR.
A nebulosa não é vista no visível, já que a Betelgeuse é tão brilhante que a ofusca completamente. A forma assimétrica e irregular do material indica que a estrela não ejetou material de forma simétrica. As bolhas de material estelar e as plumas gigantes que estas bolhas originam podem ser responsáveis pelo aspecto nodoso da nebulosa.
O material visível na nova imagem é muito provavelmente composto de poeira de silicato e alumina. É o mesmo material que forma a maior parte da crosta da Terra e de outros planetas rochosos.
Em determinada altura do passado distante, os silicatos da Terra foram formados por uma estrela de grande massa (agora extinta) semelhante à Betelgeuse.
Plumas cósmicas
Nesta imagem composta, as observações anteriores das plumas obtidas com o instrumento NACO aparecem no disco central.
O pequeno círculo vermelho no centro tem um diâmetro de cerca de quatro vezes e meia a órbita da Terra e representa a posição da superfície visível da Betelgeuse.
O disco negro corresponde à parte extremamente brilhante da imagem que teve que ser tapada para que a nebulosa mais tênue pudesse ser observada.
As imagens do VISIR foram obtidas através de filtros infravermelhos sensíveis à radiação a diferentes comprimentos de onda, com o azul correspondente aos comprimentos de onda menores e o vermelho aos maiores. O tamanho do campo de visão é 5,63 X 5,63 arcos-segundo.
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