30 de jul. de 2010

Sucesso na participação do Observatório Nacional na 62ª Reunião Anual da SBPC

DAED-ON - 30/07/2010


Mais uma vez o stand do ON é um dos que mais recebe visita do publico na SBPC. Este ano, montado no campus da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, o stand distribuiu material de divulgação cientifica produzido pela DAED – Divisão de Atividades Educacionais e divulgou o instituto falando de suas atividades e projetos nas áreas de Astronomia, Geofísica e Metrologia e Tempo e Frequência. O diretor do Instituto, Dr. Sergio Luiz Fontes, esteve presente e recebeu autoridades no stand.



Reafirmando o sucesso do “Kit Escola”, este ano não foi diferente, vários professores de diversos estados do Brasil puderam levar para suas instituições de ensino, livros, revistas, CD-ROM com jogos interativos, jogos de tabuleiro e quebra-cabeças, todos com conteúdo educativo nas áreas de atuação do Instituto.

A professora Fabiana esteve no stand e deixou seu comentário:

“Esse material é importante para despertar o interesse das crianças, elas não possuem acesso a esse tipo de material e por isso perdem o interesse quando dou aulas sobre esse assunto. Em uma das aulas que dei sobre o sistema solar, utilizei uma maquete da própria escola, mas só tem os planetas, o Sol e a nossa Lua. Isso me limitou, não pude mostrar as fases da Lua e outros assuntos que gostaria. Os jogos chamam mais atenção das crianças e facilita a aprendizagem.”


Fabiana Alves de Lima é professora de Geografia e Ciências, da Escola Estadual Jose Vieira em Natal/RN. Ela dá aula para crianças de 5º e 6º ano, com idades entre 12 e 14 anos.




16 de jul. de 2010

Turistas e cientistas se preparam para observar amanhã o sétimo eclipse completo do século

Correio Braziliense - 10/07/2010

Fenômeno poderá ser visto apenas do sul do Pacífico

Um prolongado e total eclipse do Sol ocorrerá amanhã, instalando temporariamente a noite em uma faixa de 11 mil quilômetros de largura no sul do Oceano Pacífico. A sombra viajará pela Terra até terminar seu percurso na Argentina e no Chile, onde encobrirá a Ilha de Páscoa e suas misteriosas estátuas gigantes.

O fenômeno — o sétimo eclipse total do século 21 — provocou uma chegada em massa de turistas e especialistas à ilha chilena, incluindo astrônomos do Observatório Nacional brasileiro. Em vários pontos, como na ilha francesa do Taiti, o eclipse (1) será parcial, pois uma pequena parte da esfera solar permanecerá visível. Já no Brasil, o espetáculo do desaparecimento completo da estrela não poderá ser observado.

O Sol ficará totalmente oculto durante um tempo máximo de 5 minutos e 20 segundos em uma zona desabitada do Pacífico, segundo os cálculos dos astrônomos da agência espacial dos Estados Unidos (Nasa). O auge está previsto para as 19h33 GMT (16h33, no horário de Brasília). Na Ilha de Páscoa, por exemplo, sua duração deve ser de 4 minutos e 41 segundos. O cone da sombra lunar avançará com uma velocidade de 9.700km/h.

Os eclipses totais ocorrem quando a Lua se posiciona entre a Terra e o Sol, com os três astros perfeitamente alinhados. A estrela é aproximadamente 400 vezes maior que o satélite terrestre, mas como está bem mais próxima do planeta, consegue encobrir totalmente o Sol em alguns locais, projetando sua sombra sobre a superfície.

Tempo bom

“A Polinésia francesa é o lugar com as maiores probabilidades de bom tempo, ideal para observar o fenômeno. Mas como existem poucos lugares em terra firme, muitos observadores devem escolher o barco”, explicou o especialista em eclipses da Nasa Fred Espanak. Na região, vários cruzeiros foram organizados para atender os curiosos e astrônomos. Em Mangaia e na Ilha de Páscoa, onde o fenômeno será total às 20h11 GMT, os espectadores terão, segundo Espanak, 50% de chances de ter um clima propício.

Depois da Ilha de Páscoa, a sombra da Lua cobrirá outros 3.700km de oceano durante 38 minutos antes de começar sua trajetória final ao longo da costa chilena às 20h49 GMT. Essa sombra cruzará rapidamente os Andes para chegar a El Calafate, uma localidade turística na Patagônia (Argentina). Eclipses são considerados uma oportunidade importante para os astrônomos observarem a coroa solar, a camada mais externa do Sol. Se o tempo estiver bom, sem nuvens, talvez seja possível observar o brilho da coroa da estrela e os jatos de gases incandescentes projetados a centenas de quilômetros. O próximo eclipse total ocorrerá em 13 de novembro de 2012.

1 - Em janeiro

Esta é a segunda vez que um eclipse ocorre este ano. Em 15 de janeiro, a Lua encobriu parte do Sol, causando o chamado eclipse anular, que permite a observação da Terra de parte do disco solar, que fica parecendo um anel, daí o nome do fenômeno.




Cenário XXI - De olho na misteriosa energia escura

Correio Popular - 02/07/2010

Projeto de brasileiros e espanhóis estudará um dos mais intrincados fenômenos do Universo
Patrícia Azevedo
DA AGÊNCIA ANHANGUERA


De tempos em tempos, cientistas criam máquinas e novas tecnologias para tentar responder perguntas angustiantes, como “de onde viemos?”, “quem somos”, “por que existem as coisas?”. Nos últimos anos os avanços tecnológicos, revertidos em ferramentas caras e sofisticadas, vêm lançando mais luzes sobre o origem da vida e do Universo. Com o LHC, o grande colisor de partículas instalado na Europa, por exemplo, pesquisadores de várias partes do mundo pretendem recriar a explosão que teria originado o Universo. Agora, com o auxílio de um supertelescópio, um grupo de astrofísicos e cosmólogos espanhóis e brasileiros pretende estudar e caracterizar a misteriosa energia escura que estaria levando à aceleração da expansão do Universo.

O projeto chamado Physics of the Accelerating Universe (PAU) prevê a construção de um telescópio robótico que será usado para fazer um levantamento completo do céu. Segundo o astrofísico Renato Dupke, do Observatório Nacional e coordenador do projeto no Brasil, o telescópio permitirá uma análise celeste muito mais precisa. “Ele obtém luz em frequências específicas e consegue espectro de baixa resolução de todos os objetos”, explica.

O telescópio terá 2.5 metros de diâmetro (T250) e um campo de visão de 3 graus de diâmetro. Será dotado de uma câmera construída pelo Brasil e equipada com um sistema inédito de 42 filtros de banda estreita que fornecerá espectros de baixa resolução para todos os objetos observados no levantamento. O equipamento custará 14 milhões de euros e começou a ser construído na província de Aragon, na Espanha. O sistema será instalado no pico de Buitre, Sierra de Javalambre, em Teruel, a 1.957 metros de altura, e em uma das regiões mais escuras da Europa. “Essa região foi escolhida porque tem uma visibilidade impressionante. Além disso, há uma estabilidade da atmosfera”, explica Dupke.

A construção da câmera fotográfica, responsabilidade do Brasil, está orçada em U$ 2 milhões. Parte da verba já foi aprovada pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e o projeto já foi iniciado. A previsão do coordenador do projeto no Brasil é a de que a construção seja concluída em 2012.

Dupke diz que dados preliminares da pesquisa podem ser obtidos dois anos após o telescópio entrar em operação. A expectativa do grupo de pesquisadores é que em quatro anos seja possível divulgar os primeiros resultados da pesquisa.

Inicialmente, as imagens coletadas serão usadas em pesquisas sobre a suposta energia escura, que compõe 75% do Universo e ainda assim é um mistério para os astrônomos. Os outros 25% do Universo seriam compostos por matéria escura. Deste total, apenas 5% são de matéria bariônica, aquela que forma nossos corpos, o mundo palpável ao nosso redor, a Terra e todos os outros planetas e estrelas. Ela consiste de prótons e nêutrons — os chamados bárions — e de elétrons.

Matéria escura é o nome que se dá a um tipo de matéria que se aglomera em galáxias mas não emite nem interage com a luz. “A energia escura é o nome dado ao candidato para ser responsável pela expansão acelerada do Universo. Ela exerce (e sofre) repulsão gravitacional, ao contrário de tudo o que conhecemos”, explica o professor do Instituto de Matemática da Unicamp, Alberto Saa.

Regra no jogo cosmológico foi quebrada

Após o Big Bang, o Universo começou a se expandir. Por causa do efeito da gravidade, a expansão reduziu o ritmo e parou, o que está de acordo com as teorias tradicionais, as “regras” da física usadas para explicar o Cosmo e sua dinâmica. Um exemplo simples: jogue uma bola para cima e em algum ponto a gravidade da Terra vai fazer ela perder velocidade e cair de volta. Mas, na realidade cosmológica, em algum momento no passado o Universo voltou a se expandir de uma forma ainda mais acelerada, como se a bola de nosso exemplo, em vez de cair, subisse mais alto e a uma velocidade maior. Uma regra aparentemente foi quebrada e estudos sobre a inusitada aceleração prometem mudar alguns rumos da física moderna, rompendo paradigmas e trazendo novas interpretações. Para explicar isso, porque a bola não para de subir cada vez mais rápido, há outras respostas possíveis. “Qualquer que seja a resposta é uma evolução na física e há muitos projetos que estão tentando resolver essa questão”, comenta o astrofísico Renato Dupke.

Expansão foi descoberta nos anos 20, por Hubble

Pesquisa de astrônomo que dá nome a telescópio abalou o próprio Einstein

Nos anos 20, Edwin Hubble, que dá o nome ao conhecido telescópio espacial, descobriu que o Universo está em expansão.

Na ocasião, conta Alberto Saa, professor titular do Instituto de Matemática da Unicamp, essa ideia surpreendeu o próprio Albert Einstein, que achava que o Universo devia ser estático. “Hubble chegou a essa conclusão a partir da velocidade com que galáxias distantes se afastam de nós. De acordo com Saa, ainda não se sabe ao certo as consequências dessa expansão. “Difícil dizer. Muito provavelmente, nada que afete o nosso dia a dia.

Do ponto de vista de pesquisa fundamental, porém, as conseqüências são profundas, já que não se sabe exatamente a origem da aceleração da expansão”, diz.

Explicar o que leva a esse fenômeno é, nas palavras do cientista, “um dos grandes mistérios atuais da física”. “A aceleração é bem descrita por um termo extra nas equações de Einstein pertinentes para descrever a evolução do Universo, mas o entendimento da natureza desse termo ainda não é satisfatório”, explica Saa. A ciência tem algumas hipóteses do que pode ter acelerado. Uma delas é a Teoria Geral da Relatividade geral, que é considerada a teoria básica para a descrição da evolução cosmológica.

Vácuo quântico

Outra explicação seria o vácuo quântico. O físico-matemático explica que o vácuo não é vazio, tem alguma coisa lá. Sempre sobrará alguma coisa, que recebe o nome de "radiação de ponto zero", que nada mais é do que uma certa quantidade de energia que não pode ser extraída.

A grande questão, ainda não respondida, é se essa energia de vácuo seria suficiente para explicar a expansão acelerada, ou, em outras palavras, se a energia escura é de fato ou não alguma manifestação da energia do vácuo quântico. (PA/AAN)

Curso transforma imagens de satélites e tecnologias espaciais em recurso didático

Ministério da Ciência e Tecnologia - 15/07/2010



Professores de todo o Brasil participam do curso Uso Escolar do Sensoriamento Remoto para Estudo do Meio Ambiente, de segunda (19) a sexta-feira (23), no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe/MCT), em São José dos Campos (SP). Ao aprender a utilizar imagens de satélites como recurso didático, os participantes do curso – cerca de 40 professores do ensino fundamental e médio – devem contribuiur para disseminar o conhecimento em tecnologias espaciais.

O sensoriamento remoto é considerado hoje a ferramenta imprescindível na prevenção ao desmatamento e no apoio à previsão de safras agrícolas, entre outras aplicações, e pode auxiliar o ensino de várias disciplinas, como geografia, ciências, física, química e história.

Por meio de aulas teóricas e práticas sobre tratamento de imagens de satélites, cartografia e geoprocessamento, o curso apresenta os fundamentos da tecnologia espacial e suas aplicações na agricultura, no estudo do espaço urbano, da vegetação e de bacias hidrográficas.

As aulas destacam ainda as aplicações em meteorologia, explicando como a tecnologia espacial é importante no estudo de fenômenos atmosféricos e mudanças climáticas, passando por noções de monitoramento e previsão de tempo.

Também estão previstas práticas de campo, com conceitos sobre o sistema de posicionamento global GPS, e a apresentação do Atlas de Ecossistemas da América do Sul e Antártica por meio de Imagens de satélites, material produzido pelo Inpe para educadores.

A programação completa do curso está na página:

Resultados

A partir do aprendizado neste curso, promovido todos os anos pela Divisão de Sensoriamento Remoto do Inpe, os participantes desenvolvem em suas escolas projetos voltados ao uso de sensoriamento remoto no estudo do meio ambiente e, após, apresentam os resultados obtidos. Experiências aplicadas com sucesso em várias cidades brasileiras podem ser conferidas no endereço:


Astrônomos desvendam mistério da formação de estrelas gigantes

Redação do Site Inovação Tecnológica - 15/07/2010


Ovos estelares

Astrônomos obtiveram a primeira imagem de um disco de poeira que rodeia uma estrela bebê de grande massa, obtendo indícios diretos de que as estrelas de grande massa se formam da mesma maneira que as suas irmãs menores.

Esta descoberta, feita graças à combinação de observações obtidas por vários telescópios do Observatório Europeu do Sul (ESO), aparece descrita num artigo que sai esta semana na revista Nature.

"As nossas observações mostram um disco em torno de uma estrela jovem de grande massa, que acabou de se formar," diz Stefan Kraus, que liderou este estudo. "Podemos dizer que este bebê está prestes a sair do ovo!"

A equipe de astrônomos observou o objeto conhecido como IRAS 13481-6124. Com cerca de vinte vezes a massa do nosso Sol e cinco vezes o seu raio, a jovem estrela, que se encontra ainda rodeada pelo seu casulo pré-natal, situa-se na constelação do Centauro, a cerca de 10.000 anos-luz de distância.

Nascimentos de estrelas gigantes

A partir de imagens de arquivo obtidas com o Telescópio Espacial Spitzer, da NASA, assim como a partir de observações obtidas com o telescópio submilimétrico de 12 metros APEX, os astrônomos descobriram a presença de um jato. "Esses jatos são comumente encontrados em torno de estrelas jovens de pequena massa e geralmente indicam a presença de um disco," diz Kraus.

Os discos circunstelares são o ingrediente essencial no processo de formação das estrelas de pequena massa, como o nosso Sol. No entanto, não se sabe se tais discos estão igualmente presentes durante a formação de estrelas de massa maior que dez vezes a massa solar, onde a forte radiação emitida poderia impedir que a massa fosse atraída pela estrela.

Por exemplo, já foi proposto que as estrelas de grande massa seriam o resultado da fusão de estrelas menores.

Telescópio imaginário

Para descobrir e compreender as propriedades deste disco, os astrônomos utilizaram o interferômetro do Very Large Telescope, do ESO (VLTI). Ao combinar a radiação captada por três dos telescópios auxiliares de 1,8 metros do VLTI, com o instrumento AMBER, os cientistas puderam obter detalhes equivalentes aos que seriam observados com um telescópio imaginário que possuísse um espelho de 85 metros de diâmetro.

A resolução obtida é cerca de 2,4 milésimos de arcos segundo, o que corresponde a fotografar a cabeça de um parafuso na Estação Espacial Internacional, ou seja, mais de dez vezes a resolução obtida com os atuais telescópios espaciais óticos, como o Hubble.

Dispondo destas capacidades únicas, complementadas com observações feitas com outro telescópio do ESO, o New Technology Telescope de 3,58 metros, situado em La Silla, no Chile, Kraus e seus colegas conseguiram detectar um disco em torno da IRAS 13481-6124.

Disco estelar

"Esta é a primeira vez que conseguimos imagens das regiões interiores do disco em torno de uma estrela jovem de grande massa", diz Kraus. "As nossas observações mostram que a formação funciona do mesmo modo para todas as estrelas, independentemente da massa."

Os astrônomos concluíram que o sistema tem cerca de 60.000 anos de idade, e que a estrela já atingiu a sua massa final. Devido à imensa radiação da estrela - que é 30.000 mais brilhante que o nosso Sol - o disco começará rapidamente a evaporar-se.

O disco estende-se até cerca de 130 vezes a distância Sol-Terra - ou 130 unidades astronômicas (UA) - e tem uma massa idêntica à da estrela, isto é, cerca de vinte vezes a massa do Sol. Adicionalmente, observou-se que a parte interior do disco parece não ter poeira.

"Observações futuras feitas com o telescópio móvel ALMA (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array), atualmente em construção no Chile, poderão fornecer muito mais informações sobre as zonas interiores do disco, permitindo-nos assim compreender melhor como é que as estrelas bebês de grande massa engordam," conclui Klaus.

Bibliografia:

A hot compact dust disk around a massive young stellar object
Stefan Kraus, Karl-Heinz Hofmann, Karl M. Menten, Dieter Schertl, Gerd Weigelt, Friedrich Wyrowski, Anthony Meilland, Karine Perraut, Romain Petrov, Sylvie Robbe-Dubois, Peter Schilke, Leonardo Testi
Nature
15 July 2010
Vol.: 466, 339-342
DOI: 10.1038/nature09174

Hubble captura espetacular berçário de estrelas

Redação do Site Inovação Tecnológica - 14/07/2010



Nuvens cósmicas

O telescópio Hubble capturou esta imagem com uma definição impressionante da região conhecida como "berço de estrelas" NGC 2467.
Nuvens de poeira interestelar de formatos irregulares são recortadas contra um fundo colorido de gás brilhante.
Os astrônomos acreditam que a maioria da radiação responsável pela "iluminação" dessas nuvens, que estão ao fundo das inúmeras estrelas azuis, vem da estrela gigante que está no centro da imagem.

Berçário de estrelas

A região de formação de estrelas NGC 2467 é uma enorme nuvem de gás - principalmente hidrogênio - que serve como uma incubadora de novas estrelas.
Algumas destas estrelas jovens emergiram de nuvens densas existentes anteriormente, no meio das quais elas nasceram . Muitas outras ainda devem estar ocultas nas nuvens interestelares vistas ao fundo.
As estrelas jovens e quentes estão emitindo a forte radiação ultravioleta que está fazendo toda a cena brilhar. Embora seja responsável por esculpir o belíssimo cenário, essa radiação aos poucos vai corroendo as nuvens de gás.

Composição química das galáxias

Uma das regiões mais conhecidas de formação de estrelas é a Nebulosa de Órion, que pode ser vista a olho nu. A NGC 2467 é uma região similar, mas muito mais distante.
A NGC 2467 foi descoberta no século XIX e está situada na constelação Popa (Puppis), que representa a popa do lendário navio Argo de Jasão, da mitologia grega. A região está a cerca de 13.000 anos-luz da Terra.
Esses berçários estelares podem ser vistos a distâncias consideráveis do Universo, e seu estudo é importante para determinar a composição química de outras galáxias.
Algumas galáxias contêm grandes regiões de formação estelar, que podem conter dezenas de milhares de estrelas. Outro exemplo dramático é a constelação de Dourado, na Grande Nuvem de Magalhães onde, recentemente, o Hubble fotografou uma estrela em disparada a 400 mil km/h.

Telescópio virtual permite explorar Marte pela internet

Agência Fapesp - 14/07/2010



A Microsoft Research e a Nasa lançaram uma nova experiência para os usuários do WorldWide Telescope(WWT), serviço que permite explorar o Sistema Solar virtualmente.

A novidade é o WWT-Mars Experience, que permite fazer passeios interativos por Marte, ouvindo comentários de cientistas e explorando o planeta por meio de imagens de alta resolução.

Explorando a exploração espacial

Trata-se de um resultado do trabalho que vem sendo conduzido desde o início de 2009 pela Microsoft Research em parceria com cientistas de diversos países.
O objetivo é encontrar formas criativas e eficientes de empregar as imagens obtidas pelas missões da Nasa, disponibilizando-as ao público em geral.
"Quisemos tornar mais fácil para pessoas em todos os lugares, inclusive cientistas, o acesso a essas imagens únicas. Por meio do WWT fomos capazes de construir uma interface para o usuário que permite usufruir desse conteúdo valioso", disse Dan Fay, diretor de iniciativas para Terra, Energia e Meio Ambiente da Microsoft Research.
O WorldWide Telescope, desenvolvido pela empresa, é uma ferramenta que, uma vez instalada, permite que o computador pessoal funcione como um telescópio virtual, reunindo imagens obtidas por observatórios e telescópios espaciais. Uma versão totalmente web agora também está disponível, dispensando a instalação de um software específico.
Para criar a nova experiência marciana, o grupo de Fay trabalhou em conjunto com o de Michael Broxton, do Centro de Pesquisa Ames, da Nasa, especializado na aplicação da visão computacional e do processamento de imagens a aplicações em cartografia.

Missão educacional

Para Broxton, divulgar ao grande público os resultados dos trabalhos dos cientistas da Nasa é uma parte importante da missão da agência. "A Nasa tem um histórico de oferecer ao público acesso às imagens obtidas por suas missões. Por meio de projetos como o WWT, podemos disponibilizar um acesso mais amplo, de modo que futuras gerações de cientistas possam descobrir o espaço de novas formas", disse Broxton.
Por meio do WWT-Mars Experience, o usuário pode passear por todo o planeta e, ao encontrar um ponto de interesse, aproximar a imagem até perceber detalhes na superfície marciana. Pode também admirar a altura das crateras ou a profundeza de seus muitos cânions. "É uma experiência que torna possível ao usuário sentir como se estivesse realmente lá", disse Fay.
Das imagens, um destaque é o conjunto recém-processado pelo experimento HiRise, operado por pesquisadores da Universidade do Arizona e que consiste de uma câmera robotizada de altíssima resolução a bordo da sonda Mars Reconnaissance Orbiter. Cada imagem obtida pelo HiRise tem 1 gigapixel de resolução, ou cerca de 100 vezes mais informações do que uma foto feita por uma câmera digital comum.

Mapa de Marte

Por conta do tamanho, abrir as imagens seria complicado para os usuários, mesmo com uma conexão de banda larga. E são mais de 13 mil imagens já produzidas pelo experimento, o que parece bastante, mas representa uma cobertura de apenas 1% da superfície marciana.
Os pesquisadores trabalharam com as imagens em alta resolução para criar um mapa integrado que permitisse a navegação simples e rápida. O mapa resultante é o de maior resolução já produzido sobre Marte. O que o torna muito útil também a pesquisadores.
Para apresentar e explicar a nova experiência marciana, o site do WWT incluiu passeios interativos conduzidos pelos cientistas Carol Stoker e James Garvin, da Nasa.

Mais informações estão disponíveis, em inglês, no endereço http://www.worldwidetelescope.org/

Projeto Telescópios na Escola abre inscrições para segundo semestre

Agência Fapesp - 12/07/2010

De lentes abertas

O Miniobservatório Astronômico do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) abriu inscrições para o agendamento de observações presenciais e remotas para o segundo semestre de 2010.
Voltadas a estudantes brasileiros de todos os níveis, essas atividades fazem parte do projeto Telescópios na Escola (TnE) coordenado pelo Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São Paulo (USP) e conduzido com outras instituições.

Telescópio pela internet

Nas sessões remotas as visualizações do céu noturno são feitas nas próprias escolas, por meio da internet. Um sistema computacional permite o direcionamento do telescópio às áreas do céu de interesse dos observadores, que ainda podem captar as imagens digitais dos corpos celestes como se estivessem ao lado do equipamento do Inpe, em São José dos Campos.
Para operar o sistema não é necessário conhecimento avançado de astronomia ou informática. Projetado de maneira didática, o programa apresenta um céu virtual que mostra as áreas a serem escolhidas para observação.
As sessões a distância serão realizadas nos meses de agosto e setembro, sempre às quintas-feiras, das 19h30 às 21h30, e contam com o acompanhamento de um pesquisador ou pós-graduando do Inpe na área de astrofísica.

Programação e inscrições

Para as observações presenciais, os grupos escolares devem ter no máximo 20 pessoas. As sessões serão às quartas-feiras, das 19h às 21h, também nos meses de agosto e setembro. A visita terá o acompanhamento de um pesquisador em astrofísica do Inpe que ministrará uma palestra sobre um tema da astronomia.
Para o mês de outubro estão programadas sessões diurnas de observação do Sol. Serão às quartas-feiras, das 14h às 15h.
As inscrições para as observações presenciais poderão ser feitas pelo telefone (12) 3208-7200.

As observações remotas devem ser agendadas pelo formulário eletrônico: www.das.inpe.br/miniobservatorio/obsremotas

O tempo está acabando para a SETI?

Blog do Carlos Orsi - 15/07/2010

Ao contrário do que muita gente pensa, os programas de busca por inteligência extraterrestre (SETI) que se valem de radiotelescópios não estão tentando “bisbilhotar” as transmissões ordinárias de rádio, TV ou radar de outras civilizações.

A razão é bem simples: esses sinais, se existirem, chegariam até nós muito atenuados e, ainda por cima, acabariam misturados à interferência gerada pelosnossos sinais de rádio, TV e radar. O que a SETI normal busca é um “farol” — uma fonte de rádio extremamente poderosa, montada por uma civilização avançada com o objetivo explícito de estabelecer comunicação interplanetária.

O problema da busca por faróis é, evidentemente, o fato de que a própria existência desse tipo de mecanismo é ainda mais duvidosa que a existência de civilizações extraterrestres. O simples investimento em energia para manter um sinal desses ligado de forma contínua é assustador, ao menos para os nossos padrões.

Mas tudo isso pode mudar. Os planos de criação do SKA — um conjunto de milhares antenas de radiotelescópio com uma área combinada de 1 quilômetro quadrado, a ser construído na Austrália ou na África do Sul — finalmente põem a possibilidade de encontrar telenovelas alienígenas vagando pelo espaço ou, se não a programação regular, ao menos sinais com força comparável ao dos atuais radares militares terrestres.

O problema, de acordo com artigo a ser publicado no International Journal of Astrobiology, é que o SKA pode estar chegando tarde demais. Motivo: se o desenvolvimento das telecomunicações na Terra servir de modelo para o que ocorre no resto da galáxia (mesmo não servindo, é o único modelo que temos), civilizações têm um período furioso, mas curto, de emissão de rádio.

Depois, vem o silêncio — ou, ao menos, uma redução brutal no vazamento de sinais de rádio para o espaço, trazido pela adoção de tecnologias mais eficientes, como a transmissão digital.

Os autores do artigo estimam que uma civilização deve se manter “bisbilhotável” por cerca de 100 anos, e calculam que um equipamento como o SKA seria capaz de captar vazamentos de rádio gerados a até 100 parsecs, ou 326 anos-luz. Mais algumas contas e simulações e a probabilidade encontrada de duas civilizações se acharem por meio de vazamento de rádio fica em 0,00005%. Isso é menos que a chance de a civilização ser destruída por um impacto de asteroide.

O básico e o aplicado

Blog do Carlos Orsi - 14/07/2010

Mais um indício forte de que a distinção entre ciência básica e ciência aplicada tem mais a ver com miopia histórica do que com qualquer outra coisa. Comecei a ler o livro Quantum, uma história do desenvolvimento da mecânica quântica escrito por Manjit Kumar, e logo no início o autor trata de contextualizar a origem da hipótese quântica — de que a energia não flui de forma contínua, mas se transmite em “pacotes” discretos, os quanta (plural de quantum).

Provavelmente todo mundo que se interessa, mesmo que de leve, pelo assunto já ouviu falar que o físico alemão Max Planck chegou à ideia do quantum de energia ao tratar do problema da radiação do corpo negro — isto é, de como um objeto que não reflete radiação nenhuma (e, portanto, é perfeitamente negro em baixas temperaturas) passa a emitir luz e calor à medida que é aquecido.

As versões mais resumidas da história simplesmente dizem que um belo dia Planck resolveu quebrar a cabeça com o problema, que incomodava os físicos da época, mas não explicam (a) nem por que ele decidiu se dedicar a isso e nem (b) a razão do incômodo.

Afinal, de todos os problemas do Universo, por que exatamente esse?

A menos que você esteja lendo esta postagem num laptop ao ar livre, a resposta está bem acima da sua cabeça: a indústria alemã da época — fim do século 19 — estava preocupadíssima em criar uma lâmpada elétrica capaz de competir com as importadas inglesas e americanas. Um objeto escuro que passa e emitir luz à medida que é aquecido representa, claro, um filamento de lâmpada incandescente!

Dois astros do Sistema Solar pelo preço de um!

Blog do Carlos Orsi - 10/07/2010

A caminho de um encontro com um cometa em 2014, a sonda Rosetta, da Agência Espacial Europeia, fez uma passagem próxima pelo asteroide Lutécia. Localizado no cinturão principal de asteroides, entre Marte e Júpiter, Lutécia fica a cerca de 400 milhões de quilômetros daqui.


Segundo a Wikipedia, foi descoberto durante observações feitas a partir da sacada de um apartamento em Paris, em 1852, o que diz algo sobre as condições atmosféricas e de poluição luminosa na Cidade-Luz no século 19. Detalhes da visita da Rosetta e diversas imagens podem ser acessados aqui.

Eu gostaria de chamar atenção para uma foto específica, esta:



O ponto de luz acima e à esquerda é o planeta Saturno. Se você olhar com atenção, dá para ver os anéis, como alças, à direita e à esquerda do globo. A distância entre o planeta e o asteroide é da ordem de 1 bilhão de quilômetros!

A corrida pela 'partícula de Deus'


Esta semana, uma série de boatos alimentada por um post no blog de um físico italiano incendiou a disputa entre dois grandes centros científicos sobre quem será o primeiro a detectar o Bóson de Higgs, também apelidado de "Partícula de Deus". Segundo Tommaso Dorigo, da Universidade de Pádua, um experimento do Tevatron, acelerador de partículas do Fermilab, nos EUA, teria detectado um "leve sinal" de um Higgs, partícula subatômica que seria responsável pela manifestação de massa de toda a matéria e cuja descoberta confirmaria o chamado "Modelo Padrão", teoria da física de partículas que une três das quatro forças fundamentais do universo - eletromagnética, nuclear fraca e nuclear forte, deixando de fora a gravidade. Juntar todas as quatro forças em uma única teoria unificada é o "cálice sagrado" da física moderna e a confirmação do Modelo Padrão seria uma indicação de que a ciência humana está no caminho certo. E detectar o Higgs é justamente um dos principais objetivos dos experimentos do Grande Colisor de Hádrons (LHC, na sigla em inglês), maior acelerador de partículas do mundo, construído a um custo de US$ 10 bilhões pelo Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (CERN) na fronteira entre Suíça e França.

"Chegou aos meus ouvidos, de duas e possivelmente independentes fontes, que um experimento no Tevatron está para divulgar evidências de um sinal fraco de um Bóson de Higgs. Alguns dizem que é um evento três-sigma, enquanto outros não fazem alegações precisas mas falam de um resultado inesperado", escreveu Dorigo.

No jargão da estatística, "três-sigma" significa uma probabilidade de 99,73% de os dados estarem corretos. Para que uma descoberta seja confirmada, no entanto, é preciso que o nível de certeza seja de pelo menos "cinco-sigma", ou 99,9999%. O post de Dorigo, porém, só fez aumentar a especulação em torno do assunto na comunidade científica, com alguns acreditando que a informação estava sendo preservada para ser apresentada durante a Conferência Internacional de Física de Alta Energia, que acontece no fim deste mês em Paris.

Na manhã desta quarta-feira, no entanto, a equipe do Fermilab procurou dar um basta ao disse-me-disse. Num breve texto no Twitter, o laboratório afirmou que "os rumores espalhados por um blogueiro em busca de fama são apenas isso, rumores". Ainda assim, o eventual resultado do Tevatron colocaria o acelerador americano bem à frente na corrida, pois os cientistas já teriam fortes indicações de como e onde procurar pelo Bóson de Higgs. A equipe do LHC, por sua vez, ainda tem relativamente poucos dados sobre os quais trabalhar, já que o acelerador enfrentou problemas na sua estreia, em 2008, e só voltou a operar no fim do ano passado. Além disso, o equipamento europeu só vai funcionar a todo vapor, isto é, promovendo colisões com toda a energia que é capaz de gerar, no mínimo a partir do ano que vem. Até lá, a vantagem aparentemente continuará com o Tevatron.

Total eclipse of the earth

Blog Só Ciência  - 09/07/2010

Enviado por Cesar Baima -



Caros leitores, a imagem desta semana traz um eclipse solar visto do espaço, feita por cosmonautas da estação espacial Mir em 1999, pouco antes dela ser desativada. Na foto, a sombra da Lua é claramente visível sobre a Terra. Neste domingo a Ilha de Páscoa, no meio do Pacifíco, vai ser o único lugar de terra firme onde será possível ver um eclipse total do Sol este ano. Os eclipses solares ocorrem quando a Lua cruza o céu em frente a nossa estrela, numa coincidência astronômica que faz os diâmetros aparentes dos dois astros serem quase os mesmos. Mais eclipses vistos do espaço Clique aqui..

Brasil pretende ser membro do Cern

Folha de São Paulo - 11/07/2010

Participar do grande centro de física europeu, lar do acelerador de partículas LHC, custaria mais de US$ 10 mi. Condições do acordo ainda serão definidas; antes, apenas europeus podiam se filiar, mas já havia brasileiros por lá.

REINALDO JOSÉ LOPES
DE SÃO PAULO

O Brasil deve iniciar nos próximos dias o que se pode chamar de um "namoro" mais sério com o Cern (Organização Europeia de Pesquisa Nuclear), mais importante centro de pesquisas físicas do mundo e lar do superacelerador de partículas LHC.

Pela primeira vez desde que foi fundado, o Cern admitirá países-membros de fora da Europa, e os brasileiros estão entre os pretendentes.

O contrato nupcial, por assim dizer, ainda está formulado em termos vagos. Uma portaria do Ministério da Ciência e Tecnologia nomeará em breve uma comissão que ajudará a definir as condições da participação do país no Cern.

"Custa caro, mas nenhum país ficou pobre até hoje por investir em ciência", brinca Ronald Cintra Shellard, pesquisador do CBPF (Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas), no Rio de Janeiro, e um dos nomes anunciados para integrar a comissão.

A questão dos valores ligados à participação é complicada. Segundo Shellard, se fosse seguido o mecanismo de vincular a contribuição do país ao seu PIB, a "fatia" brasileira ficaria em torno de US$ 100 milhões ao ano.

"Isso, claro, é impraticável", diz ele. Valores mais razoáveis ficariam entre US$ 10 milhões e US$ 25 milhões.

José Monserrat Filho, assessor de assuntos internacionais do Ministério da Ciência e Tecnologia, no entanto, afirma que é cedo para cravar qualquer quantia.

"Um valor mais modesto teria a vantagem de não precisar passar pelo crivo do Congresso, embora, claro, fosse interessante e importante ter a participação dos congressistas na ideia."

Os valores são altos porque cada experimento no LHC e em outras instalações do Cern custa caro. Shellard calcula em cerca de US$ 12 mil dólares por experimento o custo para cada cientista sênior, "autor de paper" (ou seja, que assina o artigo científico derivado do experimento), sem contar valores menores para doutorandos, por exemplo.

EMERGENTES NO CERN

A colaboração que já existe entre a comunidade brasileira de físicos e o Cern já é considerável. O físico Sérgio Ferraz Novaes, da Unesp, já participa das pesquisas do lugar, por exemplo.

"Hoje, mais de 70 cientistas brasileiros frequentam o Cern. Creio que os chineses têm apenas uma pessoa a mais do que nós", diz Shellard. A China e outros países emergentes industrializados, como a Índia e a Coreia do Sul, também estão negociando sua transformação em membros do clube europeu.

A perspectiva de aplicação da colaboração anima Monserrat Filho. "Temos uma perspectiva de alavancar o crescimento científico e tecnológico. A nossa disposição nesse sentido é a melhor possível." A portaria nomeando o grupo de trabalho que ajudará a formular a proposta brasileira deve sair, "na pior das hipóteses", nesta semana, diz ele.

Além de Shellard, devem integrar o grupo Novaes e Ademar Seabra da Cruz Júnior, da Divisão de Ciência e Tecnologia do Ministério das Relações Exteriores.

Para cientistas, acordo pode gerar lucro.
DE SÃO PAULO

Os cientistas brasileiros defendem que o que está em jogo não é apenas a colaboração mais estreita em um dos maiores empreendimentos científicos da história.

De fato, os experimentos com colisões altamente energéticas de partículas subatômicas no LHC (erroneamente apelidado de "máquina do Big Bang") provavelmente mudarão a visão sobre como o Universo funciona. Os físicos do LHC estão à caça do bóson de Higgs, partícula prevista por teóricos, mas nunca detectada, que seria responsável por dar massa (o popular "peso") à matéria.

Mas, além do desafio intelectual, há também a oportunidade para que empresas brasileiras disputem as licitações do Cern (cujo orçamento anual de 664 milhões de euros não é nada desprezível) e ganhem conhecimento valioso com isso.

Mais do que o valor de contratos individuais, produzir aparato para o Cern equivale à transferência de tecnologia de ponta, única no mundo, e pode ajudar qualquer companhia a criar produtos inovadores e lucrativos, diz Ronald Cintra Shellard, pesquisador do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, no Rio.

"Vi recentemente uma análise dizendo que Portugal só foi afetado de maneira relativamente leve pela crise econômica porque criou uma indústria eletrônica sofisticada, graças em grande parte à participação no Cern", diz. "As consequências econômicas são bastante palpáveis."

O caminho para transformar o Cern num motor de desenvolvimento, lembra José Monserrat Filho, do MCT, não passa pelas licitações de obras em si, porque, no fim das contas, cada país acaba conseguindo valores equivalentes aos que contribuiu para o projeto. O importante é o clima de inovação e abertura fomentado pela instituição.

"As pessoas estão até cansadas de ouvir isso, mas o 'www" da internet nasceu no Cern. E, por causa da cultura aberta, essa molecada que está ganhando dinheiro por aí hoje com a internet conseguiu adaptar para usos lucrativos a criação do Cern."

Mais um benefício imaterial? Inspirar. O Brasil já levou algumas dezenas de professores de escolas públicas de ensino médio para conhecer o Cern, e a expectativa é ampliar essa batelada para centenas. "Esses professores podem mudar a perspectiva dos alunos deles sobre a ciência."
(RJL)

Sobre o natural e o sobrenatural

Folha de São Paulo - 11/07/2010

MARCELO GLEISER - mgleiser@uol.com.br

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Sem telescópios, microscópios e detectores, nossa visão de mundo seria mais limitada.
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Semana passada, escrevi sobre a importância do não saber, de como o conhecimento avança apenas quando parte do não saber, isto é, do senso de mistério que existe além do que se sabe.

A questão aqui é de atitude, do que fazer frente ao desconhecido. Existem duas alternativas: ou se acredita na capacidade da razão e da intuição humana (devidamente combinadas) em sobrepujar obstáculos e chegar a um conhecimento novo, ou se acredita que existem mistérios inescrutáveis, criados por forças além das relações de causa e efeito que definem o normal.

Em outras palavras, ou se vive acreditando em causas naturais por trás do que ocorre no mundo, ou se acredita em causas sobrenaturais, além do explicável.

Quando falo sobre isso, com frequência me perguntam se não seria possível uma conciliação entre as duas: parte do mundo sendo natural e parte sobrenatural. Não vejo como isso poderia ser feito.

No meu livro recente "Criação Imperfeita", argumentei que a ciência jamais será capaz de responder a todas as perguntas. Sempre existirão novos desafios, questões que a nossa pesquisa e inventividade não são capazes de antecipar.

Podemos imaginar o conhecido como sendo a região dentro de um círculo e o desconhecido como sendo o que existe fora do círculo. Não há dúvida de que à medida em que a ciência avança, o círculo cresce. Entendemos mais sobre o universo, sobre a vida e sobre a mente. Mas mesmo assim, o lado de fora do círculo continuará sempre lá. A ciência não é capaz de obter conhecimento sobre tudo o que existe no mundo.

E por que isso? Porque, na prática, aprendemos sobre o mundo usando nossa intuição e instrumentos. Sem telescópios, microscópios e detectores de partículas, nossa visão de mundo seria mais limitada.

A tecnologia abre novas janelas para um mundo que, outrossim, permaneceria invisível à nossa limitada percepção da realidade. Porém, tal como nossos olhos, essas máquinas têm limites. Existem outros, ligados à própria estrutura da natureza, como o princípio de incerteza da mecânica quântica. Mas eles podem mudar com o avanço da ciência.

Essa imagem, de que o conhecido existe em um círculo e que muito do mundo permanece obscuro pode gerar confusão. Ou ainda pode ser manipulada por aqueles que querem inculcar nas pessoas um senso de que estamos cercados por forças ocultas que, de algum modo, controlam nossas vidas. É aqui que entram as alternativas que mencionei.

Parafraseando o poeta romano Lucrécio, as pessoas vivem aterrorizadas pelo que não podem explicar. Ser livre é poder refletir sobre as causas dos fenômenos sem aceitar cegamente "explicações inexplicáveis", ou seja, explicações baseadas em causas além do natural.

Essa escolha exige coragem. Implica na aceitação de que certos aspectos do mundo, apesar de inexplicáveis, não são sobrenaturais.

Não é fácil ser coerente quando algo de estranho ocorre, uma incrível coincidência, a morte de um ente querido, uma premonição, algo que foge ao comum. Mas como dizia o grande físico Richard Feynman, "prefiro não saber do que ser enganado". E você?

MARCELO GLEISER é professor de física teórica no Dartmouth College, em Hanover (EUA), e autor do livro "Criação Imperfeita".

9 de jul. de 2010

Pesquisadores do ON acompanham eclipse na Ilha de Páscoa

MCT - 08/07/2010


Astrônomos de vários países estão atentos a um raro fenômeno que ocorre no próximo domingo (11). Será um eclipse solar sobre o Oceano Pacífico e que só poderá ser observado de um ponto em terra firme: a Ilha de Páscoa, a 3600 quilômetros da costa chilena. Por isso, astrônomos de todo o planeta que observam e pesquisam o Sol já se deslocam para a região. Quatro pesquisadores e um técnico do Observatório Nacional (ON/MCT) chegam hoje (8) à Ilha de Páscoa, só retornando ao Brasil na terça-feira (13).
Como os eclipses normalmente são observados de vários pontos da Terra, às vezes distantes e mesmo com horas distintas, esta será uma oportunidade única de os mais renomados cientistas da área poderem comparar métodos e resultados de seus trabalhos.

Para o Grupo de Instrumentação e Referência em Astronomia Solar (Girasol), do Observatório Nacional (ON/MCT), esta será a ocasião perfeita para testar o novo heliômetro que é inovador e foi desenvolvido dentro da própria instituição, com recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep/MCT). Desde que passou a ser usado, em 2009, ele já produziu mais de 72 mil imagens de alta precisão do diâmetro solar, a fotosfera.

Existem outros grupos de pesquisa, inclusive no Brasil, que observam o Sol a partir de outros focos, como observações em radiofrequências que o astro emite. Contudo, a fotosfera é a principal responsável por quase todas – cerca de 100% – as informações que coletamos do astro. É lá, por exemplo, que ocorrem as variações locais de brilho conhecidas como manchas solares.

Mudanças climáticas

“O projeto tem um lado bastante prático, no que diz respeito ao estudo do clima espacial, ou seja, do sistema Sol-Terra. Implicações do clima espacial são verificadas nas telecomunicações, na transmissão de energia, na vazão de rios e até, como fator chave, em mudanças climáticas em grande escala”, explica Victor D’Ávila, integrante do Girasol.

O Sol é hoje uma área de estudo tão grande quanto todas as demais áreas da astronomia juntas, e a quantidade de pesquisas desenvolvidas sobre o assunto não para de crescer. O ON tem uma das séries históricas mais antigas do mundo de observação do Sol, desde 1977.

Quando a série começou, boa parte da comunidade científica ainda duvidava da variação do diâmetro do astro. Já em 2002, um quarto de século depois, a instituição foi convidada para ser co-fundadora da Rede Internacional de Monitoramento do Diâmetro Solar, formada por pesquisadores da França, Espanha, Turquia e da Argélia. Uma curiosidade é que as observações do Sol são as únicas ainda feitas no campus do ON, em São Cristóvão, zona norte do Rio de Janeiro.

Observatório Nacional promove cursos avançados em cosmologia

MCT - 06/07/2010

O Observatório Nacional (ON/MCT) promove até sexta-feira (9), em seu campus em São Cristóvão (RJ), a 1ª Escola Jayme Tiomno de Cosmologia. O objetivo é fornecer a estudantes e pesquisadores brasileiros tópicos avançados sobre o assunto.

Serão ministrados cinco cursos pelos cientistas Bruce Basset, da University of Cape Town (Baryonic Acoustic Oscillations (BAO) ); Joana Dunkley, da University of Oxford (The Cosmic Microwave Background); Daniel Eisenstein, da University of Arizona (Advanced Topics on LSS and BAO); Joshua Frieman, do Fermilab e da University of Chicago (Cosmology with Type Ia Supernovae) e Roberto Trotta, do Imperial College (Statistical methods for Cosmology).

Além destes, Narciso Benitez, do Instituto de Astrofísica de Andalucía, da Espanha, fará uma palestra especial sobre Photometric Redshifts and Cosmology: The J-PAS Survey.

PAU-Brasil

O Javalambre PAU Astrophysical Survey (J-PAS) é um projeto desenvolvido por pesquisadores espanhóis e brasileiros e é mais conhecido pela sigla PAU (Physics of the Accelerating Universe). Ele fará um levantamento de oito mil graus quadrados no céu, o que significa que mais de 100 milhões de galáxias poderão ser observadas, beneficiando todas as áreas da astronomia. Seu grande diferencial é a observação em 42 cores, muito maior do que as quatro ou cinco que costumam ser utilizadas para esta modalidade de projeto.

“O PAU é o projeto mais competitivo, em termos de quantidade de ciência por dinheiro investido, para estudos cosmológicos nesta década”, afirma Renato Dupke, astrofísico do ON e coordenador do PAU-Brasil.

O projeto terá foco na energia escura, considerada uma das variáveis da evolução do universo. Sua natureza, contudo, ainda é um mistério tão grande que foi considerada a primeira das “25 Grandes Perguntas” que a revista Science listou a serem respondidas no período de 25 anos, em 2005.

O PAU vai observar os primeiros instantes do Big Bang em busca dos Baryon Acoustic Oscillations (BAO), que são como registros sonoros das primeiras formações de matéria. Medições de BAO são hoje o método mais promissor de investigação da energia escura.

Aumenta o registro de tremores de terra no Nordeste

MCT- 05/07/2010

Os moradores de Alagoinha, no agreste de Pernambuco, a 227 quilômetros de Recife, sentiram no início de março o chão tremer 47 vezes em menos de 10 dias. Tremores de terra no Nordeste, que antes eram mais observados em determinados locais da região, passaram a ser identificados nos últimos anos em diversas outras cidades nordestinas, afirma o coordenador do Laboratório Sismológico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Joaquim Mendes Ferreira.

“Estamos detectando atividade sísmica em várias localidades no Nordeste onde não sabíamos que havia”, conta. “Só neste ano ocorreram abalos sísmicos na Bahia, Ceará, Pernambuco e Rio Grande do Norte”, enumera. Ferreira aborda esse assunto em uma conferência na 62ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que se realiza entre os próximos dias 25 e 30, em Natal (RN).

O abalo mais recente foi registrado na semana passada em Tacaimbó, também no agreste de Pernambuco. Já o de maior magnitude, que atingiu 4,3 graus na escala Richter – em uma graduação de 0 a 10 –, ocorreu no início do ano em Taipu (RN), e foi sentido em um raio de 350 quilômetros, atingindo a capital Natal (RN), Recife (PE) e João Pessoa (PB). Mas não há motivos para pânico, alertam os especialistas. A série histórica dos dados mostra que os abalos no Nordeste são de intensidade ligeira, ou seja, não costumam causar grandes danos. Dificilmente atingem magnitude acima de cinco graus na escala Richter.

De acordo com Ferreira, a constatação de um maior número de tremores no Nordeste se deve à melhoria na comunicação e ao aprimoramento dos instrumentos de monitoramento de atividade sísmica disponíveis na região. Isso possibilita detectar com maior precisão e rapidez abalos sísmicos que antes poderiam passar despercebidos.

O geofísico explica que geralmente ocorrem ciclos de atividade sísmica com maior intensidade, seguidos de outros com menor magnitude, como os que estão sendo registrados no Nordeste nos últimos anos. Mas como esses ciclos não têm duração definida, é impossível prever quando os próximos fenômenos ocorrerão. O que já se sabe é que os abalos ocorrem no Nordeste na forma batizada pelos sismólogos de “enxame”, ou seja, ocorrem vários sismos por dia, durante muito tempo, causando pânico na população.

Causas

O que os especialistas ainda não conseguiram explicar é porque há maior atividade sísmica na região do que em outras no Brasil. Uma das hipóteses é que a crosta continental de algumas áreas do Nordeste é menos espessa do que a de outras do País e, portanto, menos estável e mais propensa a abalos sísmicos.

Realizando pesquisas na região desde 1975, uma das descobertas do grupo de pesquisadores do Laboratório Sismológico da UFRN é que os tremores que estão ocorrendo, principalmente, em Pernambuco, estão relacionados à proximidade com uma ramificação do “lineamento de Pernambuco”, como é denominada uma falha geológica de cerca de 700 quilômetros, com cerca de 30 quilômetros de profundidade, que corta o estado. Isso já foi comprovado por eles.

Entretanto, os estudos ainda não conseguiram demonstrar que a atividade sísmica observada em outras cidades do Nordeste, como em Sobral (CE), tem relação direta com outro lineamento, o “Sobral-Pedro 2”, situado próximo à região. “Há regiões no Nordeste que estão sendo reativadas e outras mais propensas a terem atividade sísmica e que até agora, pelo menos, não está ocorrendo nada”, diz. “Isso demonstra o quanto é difícil explicar as causas dos abalos sísmicos”, diz Ferreira.

A palestra de Ferreira será dia 28, às 10h00.Veja a programação completa do evento no endereço: www.sbpcnet.org.br/natal/home

Preparado para o melhor

NATURE MATERIALS/ VOL 69/ JUL 2010

Os grandes investimentos em pesquisa e educação feitos recentemente deram aos cientistas brasileiros condições de alcançar a excelência científica.



O Brasil é o maior país da América do Sul, com uma área de mais de metade do continente. Ele tem a quinta maior população em todo o mundo, com cerca de 193 milhões de habitantes. É uma terra de recursos naturais e famosa por sua arte, música e excelência desportiva. Um perfil na revista The Economist descreve-o como um país com enorme potencial, que sempre lutou para cumpri-lo¹. Mas agora o tempo para a realização parece ter chegado.

Durante os últimos 15 anos, e conomia brasileira vem crescendo de forma constante - foi pouco afetada pela recessão global – e não há nenhum sinal de que isso vai mudar em breve. Nesta edição, vamos dar uma olhada na forma como o crescimento econômico tem influenciado a ciência no país.

Muitos vão argumentar que o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve a maior parte de seu sucesso político e econômico a seu predecessor, Fernando Henrique Cardoso. Mas mesmo aqueles que foram mais céticos quando da eleição de Lula têm que reconhecer que seu governo vem fazendo um grande esforço para desenvolver a ciência. A entrevista com o Atual Ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Machado Rezende², e o Comentário por Ado Jorio e colegas da Universidade de Minas Gerais³ fornecem uma visão geral do esforço para atingir a excelência em pesquisa e educação. O financiamento tem aumentado substancialmente, atingindo 1,43% do Produto Interno Bruto em 2008 (ref. 4), que ainda é muito inferior ao dos Estados Unidos ou do Japão (cerca de 3%), mas é comparável ao da China (cerca de 1,5%) e se aproxima da média européia (1,9%). Além disso, novos centros de pesquisa foram criados e os já existentes expandidos, enquanto o número de professores e alunos aumentou substancialmente, em uma tentativa de atingir a massa crítica necessária para a pesauisa no futuro.

Os esforços para aumentar o nível de produtividade científica foram feitos particularmente em áreas de pesquisa, em que o país já tem uma forte tradição. Um exemplo é a criação de um novo instituto de bioetanol, um campo em que o Brasil tem sido um líder por muito tempo, particularmente desde que o uso de carros flex-fuel tornou-se obrigatório após a crise do petróleo de 1973. O uso de biocombustíveis é ainda controverso, como muitos criticam os seus efeitos sobre a biodiversidade e o desmatamento, e as conseqüências indiretas sobre a vida da população local. Mas seria irrealista esperar que o país desistisse deste recurso nesta fase, particularmente à luz das anunciadas intenções de manter um baixo nível de emissões de carbono. Por outro lado, a tentativa de utilizar os meios científicos para estudar maneiras de melhorar e otimizar a produção tem de ser apreciada, sobretudo como o governo também se comprometeu a reduzir drasticamente o desmatamento.

No campo da ciência dos materiais, um esforço notável foi a criação da Divisão de Metrologia de Materiais, no Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia). Segundo o diretor, Carlos Achete, a divisão foi fundada em 2003 para tornar o instituto líder em ciência dos materiais , especializado na síntese e propriedades das nanopartículas. Os investimentos de cerca de US $ 20 milhões foram feitas para melhorar equipamentos, e os incentivos de grande porte como a concessão de salários competitivos foram também para atrair cientistas capazes. Além disso, foi dada forte ênfase na colaboração com cientistas do exterior, numa tentativa de ganhar visibilidade internacional bem como de aproveitar a experiência de cientistas estrangeiros.

O desafio para os próximos anos é dar o salto na direção dos maiores níveis de excelência científica. Embora a produtividade em termos de trabalhos publicados e os números de citações globais tenham aumentado substancialmente nas últimas décadas, o impacto dos resultados é ainda bem inferior ao dos Estados Unidos ou dos países da Europa Ocidental. De acordo com um relatório recente Thomson Reuters, a citação média em todos os campos de pesquisa, entre 1998 e 2008, foi 5,58, enquanto foi superior a 14 nos Estados Unidos, mais de 12 para a Inglaterra, mais de 11 para a Alemanha e mais de 10 para a Itália e France, cada⁵.

É claro que é sobretudo uma questão de tempo. Pesquisa no Brasil, afinal, só é feita há poucas décadas. Não muito tempo atrás, muitos departamentos de universidade não tinham quaisquer recursos para fazer pesquisa, e foi só muito recentemente que a infra-estrutura necessária foi implementada. O que é inegável é a conscientização da necessidade de melhorar, sobretudo em termos de visibilidade dos resultados. Por exemplo, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico introduziu um programa de bolsas de produtividade que afetam ambos os salários e as verbas de pesquisadores6. O aspecto positivo deste projeto é que as bolsas são concedidas não apenas com base no número de publicações e citações, mas também é dada atenção às contribuições específicas que um pesquisador forneceu a um trabalho. Também é colocada ênfase também em aspectos educacionais, tendo em conta, por exemplo, o número de alunos de doutoramento supervisionados.

O governo Lula vai chegar ao fim do seu mandato no final de 2010, e é provavelmente muito cedo para prever o que os novos candidatos à presidência proporão para a ciência. Mas é difícil imaginar que o progressos até agora alcançados serão desfeitos, qualquer que seja o novo líder. Lula até assinou uma série de projetos de lei para salvaguardar o futuro dos investimentos realizados por seu governo7. Os próximos anos prometem trazer desenvolvimentos interessantes, e estamos ansiosos para aprender quais serão.


Referências

2. Nature Mater. 9, 532–533 (2010).
3. Jorio, A., Sá Barreto, F. C., Sampaio, J. F. & Chacham, H.
Nature Mater. 9, 528–531 (2010).
4. http://go.nature.com/oTrB5N
7. Nature 465, 674–675 (2010).

Buraco negro está enchendo bexiga cósmica

Site Inovação Tecnológica

ESO - 08/07/2010



Micro-quasar

Combinando observações obtidas com o Very Large Telescope do Observatório Europeu do Sul (ESO) e o telescópio de raios X Chandra da NASA, astrônomos descobriram o mais poderoso par de jatos cósmicos já observados, ejetados por um buraco negro estelar.

Este objeto, também conhecido como um micro-quasar, está enchendo uma enorme bolha de gás quente, com uma dimensão de 1.000 anos-luz, duas vezes maior e dezenas de vezes mais poderoso do que outros micro-quasares conhecidos.

"Ficamos espantados com a quantidade de energia injetada no gás pelo buraco negro," diz o autor principal do estudo, Manfred Pakull. "Este buraco negro tem apenas algumas massas solares, mas é uma verdadeira versão em miniatura dos mais poderosos quasares e rádio-galáxias, os quais contêm buracos negros com massas de alguns milhões de vezes a massa do Sol."

Bexiga cósmica

Os buracos negros são conhecidos por liberarem enormes quantidades de energia enquanto engolem matéria.

Acredita-se que a maior parte desta energia é liberada sob a forma de radiação, essencialmente nos comprimentos de onda dos raios X.

No entanto, esta nova descoberta mostra que alguns buracos negros podem liberar até mais energia sob a forma de jatos colimados de partículas em altíssima velocidade.

Os jatos super rápidos chocam-se com o gás interestelar circundante, aquecendo-o e fazendo esse gás se expandir - é como se o buraco negro estivesse enchendo uma bexiga de aniversário. A bolha insuflada contém uma mistura de gás quente e partículas ultra-rápidas a diferentes temperaturas.

Observações feitas em diferentes comprimentos de onda (óptico, rádio e raios X) ajudam os astrônomos a calcular a taxa total na qual o buraco negro aquece seu meio circundante.

Fôlego de buraco negro

Os astrônomos observaram as zonas onde os jatos chocam-se com o gás interestelar que circunda o buraco negro, revelando que a bolha de gás quente está crescendo a uma velocidade de quase um milhão de quilômetros por hora.

"O tamanho dos jatos na NGC 7793 é impressionante, quando comparado com o tamanho do buraco negro a partir do qual são ejetados," diz o coautor Robert Soria. "Se o buraco negro fosse do tamanho de uma bola de futebol, cada jato estender-se-ia da Terra até para além da órbita de Plutão."

Detecção dos buracos negros

Este trabalho ajudará os astrônomos a compreender a semelhança entre os buracos negros pequenos, formados de explosões de estrelas, e os buracos negros super-maciços, que se encontram no centro das galáxias.

Jatos muito poderosos ejetados a partir de buracos negros super-maciços têm sido observados há algum tempo, mas pensava-se que seriam menos frequentes nos micro-quasares. A nova descoberta sugere que muitos deles podem simplesmente ter escapado à detecção até agora.

O buraco negro que está soprando o gás situa-se a 12 milhões de anos-luz de distância, na periferia da galáxia espiral NGC 7793. A partir do tamanho e da velocidade de expansão da bolha, os astrônomos descobriram que estes jatos estão provavelmente ativos há pelo menos 200.000 anos.

Tamanho dos buracos negros

Os astrônomos não têm ainda uma maneira de medir o tamanho do buraco negro propriamente dito.

O menor buraco negro descoberto até hoje tem um raio de cerca de 15 km. Um buraco negro estelar médio, com cerca de 10 massas solares, tem um raio de 30 km, enquanto um buraco negro "grande" pode ter um raio de 300 km.

O que é sempre muito menor do que os jatos emitidos por eles, que se estendem até cerca de várias centenas de anos-luz de cada lado do buraco negro, ou seja cerca de vários milhares de bilhões de quilômetros!

Bibliografia:

A 300-parsec-long jet-inflated bubble around a powerful microquasar in the galaxy NGC 7793
Manfred W. Pakull, Roberto Soria, Christian Motch
Nature
10.1038/nature09168
Vol.: 466, Pages: 209-212
DOI: 10.1038/nature09168

Vênus pode ter sido um planeta habitável?

Site Inovação Tecnológica

ESA - 02/07/2010



A sonda espacial Vênus Express, da Agência Espacial Europeia (ESA), está dando aos astrônomos informações que parecem sustentar a possibilidade de Vênus ter tido condições de vida no passado.

Caso essa possibilidade se confirme, a história do planeta pode ter começado como um planeta habitável muito semelhante à Terra atual.

Semelhanças entre Terra e Vênus

Hoje, a Terra e Vênus são completamente diferentes. A Terra é um mundo luxuriante, repleto de vida, enquanto Vênus é literalmente infernal, com a sua superfície fervendo a temperaturas superiores às de um forno de cozinha.

Apesar das diferenças, os dois planetas partilham inúmeras semelhanças - por exemplo, eles têm praticamente o mesmo tamanho. Agora, graças à Vênus Express, os cientistas planetários estão verificando que há outras semelhanças.

"A composição elementar de Vênus e da Terra é muito semelhante", diz Hakan Svedhem, cientista da Vênus Express, referindo-se à quantidade de cada elemento químico presente nos dois planetas.

Águas de Vênus

Mas há também diferenças radicais, uma das quais salta à vista: Vênus tem muito pouca água.

Se a água dos oceanos terrestres fosse espalhada uniformemente pela superfície da Terra seria formada uma camada com 3 km de profundidade. Se todo o vapor de água presente na atmosfera de Vênus pudesse ser condensada, formar-se-ia um lago raso pelo planeta, com meros 3 cm de profundidade.

Mas pode ter havido semelhanças também na água - pelo menos no passado. Há bilhões de anos, Vênus tinha provavelmente muito mais água: a Vênus Express confirmou que o planeta perde uma grande quantidade de água para o espaço.

Isto acontece porque a radiação ultravioleta do Sol atravessa a atmosfera de Vênus, quebrando as moléculas em dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio. E estes átomos acabam escapando para o espaço.

Esse processo de "vazamento da atmosfera" também acontece na Terra - vejaMilhares de toneladas da atmosfera são perdidas no espaço anualmente.

A Vênus Express mediu a taxa com que estes gases escapam de Vênus e confirmou que a taxa de escape do hidrogênio é duas vezes superior à do oxigênio. Foi esta relação de dois para um, a mesma proporção entre átomos de hidrogênio e oxigênio na molécula de água, que fez os cientistas concluírem que a água é a fonte desses íons que vazam do planeta para o espaço.

Oceanos de Vênus




Adicionalmente, eles verificaram que uma forma de hidrogênio pesado, chamado deutério, está tendo sua concentração progressivamente nas camadas mais elevadas da atmosfera de Vênus, já que, para o hidrogênio pesado, não é tão fácil escapar.

"Tudo indica que tenha havido grandes quantidades de água em Vênus, no passado," diz Colin Wilson, da Universidade de Oxford, no Reino Unido.

Mas isto não significa, necessariamente, que tenha havido oceanos na superfície do planeta.

Eric Chassefière, da Universidade Paris-Sud, na França, desenvolveu um modelo computacional que sugere que a água tenha sido abundante sobretudo na atmosfera, e apenas em tempos muito primitivos, quando a superfície do planeta estava totalmente fundida.

À medida que as moléculas de água se separavam em átomos, pela ação da luz do Sol, e escapavam para o espaço, a consequente queda na temperatura desencadeou provavelmente a solidificação da superfície. Em outras palavras: Vênus provavelmente nunca teve oceanos.

Vida em Vênus

Apesar de ser difícil testar esta hipótese, esta é uma questão essencial. Se Vênus algum dia teve tido água na superfície, seria possível que o planeta tivesse passado por uma fase inicial de habitabilidade para formas de vida semelhantes às da Terra atual.

Mesmo estando correto, o modelo de Chassefière não exclui a hipótese de que cometas que colidem com o planeta tenham trazido água adicional depois da superfície de Vênus ter cristalizado, criando zonas com água em que vida tivesse tido condições para se formar.

Há muitas questões em aberto. "São precisos modelos mais extensos do sistema magma oceano e atmosfera e da sua evolução para que se perceba a evolução do jovem planeta Vênus," diz Chassefière.

FENÔMENO SOLAR

O Globo - 07/07/2010

Primeiro eclipse total do Sol este ano só será observado da Ilha de Páscoa

Renato Grandelle

RIO - Enquanto o planeta estiver se preparando para assistir à final da Copa da África do Sul, no próximo domingo, 4 mil pessoas só terão olhos para o céu na Ilha de Páscoa, no meio do Oceano Pacífico. A ilha, situado a 3.700 quilômetros da costa chilena, é o único reduto em terra firme onde será possível acompanhar o primeiro eclipse total do Sol este ano. A expectativa é de que o fenômeno, que terá duração de 4 minutos e 45 segundos, possibilite medições mais exatas do diâmetro solar.

Quatro pesquisadores do Observatório Nacional já chegaram à ilha, e agora dedicam-se à escolha dos melhores lugares para acompanhar o eclipse - a equipe não quer ser prejudicada por problemas climáticos que atrapalhem os trabalhos, como a ocorrência de nuvens. Na bagagem do grupo está um heliômetro, equipamento em operação há sete meses que fornece imagens de alta precisão do diâmetro solar.

- Usamos o equipamento para monitorar diariamente o diâmetro do Sol. É possível conhecê-lo definindo dois pontos extremos e, depois, analisando a velocidade de rotação da Terra. Esta é a velocidade que o Sol vai demorar para passar de um ponto para o outro - explica Jucira Penna, astrônoma do Grupo de Instrumentação e Referência em Astronomia Solar, vinculado ao Observatório. - O eclipse nos possibilita uma medida mais precisa do diâmetro.

Diversas perguntas relacionadas ao Sol não encontram mais do que pontos de interrogação entre os astrônomos. Não há consenso sobre o diâmetro do corpo celeste, embora todos saibam que este tamanho é variável. E por que é assim? Ninguém sabe.

Um grupo científico internacional dedica-se a pesquisar o clima espacial, os eventos que se encaixam na interface entre Sol e Terra. Eventuais transformações na radiação solar, por exemplo, provocam reflexos em áreas totalmente distintas, como a transmissão de energia, as telecomunicações, a vazão de rios e até as mudanças climáticas. Além de medir o diâmetro solar, a equipe brasileira também espera comprovar experimentalmente certos princípios da Teoria da Relatividade de Einstein, que ganhou notoriedade após um eclipse em Sobral, no interior cearense, em 1919.

- Apesar de a teoria já ter sido confirmada naquela ocasião, queremos observar o desvio da luz de uma estrela ao passar perto de uma grande massa: no caso, o Sol - diz Jucira. - Escolhemos uma estrela já muito estudada, integrante da constelação de Escorpião, para fazer esta experiência.

Medições chegarão à Ilha de Trindade

Antes do heliômetro, o Observatório Nacional contava apenas com um astrolábio, que faz medições diárias do Sol desde 1997. O velho equipamento será mantido em operação por mais dois anos.

O Observatório também prepara o desenvolvimento de um segundo heliômetro, cuja base será a Ilha de Trindade, a cerca de 1.200 quilômetros de distância do litoral brasileiro.

- Na ilha trabalharemos com condições climáticas completamente distintas. Por estar totalmente fora de centros urbanos, teremos menos turbulência e maior nitidez do céu - compara Jucira.