Folha de S.Paulo
Astronautas passarão duas semanas a quase 20 m de profundidade ensaiando procedimentos espaciais.
Como pequenos astros têm força gravitacional quase desprezível, água é ambiente ideal para treinar viagem a eles.
Nasa/Divulgação |
Astronautas treinam para futuras missões usando laboratório submarino em alto mar
GIULIANA MIRANDA
DE SÃO PAULO
A Nasa ainda está, por tempo indeterminado, sem ter suas próprias missões espaciais tripuladas. Mas isso não significa vida boa para os astronautas. Para testar as condições de exploração de um asteroide, a agência espacial mandou um time deles para o fundo do mar por 13 dias.
Desde o fim da semana passada, eles estão a 19 metros de profundidade no único laboratório subaquático de grande porte no mundo, o Aquarius, em Key Largo, na costa da Flórida (EUA).
Embora ir ao espaço não seja mais nenhuma novidade para os astronautas, a exploração de um asteroide (um dos principais objetivos da mais recente política de missões tripuladas da Nasa) impõe uma série de desafios.
Diferentemente da Lua, ou mesmo de uma futura visita a Marte, a gravidade seria praticamente inexistente. Ou seja, para se manter e se deslocar pelo astro, será preciso "amarrar" astronautas e equipamentos à sua superfície com ganchos e cordas. Como o deslocamento na água é o que mais se aproxima daquele feito em microgravidade, a Nasa mandou sua equipe para um "intensivão" nas profundezas.
As caminhadas espaciais, diferentemente do que possa parecer, não são um passeio flutuante no espaço. Grosso modo, é como se os astronautas estivessem dentro de um balão inflado com ar. Sendo assim, seus movimentos são bem mais difíceis e exigem muito mais esforço físico do que aqui embaixo, na Terra. Além de testar a "ancoragem" e a movimentação no asteroide, a missão também pesquisa as melhores formas de coletar material.
REPETECO
Esta não é a primeira vez que a Nasa usa as instalações do laboratório Aquarius ensaiar suas operações espaciais. A missão atual é a 15ª do projeto Neemo, um trocadilho com o capitão Nemo, do livro de ficção científica "Vinte Mil Léguas Submarinas". O nome Neemo é a sigla, em inglês, para Missão de Operações em Ambientes Extremos da Nasa.
"A Neemo 15 vai requerer um coreografia complexa entre os submarinos e os aquanautas vivendo e trabalhando em sua casa subaquática", disse Bill Todd, que gerencia o projeto da Nasa.
No comando da equipe está a veterana astronauta Shannon Walker. "Novatos" formados pela Nasa em 2009, Takuya Onishi, da Jaxa (agência espacial japonesa) e David Saint-Jacques, da agência espacial canadense, também estão na missão. Eles passarão pelo menos três horas por dia em atividades de mergulho fora do laboratório.
Os também astronautas da Nasa Stan Love, Richard Arnold e Mike Gernhardt participam como pilotos do DeepWorker, um pequeno submarino que funciona simulando o veículo que, futuramente, explorará a superfície do asteroide.
Os cientistas Steven Squyres, da Universidade Cornell, e James Talacek e Nate Bender, da Universidade da Carolina do Norte, completam o time. Squyres já integrou missões em Marte.
Além de fazer ampla divulgação da missão, a Nasa tem transmissões on-line ao vivo das atividades.
"Os desafios de explorar a superfície de um asteroide, em um ambiente subaquático, são excitantes tanto para fãs de [Jacques] Cousteauquanto de [Neil] Armstrong", disse o chefe do projeto.
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