Folha de São Paulo - 15/07/2011
Cientistas de fora serão atraídos para vaga temporária em universidades, diz ministro.
ANA FLOR
MÁRCIO FALCÃO
DE BRASÍLIA
O Brasil se prepara para realizar um concurso internacional que deve recrutar pesquisadores e docentes de fora do país para as áreas de ciência e tecnologia.
Ao sair de encontro em que a presidente Dilma Rousseff recebeu o neurocientista Miguel Nicolelis, o ministro Aloisio Mercadante (Ciência e Tecnologia) disse que o governo abrirá, em breve, vagas para pesquisadores estrangeiros temporários nas instituições de ponta do Brasil.
Segundo ele, o alvo são cientistas que perderam seus postos em universidades estrangeiras por causa da crise.
O ministro citou experiência recente da Unicamp, que trouxe pesquisadores e professores estrangeiros para períodos de até dois anos na universidade paulista.
"Vamos dar um salto quântico", disse o ministro, falando também do recém-anunciado programa que pretende enviar 75 mil graduandos e doutorandos brasileiros para universidades no exterior.
O governo espera que a maior parte das bolsas seja bancada por empresas daqui.
"Hoje é um momento raro na história econômica, o Brasil cresce, tem estabilidade, investe. E estamos assistindo a uma recessão nos países desenvolvidos. Então nós tivemos uma diáspora de cérebros no passado, mas agora queremos atrair inteligência para o Brasil", declarou.
O ministro diz que o país tem excelentes cientistas, mas que a iniciativa do governo responde à exigência da sociedade atual de expandir a fronteira do conhecimento.
"Você não desenvolve projeto de ponta em tecnologia e ciência sem colaboração internacional. E o Brasil tem de pensar em estar na ponta."
LISTA DE DESEJOS
Na conversa com Dilma, Nicolelis pediu apoio para dois projetos: instalação de 12 escolas multilíngues nas fronteiras do Brasil e o desenvolvimento do projeto "Andar de Novo" para o início da Copa de 2014.
As escolas teriam ensino normal pela manhã e os estudantes dos dois países teriam aulas conjuntas de ciência no período da tarde. As aulas seriam em português e espanhol, propõe Nicolelis.
Sobre o "Voltando a Andar", a ideia é que um paraplégico possa dar o pontapé inicial da Copa do Mundo. Os cientistas trabalham para unir homem e máquina, nesse caso uma veste robótica controlada pelo cérebro.
"A presidente adorou a ousadia", disse Nicolelis.
Mercadante afirmou que o projeto é um 'sonho'. "Imagine um menino, uma menina, tetraplégico ou paraplégico entrar andando em um campo de futebol e chutar uma bola. É uma coisa tão fantástica quanto os feitos de Santos Dumont. Espero que a gente consiga fazer isso."
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